Tão absurdo o ano de 2016 que, ao final do ano, em
20 de dezembro, caiu neve no deserto do Saara. Cerca de dois meses antes, em 30
de outubro, o deserto de Atacama, no Chile, amanheceu coberto por um tapete de
flores roxas. Videntes do mundo inteiro disseram que eram sinais dos tempos e
líderes daquelas religiões malafaicas asseveraram que Jesus está chegando e que
já iam abrir a porta para o Reino do Senhor. E foram cobrar seus dízimos.
Em 2016, aquela coisa que tem o nome de Michel
Temer e que trabalha para as multinacionais e para o governo dos Estados Unidos,
usurpou o poder da dona Dilma com o apoio do Santo dos Santos, Moro, o
Intocável, e decidiu que o Brasil não serve para os brasileiros. Em seguida,
ajudado pelo despudorado Judiciário e o vendido Congresso Nacional, deu-se ao
trabalho de destruir o país. E, absurdamente, não encontrou a menor
resistência. Os líderes da CUT e demais centrais sindicais concordaram
bovinamente com a retirada dos direitos dos trabalhadores, desde que lhes
deixassem os IPhones e o Domingão do Faustão.
Em 2016, o país que se diz a maior potência do
mundo, os Estados Unidos da América, foi derrotado fragorosamente na Síria e no
Iraque, está perdendo, gradativamente, a sua influência na Europa e foi
definitivamente desmascarado por apoiar o terrorismo no mundo inteiro. De
quebra, está sendo desafiado pela China, e, pior ainda, constantemente
escarnecido pela pequena Coréia do Norte. Ao encerrar o seu mandato, na
impossibilidade de provocar uma guerra atômica Obama resolveu afrontar a Rússia
e foi chamado de pato manco e tudo indica que sairá batendo as portas. Do
banheiro.
Absurdamente, em 2016 muitas têm sido as piadas
sobre o golpe, ou sobre as sucessões de golpes contra o povo, revelando a
criatividade do povo brasileiro e, também a sua falta de espírito de luta. É
claro que houve muitas manifestações, mas as mais marcantes foram os escrachos
a políticos golpistas. Outras piadas também aconteceram: a mais absurda foi
daquele grupo que deu flores aos policiais repressores e recebeu spray de pimenta
na cara.
Em 2016, os que se dizem progressistas ou “de
esquerda”, e que odeiam o marxismo, aquela turma maçônica do Tarso e Cia.
disseram insistentemente que não tem importância, que tudo passa, tudo passará,
2018 está logo ali ao dobrar da esquina, ano em que Lula voltará eleito Presidente
nos braços do povo, e tudo será como antes no país dos iludidos: Moro irá para
os Estados Unidos, seu país de adoção, o Congresso terá representantes
honestos, o STF não interferirá nos outros dois poderes e, quem sabe até, Temer
consinta em ser vice do Lula para que possa preparar novo golpe. E o absurdo e
cabisbaixo povo brasileiro quer acreditar em contos de fada.