quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

TALVEZ SEREIAS







Margem.

Água vindo, água voltando, água enrolando nos pés.
Aguapés.
Água, ruído indefinível, fluidez, talvez sereias
A cantar no inescrutável além...

Areia.

Grãos de luz na Lua Cheia,
Fadinhas brincando de roda
No círculo mágico entre as ramagens.

Galhos.

Dedos ágeis de madeira a apontar...
Para cá, para lá,
A abrigar...

Aves.

Multidão de sons, liberdade plena,
Todas as cores da vida,
A inquietante leveza do planar...

Ar.

Sussurros súbitos a embriagar o céu,
Volúpia,
Vibrações intensas,
Sementes a buscar caminhos,
Pólen.


Miragem.

Menina nua a acenar no rio,
Ousadia das águas, voragem,
Meus olhos um só brilho e cor,
A temerária vontade de seguir o sangue,
Chuva a crepitar, água na água,
Dilúvio de cegueiras,
Deliciosas mortes a fremir na areia...

E o cisne.

A possibilidade de enxergar o cisne.
Em impávida noite de luar
Ou no extremo da total surpresa,
Quando a incredulidade e a mesmice ameaçam
O que resta de força de vida...
Súbito! – o cisne.
Belo, majestático, puro,
Deslizando a sua beleza improfanável.

E cachoeiras ribombando ao longe
Como um hino ao desafio.

2 comentários:

  1. Linda poesia! Daquelas em que o lirismo nos leva a navegar, planar, sonhar... Parabéns!
    Lidia

    ResponderExcluir
  2. Gostei muito do que vc escreveu.
    Continue se comunicando isso faz bem,a quem
    vc nem sabe quem é!Abraço amigo. Vera Sena

    ResponderExcluir

Faça o seu comentário aqui.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...