Aqueles que propõem o parlamentarismo como solução
política, ou, ao menos, o caduco sistema representativo, fazem de tudo para
desviar dos pobres de espírito o verdadeiro sentido do golpe de Estado em
andamento. Porque é um golpe em andamento, ou mais uma etapa do golpe iniciado
em 1954, com o assassínio ou suicídio de Getúlio Vargas, continuando em 1962
com a renúncia de Jânio Quadros e tendo o seu momento de retirada das máscaras
em 1964 com a tomada do poder pelos militares.
O regime militar tornou-se obsoleto e ultrapassado
no final dos anos 1980, quando houve passeatas pela volta das eleições diretas,
momentos devidamente midiatizados pela Globo & Cia e que levaram à
“pacificação” nacional depois de votada a nova Constituição.
Um golpe que recomeçou a sua trajetória em 2013,
com as manifestações da direita, passou pelo início do segundo mandato
absolutamente entreguista de Dilma e pareceu culminar com a deposição da
Presidente e a usurpação do poder por Michel Temer, com o apoio do vendido
Congresso e do $TF.
A todas essas a esquerda preferida da direita
protesta com discursos vazios e documentos devidamente rubricados e selados,
protocolados no Balcão dos Canalhas, e dá-se por satisfeita enquanto acena com o
circo das eleições que dizem ser sinônimo da democracia deles, e não do povo incessantemente
ludibriado.
Uma esquerda esgotada pela falta de objetivos, de
propostas, de verdadeiros projetos sociais e que prefere os conchavos, os
acordos, as sociedades privadas, os murmúrios esotéricos, o samba do crioulo
doido, a casa de Irene, a traição ao povo do qual só deseja votos.
E fica-se a perguntar se, além da direita fascista e
entreguista, esfaimada por poder, esse tipo de esquerda, carente de
conhecimento, de orientação ideológica, oriunda de uma classe média que um dia
deteve o poder e o deixou escapar por absoluta incompetência e desvairado
deslumbramento, por suas ações e omissões não se constitui também em inimigo
das classes oprimidas.
Acreditava-se, inclusive, que a sucessão de golpes contra
o povo acabaria por acordar esses defensores do submundo da democracia, saltimbancos
eleitoreiros, palhaços representantes de falidas instituições, hóspedes de uma
utopia idealista apodrecida nos seus etéreos alicerces.
De nada tem adiantado. Por mais que levem na cabeça
preferem abaixá-la e olhar para os pés envoltos em pantanoso lodaçal de idéias
capengas. Aderiram à cultura pasteurizada feita sob encomenda para os muito pálidos
e eternamente nauseados. Morreram e, aos poucos, por ausência de sangue,
ficarão mumificados.
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