Em 2018 tudo vai melhorar, dizem os políticos muito
políticos. Temerosos de que a política apolítica acabe com eles, tornaram-se
apocalípticos e chutaram para 2018 o ano da salvação nacional. Segundo eles, em
2016 não dá mais, a ditadura do Judiciário apoiada pelo comprado Congresso instalou-se
muito lampeira, feliz da vida, colocou o joguete Temer como Presidente e
garantiu o apoio das forças ocultas armadas e desarmadas.
2017 será um ano morto para a política partidária,
e morto para muita gente. Haverá a probabilidade de uma guerra mundial, com
bombas nucleares de pequena potência atingindo alvos específicos, assim como
bases militares e cidades demasiado povoadas necessitando de urgente reforma
urbana, e, de quebra, o Brasil talvez ajude os Estados Unidos a atacar a
Venezuela, Bolívia e Equador, com o Sérgio Moro de marechal supremo, e o Temer,
entre tremeliques e tosses satânicas, ocupando também o palácio do Jaburu que
será transformado em templo Illuminati e passará a se chamar Jabulon.
Enquanto isso, devemos sofrer nossas dores com a
paciência dos domados, tentando resistir aqui e ali com passeatas e
manifestações pacíficas, muito pacíficas, a cada movimento sendo escorraçados
pela polícia do fascismo, às vezes perdendo um olho, ou nem tanto, talvez uma
perna quebrada, um queixo fraturado, dizem que estamos numa democracia, regime
onde os muito ricos atiçam seus cães contra o restante da população e quem
sobreviver saberá que teria sido melhor a reação – mas o que fazer quando é a
própria reação que impede qualquer tipo de ação, com os seus monstros fardados?
- Eles tomaram o poder e vai ficar por isso mesmo? –
muitos se perguntam. - Não, que é isso? Estamos lutando com muitas palavras nas
sessões intermináveis do Congresso – respondem parlamentares, ansiosos por
novas eleições que acalmem a massa ignara que se mostra demasiada insatisfeita
com o estupro coletivo dos seus direitos que provoca o regresso à Idade das
Trevas. - Nada como uma eleição depois da outra, continuam os eleitos, enquanto
a plebe rude morde os próprios dentes.
Em 2018 Ele volta – ecoam uns aos outros passivos blogueiros
que escrevem pacatas matérias sobre a inevitabilidade da volta d’Ele, o Cara,
ou mesmo d’Ela, a desocupada ex-presidente. - Agora é um momento de transição -
insistem; momento onde transitam os fascistas com toda a sua imbecilidade por
sobre os corpos do povo amortecido. Logo, Ele ou Ela, um dos dois voltará,
ungido com os parvos votos do obediente povo.
- E se Ele, ou Ela, perder as eleições? – pergunta alguém
menos anestesiado. - É a democracia – respondem. A democracia é assim, uns
ganham outros perdem, esperemos novas eleições.
- E se Ele ou Ela, se eleger e for deposto, ou
deposta, de novo? – pergunta outro que recém acordou. - Neste caso haverá o
golpe de 2018 e faremos novas passeatas e apanharemos mais um pouco da polícia –
retrucam os muito versados em democráticas surras. - É apanhando que a gente
aprende a apanhar. Nada como um dia depois do outro, um ano depois do outro,
uma vida depois da outra, uma geração depois da outra - insistem os
apaziguadores profissionais.
- E se Ele, ou Ela, voltar e fizer todas aquelas alianças
traindo o povo? – pergunta um mais irritado. - Ah, neste caso, o melhor mesmo é
assistir novelas e futebol – replica o paciente doutor em golpes de direita.
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