quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

O COERENTE SUPLICY E O PT LETÁRGICO



Não somente o Eduardo Suplicy. Quando o PT se estruturou como partido político, englobando diversas correntes, abdicou da grande possibilidade de ser um partido de esquerda na era pós-ditadura fardada. Logo as correntes passaram a lutar pelo controle do partido e as mais reacionárias dominaram a ponto de o transformarem em um partido que não consegue sequer mostrar-se reformista, aliando-se às teses da direita, ao neoliberalismo econômico, tornando o Brasil a principal filial do império na América do Sul.

         O outro grande serviço que o PT prestou ao capitalismo foi o de acabar com o nacionalismo militante do antigo PTB, depois um  acanhado PDT à época da volta de Brizola e até a sua morte. O PT tomou a si a tarefa entreguista que os militares não tinham conseguido concluir: destruir o que restava de um projeto nacionalista iniciado com Getúlio Vargas e retomado por João Goulart, que foi derrubado por um golpe de estado justamente por desejar o Brasil para os brasileiros.

     Não pode haver socialismo sem nacionalismo e isto está sendo provado pela História. Um socialismo apátrida é tudo, menos socialismo. E uma das primeiras coisas que fez o PT, já dominado por incoerentes correntes que se imaginam de uma esquerda etérea, estéril e iconográfica com o seu operário Lula-Lech Walessa, assumido analfabeto político, foi um ataque histérico aos nacionalistas, na busca de espaço político, julgando-se superior teoricamente, mas sem qualquer projeto que alie a teoria à ação, exceto o assistencialismo que compra votos.

     Entregue às multinacionais e ao empresariado fascista, o PT cedeu ao capital em todas as frentes e, se havia algum projeto para o país, hoje o esquece, preocupando-se apenas com a manutenção de cargos políticos. A tal ponto se aviltou, que aliou-se à direita oficial, dela adquirindo os vícios, formando oligarquias dentro do partido e desnudando vergonhosos casos de corrupção.

     Não somente o Suplicy, senador coerente com os seus letárgicos e reacionários princípios, que agora traz ao Brasil uma blogueira prostituída ao capital. Eduardo Suplicy é a máscara – como Lula foi por muito tempo, até o instante em que é quebrado o ídolo e desfaz-se o mito que tenta manter-se com desvairados gestos cênicos. A máscara de um partido que, mesmo ainda contendo pessoas puras e bem intencionadas, tende a desfazer-se em feios esgares.

     Perdeu-se o PT em encruzilhadas por ele mesmo construídas ao decidir-se adotar o modelo mexicano de um partido dono do poder eternamente, submisso às barbáries imperialistas, que incluem corrupção e fraude. E, ao transformar-se no partido devorador de partidos – tendências que se tornaram suicidas – o PT estacionou. Não foi, não é e agora decidiu-se a jamais vir a ser um partido revolucionário. No máximo, e com muito esforço demagógico, simpatizante oficioso de causas revolucionárias de outros países. No Brasil, o PT revela-se como a tranca de ferro não inoxidável contra o socialismo.

     Se Yoani Sánchez fosse brasileira, provavelmente se revelaria uma festejada petista de ala moderada. Não combateria o governo, porque não haveria o que combater, mesmo pertencendo a segmentos da direita, secretos ou não. Com o tempo, ela e seu marido seriam convidados para o Rotary, Lions, clubes do gênero... Ele entraria para a maçonaria e ela receberia as imaculadas luvas brancas.

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