segunda-feira, 14 de março de 2016

RÚSSIA FOGE DA SÍRIA




Com a retirada da sua força aérea da Síria, a Rússia está entregando o governo sírio nas mãos dos Estados Unidos, Israel, Arábia Saudita, Qatar, Jordânia e Turquia. Nas mãos da OTAN e dos “rebeldes moderados”, apelidados de Exército Livre Sírio, apoiados pela Irmandade Muçulmana, poderosa sociedade secreta que está por trás de todos os acontecimentos do Oriente Médio. Ao fugir da briga a Rússia demonstra que é um aliado não confiável e usou a Síria unicamente como um grande salão de exposição para vender armas. 

   A “oposição moderada” que oficialmente teria feito um pacto de não agressão, ou cessar-fogo, até a Rússia ir embora, agora estará livre para tentar a definitiva derrubada do governo sírio, conforme exigência dos Estados Unidos. Os “moderados” são compostos por diversas facções, que atuam em distintas províncias da Síria.

Exército Livre Sírio

“Fatah Halab” (Conquista de Aleppo).
“Jaysh al-Mujahedeen”. Combate os curdos, em Aleppo. Apóia o Estado Islâmico.
“Forqat al-Shamalia”. Usa mísseis BGM-71 TOW, fornecidos pelos EUA.
“Jaysh al-Nasr”. Cortadores de cabeça. Usa armas e mísseis BGM 71 TOW, fornecidos pelos EUA.
“Forqat al-Thani As-Sahli”.
“Fastaqim Kama Umirt”.
“Jabhat al-Sham”
“Forqat Sultan Murad”
“Suqour al-Jabal” – Combate os curdos.
“Nour al-Din al-Zenki”
“Liwa al-Hurriat al’ iislami”
“Jabhat Ansar al-Din”
“Forqat 13”.
“Hakarat Tahrir”.
“Al-Furqat 16”.
“Jaysh al-Tahrir”.
“Jaysh al-Fateh” (Exército de Conquista).
“Harakat Ahrar al-Sham”. Usa armas químicas, fósforo amarelo.
“Jabha al-Shamiyah”. Usa armas químicas, fósforo amarelo.
“Jund al-Aqsa”.
“Jabhat Thuwwar Souriya”.

Após o cessar-fogo, o ELS (Exército Livre Sírio) uniu-se à al-Nusra, no sul de Aleppo, atacando vilarejos estratégicos como Tal Al Eiss e Banes. Como o ELS é considerado “oposição moderada”, de acordo com o tratado de cessar fogo não pode ser combatido. Na segunda-feira, 7 de março, militantes da al-Qaeda (Frente al-Nusra), com a ajuda de mísseis TOW (fornecidos pelos Estados Unidos) do Exército Livre Sírio tomaram esses dois lugares das Forças Armadas Sírias, após duas horas de violentos combates. A Força Aérea russa esteve ausente dessa batalha. No entanto, os meios de comunicação russos reportaram que os russos bombardearam extremistas no sul de Aleppo, no dia 7. (https://www.youtube.com/watch?v=q6r_7U-QJfM). 

Na segunda-feira, 7 de março, à noite, o ELS “moderado” e a Frente al-Nusra lançaram bombas de foguetes e morteiros indiscriminadamente no distrito de Sheikh Maqsoud. Mulheres e crianças foram citadas entre os civis mortos. O desespero dos parentes dos civis assassinados deve ser creditado ao senhor Lavrov e ao senhor Putin.

Sergei Lavrov, com a aquiescência de Vladimir Putin, foi o articulador da rendição ou da “retirada” russa da Síria, junto com John Forbes Kerry – senador norte-americano que pertence à sociedade secreta “Caveira e Ossos” (Skull and Bones). Kerry substituiu Hillary Clinton na secretaria de Estado, em 2013, e passou a encontrar-se seguidamente com Lavrov, principalmente a partir da presença russa na Síria. 

O que conversavam esses dois senhores? A NSA poderá dizer, mas não é improvável que combinassem a maneira mais “democrática” de derrubar o governo sírio. Afinal, o partido Baath, de Assad, é nacionalista e o nacionalismo não interessa àqueles que desejam o mundo unificado sob uma nova ordem mundial. Provavelmente também planejaram a melhor maneira de dividir a Síria: 90% para a OTAN e aliados do Oriente Médio, restando para a Rússia duas bases inoperantes. 

De início, não deve ter sido uma conversa muito amigável, mas, com o passar do tempo e os acontecimentos se sucedendo, os Estados Unidos conseguiram impor a sua vontade. Transparece que o fator decisivo que apressou a fuga russa foi a ameaça de invasão do território sírio por forças da Arábia Saudita e da Turquia. Putin e Lavrov tremeram ante a possibilidade de se verem envolvidos numa guerra indesejada. A Rússia estava na Síria para vender armas e não para participar de uma guerra. 

Então, os russos aceitaram forjar a paz, uma paz muito provisória, com os terroristas mercenários. Passaram armamentos e aviões obsoletos (um Mig-21 sírio foi derrubado recentemente por um míssil Stinger) para o governo sírio e deixam o país no momento mais decisivo da guerra. Dizem os russos que cumpriram a sua missão, no entanto, quase metade do território sírio ainda pertence às forças mercenárias e a guerra está indecisa. Os Estados Unidos estão construindo uma nova base aérea no nordeste da Síria, a Turquia já invadiu parte do norte da Síria e, com a retirada da força aérea russa, os decantados mísseis antiaéreos S-400, que nunca foram usados, se retirados, farão da Síria um grande alvo para a coalizão norte-americana. 

Em troca, o que ganha a Rússia? Talvez um afrouxamento da pressão da OTAN nas suas fronteiras e a reversão de algumas das sanções impostas pelos países ocidentais. De qualquer maneira, é um abalo moral para a Rússia sujeitar-se à vontade dos Estados Unidos. Recuar de uma boa posição estratégica sempre revela medo e leva à derrota. Como poderá a Rússia encarar os seus outros aliados, daqui para frente? Quem nela confiará? Na Rússia, todos perdem, exceto as multinacionais do setor bélico. Nos Estados Unidos, canta-se vitória e Obama terá a chance de eleger o seu sucessor. E a Síria será invadida e dividida.

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