Com
a retirada da sua força aérea da Síria, a Rússia está entregando o governo
sírio nas mãos dos Estados Unidos, Israel, Arábia Saudita, Qatar, Jordânia e
Turquia. Nas mãos da OTAN e dos “rebeldes moderados”, apelidados de Exército
Livre Sírio, apoiados pela Irmandade Muçulmana, poderosa sociedade secreta que
está por trás de todos os acontecimentos do Oriente Médio. Ao fugir da briga a
Rússia demonstra que é um aliado não confiável e usou a Síria unicamente como um
grande salão de exposição para vender armas.
A “oposição moderada” que oficialmente
teria feito um pacto de não agressão, ou cessar-fogo, até a Rússia ir embora,
agora estará livre para tentar a definitiva derrubada do governo sírio,
conforme exigência dos Estados Unidos. Os “moderados” são compostos por diversas
facções, que atuam em distintas províncias da Síria.
Exército
Livre Sírio
“Fatah
Halab” (Conquista de Aleppo).
“Jaysh
al-Mujahedeen”. Combate os curdos, em Aleppo. Apóia o Estado Islâmico.
“Forqat
al-Shamalia”. Usa mísseis BGM-71 TOW, fornecidos pelos EUA.
“Jaysh
al-Nasr”. Cortadores de cabeça. Usa armas e mísseis BGM 71 TOW, fornecidos
pelos EUA.
“Forqat
al-Thani As-Sahli”.
“Fastaqim
Kama Umirt”.
“Jabhat
al-Sham”
“Forqat
Sultan Murad”
“Suqour
al-Jabal” – Combate os curdos.
“Nour
al-Din al-Zenki”
“Liwa
al-Hurriat al’ iislami”
“Jabhat
Ansar al-Din”
“Forqat
13”.
“Hakarat
Tahrir”.
“Al-Furqat
16”.
“Jaysh
al-Tahrir”.
“Jaysh
al-Fateh” (Exército de Conquista).
“Harakat
Ahrar al-Sham”. Usa armas químicas, fósforo amarelo.
“Jabha
al-Shamiyah”. Usa armas químicas, fósforo amarelo.
“Jund
al-Aqsa”.
“Jabhat
Thuwwar Souriya”.
Após o cessar-fogo, o ELS (Exército
Livre Sírio) uniu-se à al-Nusra, no sul de Aleppo, atacando vilarejos
estratégicos como Tal Al Eiss e Banes. Como o ELS é considerado “oposição
moderada”, de acordo com o tratado de cessar fogo não pode ser combatido. Na
segunda-feira, 7 de março, militantes da al-Qaeda (Frente al-Nusra), com a
ajuda de mísseis TOW (fornecidos pelos Estados Unidos) do Exército Livre Sírio
tomaram esses dois lugares das Forças Armadas Sírias, após duas horas de violentos
combates. A Força Aérea russa esteve ausente dessa batalha. No entanto, os
meios de comunicação russos reportaram que os russos bombardearam extremistas
no sul de Aleppo, no dia 7. (https://www.youtube.com/watch?v=q6r_7U-QJfM).
Na segunda-feira, 7 de março, à noite,
o ELS “moderado” e a Frente al-Nusra lançaram bombas de foguetes e morteiros
indiscriminadamente no distrito de Sheikh Maqsoud. Mulheres e crianças foram
citadas entre os civis mortos. O desespero dos parentes dos civis assassinados
deve ser creditado ao senhor Lavrov e ao senhor Putin.
Sergei Lavrov, com a aquiescência de
Vladimir Putin, foi o articulador da rendição ou da “retirada” russa da Síria, junto
com John Forbes Kerry – senador norte-americano que pertence à sociedade
secreta “Caveira e Ossos” (Skull and Bones). Kerry substituiu Hillary Clinton
na secretaria de Estado, em 2013, e passou a encontrar-se seguidamente com
Lavrov, principalmente a partir da presença russa na Síria.
O que conversavam esses dois senhores?
A NSA poderá dizer, mas não é improvável que combinassem a maneira mais “democrática”
de derrubar o governo sírio. Afinal, o partido Baath, de Assad, é nacionalista
e o nacionalismo não interessa àqueles que desejam o mundo unificado sob uma
nova ordem mundial. Provavelmente também planejaram a melhor maneira de dividir
a Síria: 90% para a OTAN e aliados do Oriente Médio, restando para a Rússia
duas bases inoperantes.
De início, não deve ter sido uma
conversa muito amigável, mas, com o passar do tempo e os acontecimentos se
sucedendo, os Estados Unidos conseguiram impor a sua vontade. Transparece que o
fator decisivo que apressou a fuga russa foi a ameaça de invasão do território
sírio por forças da Arábia Saudita e da Turquia. Putin e Lavrov tremeram ante a
possibilidade de se verem envolvidos numa guerra indesejada. A Rússia estava na
Síria para vender armas e não para participar de uma guerra.
Então, os russos aceitaram forjar a
paz, uma paz muito provisória, com os terroristas mercenários. Passaram armamentos
e aviões obsoletos (um Mig-21 sírio foi derrubado recentemente por um míssil
Stinger) para o governo sírio e deixam o país no momento mais decisivo da
guerra. Dizem os russos que cumpriram a sua missão, no entanto, quase metade do
território sírio ainda pertence às forças mercenárias e a guerra está indecisa.
Os Estados Unidos estão construindo uma nova base aérea no nordeste da Síria, a
Turquia já invadiu parte do norte da Síria e, com a retirada da força aérea russa,
os decantados mísseis antiaéreos S-400, que nunca foram usados, se retirados,
farão da Síria um grande alvo para a coalizão norte-americana.
Em troca, o que ganha a Rússia? Talvez
um afrouxamento da pressão da OTAN nas suas fronteiras e a reversão de algumas das
sanções impostas pelos países ocidentais. De qualquer maneira, é um abalo moral
para a Rússia sujeitar-se à vontade dos Estados Unidos. Recuar de uma boa
posição estratégica sempre revela medo e leva à derrota. Como poderá a Rússia
encarar os seus outros aliados, daqui para frente? Quem nela confiará? Na Rússia,
todos perdem, exceto as multinacionais do setor bélico. Nos Estados Unidos, canta-se
vitória e Obama terá a chance de eleger o seu sucessor. E a Síria será invadida
e dividida.
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