Dilma Roussef nunca
teve qualquer postura ideológica que vá além da defesa das mulheres ou dos
direitos LGBT. A sua prática como governante vem mostrando esse amor à
superficialidade política, que caberia a um Fernando Henrique – aquele que
repudiou os próprios livros – ou a um Aécio Neves, que repete a triste
trajetória golpista do seu avô Tancredo, que, em 1954, aconselhou Getúlio
Vargas a renunciar. Dilma é o resultado do simulacro de esquerda em que se
disfarça o PT e que levou milhões de pessoas a acreditar que aquele partido
mudaria o Brasil, quando, na verdade, as únicas mudanças patrocinadas pelos
quase treze anos de PT no governo foi o aprofundamento das relações com os Estados
Unidos e União Européia, entrega da Amazônia para as multinacionais, alianças
com setores oligárquicos e empresariais, eternização das promessas de reforma
agrária e urbana e uma grande capacidade para iludir ainda mais o povo
esperançoso.
Ou seja, mudanças
ficcionais que repetem a prática da direita desde os tempos da República Velha,
enfatizadas com o golpe de abril de 1964. Para os setores mais reacionários,
Dilma é a presidente ideal, e seria perfeita caso o PT não detivesse tantos cargos
no governo e grande número de cadeiras no Congresso Nacional. Isso possibilita
ao desmoralizado partido do governo roubar tanto ou mais do que os governos
anteriores, não dando chance a que a direita explícita volte a desfrutar do
resultado do assalto aos cofres públicos ao qual já estava mal acostumada desde
1964.
Então, o golpe. Não
somente pelo dinheiro, que eles poderiam barganhar com o PT, fingindo-se de
aliados assim como faz o PMDB. Não acontecem golpes na América Latina sem que
haja, primeiro, ordem dos Estados Unidos, e os Estados Unidos não precisariam
golpear o nosso frágil estado de direito, através de seus capangas no
Congresso, na imprensa e nas Forças Armadas, se não estivesse preparando uma
guerra contra a Rússia.
A exemplo dos anos
’60 quando da invasão do Vietnã, que, em última análise, resultou em uma guerra
indireta contra a União Soviética, e diversos golpes de estado (Brasil, Chile,
Uruguai, Paraguai, Argentina...) articulados em Washington foram concretizados
no “quintal” norte-americano, também conhecido como América do Sul, para
assegurar o domínio da retaguarda e garantir o roubo das nossas riquezas com o
apoio das oligarquias nacionais, agora também os Estados Unidos estão tentando
limpar o terreno com a tentativa de golpes em diversos países, como Argentina,
Venezuela, Bolívia, Equador e – por que
não? – Brasil. Chile, Colômbia e Paraguai já estão sob o domínio da política
norte-americana, o Peru ainda é uma questão a ser resolvida e o Uruguai – assim
como a Guiana e o Suriname – por enquanto não tem peso na balança.
Mais do que a
característica ganância da direita, a tentativa de golpe – ou o golpe em
andamento, como preferem alguns – prevê a retomada do poder pelos cartéis,
através de seus representantes políticos que assumiriam o poder após a
necessária farsa do “impeachment” e entregariam de vez o que resta do Brasil
para as multinacionais. Principalmente a Petrobrás, que possui as maiores
reservas de petróleo do mundo e mesmo que seja uma empresa de capital misto
ainda pertence ao Estado brasileiro.
Privatizar a
Petrobrás é o grande objetivo dos Estados Unidos e de seus aliados
imperialistas. Se o PT caiu na armadilha de receber propinas para facilitar
licitações e vários dos seus membros acharam que era natural enriquecer com o
governo, prática comum no capitalismo, e se mais de dois bilhões foram roubados
da Petrobrás pelos políticos, desde 2005 (o que terá acontecido antes de
2005?), a privatização da Petrobrás, sob o pretexto de que o governo não sabe
gerenciar os bens do povo significaria a entrega de 100% de nossas riquezas
petrolíferas nas mãos dos verdadeiros ladrões, em troca de royalties
insignificantes.
Em defesa de nossas
riquezas, Getúlio Vargas lutou de 1930 a 1945, quando foi deposto pelos
militares que voltavam da guerra da Itália, onde foram convencidos pelos
estadunidenses - de quem recebiam ordens - de que governos nacionalistas fazem
muito mal ao capital internacional. Em 1950, Getúlio voltou à presidência da
República e foi bombardeado pelos agentes de Washington desde o primeiro dia do
seu governo. As razões: nacionalização da Petrobrás e da Eletrobrás e a Lei de Remessas
de Lucros, que impedia as multinacionais que tinham filiais no Brasil de enviar
mais que 8% de seus lucros para o exterior. Foi assassinado ou preferiu o
suicídio quando todos os velhos amigos – inclusive Tancredo Neves – negaram-lhe
o apoio na hora decisiva.
O mesmo aconteceu com
João Goulart quando do golpe de 1964, já ensaiado em 1962 com a covarde
renúncia de Jânio Quadros. Apesar disso, ao tomarem o poder, os militares,
provavelmente tentados por todas as corrupções – e existe maior corrupção do
que trair o próprio país? – não entregaram completamente as nossas riquezas.
Preferiram usufruí-las.
Com a redemocratização dos anos ’80 – mesmo que tenha
sido uma farsa para colocar uma nova geração de civis amigos no poder – os
governos que se sucederam não ousaram ir além do que entregar algumas fatias
das nossas riquezas ao capital estrangeiro, e nessa onda de privatizações
Fernando Henrique mereceu o título de doutor Honoris Causa.
Lula foi eleito para
continuar o governo de Fernando Henrique, e teve sucesso no item privatizações,
mas, ao invés de entregar a Petrobrás preferiu assaltá-la. Tendo como
assistentes pessoas como o mafioso José Dirceu, o traidor José Genoíno (vide
guerrilha do Araguaia), o mercantilista Mercadante, o eternamente suspeito
Palocci e outros que tais, Lula conseguiu terminar o seu governo de oito anos
sem maiores percalços que a descoberta do Mensalão e encarregou a inepta Dilma
Roussef de dar continuidade ao seu trabalho.
Por razões que fogem
ao raciocínio lógico o PT acreditou que ficaria no poder por vinte anos ou
mais, comprando senadores e deputados para aprovar os seus projetos,
aparelhando o STF para defendê-lo de eventuais falcatruas e, vez por outra,
quando o mercado exigia, favorecendo os interesses de empresários e
latifundiários.
Perdeu-se o PT pela
linha de fundo ao priorizar a superestrutura do poder e deixar o povo de lado.
Cometeu o erro de todos os governos dependentes do capital financeiro
internacional, tornou-se raquítico nas suas tentativas de reformas sociais,
vulnerável e demagógico nas políticas públicas nem sempre felizes, que seguiram
o modelo ultrapassado do PSDB, DEM e comparsas, caindo em todos os embustes e
artimanhas da direita, deixando-se enlear e enlamear de tal maneira que não
mais se reconhece o que restou do PT como partido que se dizia socialista.
Transformou-se num partidinho
qualquer, tão insignificante ideologicamente como o PSDB, o PP, o PR ou o
trapaceiro PMDB e está às vésperas de ter os seus principais líderes indiciados
pela Procuradoria Geral da República, devido ao escândalo do Petrolão. Como
conseqüência, se a Petrobrás for privatizada e entregue às multinacionais do petróleo,
deve-se atribuir essa façanha de lesa-pátria não somente à direita oficial e
aos seus abutres de plantão, mas principalmente à perfídia de alguns políticos
petistas que não hesitaram em lançar mão do dinheiro público para comprar
aliados nas sombras do Congresso e formar uma base política que hoje se revela
podre.
A todas essas, Dilma
Roussef aparenta estar com medo de perder o emprego. Após vencer as eleições,
adotou todas as teses da oposição. Formou um ministério que foi saudado até
pela inescrupulosa revista Veja,
dando todos os poderes para Joaquim Levy, economista que sempre esteve a soldo
das empresas multinacionais e que está encarregado de detonar a economia do
país e provocar a reação popular que dará respaldo ao golpe.
Tendo a última chance
para reerguer na prática as teses do antigo PT, com apoio da voz popular que a
elegeu, Dilma prefere o suicídio. Afasta-se politicamente de países como
Venezuela e Argentina, renova os seus apelos de amizade aos Estados Unidos,
entrega um ministério importante para a predadora latifundiária Kátia Abreu,
tira a roupa vermelha e posa de convicta conservadora – o que, talvez, seja a
sua verdadeira face política.
A continuar assim, em
breve veremos Dilma saudando os ataques genocidas de Israel à Faixa de Gaza,
atacando o presidente Nicolás Maduro, da Venezuela, apoiando Raul Castro
nas suas tentativas de fazer de Cuba um modelo de país capitalista, denunciando
as guerrilhas latino-americanas e afastando-se do grupo BRICS, que se
transformará em RICS, onde Rússia, China, África do Sul e Índia revelam brio e independência
em relação ao império. Dilma está com medo, muito medo. Se não reagir
imediatamente, o seu medo se transformará em realidade.
Análise interessante sobre Dilma e seus comparsas. Vamos ver no que vai dar. Parabéns!
ResponderExcluirSupondo-se que todas essas analises fossem verdadeiras, quais seriam as sugestões para mudar isso.
ResponderExcluirEm primeiro lugar, mudar o ministério, colocando pessoas de estrita confiança comprometidas com reformas sociais. Junto a isso, promover reformas de base, com a participação popular, pressionando o Congresso. Tirar o poder das famílias que dominam os meios de comunicação e estão comprometidas com o capital estrangeiro. Punir rapidamente os culpados de corrupção, evitando o carnaval de manifestações reacionárias. Mudar a política econômica, aumentando o salário mínimo e dando força às empresas nacionais, no sentido de mudar o modelo meramente exportador e desenvolver tecnologia nacional. Garantir a lealdade das Forças Armadas, através de promoções e de proposta de um Brasil para os brasileiros. Participar ativamente das mudanças políticas que estão ocorrendo no hemisfério sul e em alguns outros lugares do mundo. Deixar de priorizar políticas sociais superficiais (liberação da maconha, defesa de minorias) sempre buscando aprofundar o debate em busca da causa dos problemas, para, então combatê-los. Reformas agrária acelerada nas terras improdutivas, dando força ao pequeno agricultor e evitando os conflitos fundiários. E, principalmente, muita coragem para agir.
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