terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

NÃO QUEREMOS DILMA, QUEREMOS VILMA





Lula se enganou. Não era a Dilma que devia ter escolhido como sucessora, e sim a Vilma, mas o que esperar do Lula depois que se entregou pros homens do dinheiro, que se transformou no Lula-lá, muito lá, cada vez mais distante do povo? Lula não é mais povo. Virou alguma coisa muito estranha que eu não gosto nem de pensar. É certo que em época de eleições ele fala em povo e vai a comícios e quermesses, dá beijos em criancinhas e faz tudo o que é esperado de um político tradicional. Depois se recolhe para contar milhões. É o que dizem. Dizem tanta coisa que é difícil acreditar em todas elas. E o Lula escolheu a Dilma. Provavelmente porque não conhecia e Vilma e fico me perguntando se ele escolheria a Vilma, se a conhecesse. Duvido!

   Vilma é muito independente. Quando a convidaram para entrar em um desses partidos, ela respondeu: “O quê! E eu sou lá de ficar fazendo conchavos com gente do governo? Necas de pitibiribas!”. Foi o que me disseram, mas dizem tanta coisa... O certo é que Vilma não é a Dilma, longe disso. “Não me confundam! Eu me chamo Vilma e não Dilma” - costuma repetir. E é a pura verdade.

    Participa de todas as passeatas. Já levou cacetada, foi batizada com spray de pimenta, tentaram sufocá-la com gás lacrimogêneo, ouviu insultos e palavrões de PMs, mas nunca desistiu. É sempre a primeira a liderar as manifestações e quando chega aos locais de reunião todos ficam alegres e os mais entusiastas chegam a dizer: “É a Vilma! Vamos que vamos!”

    Vilma é muito diferente de Dilma. Pra começar, o seu nome começa com a letra “V”, de vitória; o nome de Dilma começa com a letra “D”... de que mesmo? Prefiro nem dizer a palavra. Dá azar. Vilma jamais faria do Brasil o paraíso dos banqueiros; já a Dilma, a afilhada do Lula...  

    Todos sabem que a Dilma gosta muito de bons restaurantes e de comidas exóticas, ou, pelo menos, de comidas que nós, simples mortais, sequer imaginamos que um dia poderemos comer. Talvez por isto a Dilma esteja um pouco gordinha. Vilma, ao contrário, é magra, ágil e prefere a comida caseira, o feijão com arroz e salada de todos nós. E olhem que as duas têm a mesma idade! Já viram a Vilma em algum desses restaurantes da moda? Nunca! Quando não está nas passeatas, gosta de fazer longas caminhadas com breve pausa para um frugal piquenique com os amigos.

    Vilma detesta políticos, diz que são corruptos – o que em parte é verdade. A outra parte está esperando melhores ofertas. Dilma, por seu lado, vive criando cargos de confiança, secretarias, ministérios, onde possa abrigar todos aqueles que têm alguma força política, aglomerados no que foi apelidado de “base aliada” e que sabemos que é uma base comprada para aprovar os seus projetos. Políticos querem é ganhar dinheiro, como diria o Tiririca, que é um político que finge de palhaço. Ou vice-versa. E assim como ele... Todos os outros? Deve escapar algum, quem sabe.  

     Vilma não gosta nem de ir a Brasília, costuma dizer que aquela cidade tem uma aura nebulosa. Quando foi, da última vez, em uma daquelas grandes e memoráveis manifestações de 2013, na hora de invadir a Praça dos Três Poderes desabou. Estava se sentindo mal e teve que ser retirada a braços. Foi nocauteada pelo mau cheiro.

   Vilma é extremamente sensível. Não suporta ladroagem, roubalheira, detesta aqueles que assaltam o povo e sofre alguns processos por se negar a pagar impostos. Nem carro ela quer ter – “Primeiro, porque não gosto de usar armas, segundo, porque esses carrinhos que estão fabricando por aí não oferecem a menor resistência a uma simples batida e terceiro porque pagar imposto para andar de carro, quando eu posso fazer o mesmo trajeto de bicicleta, é pedir para ser chamada de otária”.

     Dilma tem aquele cacoete de trocar as palavras ou inventar frases pouco inteligíveis. Vilma costuma falar pouco e de maneira direta e clara e até desculpa a Dilma: “Coitada. Como é que não vai se atrapalhar, com toda aquela bagunça que deve ser o Palácio do Planalto? Acostumou, e a bagunça a acompanha aonde ela for”.  

    Todos sabem que as mulheres costumam ser muito unidas, até o momento em que brigam. E Vilma diz estar de mal com a Dilma – “Num momento de recessão, deixar o povo jogado às traças batendo nas portas dos bancos e de outros agiotas menores e ainda por cima aumentar os impostos é o mesmo que condenar à fome e à miséria. No lugar dela eu dobraria o salário mínimo. Ou triplicaria. Se o dinheiro está valendo pouco, o salário deve ser aumentado, não é óbvio? Ou ela não pensa no povo?”

    Esta é uma dúvida que vem aumentando: Dilma pensa no bem-estar do povo? Vilma, por seu lado, se diz socialista, o único sistema político em que acredita – “É uma questão de humanidade, gente. Se eu sou cristã, tenho a obrigação de ser socialista. Jesus não usava só um manto e um par de sandálias? Tá bem, eu sei que vão me dizer que ele era Deus ou coisa que o valha... Mesmo assim, temos que pensar no próximo, não vivemos isolados e eu não agüento ver toda essa injustiça. Pessoal não é preciso repartir tudo, até porque isso iria provocar muita revolta, mas viver no luxo e deixar os outros morrer à míngua é o máximo da insensatez. Vamos fazer um socialismo à brasileira! Só tem uma coisa: nada de partido único. Essa coisa de partido único nunca deu certo, cheira à ditadura e incentiva a corrupção. Vamos respeitar as idéias dos outros para que nos respeitem.”

     Vilma não gosta muito de falar da Dilma ou na Dilma, no entanto, no dia em que deu a sua opinião sobre o socialismo, acrescentando que o capitalismo era um sistema destruidor de consciências porque incentivava o individualismo, e contrário à espiritualidade, uma vez que transforma as pessoas em fanáticas consumistas que ficam sempre desejando agregar bens materiais, Vilma se referiu ao passado de Dilma: “E olha que ela foi uma guerrilheira! Foi até presa e torturada. Lutava contra o sistema, contra os milicos, contra a ditadura; acreditava em um mundo melhor e mais justo... E depois isso... Dá uma pena só em pensar...”.

    Talvez por isso, Vilma tem os seus críticos e sempre que é confrontada em suas idéias, depois de uma boa discussão, ela agradece. – “Gente, como é bom ter quem discorde, lançando idéias das quais também podemos discordar e que sempre acrescentam. Desde que não haja agressão, tudo é válido. A pior coisa são os pensamentos estagnados. Devemos evoluir junto com as idéias; o contrário é o cérebro burocratizado e com tendência ao retrocesso. Quando é mesmo a próxima manifestação? Devemos continuar unidos na luta comum.”

     A luta comum é a luta por melhores condições de vida, a luta a favor dos sem terra e dos sem teto, a luta contra a discriminação, a luta a favor de melhorias salariais, a luta contra predadores da natureza, como a usina de Belo Monte, a luta a favor dos avanços sociais, a luta contra a corrupção e as fraudes, a luta a favor de uma democracia verdadeira. Uma luta interminável.  

    E Vilma sempre está à frente de todos os movimentos, é a primeira nas passeatas e reivindicações, a primeira a apanhar e a dar o troco. Nunca se encolhe, nunca recua. Até quando é derrubada por alguma daquelas balas de borracha que quebram costelas ela grita: “Em frente, gente! Em frente!”

Um comentário:

  1. Existem muitas Vilmas por aí, mas fazer o quê se querem a Dilma? É muita falta de bom senso, O povo brasileiro deveria pensar mais.

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