O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso declarou
na quarta-feira, 16, que “quem está sofrendo não quer dar golpe”, deixando
claro que ele não está sofrendo com a crise fabricada pelo Levy e inocentemente
chancelada pela Dilma. É bom saber que FHC não está sofrendo – quem deseja o
sofrimento dos outros? Na ocasião, FHC estava lançando um livro contra o PT,
que utiliza a expressão “lulopetismo”, fabricada por um desses jornalistas
associados ao Instituto Millenium e muito divulgado pela direita, na internet.
Por outro lado, talvez ele tenha querido se esquivar da pecha de golpista,
dando a entender que estaria sofrendo com a crise, mas quem acredita que um
milionário pop-star como FHC sofra com alguma crise? Um milionário que domina o
Congresso, a mídia, fabrica políticos como o inepto Aécio e está envolvido,
mesmo que indiretamente, com grandes empresas, como a “Walt Disney Company”?
A “Walt Disney Company” é um dos maiores grupos de
mídia dos Estados Unidos e tem no Brasil a Rádio Holding Holding Participações
Limitada, controladora oficial da Itapema FM, de São Paulo, conhecida
popularmente como Rádio Disney. Oficialmente, o seu principal acionista é Paulo
Henrique Cardoso, filho do ex-presidente. PHC teria 71% das ações da holding no
Brasil. No entanto, matéria da ISTOÈ (edição 2193) afirma que há evidências que
o filho do ex-presidente seria apenas um testa de ferro da transação, com menos
de 2% das ações e que a Rádio Disney na verdade pertence à “ABC Venture
(controladora da Rádio Holding e da Rádio Disney) – subsidiária da Disney
Enterprises Inc., braço do conglomerado The Walt Disney”. (http://www.istoe.com.br/reportagens/177909_O+ESQUEMA+SUSPEITO+DE+PHC+DISNEY).
Na matéria, a ISTOÉ indica que a Itapema FM
pertence 99% à empresa Walt Disney, o que seria proibido pela legislação
brasileira. “Se comprovada uma irregularidade destas, a concessão de
funcionamento pode ser cancelada – explica Jacintho Oliveira, professor de
Direito Administrativo da PUC de São Paulo.” A Disney teria tentado a mesma
estratégia na Argentina, mas lá as leis funcionam e o Departamento do Tesouro bloqueou
a venda da Difusora y Radio Meios S.A. para a ABC Venture e Disney Company
Argentina. As duas empresas pertenciam ao mesmo grupo estadunidense.
O que mais? Deve ter muito mais, mas não esperam
que esse “mais” ou mesmo o “mínimo” seja publicado pela Globo, Veja, Estadão,
Folha... ou divulgado na internet pelos grupos que se dizem a favor de um
Brasil melhor. O importante é saber que Fernando Henrique não está sofrendo com
a crise.
Fernando Henrique – lembram? – é aquele mesmo que afirmou
que a renúncia de Dilma seria um gesto ‘de grandeza’. Grandeza para os
latifundiários, para os oligarcas, para as multinacionais que desejam comer de
vez o que resta do Brasil. “Se a própria presidente não for capaz do gesto de
grandeza (renúncia ou a voz franca de que errou e sabe apontar os caminhos da
recuperação nacional), assistiremos à desarticulação crescente do governo e do
Congresso, a golpes de Lava Jato” – postado na página de FHC no Facebook.
Uma
desavergonhada ameaça, principalmente agora que está ficando claro para os
menos ingênuos que a ação da “Lava Jato” do Sérgio Moro, com suas prisões
inconstitucionais de meros suspeitos de “ouvir falar”, nada mais é que uma das
vertentes – travestida de “legalismo” – do golpe anunciado. E Fernando Henrique diz que não é golpista.
Altamiro Borges, em se blog (http://www.dialogosdosul.org.br/os-11-crimes-da-era-fhc/27082015/) cita os “11 crimes da era
FHC”. Vamos lembrar?
1. DENÚNCIAS ABAFADAS
“Extinguiu, por decreto, a Comissão Especial de
Investigação, criada por Itamar Franco e formada por representantes da
sociedade civil, que visava combater o desvio de recursos públicos. Em 2001,
fustigado pela ameaça de uma CPI da Corrupção, ele criou a Controladoria-Geral
da União, mas este órgão se notabilizou exatamente por abafar denúncias”.
2. CASO SIVAM
“Também no início do seu primeiro mandato,
surgiram denúncias de tráfico de influência e corrupção no contrato de execução
do Sistema de Vigilância e Proteção da Amazônia (Sivam/Sipam). O escândalo
derrubou o brigadeiro Mauro Gandra e serviu para FHC “punir” o embaixador Júlio
César dos Santos com uma promoção. Ele foi nomeado embaixador junto à FAO, em
Roma, “um exílio dourado”. A empresa ESCA, encarregada de incorporar a
tecnologia da estadunidense Raytheon, foi extinta por fraude comprovada contra
a Previdência. Não houve CPI sobre o assunto. FHC bloqueou.”
3. PASTA ROSA
“Em fevereiro de 1996, a Procuradoria-Geral da
República resolveu arquivar definitivamente os processos da pasta rosa. Era uma
alusão à pasta com documentos citando doações ilegais de banqueiros para
campanhas eleitorais de políticos da base de sustentação do governo. Naquele
tempo, o procurador-geral, Geraldo Brindeiro, ficou conhecido pela alcunha de
“engavetador-geral da República”.”
4. COMPRA DE VOTOS
“A reeleição de FHC custou caro ao país. Para
mudar a Constituição, houve um pesado esquema para a compra de voto, conforme
inúmeras denúncias feitas à época. Gravações revelaram que os deputados Ronivon
Santiago e João Maia, do PFL do Acre, ganharam R$ 200 mil para votar a favor do
projeto. Eles foram expulsos do partido e renunciaram aos mandatos. Outros três
deputados acusados de vender o voto, Chicão Brígido, Osmir Lima e Zila Bezerra,
foram absolvidos pelo plenário da Câmara. Como sempre, FHC resolveu o problema
abafando-o e impedido a constituição de uma CPI.”
5. VALE DO RIO DOCE
“Apesar da mobilização da sociedade em defesa da
CVRD (Companhia Vale do Rio Doce), a empresa foi vendida num leilão por apenas
R$ 3,3 bilhões, enquanto especialistas estimavam seu preço em ao menos R$ 30
bilhões. Foi um crime de lesa-pátria, pois a empresa era lucrativa e
estratégica para os interesses nacionais. Ela detinha, além de enormes jazidas,
uma gigantesca infra-estrutura acumulada ao longo de mais de 50 anos, com
navios, portos e ferrovias. Um ano depois da privatização, seus novos donos
anunciaram um lucro de R$ 1 bilhão. O preço pago pela empresa equivale hoje ao
lucro trimestral da CVRD.”
6. PRIVATIZAÇÃO DA TELEBRÁS
“O jogo de cartas marcadas da privatização do
sistema de telecomunicações envolveu diretamente o nome de FHC, citado em
inúmeras gravações divulgadas pela imprensa. Vários “grampos” comprovaram o
envolvimento de lobistas com autoridades tucanas. As fitas mostraram que
informações privilegiadas foram repassadas aos “queridinhos” de FHC. O mais
grave foi o preço que as empresas privadas pagaram pelo sistema Telebrás, cerca
de R$ 22 bilhões. O detalhe é que nos dois anos e meio anteriores à “venda”, o
governo investiu na infra-estrutura do setor mais de R$ 21 bilhões. Pior ainda,
o BNDES ainda financiou metade dos R$ 8 bilhões dados como entrada neste
meganegócio. Uma verdadeira rapinagem contra o Brasil e que o governo FHC
impediu que fosse investigada.”
7. EX-CAIXA DE FHC
“A privatização do sistema Telebrás foi marcada
pela suspeição. Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-caixa das campanhas de FHC e do
senador José Serra e ex-diretor do Banco do Brasil, foi acusado de cobrar R$ 90
milhões para ajudar na montagem do consórcio Telemar. Grampos do BNDES também
flagraram conversas de Luiz Carlos Mendonça de Barros, então ministro das
Comunicações, e André Lara Resende, então presidente do banco, articulando o
apoio da Previ para beneficiar o consórcio do Opportunity, que tinha como um
dos donos o economista Pérsio Arida, amigo de Mendonça de Barros e de Lara
Resende. Até FHC entrou na história, autorizando o uso de seu nome para
pressionar o fundo de pensão. Além de “vender” o patrimônio público, o BNDES
destinou cerca de 10 bilhões de reais para socorrer empresas que assumiram o
controle das estatais privatizadas. Em uma das diversas operações, ele injetou
686,8 milhões de reais na Telemar, assumindo 25% do controle acionário da
empresa.”
8. JUIZ LALAU
“A escandalosa construção do Tribunal Regional do
Trabalho de São Paulo levou para o ralo R$ 169 milhões. O caso surgiu em 1998,
mas os nomes dos envolvidos só apareceram em 2000. A CPI do Judiciário
contribuiu para levar à cadeia o juiz Nicolau dos Santos Neto, ex-presidente do
TRT, e para cassar o mandato do senador Luiz Estevão, dois dos principais
envolvidos no caso. Num dos maiores escândalos da era FHC, vários nomes ligados
ao governo surgiram no emaranhado das denúncias. O pior é que FHC, ao ser
questionado por que liberara as verbas para uma obra que o Tribunal de Contas
já alertara que tinha irregularidades, respondeu de forma irresponsável:
“assinei sem ver”.”
9. FARRA DO PROER
“O Programa de Estímulo à Reestruturação e ao
Sistema Financeiro Nacional (Proer) demonstrou, já em sua gênese, no final de
1995, como seriam as relações do governo FHC com o sistema financeiro. Para
ele, o custo do programa ao Tesouro Nacional foi de 1% do PIB. Para os
ex-presidentes do BC, Gustavo Loyola e Gustavo Franco, atingiu 3% do PIB. Mas
para economistas da Cepal, os gastos chegaram a 12,3% do PIB, ou R$ 111,3
bilhões, incluindo a recapitalização do Banco do Brasil, da CEF e o socorro aos
bancos estaduais. Vale lembrar que um dos socorridos foi o Banco Nacional, da
família Magalhães Pinto, a qual tinha como agregado um dos filhos de FHC.”
10. DESVALORIZAÇÃO DO REAL
“De forma eleitoreira, FHC segurou a paridade
entre o real e o dólar apenas para assegurar a sua reeleição em 1998, mesmo às
custas da queima de bilhões de dólares das reservas do país. Comprovou-se o
vazamento de informações do Banco Central. O PT divulgou uma lista com o nome
de 24 bancos que lucraram com a mudança e de outros quatro que registraram
movimentação especulativa suspeita às vésperas do anúncio das medidas. Há
indícios da existência de um esquema dentro do BC para a venda de informações
privilegiadas sobre câmbio e juros a determinados bancos ligados à turma de
FHC. No bojo da desvalorização cambial, surgiu o escandaloso caso dos bancos
Marka e FonteCindam, “graciosamente” socorridos pelo Banco Central com 1,6
bilhão de reais. Houve favorecimento descarado, com empréstimos em dólar a
preços mais baixos do que os praticados pelo mercado.”
11. SUDAM E SUDENE
“De 1994 a 1999, houve uma orgia de fraudes na
Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), ultrapassando R$ 2
bilhões. Ao invés de desbaratar a corrupção e pôr os culpados na cadeia, FHC
extinguiu o órgão. Já na Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste
(Sudene), a farra também foi grande, com a apuração de desvios de R$ 1,4 bilhão.
A prática consistia na emissão de notas fiscais frias para a comprovação de que
os recursos do Fundo de Investimentos do Nordeste foram aplicados. Como fez com
a Sudam, FHC extinguiu a Sudene, em vez de colocar os culpados na cadeia.”
Há mais? Deve haver muito mais. Ninguém arma um
esquema golpista, cooptando PMDB e outros partidos para arquitetar um
impedimento da Presidente, com o apoio armado da Polícia Federal, capitenada
por um juiz que usa dois pesos e duas medidas; amparado por empresários de
multinacionais, protegido pela mídia alienante – sem que tenha as costas muito
quentes.
Há todo um plano em andamento para derrubar a
Dilma – com ou sem a presença de militares -, tentar extinguir os partidos de
esquerda e abafar os movimentos sociais. E esse plano tem Fernando Henrique como
seu cacique visível. Entregar o Brasil para um governo fantoche, dominado pelo
império estadunidense é o objetivo final. Mesmo que seja a “golpes de ‘Lava
Jato’” – como escreveu Fernando Henrique.
O que poderia ser traduzido pela truculência das
prisões inconstitucionais, denúncias de pessoas induzidos a “confessar” através
de tortura psicológica, geração de insegurança no povo, tentativa de criar um
caos político e social, difusão de mentiras, boatos, calúnias... A mesma
receita que quase deu certo em 1954, quando Getúlio Vargas preferiu o suicídio
a entregar o país às “aves de rapina” e que levou João Goulart à renúncia, em
1964.
Um golpe traiçoeiro, escancarado, falacioso,
promovido por seres vis e repugnantes, que serão eternamente lembrados pela sua
hipocrisia e perfídia. E Fernando Henrique diz que não é golpista? Fernando
Henrique está se divertindo, enquanto ajuda o barco a afundar.