quinta-feira, 17 de setembro de 2015

FERNANDO HENRIQUE NÃO É GOLPISTA?




O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso declarou na quarta-feira, 16, que “quem está sofrendo não quer dar golpe”, deixando claro que ele não está sofrendo com a crise fabricada pelo Levy e inocentemente chancelada pela Dilma. É bom saber que FHC não está sofrendo – quem deseja o sofrimento dos outros? Na ocasião, FHC estava lançando um livro contra o PT, que utiliza a expressão “lulopetismo”, fabricada por um desses jornalistas associados ao Instituto Millenium e muito divulgado pela direita, na internet. Por outro lado, talvez ele tenha querido se esquivar da pecha de golpista, dando a entender que estaria sofrendo com a crise, mas quem acredita que um milionário pop-star como FHC sofra com alguma crise? Um milionário que domina o Congresso, a mídia, fabrica políticos como o inepto Aécio e está envolvido, mesmo que indiretamente, com grandes empresas, como a “Walt Disney Company”? 

   A “Walt Disney Company” é um dos maiores grupos de mídia dos Estados Unidos e tem no Brasil a Rádio Holding Holding Participações Limitada, controladora oficial da Itapema FM, de São Paulo, conhecida popularmente como Rádio Disney. Oficialmente, o seu principal acionista é Paulo Henrique Cardoso, filho do ex-presidente. PHC teria 71% das ações da holding no Brasil. No entanto, matéria da ISTOÈ (edição 2193) afirma que há evidências que o filho do ex-presidente seria apenas um testa de ferro da transação, com menos de 2% das ações e que a Rádio Disney na verdade pertence à “ABC Venture (controladora da Rádio Holding e da Rádio Disney) – subsidiária da Disney Enterprises Inc., braço do conglomerado The Walt Disney”. (http://www.istoe.com.br/reportagens/177909_O+ESQUEMA+SUSPEITO+DE+PHC+DISNEY). 

   Na matéria, a ISTOÉ indica que a Itapema FM pertence 99% à empresa Walt Disney, o que seria proibido pela legislação brasileira. “Se comprovada uma irregularidade destas, a concessão de funcionamento pode ser cancelada – explica Jacintho Oliveira, professor de Direito Administrativo da PUC de São Paulo.” A Disney teria tentado a mesma estratégia na Argentina, mas lá as leis funcionam e o Departamento do Tesouro bloqueou a venda da Difusora y Radio Meios S.A. para a ABC Venture e Disney Company Argentina. As duas empresas pertenciam ao mesmo grupo estadunidense. 

   O que mais? Deve ter muito mais, mas não esperam que esse “mais” ou mesmo o “mínimo” seja publicado pela Globo, Veja, Estadão, Folha... ou divulgado na internet pelos grupos que se dizem a favor de um Brasil melhor. O importante é saber que Fernando Henrique não está sofrendo com a crise. 

   Fernando Henrique – lembram? – é aquele mesmo que afirmou que a renúncia de Dilma seria um gesto ‘de grandeza’. Grandeza para os latifundiários, para os oligarcas, para as multinacionais que desejam comer de vez o que resta do Brasil. “Se a própria presidente não for capaz do gesto de grandeza (renúncia ou a voz franca de que errou e sabe apontar os caminhos da recuperação nacional), assistiremos à desarticulação crescente do governo e do Congresso, a golpes de Lava Jato” – postado na página de FHC no Facebook. 

   Uma desavergonhada ameaça, principalmente agora que está ficando claro para os menos ingênuos que a ação da “Lava Jato” do Sérgio Moro, com suas prisões inconstitucionais de meros suspeitos de “ouvir falar”, nada mais é que uma das vertentes – travestida de “legalismo” – do golpe anunciado. E Fernando Henrique diz que não é golpista. 

  Altamiro Borges, em se blog (http://www.dialogosdosul.org.br/os-11-crimes-da-era-fhc/27082015/) cita os “11 crimes da era FHC”. Vamos lembrar? 

1. DENÚNCIAS ABAFADAS 

“Extinguiu, por decreto, a Comissão Especial de Investigação, criada por Itamar Franco e formada por representantes da sociedade civil, que visava combater o desvio de recursos públicos. Em 2001, fustigado pela ameaça de uma CPI da Corrupção, ele criou a Controladoria-Geral da União, mas este órgão se notabilizou exatamente por abafar denúncias”. 

2. CASO SIVAM 

“Também no início do seu primeiro mandato, surgiram denúncias de tráfico de influência e corrupção no contrato de execução do Sistema de Vigilância e Proteção da Amazônia (Sivam/Sipam). O escândalo derrubou o brigadeiro Mauro Gandra e serviu para FHC “punir” o embaixador Júlio César dos Santos com uma promoção. Ele foi nomeado embaixador junto à FAO, em Roma, “um exílio dourado”. A empresa ESCA, encarregada de incorporar a tecnologia da estadunidense Raytheon, foi extinta por fraude comprovada contra a Previdência. Não houve CPI sobre o assunto. FHC bloqueou.” 

3. PASTA ROSA 

“Em fevereiro de 1996, a Procuradoria-Geral da República resolveu arquivar definitivamente os processos da pasta rosa. Era uma alusão à pasta com documentos citando doações ilegais de banqueiros para campanhas eleitorais de políticos da base de sustentação do governo. Naquele tempo, o procurador-geral, Geraldo Brindeiro, ficou conhecido pela alcunha de “engavetador-geral da República”.” 

4. COMPRA DE VOTOS 

“A reeleição de FHC custou caro ao país. Para mudar a Constituição, houve um pesado esquema para a compra de voto, conforme inúmeras denúncias feitas à época. Gravações revelaram que os deputados Ronivon Santiago e João Maia, do PFL do Acre, ganharam R$ 200 mil para votar a favor do projeto. Eles foram expulsos do partido e renunciaram aos mandatos. Outros três deputados acusados de vender o voto, Chicão Brígido, Osmir Lima e Zila Bezerra, foram absolvidos pelo plenário da Câmara. Como sempre, FHC resolveu o problema abafando-o e impedido a constituição de uma CPI.” 

5. VALE DO RIO DOCE 

“Apesar da mobilização da sociedade em defesa da CVRD (Companhia Vale do Rio Doce), a empresa foi vendida num leilão por apenas R$ 3,3 bilhões, enquanto especialistas estimavam seu preço em ao menos R$ 30 bilhões. Foi um crime de lesa-pátria, pois a empresa era lucrativa e estratégica para os interesses nacionais. Ela detinha, além de enormes jazidas, uma gigantesca infra-estrutura acumulada ao longo de mais de 50 anos, com navios, portos e ferrovias. Um ano depois da privatização, seus novos donos anunciaram um lucro de R$ 1 bilhão. O preço pago pela empresa equivale hoje ao lucro trimestral da CVRD.” 

6. PRIVATIZAÇÃO DA TELEBRÁS 

“O jogo de cartas marcadas da privatização do sistema de telecomunicações envolveu diretamente o nome de FHC, citado em inúmeras gravações divulgadas pela imprensa. Vários “grampos” comprovaram o envolvimento de lobistas com autoridades tucanas. As fitas mostraram que informações privilegiadas foram repassadas aos “queridinhos” de FHC. O mais grave foi o preço que as empresas privadas pagaram pelo sistema Telebrás, cerca de R$ 22 bilhões. O detalhe é que nos dois anos e meio anteriores à “venda”, o governo investiu na infra-estrutura do setor mais de R$ 21 bilhões. Pior ainda, o BNDES ainda financiou metade dos R$ 8 bilhões dados como entrada neste meganegócio. Uma verdadeira rapinagem contra o Brasil e que o governo FHC impediu que fosse investigada.” 

7. EX-CAIXA DE FHC 

“A privatização do sistema Telebrás foi marcada pela suspeição. Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-caixa das campanhas de FHC e do senador José Serra e ex-diretor do Banco do Brasil, foi acusado de cobrar R$ 90 milhões para ajudar na montagem do consórcio Telemar. Grampos do BNDES também flagraram conversas de Luiz Carlos Mendonça de Barros, então ministro das Comunicações, e André Lara Resende, então presidente do banco, articulando o apoio da Previ para beneficiar o consórcio do Opportunity, que tinha como um dos donos o economista Pérsio Arida, amigo de Mendonça de Barros e de Lara Resende. Até FHC entrou na história, autorizando o uso de seu nome para pressionar o fundo de pensão. Além de “vender” o patrimônio público, o BNDES destinou cerca de 10 bilhões de reais para socorrer empresas que assumiram o controle das estatais privatizadas. Em uma das diversas operações, ele injetou 686,8 milhões de reais na Telemar, assumindo 25% do controle acionário da empresa.” 

8. JUIZ LALAU 

“A escandalosa construção do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo levou para o ralo R$ 169 milhões. O caso surgiu em 1998, mas os nomes dos envolvidos só apareceram em 2000. A CPI do Judiciário contribuiu para levar à cadeia o juiz Nicolau dos Santos Neto, ex-presidente do TRT, e para cassar o mandato do senador Luiz Estevão, dois dos principais envolvidos no caso. Num dos maiores escândalos da era FHC, vários nomes ligados ao governo surgiram no emaranhado das denúncias. O pior é que FHC, ao ser questionado por que liberara as verbas para uma obra que o Tribunal de Contas já alertara que tinha irregularidades, respondeu de forma irresponsável: “assinei sem ver”.” 

9. FARRA DO PROER 

“O Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Sistema Financeiro Nacional (Proer) demonstrou, já em sua gênese, no final de 1995, como seriam as relações do governo FHC com o sistema financeiro. Para ele, o custo do programa ao Tesouro Nacional foi de 1% do PIB. Para os ex-presidentes do BC, Gustavo Loyola e Gustavo Franco, atingiu 3% do PIB. Mas para economistas da Cepal, os gastos chegaram a 12,3% do PIB, ou R$ 111,3 bilhões, incluindo a recapitalização do Banco do Brasil, da CEF e o socorro aos bancos estaduais. Vale lembrar que um dos socorridos foi o Banco Nacional, da família Magalhães Pinto, a qual tinha como agregado um dos filhos de FHC.” 

10. DESVALORIZAÇÃO DO REAL 

“De forma eleitoreira, FHC segurou a paridade entre o real e o dólar apenas para assegurar a sua reeleição em 1998, mesmo às custas da queima de bilhões de dólares das reservas do país. Comprovou-se o vazamento de informações do Banco Central. O PT divulgou uma lista com o nome de 24 bancos que lucraram com a mudança e de outros quatro que registraram movimentação especulativa suspeita às vésperas do anúncio das medidas. Há indícios da existência de um esquema dentro do BC para a venda de informações privilegiadas sobre câmbio e juros a determinados bancos ligados à turma de FHC. No bojo da desvalorização cambial, surgiu o escandaloso caso dos bancos Marka e FonteCindam, “graciosamente” socorridos pelo Banco Central com 1,6 bilhão de reais. Houve favorecimento descarado, com empréstimos em dólar a preços mais baixos do que os praticados pelo mercado.” 

11. SUDAM E SUDENE 

“De 1994 a 1999, houve uma orgia de fraudes na Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), ultrapassando R$ 2 bilhões. Ao invés de desbaratar a corrupção e pôr os culpados na cadeia, FHC extinguiu o órgão. Já na Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), a farra também foi grande, com a apuração de desvios de R$ 1,4 bilhão. A prática consistia na emissão de notas fiscais frias para a comprovação de que os recursos do Fundo de Investimentos do Nordeste foram aplicados. Como fez com a Sudam, FHC extinguiu a Sudene, em vez de colocar os culpados na cadeia.” 

    Há mais? Deve haver muito mais. Ninguém arma um esquema golpista, cooptando PMDB e outros partidos para arquitetar um impedimento da Presidente, com o apoio armado da Polícia Federal, capitenada por um juiz que usa dois pesos e duas medidas; amparado por empresários de multinacionais, protegido pela mídia alienante – sem que tenha as costas muito quentes. 

    Há todo um plano em andamento para derrubar a Dilma – com ou sem a presença de militares -, tentar extinguir os partidos de esquerda e abafar os movimentos sociais. E esse plano tem Fernando Henrique como seu cacique visível. Entregar o Brasil para um governo fantoche, dominado pelo império estadunidense é o objetivo final. Mesmo que seja a “golpes de ‘Lava Jato’” – como escreveu Fernando Henrique. 

    O que poderia ser traduzido pela truculência das prisões inconstitucionais, denúncias de pessoas induzidos a “confessar” através de tortura psicológica, geração de insegurança no povo, tentativa de criar um caos político e social, difusão de mentiras, boatos, calúnias... A mesma receita que quase deu certo em 1954, quando Getúlio Vargas preferiu o suicídio a entregar o país às “aves de rapina” e que levou João Goulart à renúncia, em 1964. 

   Um golpe traiçoeiro, escancarado, falacioso, promovido por seres vis e repugnantes, que serão eternamente lembrados pela sua hipocrisia e perfídia. E Fernando Henrique diz que não é golpista? Fernando Henrique está se divertindo, enquanto ajuda o barco a afundar.

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