"Doutor em anedotas e em
champanhota/ estou acontecendo no café-soçáite/ só digo ‘enchanté’, ‘muito
merci’ e ‘all-right’/ troquei a luz do dia pela luz da Light./ Agora estou
somente contra a Dama de Preto/ nos dez mais elegantes eu estou também/ adoro
Riverside, só pesco em Cabo Frio/ decididamente, eu sou gente bem./ Enquanto a
plebe rude da cidade dorme/ eu ando com Jacinto que é também de Thormes/
Teresas e Dolores falam bem de mim/ eu sou até citado na coluna do Ibrahim/ E
quando alguém pergunta como é que pode/ papai de black-tie, jantando com Didu/
eu peço outro uísque/ embora esteja pronto/ como é que pode? Depois eu
conto". (“Café-Soçáite” – de Miguel Gustavo).
Na quinta feira, 3, Michel Temer participou de um
evento organizado pela socialite Rosângela Lyra, alta executiva da
multinacional Christian Dior, presidente da Associação dos Lojistas dos
Jardins, em São Paulo, e líder do golpista movimento “Acorda Brasil”. Rosângela
Lyra é sogra do jogador Kaká, e, além de participar de manifestações contra o
governo, agora se dedica a organizar encontros no auditório da clínica de
odontologia de seu marido, Laércio Vasconcelos. Esses encontros são aparelhados
pelo grupo “Política Viva” e já contou com a presença do maçom Álvaro Dias, do
maçom José Serra, Ronaldo Caiado e Aloysio Nunes Ferreira. A imprensa
igualmente golpista diz que foi um mero encontro com empresários, mas esses
empresários do “Acorda Brasil” tem ligações com a Maçonaria, que arquiteta não
muito secretamente o golpe para destituir Dilma, acabar com o PT e abafar os
movimentos sociais. A própria Maçonaria diz que tudo o que acontece no Brasil é
feito por ela – o que não é de duvidar. E Michel Temer é maçom.
Na ocasião, Michel Temer disse que será difícil
Dilma Roussef resistir três anos no cargo sem apoio popular. O ex-presidente do
PSB, Roberto Amaral, definiu como “golpismo explícito” a afirmação de Michel
Temer. “Dizer que não há uma tentativa de golpe é esconder o sol com a peneira”
– declarou. Um mês atrás o vice-presidente disse que o Brasil precisava de
alguém para reunificar o país, dando a entender que ele seria essa pessoa.
Temer falou para a platéia de um movimento
(“Acorda Brasil”) de extrema-direita, que deseja privatizar a Petrobrás, a
Eletrobrás e demais empresas públicas brasileiras. O “Acorda Brasil” é contra
as cotas para negros e pobres nas universidades, revelando-se extremamente reacionário.
Com as suas declarações, o vice-presidente da República deixou claro o seu
desejo de suceder Dilma Roussef através de um golpe. Ele não falou isso, mas,
no momento em que a sociedade civil organizada tenta resistir contra o clima de
golpismo que se instaurou no país desde 2013 a adesão de Michel Temer,
presidente do PMDB, a movimentos que pedem o afastamento da Presidente da
República deixa explícitas as suas intenções.
A socióloga Tatiana Almeri, em seu estudo sobre
Maçonaria e Elite Orgânica, investigou a hipótese de que o estado de caos que o
Brasil sofria na época do golpe de 1964 foi um fato estrategicamente criado e
inserido junto à população para justificar o golpe. A elite orgânica era
formada por vários maçons e fazia oposição ao governo Goulart. Esses grupos
tinham interesses financeiros internacionais representados por órgãos como IPES
(Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais) e IBAD (Instituto Brasileiro de Ação
Democrática), usados para divulgar uma ideologia conservadora em benefício das
oligarquias brasileiras e estrangeiras.
Segundo Almeri, a influência das Lojas
estadunidenses foi fundamental para as ações da Maçonaria brasileira no
período. O golpe de 1964 foi baseado em uma “doutrina da paranóia” moldada por
elites direitistas e reacionárias, que continham em seus quadros vários membros
da Maçonaria e contavam com o apoio da mídia, dos Estados Unidos e de grande
parte da população desinformada. (ALMERI, Tatiana. Guinada Para a
Direita: Da Visão Liberal ao Conservadorismo. Revista Leituras da História. Ano
1 Número: 02. Ed: Escala São Paulo, 2007).
TEORIA DO CAOS
A Teoria do Caos estabelece que uma pequena
variação nas condições de um sistema dinâmico, em determinado momento, pode
levar a conseqüências de grandes proporções. “O bater de asas de uma borboleta
em Tóquio pode provocar um furacão em Nova Iorque.” É uma teoria que estuda o
comportamento aleatório e imprevisível dos sistemas, mostrando uma faceta em
que podem ocorrer irregularidades na uniformidade da natureza como um todo,
alterando toda uma previsão física precisa.
É quando acontece o caos, ou o comportamento casual ou aleatório. Mas mesmo o
caos também é governado por duas probabilidades. A primeira é uma resposta
ordenada, com o fluxo dos eventos ocorrendo dentro de margens estatísticas
previsíveis. A segunda também parte da possibilidade de uma resposta ordenada,
mas a resultante futura dos eventos (causas e efeitos) pode levar a uma
contradição que resulta em imprevisibilidade.
A Teoria do Caos analisa a natureza física,
não-emocional e não-racional. No entanto, cientistas políticos afirmam que é
possível aplicá-la à sociedade de massas, desde que seja gerado um ponto
aleatório, imprevisto, provocando confusão dentro da normalidade política e
social que poderá levar a uma “bola de neve” caótica, provocando uma ruptura no
sistema, geralmente traduzida por uma revolução social ou um golpe de Estado.
Prevendo isso, os sistemas políticos organizados usam armas defensivas, quais
sejam: a sua elite orgânica e, principalmente, os serviços de inteligência. No
entanto, o caos político realmente acontece quando essas armas defensivas se
vêem infiltradas ou devassadas, originando respostas contrárias ao sistema
político até então dominante.
Na atual cultura de massas a internet é um fator
predominante onde a maioria das pessoas reage a determinados impulsos, ou
estímulos, quase inconscientemente. O império tem utilizado esse meio para
induzir revoltas em países que não lhe são favoráveis, angariando uma aparente
legitimação popular para derrubar governos, através do que ficou conhecido como
“primaveras coloridas”. Assim foi em todo o norte da África e em alguns países
do Oriente Médio Da mesma maneira, tentou e conseguiu um golpe de Estado na
Ucrânia, mas não contava com um fator completamente imprevisível: a reação da
Rússia.
A partir do golpe em Kiev, a Rússia agiu
imediatamente e acabou por reintegrar a estratégica Criméia ao seu território.
Ato-contínuo, as revoltas na região carbonífera de Donbass, com a auto-proclamação
de duas repúblicas independentes dentro da Ucrânia (República Popular de
Lugansk e República Popular de Donetsk) retirou daquele país a possibilidade de
se tornar uma ponta-de-lança da OTAN contra a Rússia. Esse foi o ponto não
previsto pelos Estados Unidos e União Européia.
Inúmeras sanções contra a Rússia foram adotadas
pelos EUA e seus vassalos europeus. E de nada adiantaram, servindo apenas para
a Rússia se revelar como grande potência econômica e militar, bem superior à
ex-União Soviética, buscando e conseguindo aliados em todo o Oriente,
notadamente Síria, Irã e China, além de alguns países que fizeram parte da
União Soviética, como Bielo-Rússia e Quirquistão. A Rússia está estendendo seus
domínios para a região do Ártico, a praticamente um passo dos países bálticos
(Noruega, Islândia, Finlândia, Suécia e Dinamarca) e da Groenlândia, na América
do Norte.
Estados Unidos e OTAN adotaram uma estratégia que
visa, por um lado, tentar o cerco da Rússia ocidental através de soldados e
armamentos distribuídos em países fronteiriços como Polônia, Turquia, Ucrânia, Estônia,
Geógia, Letônia e Lituânia, e nos países bálticos, além de contarem com bases
militares em toda a Europa.
Por outro lado, Estados Unidos e comparsas tentam conquistar a Síria com o apoio do Estado Islâmico – que nada mais é que um exército de mercenários projetado e organizado por Israel – braço armado dos Estados Unidos – com o apoio da Arábia Saudita, Turquia e Jordânia. A idéia é desestabilizar completamente o Oriente Médio, colocando a Síria e o Irã em xeque. São cartas marcadas que qualquer um pode ver e deram início a uma nova guerra fria que poderá se transformar em guerra muito quente. A hegemonia dos Estados Unidos e do Reino Unido está sob suspeita e a crise do capitalismo pede, quase exige uma nova guerra para redefinir fronteiras e interesses econômicos que, se acontecer, não poupará mísseis com ogivas nucleares.
Por outro lado, Estados Unidos e comparsas tentam conquistar a Síria com o apoio do Estado Islâmico – que nada mais é que um exército de mercenários projetado e organizado por Israel – braço armado dos Estados Unidos – com o apoio da Arábia Saudita, Turquia e Jordânia. A idéia é desestabilizar completamente o Oriente Médio, colocando a Síria e o Irã em xeque. São cartas marcadas que qualquer um pode ver e deram início a uma nova guerra fria que poderá se transformar em guerra muito quente. A hegemonia dos Estados Unidos e do Reino Unido está sob suspeita e a crise do capitalismo pede, quase exige uma nova guerra para redefinir fronteiras e interesses econômicos que, se acontecer, não poupará mísseis com ogivas nucleares.
PROTEGENDO A RETAGUARDA
Nos anos 1980, Ronald Reagan, presidente dos
Estados Unidos, apresentou ao Congresso o Projeto Guerra nas Estrelas ou IDE –
Iniciativa de Defesa Estratégica. O IDE previa um conjunto de sistemas de
radares instalados em terra, combinados com sistemas de mísseis com capacidade
bélica múltipla ofensiva-defensiva, que incluiriam armas a laser e armas
cinéticas capazes de destruir mísseis inimigos no auge de sua trajetória. Esse
projeto daria aos Estados Unidos o monopólio nuclear e o domínio do poder
espacial, acabando com o equilíbrio nuclear existente durante a guerra fria.
Mesmo considerando o Projeto Guerra nas Estrelas
um blefe, a União Soviética, na dúvida, lançou-se a uma nova e dispendiosa
corrida armamentista com os Estados Unidos, fabricando novos foguetes e mísseis
balísticos. Por fim, em 1987, a União Soviética lançou ao espaço uma nave espacial
não tripulada, guiada por laser e armada com ogivas nucleares, a Polyus – que
foi derrubada logo em seguida, provavelmente por cientistas russos que
desejavam o fim da guerra fria e da própria União Soviética. Aliado a isto, o
descontentamento dos países da órbita soviética e o desgaste do Exército
Vermelho na guerra do Afeganistão (1979-1989) acelerou o fim da União
Soviética.
No final da década de 1980 iniciaram-se as
negociações para o “desmonte” da União Soviética, período em que o presidente
Mikhail Gorbachev passou para a História como o anti-Lênin. Os países que
formavam a União Soviética constituíram a CEI (Comunidade dos Estados
Independentes) e a Rússia ficou isolada, novamente com um governo capitalista
liderado por Bóris Yeltsin, presidente que ficou conhecido como o “bêbado do
Kremlin”, sucedido por Vladimir Putin, que tomou posse como presidente da
Rússia, pela primeira vez, em 7 de maio de 2000.
Antes desses acontecimentos, nos anos ’60 e ‘70,
quando a guerra fria quase se transformou em nova guerra mundial, Estados
Unidos e aliados ocidentais trataram de proteger a sua retaguarda. Naquela
época, a frustração na guerra da Coréia, nos anos ’50, e a tentativa de
conquista da Indonésia, nos anos ’60 e ’70, com a derrota na guerra do Vietnã, foram
dois acontecimentos desmoralizantes para os Estados Unidos, que buscava novas
maneiras de confrontação com a União Soviética (culminando no Projeto Guerra
nas Estrelas), mas se sentia fragilizado no que classificava de “seu quintal”:
a América latina.
Aqui, diversos governos nacionalistas impediam a livre
atividade das oligarquias nacionais e multinacionais. Então, com o apoio de
sociedades secretas que manipulavam a mídia entreguista foram preparados e
executados diversos golpes de estado que resultaram em ditaduras militares
extremamente sanguinárias.
O golpe de 1964, no Brasil, foi organizado pelo
maçom Golbery do Couto e Silva, então coronel, e que depois chegou aos mais
altos escalões do Exército, e contou com o apoio de empresários e dos setores
mais conservadores da Igreja Católica. Golbery era considerado uma espécie de
“bruxo” das Forças Armadas e nunca aceitou ser Presidente, preferia organizar
as sucessões presidenciais da ditadura militar.
Quando já era general e o
verdadeiro chefe do governo, passou a viver na Granja do Torto, e ali recebia
os jornalistas da rede Globo e afins, com os quais preparou o que apelidou de
“distensão política” nos anos 1980, liberando os civis para governar em lugar
dos militares, no que foi chamado de “processo de redemocratização”. Para
tentar obter o apoio da opinião pública quando do golpe de 1964, Golbery usou a
teoria do caos.
Em 1º de abril de 1964, quando o golpe ainda não
se concretizara e os militares avançavam com as suas tropas para derrubar o
inerme João Goulart, o deputado Rubens Paiva fez um discurso na Rádio Nacional,
dizendo:
“O que se pretende é tornar este governo
incompatibilizado com a opinião pública sob uma onda de mentiras e uma imagem
deformada. (...) Este é um momento decisivo, em que o povo brasileiro pode ter
a felicidade de ver realizada toda sua revolução dentro do processo da
legalidade democrática. (...) É indispensável, para isso, que o presidente e o
governo contem com toda a mobilização da opinião pública, todos os
trabalhadores, todos os estudantes, os intelectuais e o povo em geral, para
que, pacífica e ordeiramente, digam um “não” e um “basta” a esses golpistas que
pretendem cada vez mais prestigiar a pequena minoria privilegiada.”
Em 1963, Rubens Paiva participou da CPI, criada na
Câmara dos Deputados, para examinar as atividades do IPES-IBAD. Rubens Paiva
foi um dos primeiros atingidos pelo AI-1 (Ato Institucional nº1), tendo o seu
mandato cassado. Em 1971, Rubens Paiva foi preso, torturado e morto. De acordo
com a Comissão da Verdade, Rubens Paiva começou a ser torturado no próprio dia
da sua prisão, na sede da III Zona Aérea, junto ao aeroporto Santos Dumont, no
Rio de Janeiro, à época sob o comando do brigadeiro João Paulo Burnier.
Como articulador teórico do golpe, Golbery do
Couto e Silva defendia a ideologia dos Estados Unidos, que influenciou os
militares que tomaram o poder. O império norte-americano foi responsável por
fornecer treinamento e tecnologia para os governos ditatoriais da América
Latina, patrocinando ações que vitimaram milhares de pessoas.
Entre elas, ficou famosa a Operação Condor,
formalizada em reunião secreta em Santiago do Chile, em 1975. Uma aliança entre
as ditaduras instaladas no Cone Sul na década de 1970 – Argentina, Bolívia,
Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai – com o objetivo de vigiar, seqüestrar,
torturar assassinar e fazer desaparecer militantes políticos que faziam
oposição, armada ou não, aos regimes militares da região. A Operação Condor
utilizava os serviços secretos dos países sob ditadura militar, chefiados pela
CIA, dos Estados Unidos.
Na Argentina, o general Emílio Massera, que fazia
parte da junta militar liderada por Jorge Rafael Videla entre 1976 e 1978 e o
general Guillermo Suárez Mason eram membros da Loja Maçônica Propaganda 2. A
P2, que quase destruiu o Vaticano, é suspeita de ter assassinado o Papa João
Paulo I e de seqüestrar e matar o primeiro-ministro da Itália, Aldo Moro,
(crime atribuído pela imprensa marrom às Brigadas Vermelhas) e possuía (ou
possui) diversas ramificações na Europa e nas Américas. As investigações sobre
a Loja Maçônica P2 foram tão deliberadamente mal conduzidas que, poucos anos
após o escândalo da P2, um dos membros mais famosos da Loja Maçônica Propaganda
Dois, o empresário Silvio Berlusconi, foi quatro vezes Presidente do Conselho
de Ministros da Itália – de 1994 a 1995, de 2001 a 2005, entre 2005 e 2006 e de
2008 a 2011.
Provavelmente, os demais países da América do Sul
dominados por ditaduras, naquele período da guerra fria entre Estados Unidos e
União Soviética, sofreram influência de Lojas maçônicas ligadas à P2 italiana.
Não se pode, no entanto, creditar a toda a Maçonaria ou a todos os maçons o
ranço do conservadorismo ou o sentimento de ódio que leva ao golpismo. Haja
vista que o presidente socialista do Chile, Salvador Allende, era maçom, embora
tenha sido derrubado e assassinado por outro maçom, Augusto Pinochet. Outro
exemplo, e bem atual, é o de Tabaré Vázquez, presidente do Uruguai pela segunda
vez, que se diz de esquerda e é maçom.
A Maçonaria é um movimento secreto, seita ou
religião, quase um partido político por trás dos governos, congregando em seus
quadros políticos, empresários e militares que usam da sua influência para
tentar determinar os rumos das nações. Sabe-se que nos Estados Unidos a
Maçonaria sempre esteve no governo. A própria capital, Washington, foi traçada
para conter símbolos maçônicos. A inter-relação dos seus principais monumentos
e edifícios configuram desenhos como o esquadro, o compasso, a régua de
medição, o delta, o hexagrama e o pentagrama, entre outros.
Desde o seu início tem sido assim, com a diferença
que nos séculos 18 e 19 a Maçonaria era contra as tiranias e mostrava-se
libertária, apoiando movimentos independentistas, e a partir do século 20 mudou
radicalmente, a ponto de ser proibida em muitos países socialistas. Uma das
exceções é Cuba, onde o presidente Raúl Castro, maçom, está fazendo de tudo
para entregar a ilha nas mãos dos Estados Unidos no momento em que o país
norte-americano faz de tudo para provocar uma guerra com a Rússia.
Essa guerra anunciada, que já apresentou três
possíveis palcos para o seu início - Ucrânia, Irã e Síria – e que poderia ser
evitada caso os Estados Unidos não fossem o que são, leva os estadunidenses a
novamente, assim como na época da guerra fria com a União Soviética, tentar
golpes de Estado nos países da América do Sul e da América Central que não
estão alinhados com a política do império. Movimentos do tipo “primavera
colorida” tem acontecido com freqüência na Argentina, Equador, Bolívia, Venezuela
e Brasil.
O Paraguai já está nas mãos dos Estados Unidos,
devido ao golpe branco dado pelo senado no presidente Fernando Lugo, em 2012. E
com isso, os Estados Unidos detém o controle de parte do aqüífero guarani, o
maior manancial de água doce subterrâneo do mundo – estendendo-se pelo Brasil
(840.000 Km2), Paraguai (58.500 Km2), Uruguai (58.500 Km2) e Argentina (255.000
Km2). Em qualquer guerra equilibrada e prevista para longa duração (desde que
não sejam usadas armas nucleares), o vencedor costuma ser aquele que possui as maiores
reservas de petróleo, gêneros alimentícios e água. E não por acaso os países
latino-americanos, em sua maioria, são grandes exportadores de alimentos
transgênicos para Estados Unidos, Canadá e União Européia.
O COMANDO SUL E O INSTITUTO MILLENIUM
Falta dominar os demais países. O Uruguai não será
problema, devido ao seu governo “lusco-fusco”, mais preocupado em plantar
maconha do que com outra coisa. Na Venezuela, Equador, Bolívia, Argentina e no
Brasil preparam-se golpes. Assim como a Colômbia, que está se transformando em
colônia dos Estados Unidos, atualmente hospedando sete bases militares daquele
país, o Peru está entregando o seu território e a sua soberania para os Estados
Unidos. Em 1º de setembro mais 3.200 militares dos Estados Unidos chegaram ao
Peru. Com armamentos, navios e aviões.
O Movimento Pela Paz, a Soberania e a
Solidariedade entre os Povos contabilizou 47 bases militares estrangeiras na
América Latina. A maior parte dos Estados Unidos e algumas da OTAN, da França e
do Reino Unido. Operam em rede e são utilizadas para recolher dados, proteger
oleodutos e realizar vigilância política. Também apóiam golpes militares.
Algumas bases, como a localizada na Baía de Guantánamo, em Cuba, funcionam como
centro de detenção, tortura.
O Comando Sul do Departamento de Defesa dos
Estados Unidos (SouthCom), responsável pela disseminação de bases militares em
toda a América Latina, além de praticar ostensiva espionagem tem a função de
levar a efeito a guerra eletrônica contra governos que deseja derrubar através
de sites que divulgam falsas informações, incentivam a revolta e promovem
campanhas midiáticas - fatores-chave incorporados ao novo golpismo para dar uma
falsa “institucionalidade” a esses golpes de Estado. Conseguiram formar uma
legião de jornalistas que atuam como “contratados” e escrevem de acordo com as
necessidades bélicas ou golpistas.
De acordo com o cientista político René Dreyfuss,
uruguaio naturalizado brasileiro (“1964: A Conquista do Estado”), elites
orgânicas são organizações dedicadas à reprodução da dominação burguesa na
sociedade capitalista. Reúnem pseudo-intelectuais, empresários, militares e
políticos empenhados em organizar estratégias a favor dos interesses do grande
capital, com táticas que podem variar da simples desinformação à extrema
felonia. Para a elite orgânica, os fins justificam os meios. Em 1964, a elite
orgânica estava agrupada em institutos como o IPES ou o IBAD – e em
determinadas Lojas maçônicas. Hoje, a elite orgânica brasileira é representada
por uma organização chamada Instituto Millenium – e pela Maçonaria.
A entidade reúne poderosos banqueiros, industriais
e caciques da mídia e pretende ser um centro de aglutinação dos defensores da
“economia de mercado”, conforme está escrito no seu site. Pessoas como Marcelo
Tas, Pedro Bial, Reinaldo Azevedo, Marcelo Madureira, Otávio Frias Filho,
Leandro Narloch, Sandra Cavalcanti, Rodrigo Constantino, Olavo de Carvalho,
Demétrio Magnali, Denis Rosenfield, Ali Kamel e a blogueira cubana
anti-socialista Yoani Sánchez, entre outros, pertencem ao Instituto Millenium,
fundado pela economista Patrícia Carlos de Andrade (que já foi analista do
JPMorgan e é filha do falecido jornalista Evandro Carlos de Andrade, um dos
mentores da Central Globo de Jornalismo).
O Instituto Millenium é controlado por
organizações empresariais. Entre os mantenedores estão Jorge Gerdau, o barão da
siderurgia, Sérgio Foguel, da Odebrecht, Pedro Henrique Mariani, do banco BBM,
Salim Matar, do grupo Localiza, e Marcos Amaro, da TAM. O gestor do fundo
patrimonial do Instituto é Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central na era
FHC. Entre os donos da mídia, pertencem ao Millenium João Roberto Marinho, das
Organizações Globo, e Roberto Civita, da editora Abril. Seu conselho editorial
é dirigido por Eurípides Alcântara, diretor de redação da Veja.
“Movimento Brasil Livre”, “Movimento Fora Dilma”,
“Movimento Ordem Vigília Contra Corrupção”, “Movimento de Resistência Popular”,
“Movimento Brasil”, “Vem Pra Rua”, “Basta Brasil”, “Avança Brasil”, “Brava
Gente Brasileira”, “Instituto Democracia e Ética”, “Movimento 31 de Julho”,
“Reage Brasil”, “Pátria Livre”, e vários outros “movimentos” – são todos
organizados e monitorados pelo Instituto Millenium. A maior parte deles abertamente
fascistas e militaristas. O “Avança Brasil” é da Maçonaria e está ligado ao
“Acorda Brasil” – dois dos mais agressivos.
Poderia ser um único movimento, mas a aparente
diluição em vários movimentos passa a impressão para a grande maioria dos desinformados
de que o Brasil inteiro está indignado contra “o governo culpado de tudo”. Na
verdade, é uma estratégia claramente golpista, a exemplo da que foi urdida em
1964.
A INGÊNUA DILMA
Não se trata apenas de derrubar Dilma Roussef e de
acabar com o PT, conforme divulgam os movimentos fascistas – como o “Acorda
Brasil” - ligados ao Instituto Millenium. O império necessita das riquezas dos
países latino-americanos e da sua estratégica posição geográfica para poder
contraditar os países que a ele se opõem – como China, Irã e Rússia – com uma
chantagem estilo Projeto Guerra Nas Estrelas, que vulnerou e dissolveu a União
Soviética, nos anos 1980.
Chantagem que consiste em apresentar dados
concretos, como água, petróleo, alimentos em abundância, que só podem ser
saqueados impunemente no instante em que os golpes – militares ou não – se
sucederem, e o petróleo da Venezuela, Equador e Bolívia, a água do Brasil,
Uruguai, Argentina e Paraguai e o território de toda a América Latina ficar à
sua disposição.
Enquanto não existia o perigo de confrontação
armada com Rússia, China e Irã, governos populares eram aceitos como parte do
jogo democrático. Agora o jogo mudou, as cartas estão marcadas e, para o
império, urge mudar toda a fisionomia da América Latina. Isso inclui a troca de
governo no Brasil e a extinção de partidos populares. Ou seja, novas ditaduras.
E para isso estão sendo preparadas todas as possibilidades de golpe de Estado,
desde o clássico golpe militar até o golpe branco aplicado pelo Legislativo com
o apoio do Judiciário.
Para maquiar o golpe e justificar a sua impureza
usa-se a teoria do caos. Instalou-se em Curitiba uma espécie de Tribunal da
Inquisição chefiado por um Grande Inquisidor que usa de todos os meios para
amedrontar não só os políticos como qualquer cidadão brasileiro que não lhe
agrade muito, utilizando meios que estão previstos em lei, mas claramente
ditatoriais, como a prisão preventiva por tempo indeterminado, o que faz com
que os inúmeros presos “confessem” tudo o que lhes for determinado, sob pena de
apodrecerem na cadeia sem julgamento e sem culpa formada.
Na verdade, é um tribunal que abriga em si o
golpismo ao procurar deslegitimar a política e os políticos, provocando o caos
institucional que favorece qualquer ação contra o governo, sob a desculpa de
combater a corrupção. O povo está sendo manipulado pelos grandes meios de
comunicação para aceitar e até apoiar o golpe anunciado, como se a troca de
governo fosse resolver todos os problemas do país. A exemplo de 1964, e
conforme disse Rubens Paiva no seu famoso discurso “O que se pretende é tornar
este governo incompatibilizado com a opinião pública sob uma onda de mentiras e
uma imagem deformada”.
A grande diferença é que em 1964 o governo de João
Goulart realmente estava fazendo grandes reformas estruturais que visavam uma
pátria para os brasileiros e não somente para os latifundiários e empresários.
Por isto, a direita entendeu necessário um golpe militar com o apoio da ameaça
de invasão do exército estadunidense para a deposição de Jango. Agora, derrubar
a assustada Dilma será uma questão meramente formal, que passará pelo Congresso
e o Judiciário.
A cumplicidade de Dilma Roussef com a direita,
supostamente sob a pressão da mídia que a ameaça todos os dias, fazendo com que
se torne uma presidente medrosa, amesquinhada, traindo todos os seus
compromissos com o povo que nela votou é uma das maiores vergonhas que o país
está assistindo. Dilma não só nomeou um ministério que não combate a suposta
crise, mas a provoca com medidas recessivas e impopulares, como aceita
covardemente que todo o projeto petista, ainda que meramente reformista (e
timidamente reformista) seja destruído devido à sua covardia, ou, diriam os
mais complacentes, à sua ingenuidade política.
Não fosse a “necessidade geopolítica” do império
estadunidense em dominar a América Latina impondo governos reacionários e
conservadores, Dilma Roussef poderia terminar o seu governo tranquilamente,
porque nunca a direita teve como aliada uma pessoa tão afável e cordata, tão
fraca e retrógrada. Ao contrário da sua colega Cristina Kirchner que combate os
golpistas de frente e vai fazer o seu sucessor na Argentina, Dilma, com a sua pusilanimidade
e falta de objetivos políticos claros, está ajudando a criar uma situação que somente
favorece a sua queda do governo - e dificilmente continuará no PT, caso aquele
partido continue a existir.
Mostrando-se absolutamente incapaz de resistir,
não é improvável que Dilma renuncie antes de ser deposta pelos aécios, cunhas,
levys e renans que a cercam e a transformaram em um fantoche facilmente
manipulável. E, caso não haja uma séria reação dos setores populares mais
progressistas, veremos novamente o Brasil imergir em uma ditadura fascista
disfarçada de democracia liberal, com o golpista Michel Temer como presidente,
fazendo ponte para a futura “eleição” de Aécio Neves da Cunha.