Subitamente,
no momento em que a guerra contra os terroristas patrocinados pelos Estados
Unidos e amigos está sendo decidida com vitórias seguidas do exército sírio em
todas as frentes, a Rússia faz um acordo com os Estados Unidos visando o cessar
fogo e pára de bombardear todas as facções mercenárias ligadas ao Exército
Livre Sírio.
O ELS (Exército Livre Sírio) é a maior
facção terrorista, depois do Estado Islâmico e da Frente al-Nousra. Conta com
mais de cinco mil militantes treinados pelos Estados Unidos em países como
Jordânia, Qatar, Arábia Saudita e, principalmente, Turquia - mercenários
contratados através de agências como a Blackwater, que custaram mais de
quinhentos milhões de dólares a Washington.
Há a suposição de que o cessar fogo
ajudará o ELS a se rearmar, uma vez que o exército da Síria combaterá somente o
Estado Islâmico e a Frente al-Nousra durante o bizarro cessar fogo. Além disso,
devido às seguidas derrotas destas duas facções terroristas, a maioria dos seus
membros passará para as fileiras do impune ELS, que se diz “oposição moderada”,
mesmo usando os mesmos métodos bárbaros dos demais exércitos de mercenários
terroristas.
As grandes redes de comunicação ocidentais
começam a veicular a falácia de que é impossível derrotar o terrorismo e
somente uma “solução política” seria cabível na Síria. Essa desinformação que é
desmentida pelos fatos vem sendo repetida exaustivamente desde que o exército
sírio começou a obter uma sucessão de vitórias sobre os mercenários terroristas,
e tem como único objetivo apressar a deposição do presidente sírio, coincidindo
com a derrubada do partido nacionalista Baath. Em seguida, as portas estariam
abertas para a composição de um governo entreguista, provavelmente sob a égide
de títeres da “oposição moderada”.
A Rússia participa dessa conspiração?
Há indícios de que alguns generais russos estariam temerosos de um confronto
com a Turquia, o segundo maior exército da OTAN. Há uma grande diferença entre bombardear
terroristas e uma guerra de verdade, quando seria quase inevitável o uso de
armas atômicas. A Turquia possui armas atômicas na base aérea de Incirlik (e,
talvez, em outras bases militares), cedidas pelos Estados Unidos e Recep
Erdogan é suficientemente louco para usá-las. Por outro lado, veicula-se o boato
de que a Arábia Saudita teria obtido artefatos nucleares do Paquistão, que é
outro país subserviente aos Estados Unidos.
Observe-se que o acordo entre Estados
Unidos e Rússia surge no momento em que Turquia e Arábia Saudita ameaçam invadir
a Síria. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos revelam o seu desejo de criar uma
zona de exclusão aérea sobre o país árabe, o mesmo que fizeram com a Líbia, em
apoio aos terroristas que combatiam o governo de Kadhaffi. Então, surge o
acordo entre as duas potências. Os Estados Unidos e OTAN representando o
terrorismo mundial – “que não pode ser derrotado” – e a Rússia representando a
si mesma – desejosa que está de se retirar da Síria e tratar dos seus assuntos
domésticos.
Quem sabe se por trás desse espúrio
acordo que deixará a Síria à mercê da OTAN não estará a retirada de parte das
sanções ocidentais contra a Rússia? Algo assim como – “Parem de bombardear os
nossos terroristas preferidos e poderemos fazer negócios”.
Que apoio teria a Rússia, em caso de
guerra contra a OTAN? O Irã, que está sendo comprado gradativamente com a
entrada de multinacionais ocidentais no seu mercado? A China, pressionada em seu
mar territorial por Japão e Estados Unidos?
Com o acordo, os Estados Unidos dão à
Rússia a chance de uma saída “honrosa” da Síria. Depois do rompimento do acordo,
em duas ou três semanas, quando a Síria começar a ser bombardeada pela OTAN, os
aviões russos não poderão voltar.
A Rússia é pacifista. Em algumas ocasiões
da História, mesmo possuindo notável poderio bélico, recuou. Assim foi durante
a 1ª Guerra Mundial, quando o exército russo simplesmente desistiu da luta.
Durante a guerra fria, a União Soviética foi derrotada, em parte devido à
traição de generais do Exército Vermelho, que não se conformaram com a retirada
do Afeganistão e, além disso, graças à traição de políticos como Gorbachev e
Yéltsin. Traições que poderiam ter sido evitadas se a KGB, o serviço secreto
soviético, tivesse se mostrado competente. Na época, a KGB era chefiada por
Putin.
A Rússia de hoje, no entanto, não é a
União Soviética que, enquanto teve líderes verdadeiros e leais, lutou por
ideais. A Rússia luta – quando luta – por mercados, e está conseguindo vender
armas e aviões. A União Soviética não se deixaria cercar por bases da OTAN nas
suas fronteiras. À primeira ameaça, faria uma guerra preventiva. A Rússia de
hoje prefere a diplomacia.
Matéria esclarecedora para mim, que engatinho na política internacional. Muito boas informações. Obrigada.
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