A
palavra Erdogan parece nome de remédio para candidatos a mafiosos. “Tome um
Erdogan após o almoço e outro depois do jantar e será visitado em breve pelo capo
di tutti capi que lhe fará propostas capciosas.” Alguns o chamam de Cerdogan,
outros de Erdogangster. Erdogan é o sobrenome do presidente da Turquia, também
conhecido como Recep Tayyip. Na verdade, é um ditador. Tem o controle do Legislativo,
do Judiciário, da polícia e do exército e manda prender quem quer e quando
quer. Já prendeu até um adolescente de 16 anos, que o chamou de corrupto e
ladrão.
Quando prefeito de Istambul, Erdogan
foi condenado e sentenciado a 10 meses de cadeia por citar a seguinte estrofe
de um poema religioso: “As mesquitas são nossos quartéis, as cúpulas nossos
capacetes, os minaretes nossas baionetas e os crentes nossos soldados”. Foi
solto quatro meses depois para fundar o Partido da Virtude (Fazilet Partisi, FP),
de tendência islâmica e que foi dissolvido em 2001. No mesmo ano, Erdogan criou
outro partido de direita, com aparência conservadora – o Partido da Justiça e
Desenvolvimento (AKP, sigla em turco), que tinha como principal proposta
ingressar na União Européia.
A Turquia, que esteve sob uma ditadura
militar desde o golpe de 1980, atravessava um período de aparente
redemocratização, e muitos acreditam que Erdogan foi cooptado pelos serviços
secretos ocidentais a partir de 2001, quando se revelou um líder que poderia
atrair e unir tanto os muçulmanos quanto os defensores de um estado laico. Estados
Unidos, Grã-Bretanha, França e Alemanha – a cúpula da OTAN - previram que
Erdogan era uma pessoa que, em futuro próximo, serviria aos seus interesses no
Oriente Médio, e apostaram na sua carreira política.
Com muito dinheiro, “não se sabe de
onde”, em 2002, o partido de Erdogan venceu amplamente as eleições legislativas
e designou como primeiro-ministro a Abdulah Gül, um dos fundadores do AKP e
considerado lugar-tenente de Erdogan. O primeiro ato de Gül foi visitar a
Europa e os Estados Unidos para prestar obediência e receber ordens. Em 2003,
Gül, apresentou a sua demissão como primeiro-ministro, cargo que foi entregue a
Erdogan.
Erdogan defendeu a cooperação militar
com os Estados Unidos e em 20 de março de 2003, poucas horas depois de iniciada
a invasão do Iraque, a Assembléia Nacional da Turquia, dominada pelo partido de
Erdogan, aprovou por ampla maioria uma resolução que permitia às tropas
norte-americanas usar a base aérea de Incirlik para bombardear o país vizinho.
De 2003 a 2014, Erdogan foi primeiro-ministro.
Em 2014, foi eleito presidente da Turquia. No dia 29 de junho de 2014 o Estado
Islâmico (DAESH em árabe) anunciou a criação de um califado com o objetivo de
dominar todas as populações muçulmanas. Imediatamente, os Estados Unidos
organizaram uma coalizão “contra” o Estado Islâmico. Ficou comprovado depois
que a coalizão norte-americana é uma força de apoio à organização terrorista, e
o seu principal objetivo sempre foi o de combater o exército sírio e, de
quebra, o exército do Iraque. Amparado pela coalizão, o Estado Islâmico cresceu
tanto que, em 2015, o governo sírio pediu a ajuda da Rússia.
Em 30 de setembro de 2015, a Rússia
entrou na guerra com as suas Forças Aeroespaciais, que passaram a bombardear os
exércitos de mercenários patrocinados pelo Ocidente, por Israel, pela Arábia
Saudita, pelo Qatar e principalmente pela Turquia. Foi um golpe nos planos dos
Estados Unidos e da OTAN, que optaram por usar a Turquia como ponta-de-lança
contra a Síria e a Rússia.
Em quatro meses, a Rússia conseguiu
reverter a situação da guerra civil na Síria. Graças à Rússia, o exército sírio
foi reestruturado e passou à ofensiva contra os exércitos mercenários
travestidos de islamismo. A vitória total é uma questão de tempo. Se a OTAN,
Israel e os Estados Unidos deixarem, o que ninguém acredita.
Graças à intervenção russa, foi
descoberto um dos motivos que leva a OTAN a defender os exércitos de
terroristas mercenários: o escancarado roubo de petróleo. É tanto o petróleo
roubado da Síria e do Iraque que, em 2015, os preços do óleo cru despencaram,
afetando a economia de diversos países, inclusive a Rússia. Centenas de
caminhões-tanque saíam da Turquia e cruzavam impunemente o território sírio
para saquear petróleo em jazidas controladas pelos terroristas do Estado
Islâmico, Frente al-Nusra e até de organizações que posavam como “moderadas” e
patrióticas, como o Exército Livre da Síria (ELS). E por trás de tudo isso estava
Erdogan e sua família.
Bilal Erdogan, filho do presidente, é
o responsável por exportar o petróleo roubado através da sua companhia marítima,
a BMZ Ltda. Uma das filhas do presidente Erdogan, Sumeyy Erdogan, construiu um
hospital para os mercenários terroristas feridos em combate, na cidade de
Sanliurfa, onde funciona um campo de treinamento secreto da al-Qaeda. Os
feridos são transportados pelo MIT (serviço secreto da Turquia) em veículos
militares turcos. Sumeyy Erdogan é a responsável pela seção de Relações
Internacionais do AKP, o partido de Erdogan.
Açulado pelos Estados Unidos, que deseja
provocar uma guerra por procuração contra a Rússia, Erdogan mandou derrubar um
caça russo Su-24, que voltava desarmado de uma missão. A Turquia alegou que o
avião teria invadido por alguns minutos o seu espaço aéreo, a Rússia apresentou
provas do contrário, afirmando que, como de hábito, o governo turco mente. Um
dos pilotos do Su-24, que conseguiu ejetar-se da aeronave atingida foi
assassinado friamente por militantes turcomanos. O outro foi resgatado por
forças do Hezbollah. A Turquia não conseguiu a sua guerra com a Rússia, que
preferiu isolar o espaço aéreo da Síria com mísseis S-400.
Ato-contínuo, a Rússia aumentou os
bombardeios sobre os exércitos de mercenários, pondo em ação os bombardeiros
Tupolev e, por último, destacou quatro caças Sukhoi Su-35S, de última geração, para
testá-los contra os mercenários e, quem sabe, se necessário, contra os turcos.
Enquanto isto, o exército sírio avança, desalojando os mercenários das
principais regiões da Síria, como Alepo, Idlib, Homs e Damasco.
Em Alepo, os sírios conseguiram
reconquistar cidades e vilarejos que estavam cercadas pelos exércitos
terroristas há quase quatro anos, como Nubbul e Al Zahra, libertando mais de 60.000
civis e cortando as principais vias de abastecimentos dos milicianos, de
maneira que eles não podem receber armas e munições desde a Turquia, ao norte
de Alepo. Os caminhões-tanque que levavam o petróleo roubado da Síria para a
Turquia foram devidamente bombardeados pelas forças aéreas da Síria e da Rússia
e o próximo avanço do exército sírio prevê o fechamento da fronteira com a
Turquia, o que fará com que todas as rotas de ligação com a Turquia sejam
cortadas.
Ante esse quadro de derrota dos
exércitos mercenários em todas as frentes, faltando pouco para que o território
da Síria seja retomado totalmente pelas forças do governo, a OTAN, Estados
Unidos e seus vassalos do Oriente Médio, como Israel, Arábia Saudita e Turquia preparam
uma guerra contra a Síria e Rússia que, se deflagrada, poderá estender-se para
o leste europeu.
Para isso, contam com o exército turco
de Erdogan, que possui mais de 400.000 efetivos e terá, obviamente, o apoio da
OTAN, além das forças da Arábia Saudita e Qatar. Desde que foram derrotados no
Vietnã, tornou-se uma tradição os Estados Unidos usarem os exércitos de outros
países para atingirem os seus objetivos. No caso, o objetivo é o domínio do Oriente
Médio, onde está sendo travada uma guerra geopolítica. Quem dominar a região terá
acesso a algumas das maiores jazidas de petróleo e gás do mundo, além de anexar
vastos territórios que lhe darão grande vantagem em caso de guerra com a Rússia
e China.
Mesmo com os seus exércitos de
terroristas sendo derrotados no Iraque e na Síria, a OTAN não desistirá de
invadir aqueles países, e somente está esperando a volta de Erdogan da América
Latina onde está testando a sua impopularidade e deixando os governos dos
países visitados sob forte suspeita dos seus povos.
Tropas turcas e sauditas estão prontas
para invadir a Síria e aguardam o sinal de Washington para dar início à
invasão. De fato, tropas turcas, sauditas e de outros países vassalos dos
Estados Unidos já invadiram a Síria e o Iraque, fantasiadas de facções
islamitas. Estão sendo derrotadas. Agora, tudo indica, é a vez dos exércitos
uniformizados. E Erdogan, ou Erdogangster, sonha em ser o grande chefe dessa nova
guerra expansionista, em nome de Alá e do petróleo alheio.
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