A
morte de Umberto Eco simbolizou o final de uma era onde algumas pessoas que se
dedicaram ao trabalho intelectual optaram pelo resgate ao humanismo através do
aprofundamento nas pesquisas e estudos aliados à busca artística, em suave
resistência ao intelectual específico reducionista, ao manquejante
especialista, ao tedioso “expert”.
Umberto Eco foi o principal
representante desta era que está findando, em que poucos bravos ainda tentaram
salvar o pensamento humano da crescente midiatização e robotização de todas as
linguagens que está nos levando gradativamente a uma nova Idade das Trevas.
Mais que um intelectual universal, com
seus escritos Umberto Eco desafiou o mundo a usar novamente o raciocínio e a
imaginação, desmistificou os falsos esoterismos que mascaram a nova ordem
mundial massificadora, desvelou os mitos de uma história forjada pelos donos do
poder e colocou em xeque as verdades oficiais.
Umberto Eco foi o anti-Dan Brown, o
inimigo da Matrix - e talvez por isso não tenha sido indicado para o Nobel de
Literatura. Livros como “O Pêndulo de Foucault”, “Baudolino” e “O Cemitério de
Praga” foram compostos com tamanha dose de ironia contra a hipocrisia do
sistema, a par da beleza estética, que os cultores da globalização foram
tomados por histérico furor ao saber seus parcos segredos desvendados para os
míseros profanos.
Pesquisou e escreveu sobre todas as
áreas da cultura clássica e sentia prazer em mostrar o mundo sem adornos ou
enfeites, isento de malabarismos, desnudado de mascarados e cínicos simbolismos.
A obra de Umberto Eco é gigantesca e
abarca livros de ficção, filosofia, filologia, história da arte, semiótica,
história medieval, moderna e contemporânea e ensaios de interpretação de texto.
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