("Como a aurora precursora...") |
O Grêmio apelou para o Pleno do
Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) contra a decisão que eliminou o
clube devido a atos racistas de cinco torcedores contra o goleiro Aranha, do
Santos, na primeira partida contra o clube paulista pela Copa do Brasil de
2014.
Depois de ouvida a acusação
pífia do advogado da entidade, que argumentou que Grêmio e torcida são uma
coisa só, não entendendo que cinco torcedores não fazem uma torcida de milhões
de pessoas e que uma instituição esportiva é formada por seus associados e não,
obrigatoriamente, por seus torcedores; e depois de ouvir a defesa gremista, que
tentou ser cordata e simpática aos auditores que julgaram o caso, evitando o
embate e lembrando de casos semelhantes ocorridos com outros clubes que somente
receberam multas, os auditores passaram à votação.
Paulo César Filho votou a favor
da perda de três pontos do Grêmio e não da sua exclusão da competição,
esquecendo de dizer que a perda de três pontos acarreta na exclusão imediata.
Acrescentou uma frase que ficará na história do futebol: “Uma nova partida
prejudicaria o Santos”.
Ronaldo Piacenti seguiu o voto
de Paulo César Filho, excluindo o Grêmio da Copa do Brasil, através da perda de
três pontos. Flávio Zveiter disse que “É fato que houve injúria racial por arte
da torcida do Grêmio” – outra pérola “jurídica”. Ele entende que cinco torcedores
é parte representativa da torcida do Grêmio. Disse ainda que o Grêmio não tomou
a atitude de repreender ou tirar os torcedores do estádio. Detalhe importante:
a partida estava terminando e os torcedores vaiaram o goleiro Aranha porque
estava fazendo “cera”. Uma observação injusta e extemporânea do senhor Zveiter.
José Arruda Silveira Filho
acompanhou o voto do relator. Portanto, ele concorda que “Uma nova partida
prejudicaria o Santos”. Também votara a favor do ganho de pontos pelo Santos
sem jogar com o Grêmio os auditores Gabriel Marciliano e Décio Neuhaus. Somente
Caio Rocha, tomado por súbito sentimento de justiça votou pela perda de um
ponto do Grêmio. Talvez por pudor os auditores Miguel Cançado e Alexander Macedo
não compareceram ao julgamento. Já deveriam saber do resultado.
Um julgamento claramente
tendencioso. Seria absolutamente diferente se o clube julgado fosse o
Corinthians, Flamengo, São Paulo, Fluminense... ou Santos.
O Grêmio foi muito ingênuo em
confiar na justiça futebolística, principalmente em se tratando de um clube
gaúcho constantemente hostilizado pela imprensa do Rio e de São Paulo. Qual a
porcentagem equivalente a cinco torcedores em relação à metade da população do
Rio Grande do Sul? Essa metade foi insultada pelo Pleno do STJD e continuará a
ser assim enquanto os clubes gaúchos – e não só os de futebol – não assimilarem
definitivamente que nós, gaúchos, somos uma nação com usos, hábitos, costumes e
cultura totalmente diferentes do restante da população da República Federativa
do Brasil (que, de Federativa tem muito pouco, ou quase nada). E isso não é
perdoado pelo centro do poder. Sempre que eles tiverem uma oportunidade – como agora
– de espezinhar o povo gaúcho, o farão.
Convém sempre lembrar, em
tempos de memória da epopéia Farroupilha, que aquela guerra não terminou, foi
adiada. Não houve a capitulação do exército gaúcho, mas um armistício provocado
por traições e que traz como conseqüências, até hoje, a discriminação da nação
gaúcha em relação ao restante do Brasil. Mais próximos a nós estão os uruguaios
e argentinos. Infelizmente, ainda há traidores em todos os setores da vida
gaúcha. Os próprios festejos farroupilhas transformaram-se em recorrentes
desfiles saudosistas, mas a chama crioula não se apaga nos corações dos
verdadeiros gaúchos.
Se eles querem taças e campeonatos e tudo fazem para
consegui-los, nós temos a honra a resguardar. E isso ninguém nos tira.
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