sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

O IRMÃO MAIS MOÇO DE FIDEL CASTRO





Quando Fidel caiu doente, muitos pensaram: “Lá se foi Cuba!” Era sabido que o irmão mais moço do Comandante, mesmo sendo respeitado pelo guerrilheiro que tinha sido não era um Chê ou um Fidel. A sua noção de socialismo limitava-se ao liberalismo democrático necessário para ir levando as difíceis conquistas da revolução cubana para... o fim. Além disso, Raúl Castro é maçom, dizem que Grão-Mestre da Grande Loja de Cuba, e todos sabem que a maçonaria muitas vezes tem sido a arma secreta do capitalismo, e não por acaso durante a existência da União Soviética, assim como na China e em outros países que ainda se dizem socialistas, não são toleradas organizações secretas que, ao mais das vezes, costumam conspirar, mesmo se dizendo muito espiritualistas e benfeitoras da humanidade. 

   Em Cuba existem 318 lojas maçônicas freqüentadas por mais de trinta mil afiliados, muitos deles dissidentes do regime. Os principais líderes cubanos anteriores à revolução – José Martí, Antonio Maceo e Carlos Manuel de Céspedes - eram maçons e talvez foi esta a razão pela qual a maçonaria foi tolerada e até incentivada na Cuba socialista, ao lado de todas as outras religiões e doutrinas pseudo-espiritualistas, secretas ou não, incluindo a santeria, que corresponde ao nosso candomblé. 

   Somadas, são mais de 300 as mudanças políticas e econômicas anunciadas na gestão de Raúl, desde que chegou à presidência em 2008. Entre outras, substituiu alguns dos antigos dirigentes políticos do Partido Comunista, estabeleceu o limite de dois mandatos de cinco anos no governo, inaugurou o setor privado e iniciou o processo de autonomia das empresas públicas. Raúl Castro está pondo em prática uma transição do modelo econômico, que apelidou de “atualização” do socialismo. Atualização para o capitalismo. 

   Na atual guerra fria entre Estados Unidos e Rússia, que está prestes a tornar-se muito quente, em julho deste ano a Rússia cogitou de reabrir a base de Lourdes, da antiga União Soviética, que era utilizada para ouvir sinais de rádio, incluindo de barcos, submarinos e comunicações por satélite. Para acelerar essa possibilidade, a Rússia perdoou 90% da dívida que Cuba tinha com a União Soviética, sendo que os 10% restantes deverão ser investidos em Cuba. Raúl agradeceu muito a generosidade da Rússia, mas nada prometeu. Maçom e educado por jesuítas – duas organizações que se complementam, mesmo que aparentem recíproco ódio -, o ex-socialista Raúl Castro na época que teve a dívida de Cuba perdoada pela Rússia já estava em negociações secretas com o maçom Obama, através da, agora jesuíta, Igreja Católica Romana. 

   Não tão secretas negociações. Provavelmente o governo aliado de Dilma Roussef sabia da guinada do governo cubano para a direita e aproveitou para financiar a construção do porto de Mariel na ilha, que servirá inicialmente para todas as exportações e necessárias importações dos atraentes produtos que ajudarão na divisão de classes cubana. Convém ao governo de Raúl Castro uma aliança com os Estados Unidos no caso de uma guerra do vizinho país com a Federação Russa. E essa aliança está acontecendo no momento em a Rússia está sendo cercada por tropas da OTAN e dos Estados Unidos, a moeda russa é desvalorizada artificialmente, a recessão toma conta da Rússia e os boatos de uma guerra muito próxima podem não ser infundados. 

   Resta saber o que acontecerá a Cuba, que se diz socialista e está aceitando o capitalismo. Talvez se transforme, a exemplo do Brasil, em mais um satélite dos Estados Unidos e, neste caso, a ALBA (Aliança Bolivariana das Américas), da qual Cuba foi inspiradora nos tempos de Fidel, estará ameaçada. O certo é que não podem coexistir dois sistemas políticos opostos em um mesmo país. Ou se é socialista ou capitalista, ou quente ou frio, os mornos hibridismos não se sustentam e tendem a formar estranhos monstros mitológicos. O irmão mais moço de Fidel Castro, a continuar nesse passo, ficará famoso por desconstruir tudo o que o Comandante (e outros verdadeiros comandantes) tentou fazer na ilha mais famosa do mundo, com o intuito de afastá-la do capitalismo e da barbárie.

Um comentário:

  1. Fidel faz muita falta. Desejo de todo o coração que sua luta não tenha sido em vão. Vamos esperar e ver o que acontece. Muito boa análise sobre o futuro do socialismo.

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