Quando Fidel caiu
doente, muitos pensaram: “Lá se foi Cuba!” Era sabido que o irmão mais moço do
Comandante, mesmo sendo respeitado pelo guerrilheiro que tinha sido não era um
Chê ou um Fidel. A sua noção de socialismo limitava-se ao liberalismo
democrático necessário para ir levando as difíceis conquistas da revolução
cubana para... o fim. Além disso, Raúl Castro é maçom, dizem que Grão-Mestre da
Grande Loja de Cuba, e todos sabem que a maçonaria muitas vezes tem sido a arma
secreta do capitalismo, e não por acaso durante a existência da União
Soviética, assim como na China e em outros países que ainda se dizem
socialistas, não são toleradas organizações secretas que, ao mais das vezes, costumam
conspirar, mesmo se dizendo muito espiritualistas e benfeitoras da humanidade.
Em Cuba existem 318
lojas maçônicas freqüentadas por mais de trinta mil afiliados, muitos deles
dissidentes do regime. Os principais líderes cubanos anteriores à revolução –
José Martí, Antonio Maceo e Carlos Manuel de Céspedes - eram maçons e talvez foi
esta a razão pela qual a maçonaria foi tolerada e até incentivada na Cuba
socialista, ao lado de todas as outras religiões e doutrinas
pseudo-espiritualistas, secretas ou não, incluindo a santeria, que corresponde ao nosso candomblé.
Somadas, são mais de
300 as mudanças políticas e econômicas anunciadas na gestão de Raúl, desde que
chegou à presidência em 2008. Entre outras, substituiu alguns dos antigos dirigentes
políticos do Partido Comunista, estabeleceu o limite de dois mandatos de cinco
anos no governo, inaugurou o setor privado e iniciou o processo de autonomia
das empresas públicas. Raúl Castro está pondo em prática uma transição do
modelo econômico, que apelidou de “atualização” do socialismo. Atualização para
o capitalismo.
Na atual guerra fria
entre Estados Unidos e Rússia, que está prestes a tornar-se muito quente, em
julho deste ano a Rússia cogitou de reabrir a base de Lourdes, da antiga União
Soviética, que era utilizada para ouvir sinais de rádio, incluindo de barcos,
submarinos e comunicações por satélite. Para acelerar essa possibilidade, a
Rússia perdoou 90% da dívida que Cuba tinha com a União Soviética, sendo que os
10% restantes deverão ser investidos em Cuba. Raúl agradeceu muito a
generosidade da Rússia, mas nada prometeu. Maçom e educado por jesuítas – duas organizações
que se complementam, mesmo que aparentem recíproco ódio -, o ex-socialista Raúl Castro na época que teve a dívida
de Cuba perdoada pela Rússia já estava em negociações secretas com o maçom
Obama, através da, agora jesuíta, Igreja Católica Romana.
Não tão secretas
negociações. Provavelmente o governo aliado de Dilma Roussef sabia da guinada
do governo cubano para a direita e aproveitou para financiar a construção do
porto de Mariel na ilha, que servirá inicialmente para todas as exportações e
necessárias importações dos atraentes produtos que ajudarão na divisão de
classes cubana. Convém ao governo de Raúl Castro uma aliança com os Estados
Unidos no caso de uma guerra do vizinho país com a Federação Russa. E essa
aliança está acontecendo no momento em a Rússia está sendo cercada por tropas
da OTAN e dos Estados Unidos, a moeda russa é desvalorizada artificialmente, a
recessão toma conta da Rússia e os boatos de uma guerra muito próxima podem não
ser infundados.
Resta saber o que
acontecerá a Cuba, que se diz socialista e está aceitando o capitalismo. Talvez
se transforme, a exemplo do Brasil, em mais um satélite dos Estados Unidos e,
neste caso, a ALBA (Aliança Bolivariana das Américas), da qual Cuba foi inspiradora nos tempos de Fidel, estará ameaçada. O
certo é que não podem coexistir dois sistemas políticos opostos em um mesmo
país. Ou se é socialista ou capitalista, ou quente ou frio, os mornos hibridismos não se
sustentam e tendem a formar estranhos monstros mitológicos. O irmão mais moço
de Fidel Castro, a continuar nesse passo, ficará famoso por desconstruir tudo o
que o Comandante (e outros verdadeiros comandantes) tentou fazer na ilha mais
famosa do mundo, com o intuito de afastá-la do capitalismo e da barbárie.
Fidel faz muita falta. Desejo de todo o coração que sua luta não tenha sido em vão. Vamos esperar e ver o que acontece. Muito boa análise sobre o futuro do socialismo.
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