quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

JE NE SUIS PAS CHARLIE




A mídia do sistema afirma que o jornal “Charlie Hebdo” faz críticas de tudo e de todos – o que é, no mínimo, uma inverdade. O “Charlie Hebdo” especializou-se em sátiras infamantes contra o Cristianismo e contra o Islamismo, e uma ou outra crítica ao governo francês ou em relação a temas menores, para disfarçar. Criado em 1960, com o objetivo de atacar o crescente nacionalismo francês do pós-guerra, representado pelo presidente Charles de Gaulle que buscava livrar-se das influências norte-americana e britânica, o jornal, que então se chamava “L’hebdo Hara-Kiri”, foi fechado por ordem do então presidente Georges Pompidou, após uma publicação que ridicularizava a morte de De Gaulle em 1970. 

  Renasceu com o nome “Charlie Hebdo” (Hebdomadário = semanal), derivado de uma revista de histórias em quadrinhos, chamada Charlie Mensuel, (Mensuel = mensal) e “Charlie” também serviu como piada interna sobre Charles de Gaulle. Não tem nada a ver com a personagem Charlie Brown, criada pelo desenhista Charles Schulz, como alguns querem dar a entender. Também tem muito pouco a ver com O Pasquim, que foi um jornal satírico sem ser apelativo ou ofensivo. 

   O “Charlie Hebdo” notabilizou-se como um jornal que ataca o Cristianismo e o Islamismo. É claramente xenófobo, racista e, naturalmente, fascista. A xenofobia e o racismo são características do fascismo. A insolência também.  

   O projeto de globalização promovido por aqueles que desejam impor uma nova ordem mundial exclui as grandes religiões. Em matéria datada de 23 de junho de 2011 (“A licenciosidade como meio, o neo-paganismo como meta” - http://fausto-diogenes.blogspot.com.br/2011/06/licenciosidade-como-meio-o-neopaganismo.htm) escrevo a respeito do plano, ou agenda global, que tem como objetivo manipular emocionalmente as pessoas, logo após a extinção das duas grandes religiões: o Cristianismo e o Islamismo. A seguir, um pequeno trecho. 

   “(...) há todo um plano do atual sistema para impor aos povos um governo mundial. E esse plano inclui a destruição das grandes religiões – Cristianismo e Islamismo.
   “O Islamismo está sendo derrotado aos poucos, através de guerras, da mídia e da cooptação de supostos líderes árabes. A guerra da internet ou Guerra do Facebook, que tem jogado multidões iradas e provavelmente drogadas contra as armas dos seus governos – suicidas sem causa – para provocar uma intervenção da ONU, como aconteceu na Líbia e provavelmente venha a acontecer na Síria, tem sido a grande estratégia do imperialismo para derrotar líderes islâmicos, desacreditar aquela religião e confundir as massas. (...)”

   Não só através do Facebook ou de outras redes sociais. O episódio do atentado ao “Charlie Hebdo” é muito parecido ao 11 de setembro de 2001 devido à programada repercussão, com uma passeata gigante justamente no dia 11 de janeiro. Na matéria “O lado oculto dos atentados de 11 de setembro de 2001” (http://fausto-diogenes.blogspot.com.br/2010/09/o-lado-oculto-dos-atentados-de-11-de.html) revelo a importância do número 11 para determinadas organizações secretas.

   “(...) No Tarô, a carta-arcano 11 tem o nome de A FORÇA. Na Numerologia, a vibração 11 é considerada um número-mestre, que significa evidência, força, intuição.

  “Para algumas ordens iniciáticas de cunho luciferiano, o número 11, uma oitava acima do número 2, simboliza a ação sobre a natureza, que pode ser manipulada pelo ser humano “superior”; as duas faces de uma mesma moeda; o equilíbrio entre Bem e Mal. E, portanto, a negação de Bem e de Mal: a liberdade para agir e a total ausência de valores. A impiedade.

    “Não só o número 11, como também os números 2, 20 e 29. Quando ocorre algo importante em um desses dias é como se fosse um sinal, um código, para que os demais irmãos saibam que é obra do mesmo grupo e que as “verdades” enunciadas após o ocorrido, as explicações oficiais sobre o fato, devem ser aceitas e corroboradas.

   “Alguns detalhes interessantes:

• “911 é o número para emergências nos Estados Unidos.

• “Os atentados de 11 de setembro ocorreram exatamente 11 anos após George Bush (pai) declarar guerra ao Iraque, em 11 de setembro de 1990.

• “O dia da independência dos Estados Unidos é 4 de julho. Ou seja: 4+7 = 11.

• “O primeiro avião que bateu nas Torres Gêmeas era o vôo AA (American Airlines)-11 e o segundo levava a bordo 65 pessoas (6+5 = 11).

• “A partir de 11 de setembro faltavam 111 dias para terminar o ano.

• “Cada uma das Torres Gêmeas tinha 110 pisos e, se fossem contempladas de longe, pareciam dois números 1 juntos...

• “No primeiro aniversário do 11 de setembro, os números que ganharam a loteria de Nova Iorque foram 9-1-1.

• “O atentado de Madri ocorreu em 11 de março de 2004. O ataque ocorreu três anos depois, ou 911 dias depois.

• “O golpe que matou o socialista Salvador Allende, derrubando o seu governo e colocando no poder o general Augusto Pinochet ocorreu em 11 de setembro de 1973.

   “Pergunte a si mesmo(a) se tudo é mera coincidência.”


         A França é um país racista. Em 2010, mais de 8000 ciganos foram expulsos daquele país durante o governo de Nicolas Sarkozy. Não sei de nenhuma passeata de protesto contra esse péssimo exemplo de segregacionismo e mentalidade medieval. Eram ciganos, e os franceses achavam-se superiores aos ciganos. A expressão usada pela imprensa, na época, foi “repatriação”. Os ciganos que moravam na França foram obrigatoriamente “repatriados” para Romênia, Bulgária e outros países. O Papa Bento XVI, em 22 de agosto de 2010 condenou a expulsão dos ciganos: “Os textos litúrgicos de hoje reafirmam-nos que todos os homens são chamados à saudação. É também um convite a saber acolher a diversidade humana, tal como Jesus representou os homens de todas as nações em todas as línguas”. A campanha difamatória contra a Igreja (incluindo o “Charlie Hebdo”) já estava em andamento, mas um fato interessante aconteceu na França, em agosto de 2012, alguns meses antes de Bento XVI renunciar. Uma simples oração no santuário de Lourdes, que fazia referência à família formada por um pai e uma mãe foi objeto de ataques da imprensa francesa, que classificou a Igreja de “intolerante”.
  
    Islamismo e Cristianismo são os alvos. Ninguém dentro do “Charlie Hebdo” pode fazer uma pequena crítica contra os judeus, ou será imediatamente demitido por “anti-semitismo”. Quando, em 2008, o caricaturista “Siné” (pseudônimo de Maurice Sinet), então com 79 anos, escreveu um comentário satírico no “Charlie Hebdo” sobre Jean Sarkozy, filho do então presidente Nicolas Sarkozy, foi acusado imediatamente pelo jornalista do “Le Nouvel Observateur”, Claude Askolovitch, de “anti-semitismo”.

     No seu texto, Siné escreveu: “Jean Sarkozy, digno filho de seu pai e já conselheiro geral do (partido) UMP saiu quase sob aplausos de seu processo por fuga em uma lambreta. A Justiça o declarou inocente! Diga-se de passagem que o acusador é árabe. E não é tudo: ele declarou que vai se converter ao Judaísmo antes de casar-se com sua noiva, judia, e herdeira dos fundadores de Darty. Vai longe, esse menino!”.
  
   Siné foi demitido do “Charlie Hebdo”. Rejeitou qualquer pedido de desculpas, dizendo que preferia cortar os próprios testículos. O diretor do jornal, Philippe Vall, acabou por despedir o cartunista, sob pressão do Congresso Judaico da Europa. O caso Siné gerou muitas críticas a Vall, que se diz grande defensor da liberdade de expressão - desde que essa “liberdade” não atinja os judeus. Siné, hoje com 86 anos, recorreu aos tribunais e, em 2010, o “Charlie Hebdo” foi obrigado a pagar uma indenização de 90 mil euros.

     É muito esclarecedor o uso que a direita mundial está fazendo do atentado ao “Charlie Hebdo”. Conhecidos fascistas que se fazem passar por democratas - entre eles o genocida Benjamin Netanyahu, primeiro ministro de Israel - participaram da passeata em Paris, no dia 11, clamando pela liberdade de expressão. O “Charlie Hebdo” está sendo transformado em símbolo de uma liberdade de expressão que admite o insulto, a afronta, o desacato, a injúria, o vitupério, o abuso, a infâmia – todos os tipos de ofensas imagináveis. Desde que sejam contra o Cristianismo e o Islamismo.

    E uma parte do povo francês - aqueles que não possuem senso crítico e se deixam moldar enquanto massa - acredita que dizer “Je Suis Charlie” (“Eu sou Charlie”) é o mesmo que lutar por uma liberdade de expressão com base na gratuita ofensa contra as religiões. Os franceses que já não gostam de qualquer tipo de estrangeiro, principalmente se não pertencer à Europa branca e dominadora, agora estão sendo induzidos a detestar as religiões. Em troca, lhes é acenado o direito ao insulto e à ofensa e a total ausência de ética e de moral. Não compreendem ou não querem compreender que esse tipo de atitude constitui uma afronta á mais antiga forma de liberdade de expressão, que é a liberdade de expressão religiosa.

    Alguns que se imaginam mais cultos e eruditos chegam a citar a famosa frase "I disapprove of what you say, but I will defend to the death your right to say it" ("Eu discordo do que você diz, mas vou defender até a morte seu direito de o continuar dizendo", em tradução livre) para justificar as ofensas contidas no “Charlie Hebdo”. Atribuída erradamente a Voltaire, a frase pertence à escritora Evelyn Hall, que também fez uma biografia de Voltaire e confessou que errou ao colocar a frase entre aspas, inadvertidamente na primeira pessoa.

     De qualquer maneira, a frase serve como exemplo de discussão democrática entre pessoas com idéias divergentes, onde se inclui um mínimo de educação e respeito ao próximo – estando pressuposta, nessa discussão, aquela outra frase: “O meu direito acaba quando começa o do meu vizinho”.  Jamais poderá ser atribuída como o direito à ofensa, calúnia ou difamação – conforme tem feito o “Charlie Hebdo”, sob pretexto de “liberdade de expressão”. O “Je Suis Charlie” traz subliminarmente a possibilidade do “direito” ao ultraje e à humilhação, confiando que os ultrajados e humilhados não terão como se defender, pois o seu poder político é mínimo. Trata-se, portanto, de provocação, com o claro intuito de gerar um revide violento que levará à criminalização do ofendido.

     É o que está acontecendo na França e em grande parte da Europa, que se pensa “civilizada”. Desde o atentado ao “Charlie Hebdo”, no dia 7, foram constatados mais de 80 casos de agressões contra muçulmanos, como ataques pessoais, tiros e insultos. Uma verdadeira explosão de islamofobia. A própria perseguição aos suspeitos do atentado resultou nas mortes dos perseguidos - óbvios crimes do Estado francês, que lembram “queima de arquivos” e levantam dúvidas a respeito dos verdadeiros autores do atentado, uma vez que o objetivo, que foi o de levantar os franceses e parte do mundo domada pela mídia, contra o Islã, foi alcançado.

    Mais que um protesto, o “Je Suis Charlie” está se transformando em uma senha que se espalha pela França, pelo restante da Europa e demais países vassalos do imperialismo, significando “Abaixo o Islã!” e, nas entrelinhas, “Abaixo a Igreja Católica!”. Não será de estranhar se os muçulmanos, assim como aconteceu com os ciganos, forem expulsos da França e de muitos outros países europeus. O “Je Suis Charlie” poderá se revelar como a senha do ódio e da intolerância em um mundo que, cada vez mais, é levado por indução e convencimento midiático a abdicar de todos os valores morais e éticos para dar lugar à globalização de um carnaval de mentiras e torpezas que visa domesticar as pessoas através do vazio das suas emoções. Com esse mundo e com essa senha eu não concordo, a exemplo de milhões que ainda resistem. Eu não sou Charlie. Je Ne Suis Pas Charlie.

2 comentários:

  1. Ótima matéria! Discorre muito bem sobre o significado dúbio do termo " liberdade de expressão". Parabéns!

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  2. "I disapprove of what you say, but I will defend to the death your right to say it"
    Bem, eu não acredito que:
    "A própria perseguição aos suspeitos do atentado resultou nas mortes dos perseguidos - óbvios crimes do Estado francês, que lembram “queima de arquivos” e levantam dúvidas a respeito dos verdadeiros autores do atentado..."
    Eu penso que os suspeitos não iriam se entregar com vida e depois de matarem 12 pessoas me parece mais óbvio que fossem de fato exterminados.
    Parabéns pelo texto, eu não sabia nada sobre Charlie e muito menos sobre notícias da França. Eu sou ateu e sobre a simbologia do 11 não se trata de mera coincidência é evidente, contudo não devemos desprezar que o acaso também é um componente vital na existência.

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