Ninguém em sã consciência
pode aprovar o ataque ao jornal francês “Charlie Hebdo”, especializado em
satirizar o Cristianismo e o Islamismo. Principalmente o Islamismo. No entanto,
o ódio ao Islã, destilado continuamente pelo jornal, provocou a reação que hoje
o mundo inteiro condena. O jornal sofria ameaças de muçulmanos desde 2006,
quando publicou charges satíricas de Maomé, sob protestos do mundo islâmico ao
perceber na publicação mais uma arma da Nova Ordem, que tem como um dos seus
principais objetivos destruir as grandes religiões. Mais do que um jornal
satírico, meramente “libertário”, o “Charlie Hebdo” coloca-se a serviço do
sistema que o gerou ao apoiar as ações do novo iluminismo que invade países
muçulmanos não só para roubar suas riquezas, mas para impor uma visão atéia e
materialista do mundo.
No ano 2000, o jornal
publicou um artigo, assinado pelo então editor Phillipe Vall, que chamava os
palestinos de “não-civilizados”. A matéria foi criticada até dentro da redação
e, na época, a jornalista Monica Chollet protestou contra o texto e foi
demitida. Em 2009, o jornal publicou em sua capa uma caricatura do profeta
Maomé dizendo “É difícil ser amado por idiotas”. Muçulmanos do mundo inteiro
reagiram e o jornal foi processado e, naturalmente, absolvido. Aquela edição
rendeu muito para os donos do “Charlie Hebdo”, que venderam mais de trezentas
mil cópias. Na época o presidente Jacques Chirac condenou a manchete, dizendo
que poderia “inflamar paixões”, mas os presidentes da França que sucederam
Chirac, Nicholas Sarkozy e François Hollande apoiaram o jornal em nome da
“liberdade de expressão”.
Os novos cruzados do
século 21, que invadiram Afeganistão, Iraque, Marrocos, Tunísia, Líbia, Egito e
financiam um estranho Estado Islâmico para ajudá-los a invadir a Síria e o Irã,
como primeiro passo para um ataque frontal à Rússia, mataram milhares de pessoas,
destruíram sedes de redações de jornais e revistas nos países invadidos e a
mídia oficial não apenas fingiu ignorar o que estava acontecendo como saudou os
soldados da OTAN e dos Estados Unidos como heróis do mundo ocidental.
A mesma mídia hipócrita
convoca passeatas em protesto contra a “liberdade de expressão” devido ao
ataque ao “Charlie Hebdo”, jornal que sempre atacou a liberdade religiosa de
expressão e atende aos anseios do sionismo internacional. Curiosamente, essa
mesma imprensa rotula o “Charlie Hebdo” de jornal de extrema-esquerda, mesmo
que ela faça o jogo da direita. Não seria necessária a reação dos fascistas
líderes europeus para se ter uma idéia da linha editorial do jornal. No Brasil,
a edição virtual da caolha revista Veja esbraveja porque aqui não foram realizados grandes protestos
populares contra o atentado em Paris. Não é de hoje que a Veja se revela sionista e ataca despudoradamente a religião
islâmica.
Em 2011, o “Charlie
Hebdo” sofreu o primeiro atentado. Depois de publicar uma charge do profeta
Maomé na capa e várias matérias criticando a Sharia (lei islâmica), durante a madrugada de 02/11/2011 um
coquetel molotov foi atirado contra a sede do jornal, provocando um incêndio
sem vítimas. Em 2012, o jornal voltou a publicar charges do profeta Maomé,
inclusive com caricaturas do Profeta nu. Laurent Fabius, então ministro das
Relações Exteriores da França, disse que a publicação estava “derramando óleo
em fogo”.
Não adiantou. O
jornal se esmerava em achincalhar não só com a religião muçulmana, como também
com o Cristianismo, especialmente a Igreja Católica Romana. Contava com a
proteção do Estado francês e de um povo declaradamente xenófobo. A França é um
país imperialista. Grande parte da África foi invadida pelos franceses durante
os séculos 19 e 20 e, em 2013 a França voltou a invadir o Mali, sob a velha
desculpa de “combater o terrorismo”. Os “terroristas” seriam os muçulmanos do
Mali. Em 1994, os franceses provocaram um genocídio em Ruanda, matando de 800
mil a um milhão de integrantes das etnias tutsi e hutu. Nada disso foi
veiculado pela imprensa imperialista. Dizia-se que era uma guerra contra o
terrorismo.
A “Islamofobia” é uma expressão que foi
cunhada a partir do ódio de determinadas pessoas ou grupos de pessoas contra o
Islamismo. Nos Estados Unidos, Canadá, na maioria da Europa e notadamente na
França esse ódio é gigantesco. Também no Brasil grupos de direita,
especialmente na imprensa fascista, são claramente islamofóbicos, esmerando-se
em atacar muçulmanos e defender países genocidas, como Estados Unidos e Israel.
O atentado ao
“Charlie Hebdo” aconteceu nos dias em que foi publicada uma edição do jornal
destacando o autor Michel Houllebecq, acusado de incitar a islamofobia ao
lançar também na quarta-feira o romance “Soumission”. No cartum da capa,
vestido de mago o romancista aparece fazendo previsões: “Em 2015 eu perdi meus
dentes, em 2022 cumpri o Ramadã”. Uma das matérias desta última edição,
assinada por Bernard Maris – uma das vítimas do atentado -, elogia o romance e
o autor Houllebecq que imagina uma França dominada por muçulmanos em 2022, com a
instituição da poligamia, mulheres sendo obrigadas a usar véus e todo tipo de
estereótipos cultivados pelos sionistas para difamar muçulmanos. O romance
também tem adversários, como o jornalista Nicolas Gary, criador da revista
literária “ActuaLitté”, que afirmou que se sentiu “sujo” pelo romance que
transmite “ódio e medo”. No mesmo dia houve o ataque ao “Charlie Hebdo”.
Mesmo que a suspeita
Al-Qaeda (organização financiada pelos Estados Unidos para combater a União
Soviética nos anos ’80) e o estranhíssimo “Estado Islâmico” tenham ficado muito
felizes com o atentado em Paris, ao contrário do que acontece quando de
atentados, até agora nenhuma organização muçulmana reivindicou a autoria do
ataque. Os suspeitos apontados foram rapidamente perseguidos e mortos, mas
nessas ocasiões sempre existem suspeitos e, geralmente, muçulmanos, que são mortos
devido à mera suspeição. O Estado de Direito é uma formalidade que sempre cede
ao relativismo. Observe-se que, pelas imagens divulgadas, o ataque ao jornal
foi realizado como típica ação de comandos usando roupas camufladas e armas
automáticas. Fica-se a pensar de que maneira, em um país super-vigiado como a
França, pessoas podem conseguir roupas camufladas e treinar com fuzis AK-47.
Outra curiosidade é o fato do cartunista Stéphanne Charbounier, o “Charb” – que
também morreu no atentado – em sua última charge ter “previsto um atentado
durante este mês. “Ainda sem atentados na França” – aparece escrito no alto da
ilustração. Mais abaixo, alguém fantasiado de terrorista diz: “Esperem! “Temos
até o fim de janeiro para fazer nossos votos”.
O atentado ao
“Charlie Hebdo” veio a propósito para açular ainda mais os grupos xenófobos e
racistas contra as minorias negras e muçulmanas que são severamente
discriminadas na França e na maioria da Europa. Desde quarta-feira, vários
centros muçulmanos foram alvos de ataque. Na madrugada de quinta-feira, uma
granada explodiu em um edifício em Le Mans, onde fica uma mesquita. Uma das
paredes da mesquita também foi perfurada por uma bala. Em Port La Nouvelle uma
sala usada por muçulmanos para rezar foi alvo de disparos de balas de chumbo na
noite de quarta-feira. No começo da manhã de quinta-feira, em Villefranche sur
Saône um restaurante próximo à mesquita da cidade sofreu um atentado a bomba.
Neonazistas do mundo
inteiro estão muito felizes com o atentado ao “Charlie Hebdo”. A página de
Marine Le Pen, líder do partido Frente Nacional aumentou quase 300% as visitas
em apenas 24 horas. Le Pen defende a expulsão das minorias étnicas e a volta da
pena de morte na França. Não é impossível que o apelo emocional promovido pela
mídia do sistema mobilize multidões no mundo inteiro a favor de novas guerras
contra países muçulmanos, como o Irã. Os Estados Unidos, que estão transferindo
os armamentos que estavam no Afeganistão para a Ucrânia, onde pretendem abrir
nova frente de batalha contra a Rússia, depois das derrotas no Afeganistão e no
Iraque provavelmente se sintam entusiasmados para invadir de vez a Síria.
Anuncia-se agora uma
nova edição do “Charlie Hebdo” que venderá mais de um milhão de exemplares. Os
donos do jornal, que faturam com o sangue de seus jornalistas e cartunistas
assassinados, devem estar muito felizes.
Uma pena que
cartunistas reconhecidos, pessoas talentosas que poderiam ter dedicado as suas
vidas a ações construtivas se tenham deixado envolver pelo sistema a ponto de
morrerem por uma causa injusta e ignóbil – qual seja a discriminação racial e
religiosa. O atentado ao “Charlie Hebdo”, tenha ou não sido praticado por
muçulmanos furiosos, ou, como no caso das Torres Gêmeas, revele-se como uma fraude
para incitar o ódio a uma raça e a uma religião, trará inevitáveis
conseqüências conflituosas, somente favorecendo aqueles que se utilizam das
armas para formar um império mundial onde as religiões não terão vez, crentes
serão chamados de fanáticos e onde a busca espiritual será considerada um crime
contra a deusa Ciência, casada com o deus Mercado.
Matéria a propósito sobre o Islamismo, Cristianismo e outras religiões. Elucidativa e bem fundamentada. Parabéns, e obrigada, pois muito aprendi.
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