O ministro Gilmar Mendes, novo alvo do PT (além de
Joaquim Barbosa) dentro do Supremo Tribunal Federal, por suspeitar de lavagem
de dinheiro nas doações aos apenados do Mensalão e propor que fosse investigada
a origem do dinheiro, teve uma excelente idéia. Em carta enviada ao senador
Eduardo Suplicy (aquele mesmo que promoveu a vinda ao Brasil da
ultra-reacionária blogueira cubana Yoani Sánchez), que se queixava das
suspeitas do ministro a tão venerado e, como dizer... incorrupto?... honesto?...
partido ao qual pertence o senador, sugeriu que o PT, através de Delúbio Soares
– ex-tesoureiro do PT e que cumpre pena por roubo aos cofres públicos –, usasse
a sua reconhecida capacidade de angariar fundos para recuperar “pelo menos
parte dos R$100 milhões subtraídos dos cofres públicos”.
Não é
uma excelente idéia? Afinal, onde está o dinheiro que os petistas nos roubaram?
Em algum paraíso fiscal? Foi dividido entre os membros do partido? Faz parte do
caixa 2 da Dilma para, talvez, comprar a sua reeleição? Foi dado para o
Corinthians do Lula? Para o Fluminense? Para o Pequeno Príncipe? Para comprar a
Copa do Mundo? Para as obras da FIFA? O gato comeu? Quem é o gato?
Há
quem diga que conhece o gato, que todos sabem quem é o gato, o bem alimentado
gato, o safado do gato. E há quem pense que a multa que os mensaleiros presos
são obrigados a pagar corresponde ao dinheiro roubado, quando faz parte da
pena. O dinheiro? Alô, alô Delúbio, Dirceu, Genoíno e comparsas: onde está o
dinheiro?
A
culpa é do gato. Sumiu com o dinheiro. Alegando pobreza, os coitados dos
ladrões estão pedindo doações pela internet. O PT é um partido muito rico:
choveu dinheiro. A tal ponto que Gilmar Mendes - e não somente ele –
desconfiou. Não será lavagem de dinheiro? De acordo com a Wikipédia, “lavagem
de dinheiro é uma expressão que se refere a práticas econômico-financeiras que
tem por finalidade dissimular ou esconder a origem ilícita de determinados
ativos financeiros ou bens patrimoniais, de forma que tais ativos aparentem uma
origem lícita ou a que, pelo menos, a origem ilícita seja difícil de demonstrar
ou provar. É dar fachada de dignidade a dinheiro ilegal.
Lavagem
de dinheiro rima com brasileiro. O que mais funciona no Brasil são as
lavanderias especializadas em dinheiro. Todos os dias os banqueiros do jogo do
bicho passam para outros banqueiros que não são do jogo do bicho o dinheiro das
suas “atividades ilícitas”, que volta branquinho no dia seguinte. Com o devido
desconto pelo trabalho. É o que dizem os especialistas, e como o jogo do bicho
é uma atividade ilegal “legalizada”, nada acontece, porque bicheiros são
pessoas de bens (alheios?) que patrocinam escolas de samba, além de outras
atividades beneméritas – como todos sabem.
O
golpe do Mensalão deixou até bicheiro que dá aula pra máfia italiana de queixo
caído. Ficaram embevecidos. Que coisa esse tal de poder! Como se faz boas
relações! O dinheiro saía por um banco, entrava pelo outro, ia até Portugal,
voltava, viajava de novo e acabava branquinho nas mãos do Marcos Valério que
repassava para os ilustres defensores do povo. Perfeição! Ou quase. Quando
alguém dedurou foi um Deus nos acuda e até hoje o PT está de mal com a rede
Globo e outras redes não tão globais.
Não
era pra dizer nada, mas disseram. Tentaram engavetar o processo que ficou sete
anos na berlinda e, quando foram a julgamento os indiciados acreditaram que os
ministros do STF nomeados por Lula e Dilma corresponderiam à camaradagem.
Corresponderam até certo ponto. A maior parte da culpa recaiu sobre o distribuidor
Marcos Valério, enquanto os chefes estão praticamente soltos, cumprindo quase
simbólicas penas.
E agora,
os pobres coitados dos apenados, políticos presos que querem fazer acreditar
que são presos políticos - indiretamente acusando a Dilma de ditadora, pois não
há presos políticos em uma democracia -, pedem dinheiro. E o dinheiro aparece.
Para eles, só para eles. Não para instituições de caridade ou para ajuda aos
indígenas que estão sendo mortos e despejados das suas terras com a
complacência do Governo; não para ajudar na construção de casas aos favelados
que estão sendo expulsos de perto dos grandes estádios de futebol; não para
acabar com Belo Monte, obra grotesca e monstruosa. Não. Arrecada-se dinheiro
para os ladrões. Como têm cúmplices esses ladrões!
Por
essas e outras razões o ministro Gilmar Mendes – e não somente ele – suspeita do
dinheiro das doações. E essa suspeita já resultou em um ataque furioso do
iludido MST ao STF e em injúrias as mais diversas na internet. Neste momento,
Gilmar Mendes divide com Joaquim Barbosa o título de inimigo nº1 do PT. Como é
notório, o PT se acreditava o partido dos intocáveis. Foi tocado.
Em
resposta ao ministro, o senador Suplicy, amigo de Yoani Sánchez e da oposição
cubana, preferiu dar conselhos sobre comportamento e noções de filosofia do “bom-mocismo”.
O que não responde à pergunta de Gilmar Mendes (e não somente dele): de onde
sai o dinheiro das doações aos ladrões mais famosos do Brasil? Abaixo, ressalto
um trecho da carta do ministro do Supremo ao senador petista:
“(...)
Ademais, não sou contrário à solidariedade a apenados. Ao contrário, tenho a
certeza de que Vossa Excelência liderará o ressarcimento ao erário público das
vultosas cifras desviadas – esse sim, deveria ser imediatamente providenciado.
Quem sabe o ex-tesoureiro Delúbio Soares, com a competência arrecadatória que
demonstrou – RS600.000,00 em um único dia, verdadeiro e inédito prodígio! -,
possa emprestar tal expertise à
recuperação de pelo menos parte dos R$100 milhões subtraídos dos cofres
públicos. Doravante, porém, sem subterfúgios que dificultem a fiscalização,
como esse de usar sites hospedados no exterior para angariar doações moralmente
espúrias, porque destinadas a contornar efeitos de decisão judicial. (...)”
Excelente matéria sobre os mensaleiros. Mais uma. Ainda dá pano prá muita manga. Parabéns!
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