Fala-se muito em combate à violência e é bom que essa
discussão seja retomada, e, mais que isso, que algo de prático seja feito a
respeito, desde que a ação também não se configure como violência. Pois não é
de boa didática combater-se um erro com um maior erro que poderá redundar em
conseqüências ainda mais graves, num absurdo círculo vicioso que não terá fim
enquanto não se verificar quem tem razão: se o cidadão que protesta ou o
governo que reprime.
É prática comum das ditaduras, mesmo quando se autodenominam “democracias”, a cega repressão ao povo que questiona e rejeita políticas geradoras de violência, muitas vezes sob o amparo de leis constrangedoras que somente beneficiam pequenos grupos aliados do poder e arrojam a grande maioria da população à solidão dos desamparados. E quando essa solidão se transforma em consciência geradora de movimentos sociais, o clamor das multidões o mais das vezes é reprimido pela voz das armas oficiais, atrás das quais se escondem governantes que já perderam toda a credibilidade.
É nesses momentos que se desconfia da política e dos políticos: quando o povo sai às ruas contra uma gélida estrutura que o espezinha e explora, e não mais adianta buscar supostos representantes eleitos, que se revelam corruptos; torna-se inútil a tentativa do amparo em leis que sempre podem ser interpretadas a favor dos opressores. Restam as ruas e os brados; algumas vezes rojões e bombas que podem ferir e matar contra balas e bombas que sempre ferem e matam.
Ruge a afetada sociedade contra a morte de Santiago Andrade, cinegrafista da TV Bandeirantes atingido por um rojão no Rio de Janeiro, como se fosse o único caso de violenta agressão seguida de morte em nosso pacífico e anacrônico Brasil de todos os sambas, onde pessoas morrem de fome todos os dias e as mais terríveis violências são perpetradas contra o povo. Clamam os defensores da paz pública contra os agressores do jornalista que apenas cumpria a sua missão de informar, destacando o caso como inédito no país onde se mata mais jornalistas por ano nas Américas.
Desde junho de 2013, 114 jornalistas foram feridos durante os protestos, muitos deles por forças policiais, segundo a ONG Repórteres Sem Fronteiras, que ainda destacou que somente em 2013 quatro jornalistas foram mortos quando exerciam as suas funções. De acordo com o Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ). Falando para a Rádio ONU, Carlos Lauria, coordenador do CPJ para as Américas, disse que o Brasil é um dos países mais perigosos para o exercício da profissão. Onze jornalistas foram assassinados nos últimos três anos, quatro somente em 2013. Os jornalistas que divulgam informações sobre política, guerra e corrupção são os mais perseguidos, e os principais responsáveis são grupos políticos e grupos criminosos. Em 88% dos casos nenhuma medida judicial foi tomada.
É prática comum das ditaduras, mesmo quando se autodenominam “democracias”, a cega repressão ao povo que questiona e rejeita políticas geradoras de violência, muitas vezes sob o amparo de leis constrangedoras que somente beneficiam pequenos grupos aliados do poder e arrojam a grande maioria da população à solidão dos desamparados. E quando essa solidão se transforma em consciência geradora de movimentos sociais, o clamor das multidões o mais das vezes é reprimido pela voz das armas oficiais, atrás das quais se escondem governantes que já perderam toda a credibilidade.
É nesses momentos que se desconfia da política e dos políticos: quando o povo sai às ruas contra uma gélida estrutura que o espezinha e explora, e não mais adianta buscar supostos representantes eleitos, que se revelam corruptos; torna-se inútil a tentativa do amparo em leis que sempre podem ser interpretadas a favor dos opressores. Restam as ruas e os brados; algumas vezes rojões e bombas que podem ferir e matar contra balas e bombas que sempre ferem e matam.
Ruge a afetada sociedade contra a morte de Santiago Andrade, cinegrafista da TV Bandeirantes atingido por um rojão no Rio de Janeiro, como se fosse o único caso de violenta agressão seguida de morte em nosso pacífico e anacrônico Brasil de todos os sambas, onde pessoas morrem de fome todos os dias e as mais terríveis violências são perpetradas contra o povo. Clamam os defensores da paz pública contra os agressores do jornalista que apenas cumpria a sua missão de informar, destacando o caso como inédito no país onde se mata mais jornalistas por ano nas Américas.
Desde junho de 2013, 114 jornalistas foram feridos durante os protestos, muitos deles por forças policiais, segundo a ONG Repórteres Sem Fronteiras, que ainda destacou que somente em 2013 quatro jornalistas foram mortos quando exerciam as suas funções. De acordo com o Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ). Falando para a Rádio ONU, Carlos Lauria, coordenador do CPJ para as Américas, disse que o Brasil é um dos países mais perigosos para o exercício da profissão. Onze jornalistas foram assassinados nos últimos três anos, quatro somente em 2013. Os jornalistas que divulgam informações sobre política, guerra e corrupção são os mais perseguidos, e os principais responsáveis são grupos políticos e grupos criminosos. Em 88% dos casos nenhuma medida judicial foi tomada.
Também em 2013 foi dado a conhecer o novo genocídio brasileiro: o da etnia Guarani-Kaiowá, que ainda resiste no Mato Grosso do Sul. Ameaçados de despejo por ordem judicial, declararam: “Pedimos ao Governo e à Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo/expulsão, mas decretar nossa morte coletiva e enterrar nós todos aqui”. Somente na reserva indígena de Dourados, a taxa de homicídios ultrapassa a de países em guerra e é 495% maior que a média brasileira.
Os Guarani-Kaiowá continuam sendo mortos pelos fazendeiros, e muitos deles se suicidando e o governo brasileiro, como de hábito, nada faz a respeito, porque indígena não dá lucro e temos um governo muito capitalista, interessado na expansão do que apelidou de agro-negócio, uma óbvia cópia da expressão “agrobusiness”, e no mundo do capital o valor das pessoas é medido pelo que produzem e consomem. Assim como os fazendeiros e seus assassinos pagos, o governo é cúmplice por omissão desse genocídio.
Tem medo o governo de Dilma, assim como teve medo o governo de Lula, de enfrentar a extrema-direita que incita a violência contra o povo. Ao contrário, facilita a ação de latifundiários contra trabalhadores rurais, através de leis antiecológicas e predadoras votadas por seus partidos aliados no Congresso para satisfazer ruralistas, latifundiários e grandes empresas madeireiras.
É um governo
medroso, omisso em relação à violência no campo, que permite o desmatamento de
grandes extensões de terra para dar lugar a imensas plantações de grãos
híbridos modificados geneticamente que provocam a desertificação do solo. É uma
gigantesca violência contra a natureza, que se torna corrompida, à semelhança
daqueles que a defraudam de maneira torpe e vil.
Violência
inominada contra os indígenas e pequenos produtores rurais que, cada vez mais,
tem as suas terras roubadas ou são obrigados a vendê-las ante a pressão do
latifúndio e vivem de promessas de uma reforma agrária que nunca acontecerá em
um governo que se diz de esquerda, mas está inteiramente comprometido com o
capital.
Violência
urbana, alimentada pela cultura da violência acintosamente patrocinada pela
mídia que inspira um governo que deseja fazer tabula rasa de todos os valores morais e transformar uma geração já
imbecilizada pelos brinquedos eletrônicos, futebol e carnaval em enorme
multidão de robôs amestrados que só pensa no prazer e na próxima festa.
Violência contra
a grande maioria de marginalizados, aos quais querem fazer acreditar que a
marginalização é glamurosa e que a vida se resume em bailes funk e rolezinhos,
porque pensar pode doer, e quem sabe um dia o catador de lixo não será eleito
vereador, deputado ou Presidente?
Violência
que criminaliza a marginalização, quando esta não é bem comportada e se revolta
ou toma consciência de que está sendo manipulada. Violência que constrói
quartéis em bairros pobres e favelas, porque a pobreza sempre é suspeita, independente
de cor ou sexo, e deve ser vigiada e controlada da mesma maneira como se cuidam
os grandes rebanhos de ovelhas, prontos para a tosquia e abate.
Violência
que atinge 80% da população que deseja bancar um padrão de vida inexistente,
gastando imoderadamente, porque assim exige o mercado, tornando-se medrosa e
apreensiva quanto ao dia seguinte, o próximo mês, próximo ano, porque lhe foi
dito que a razão de ser da existência relaciona-se com a voracidade do consumo,
e o que fazer se a morte está sempre à espreita?
Violência
que deseja tornar essa população tão neurótica quanto aqueles que patrocinam a
violência, para que seja mais habilmente manobrada entre sustos e novelas,
inquietações e gritos de gol, e acabe acreditando que a vida é assim mesmo,
tudo passa, tudo passará.
Ótima matéria! Faz uma análise muito à propósito sobre a violência em nosso País.
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