“O mundo se divide em
três categorias de pessoas: um pequeno número que produz os acontecimentos; um
grupo mais importante que vigia a sua execução e assiste ao seu cumprimento e,
enfim, uma grande maioria que jamais saberá o que na realidade está
acontecendo.”
(Nicholas Murray
Butler – membro do Conselho de Relações Exteriores dos Estados Unidos)
Em 30 de setembro de
2014, o jornal “El País”, da Argentina, publicou a seguinte notícia: “O Brasil
saltou de sexta para terceira posição na lista dos países com o maior volume de
dívida junto a credores estrangeiros, apontou relatório divulgado nesta
terça-feira pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). O país ficou atrás apenas
da Espanha, país mais endividado, e dos Estados Unidos, que lidera o ranking. De acordo com os dados do FMI,
publicados pelo jornal O Globo, a
dívida externa brasileira total atingiu 750 bilhões de dólares (o equivalente a
1,8 trilhão de reais) ou 33,4% do Produto Interno Bruto (1,01% do PIB global).
O órgão observou ainda que o governo brasileiro deve agir com rapidez para
reduzir o prejuízo”.
“Mas o Lula não tinha
dito que a dívida externa tinha sido paga ao FMI?” – alarmam-se os petistas de
carteirinha. Disse. Em 2008. E para pagar a dívida ao FMI, Lula captou dinheiro
junto aos banqueiros, que compraram os títulos da dívida. O Brasil pagava 4% ao
ano para o FMI e passou a pagar 19,5% ao ano para os banqueiros, que são os
verdadeiros donos do Brasil.
Além disso, de 2008
para cá, o governo brasileiro de Lula e Dilma endividou-se ainda mais e
somando-se dívida externa com dívida interna o total da dívida alcançou cerca
de 2 trilhões de reais, comprometendo 65% do Produto Interno Bruto. Quando Lula
foi eleito Presidente, em 2003, somente a dívida externa era cerca de 300
bilhões. Agora é quase o dobro. Junte-se a isso o roubo desenfreado nas
empresas públicas, patrocinado pelo PT e partidos aliados e temos um país
fraudado e rumo à falência.
Para tentar evitar
maiores danos e seguir a receita de órgãos internacionais, como o FMI, Dilma
está formando um ministério claramente conservador, e se for confirmado Joaquim
Levy como ministro da Fazenda – homem de confiança do sistema e que já
pertenceu ao FMI, ao Banco Central Europeu e ao Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID) e hoje é um dos diretores da Bradesco Asset Management -
oficialmente Dilma estará entregando a economia brasileira a um dos principais
representantes dos bancos que devoram o Brasil.
Com o PT estertorando
e cada vez mais dividido em lutas internas, quem manda de fato é o PMDB,
partido que realmente sustenta o governo, e assim continuará enquanto estiver
recebendo excelentes propinas. Por fora, corre o PP, que de progressista tem
apenas o nome e é uma continuação da ARENA, partido oficial do regime militar e
agora apoiando o governo de Dilma.
Os três partidos (PT,
PMDB e PP) são os principais envolvidos no que foi apelidado de escândalo do
Petrolão – um roubo gigantesco de bilhões de reais desviados da Petrobras para
pagar campanhas eleitorais e enriquecer políticos e empresários.
Enquanto as
investigações prosseguem e cada vez mais vai sendo elucidada a maneira como o
roubo era (é?) feito, Dilma revela a sua face muito reacionária, formando um
novo ministério que faria inveja aos sonhos mais utópicos da extrema-direita.
Entrega o Brasil de vez aos bancos nacionais e internacionais com o objetivo
explícito de diminuir o furor da oposição liderada pelo PSDB, talvez com a
esperança de que aquele partido volte à sua tradicional atuação apagada no
Congresso Nacional em troca de alguma gorjeta do que sobrar do assalto às
estatais.
Com o Congresso
vendido e o Executivo empestado de vez, resta aos brasileiros a esperança na
lisura da Polícia Federal, na atuação do Ministério Público e de um Judiciário
que, no Supremo Tribunal Federal infelizmente foi devidamente aparelhado para
defender o governo e seus aliados.
Porém, ainda existe
outra possibilidade. Jacques Necker, quando assumiu pela segunda vez o cargo de
diretor das Finanças da França, a chamado de Luís XVI, entre outras medidas
convocou os Estados Gerais que, ao contrário do que ele planejava,
transformou-se em Assembléia Nacional. Na época, tinha sido vetada a proposta
de Turgot, antecessor de Necker, para uma reforma econômica que incluísse o
imposto sobre as grandes fortunas da nobreza e do clero. A convocação dos
Estados Gerais foi uma tentativa de Necker de dar maior poder ao Terceiro
Estado – a Burguesia – em troca do seu apoio financeiro.
De nada adiantou. Os
burgueses queriam todo o poder, esperando que o regime se transformasse em uma
monarquia parlamentarista, como na Inglaterra. Necker foi despedido por Luís
XVI, devido à sua “condescendência extrema” com os Estados Gerais, para, em 16
de julho de 1789, reassumir com o título de Primeiro Ministro das Finanças.
No entanto, a
revolução estava em andamento. Insuflado pelos membros burgueses da Assembléia
Nacional, que não conseguia avançar, o povo de Paris tinha se rebelado e tomara
a Bastilha, em 14 de julho. Havia fome na França, que estava quebrada depois da
derrota da Guerra dos Sete Anos contra a Inglaterra e do auxílio a fundo
perdido para os revolucionários independentistas da América do Norte.
A revolução avançava,
enquanto Necker tentava medidas tradicionais de antecipações e empréstimos,
recusando-se aceitar a emissão de um novo papel-moeda inflacionário – títulos
do Tesouro conhecidos como assignats.
Em setembro de 1790, Necker demite-se pela terceira e última vez. Era
protestante, judeu-suíço e representava as principais casas bancárias da Europa
que desejavam a França como sua eterna dependente.
Joaquim Levy poderá
ser o Necker de Dilma que, para livrar a cabeça, está apostando em uma política
econômica conservadora e recessiva, com aumento de impostos e arrocho nas políticas
sociais. As classes mais altas serão favorecidas e as classes mais baixas
perderão gradativamente o seu mínimo poder aquisitivo. Nesse meio tempo, ao
contrário do que Dilma imagina, os escândalos não serão abafados e as
revelações de corrupção se avolumarão. Há muitas bastilhas a derrubar.
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