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Diga Pronatec!
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Hã, mãinha?
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Quer rapadura? Diga Pronatec!
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Não serve ine... ine... quí... quí... inequívo... vo... Ai!, acho que vou
desmaiar!, essa palavra é muito grande!
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Estarrecedor! No que se refere... Eu ia falar do Neymar, mas há quem diga que
ele disse que diria que não vota em mim. Não vai ganhar rapadura. Vocês querem
rapadura? Tem colar de miçanga também, pras moças, pras mulheres, hoje não se
usa mais a palavra moça, todas são mulheres, por falar nisso vou mandar fazer a
casa da mulher.
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Muié-dama, mãinha?
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Taí outra palavra que não se deve mais usar. Dama lembra o tempo dos coronéis,
coisa que hoje não se tem mais aqui. Eu rebaixei todos pra capitães. As
mulheres deles usavam aqueles vestidos horríveis, com babados e lantejoulas e
eram chamadas de damas. Vocês devem imaginar o calor! Só de pensar fiquei
acalorada. Alguém me dá um copo d’água? Pode ser de garrafinha mesmo. Não
fiquem me olhando assim! Eu sei o quanto essa água faz falta procêis, o meu
povo, mas dia há de chegar em que tudo isso vai acabar!
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A água, mãinha?
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No que se refere à água eu tenho um compromisso com a transposição do rio São
Francisco que vai inundar tudo isso aqui, e vocês devem saber que São Francisco
foi um santo muito bom, amigo dos animais e também dos passarinhos e dos peixes,
e dos pobres, porque ele era pobre, ucêis sabiam? Ele tinha uma postura ética
de eficiência, gerência e fé. Como eu. Infelizmente nem todos são assim. Vocês
podem ver os nossos adversários das elites que não medem o custo-benefício para
descaracterizar a pobreza. É esses que temos de combater com todas as nossas
armas e até com armas importadas, porque eles não gostam de pobres e isso não
pode ser porque da pobreza surge a classe média, o que é muito importante para
as causas populares.
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Vai ter casas populares, mãinha?
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Eu tenho um compromisso com a habitação, saúde e esgotos cloacais, porque ucêis
devem saber que quem não tem esgoto não tem casa e há casas que não tem esgotos
e isso não pode fazer o país avançar em direção às reformas que são necessárias
para implementar a saúde nas nossas cidadãs e cidadãos, e até nas crianças e
nos cachorros, porque sempre que você olha uma criança há sempre uma figura
oculta, que é um cachorro atrás, o que é algo muito importante. Quem quer
rapadura?
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Eu!
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Diga Pronatec!
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Assim não vale, mãinha.
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Isso me deixa estarrecida! É por isso que eu fiquei adepta da educação. Eu acho
que a educação vem em primeiro lugar, antes mesmo dos esgotos cloacais, e tenho
falado isso aqui pro companheiro que vocês todos estão vendo o quanto é
importante se educar, e isso não é uma questão de idade, mas de oportunidade e
quanto a isso vocês podem apostar que nós aproveitamos todas as oportunidades
para promover o progresso social. Vocês podem ter certeza que não vai ficar
pedra sobre pedra daqueles que nos acusam de corrupção. O nosso país precisa
também de ter um compromisso com aqueles que desviam dinheiro público.
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E a rapadura, mãinha?
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Depois. Agora presta atenção. Eu quero adentrar pela questão da inflação, e
dizer a vocês que a inflação foi uma conquista desses últimos anos do nosso
governo, e é nossa prioridade. Eu também quero falar... eu vou falar um pouco.
Vou explicar por quê: todo mundo, antes de mim, disse que ia falar um pouco, não
é? E aí, tinha uma senhora, ali na frente, que falou o que todos nós estamos
sentindo. Ela disse assim: “Eu estou com fome”. E eu vou levar em consideração
ela, que falou uma coisa que todo mundo está pensando, mas não está falando.
Alcança ali uma rapadura pra ela.
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Só tem rapadura, mãinha?
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Não. Têm outras coisas também, coisas que nem posso dizer aqui nem ali nem
acolá, porque sempre pode surgir ou ficar escondido e ouvir um desses deles que
não são nossos e espalhar por aí, que nem um ET... No que se refere a ET, eu
queria dizer que eu respeito muito o ET de Varginha. E eu sei que aqui, quem
não viu conhece alguém que viu, ou tem alguém na família que viu, mas de
qualquer jeito eu começo dizendo que esse respeito pelo ET de Varginha está
garantido. E mesmo que Varginha não seja por aqui, eu devo dizer que eu tenho
um compromisso com o povo, não só com os ETs, porque eles são gente, ou não são
gente, podem até ser gente... Mas aqui entre vocês que passam fome e pensam que
eu só tenho rapadura a oferecer, eu quero deixar esclarecido... Eu quero então
voltar aonde eu comecei e dizer que eu tenho muito a oferecer, e não é só
rapadura, porque eu sei que tem gente que não pode comer rapadura, fica só
chupando o caldo da cana, que é mais mole, e isso eu não aconselho pra ninguém,
porque sei por experiência própria do companheiro aqui do lado que vocês todos
estão vendo que isso não faz bem pra cabeça, e quem quiser depois, daqui a
pouco, porque eu já estou ficando cansada, pode chegar ali que os
companheiros...
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Vai ter banquete, mãinha?
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No que se refere a banquete eu tenho a dizer que esta é uma palavra que não
deve ser dita em público, muito menos em comício. É uma palavra criada pelas
elites e devemos extirpar todas as palavras das elites e criar uma nova língua
com as palavras do povo. Por isto eu mandei fazer uma reforma ortográfica para
não deixar pedra sobre pedra da língua dos opressores, sejam eles Camões ou
Sansões. E devo acrescentar que tudo que as pessoas que estão pleiteando a
Presidência da República querem é ser presidente, e aí vocês devem fazer uma
triagem pra ver quem é o lobo e quem é a raposa e escolher o leão, porque é pro
leão que vocês pagam impostos, mesmo que muitos de vocês ainda não possam pagar
impostos, mas logo essa situação vai mudar, pois estamos fazendo uma política
de inclusão social para acabar com o paternalismo dos patrões e para que todos
tenham direito de pagar os seus impostos. E agora, pra terminar, vamos todos
dizer juntos: Pronatec!
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Pronatec!!!
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Estarrecedor...
A matéria é pródiga nas falas incríveis e ininteligíveis da nossa atrapalhada presidenta. Falou e disse, Blogueiro.
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