Os
grupos que pretendem um golpe contra a Constituição e se organizaram para,
neste domingo, 16, saírem às ruas com esse objetivo, deixaram claro que não
estão preocupados com os corruptos ou com a corrupção, uma vez que decidiram
não atacar Eduardo Cunha (PMDB), investigado pela operação “lava jato” por
suspeita de ter recebido cinco milhões de reais de propina. Ao contrário, fazem
de Cunha um aliado, do qual esperam que aceite – como Presidente da Câmara – um
dos vários pedidos de “impeachment” contra a Presidente Dilma Roussef.
Provavelmente financiados pelo PSDB e outros setores da direita, os grupos
golpistas se autodenominam “Aliança Nacional dos Movimentos Democráticos”,
“Movimento Brasil Livre” e “Vem Pra Rua”.
De
acordo com o site brasil247 (http://www.brasil247.com/pt/247/economia/172505/Jorge-Paulo-Lemann-%C3%A9-quem-financia-o-golpismo.htm)
Jorge Paulo Lemann, o homem mais rico do Brasil, com uma fortuna estimada em
cerca de 29 bilhões de reais, é suspeito de patrocinar o movimento “Vem Pra
Rua”, em parceria com seus sócios Marcel Hermann Telles e Carlos Alberto
Sucupira. Embora negando envolver-se em política, o domínio do “Vem Pra Rua” é da
Fundação Estudar que pertence aos três empresários.
O “Movimento
Brasil Livre” recentemente foi acusado pela revista Fórum de crescer graças ao
patrocínio dos milionários da petroleira norte-americana Koch Industries, interessada
na privatização da Petrobrás. Fábio Ostermann, considerado o mentor intelectual
do MBL, é sócio do Instituto de Estudos Empresariais e diretor do Instituto
Liberal, presidido por Rodrigo Constantino, colunista da revista Veja e membro-fundador do Instituto
Milenium (IMIL), apoiado por grandes grupos empresariais brasileiros ligados a
multinacionais.
A
“Aliança Nacional dos Movimentos Democráticos”, mesmo se dizendo apolítica é
claramente golpista, sendo formada por 26 grupos de caráter fascista. A “Aliança”
é contra a taxação de grandes fortunas e impostos sobre heranças. Há indícios
de que esse grupo que reúne outros grupos está ligado à Shell. Um dos seus
chefes, Colin Butterfield, é diretor da Cosan Alimentos, empresa do grupo de
usineiros que controla a venda de cana de açúcar.
Não
há certeza de que esses grupos golpistas também sejam patrocinados por
Washington, mas não é improvável. Sabe-se, no entanto, que são manipulados
pelas oligarquias brasileiras e pelas multinacionais que desejam a privatização
da Petrobrás e da Eletrobrás. É uma tradição da extrema-direita latino-americana
a aliança com o capital financeiro internacional, o entreguismo e a conseqüente
subserviência aos Estados Unidos.
Ao
contrário da direita européia que se caracteriza pelo extremo nacionalismo,
muitas vezes adotando o fascismo como meta, a direita latino-americana não
descarta o fascismo - principalmente quando dos golpes de Estado, ocasiões em
que as forças armadas tomam o poder e impõem ditaduras -, mas desde que seja um
tipo de fascismo apelidado de “democracia” e monitorado pela matriz
norte-americana.
Em
1964 foi assim. Em nome da democracia eles instalaram a ditadura. Prenderam,
torturaram, mataram em nome da democracia. Em nome da democracia acabaram com
as leis democráticas, rasgaram a Constituição e apelidaram o seu golpe de
Estado de “revolução”. Em nome da democracia acabaram com os partidos políticos
e também em nome da democracia, mais tarde fundaram dois novos partidos: MDB
(Movimento Democrático Brasileiro) e ARENA (Aliança Renovadora Nacional).
O
primeiro para fingir de oposição, o outro para apoiar todos os atos da
ditadura. Depois da redemocratização a ARENA se transformou em PDS (Partido
Democrático Social), mais tarde PFL (Partido da Frente Liberal) e, finalmente,
DEM (Democratas). Outra facção da antiga ARENA mudou o seu nome para Partido
Progressista Renovador (PPR), hoje simplesmente PP (Partido Progressista).
O
MDB continuou o mesmo e até hoje é o mesmo. Só acrescentou o “P”, de “Partido”.
Na época, o MDB, ou PMDB, foi apelidado de “Centrão” – nem lá, nem cá, muito
antes pelo contrário. Sem proposta, sem ideologia, sem qualquer conteúdo. Um
partido estilo quem dá mais? Não por acaso, no país da cultura da
corrupção, o PMDB é o maior partido do Brasil, dominando as duas casas do
Congresso, tem sete ministérios e o vice-presidente da República, Michel Temer.
Os dois presidentes do PMDB – Senado e Câmara de Deputados – estão sendo
investigados pela operação “lava jato” por suspeita de corrupção.
Na
primeira lista da operação “lava jato” o ministro Teori Zavascki, do STF
autorizou a abertura de 21 inquéritos envolvendo 49 políticos. 33 do Partido
Progressista (antiga ARENA), incluindo 3 senadores. Do PMDB, 9 foram
indiciados, sendo dois entre eles arquivados. Do PT, 8 foram indiciados e 1
entre eles foi arquivado. Do PSDB, 2 foram indiciados: Anastasia e Aécio Neves.
O processo de Aécio foi arquivado. Do PTB, somente o senador Fernando Collor de
Mello, desafeto do Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot.
Observe-se
que dentre os 49 políticos indiciados, 42 são de direita – 33 do PP, 7 do PMDB,
1 do PSDB e 1 do PTB. Do PT, apenas 7. E, no entanto, somente o PT é acusado de
corrupção pela mídia golpista estilo Globo/Veja,
que fez do juiz Sérgio Moro o grande herói que ajudará a derrubar o governo.
Não
sem a ajuda da própria Dilma, que segue a cartilha fascista do seu super-ministro
Joaquim Levy, representante dos banqueiros. Em poucos meses do seu segundo
mandato, Dilma conseguiu a façanha de retirar direitos trabalhistas com o único
objetivo de alimentar os bancos que compraram a dívida externa do FMI e agora,
estrategicamente, exigem o pagamento. Foi além e obrigou o Congresso a aprovar
uma lei antiterrorismo que amordaça os movimentos sociais e, se o PT e os próprios
movimentos sociais se omitirem, Dilma continuará a retirar os direitos dos
trabalhadores e entregará o SUS, a Petrobrás e a Eletrobrás ao capital
estrangeiro.
Como
partido revisionista e meramente reformista o PT caiu em suas próprias
armadilhas. Não consegue mais avançar além das pequenas reformas sociais que
conseguiu para comprar votos do povo alienado. Estancou, perdeu-se em discurso demagógico
que se transformou em círculo vicioso e fez ainda pior: aliou-se aos piores
setores da direita - que já é corrompida por definição - e não sabe o que fazer
no instante em que esses setores se afastam do governo porque o dinheiro que
comprava os seus votos no Congresso cessou.
Resta-lhe
tentar salvar o governo. Não pela Dilma, que foi completamente absorvida pela
direita. Talvez pelo Lula, ou o que ele representou algum dia, antes de aceitar
o jogo da corrupção. Ou para evitar um golpe que traria novo retrocesso e total
descrédito a nível internacional. Mais provavelmente, para salvar a legenda, a
sigla partidária, que está se esvaindo dia a dia.
E
não será com marchas de margaridas e pequenos protestos contra o avanço do
fascismo que o PT conseguirá evitar a antecipação do final do governo Dilma.
Este é um momento histórico em que todos os setores da sociedade estão
mobilizados, e não somente os partidos políticos, que já tiraram suas máscaras
e tomaram suas verdadeiras posições. Inclusive PSOL, PDT e PPS – que se diziam
partidos de centro-esquerda – estão se colocando ao lado do reacionarismo mais
prepotente.
Para
alguma coisa está servindo este período de crise fabricada para nocautear o
governo e arrochar o povo: para definições claras. Ou se é de direita e a favor
do golpismo, do retrocesso e conseqüente fascismo, ou se é de esquerda e a
favor das lutas sociais. Não há mais espaço para o meio-termo, para o centrismo
hipócrita à espera de vantajosas alianças.
O socialismo fabiano(aliado dos grandes interesses capitalistas em segredo)tomou conta da parada,daí o tal centrão(na Europa também)sem ideologia ou ideal(e o pior é que todos os partidos do sistema têm telhados de vidro).
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