Pobre do Renato... Saiu
do Grêmio e foi parar no Fluminense, que agora está sendo chamado de FluminenC.
O ex-técnico gremista poderá praticar o seu esporte preferido – chutar garrafas
com água – durante o período em que estiver treinando o mais amado time dos
advogados cariocas e terá o privilégio de pisar no tapete vermelho sempre que
entrar em campo, ouvir vaias durante todas as partidas, mesmo quando o seu time
estiver ganhando, com ou sem a notória ajuda da arbitragem, e nunca se preocupar
caso o Fluminense passeie pelas quatro últimas posições da série A do
Campeonato Brasileiro.
O Fluminense é um clube muito rico. Vai
pagar R$550 mil para o Renato, e todos se perguntam: para fazer o quê? O time
não poderá cair para a segunda divisão, mesmo que fique em último lugar e
dificilmente alcançará a Libertadores porque os demais times, e principalmente
as torcidas, não deixarão. Se existe algum time apelidado de mais amado do
Brasil, o Fluminense está concorrendo ao título de mais odiado. O famoso “time
de guerreiros” poderá ficar chupando laranjas durante todo o campeonato, sem
entrar em campo, se assim o desejar, para continuar na média-média dos times
médios dos clubes muito ricos do futebol brasileiro.
No Brasil, os times de clubes muito
ricos não caem para divisões inferiores, a não ser que desejem, com o objetivo
de diminuir os gastos por um ano. No máximo, tropeçam, mas são logo amparados
por advogados de todos os tribunais desportivos, sempre amigos nas horas
difíceis e obscuras.
Advogados que não precisam de leis ou
de jurisprudência, mas de citações melosas para comover seus amigos advogados, encarregados
de julgar para rebaixar clubes que não são ricos, como a Portuguesa de
Desportos, e que já têm prontas as sentenças antes de começar o julgamento.
Desta vez, usaram palavras de Nelson
Mandela e citações do livro “O Pequeno Príncipe” – que sempre foi o preferido
das misses e agora passa a fazer parte da munição dos muito espertos advogados
de clubes de futebol muito ricos.
De certa forma, citar “O Pequeno
Príncipe” foi perfeitamente adequado para a situação, considerando-se que o
Fluminense (ou FluminenC?) é uma espécie de príncipe dos clubes brasileiros. O
decano dos clubes de futebol brasileiros foi fundado por representantes da
aristocracia carioca, em 1902, e os filhos daquela aristocracia que hoje mandam
no clube representam a elite carioca, aqueles 10% que detêm 90% do dinheiro.
Pessoas assim não estão acostumadas a
cair, a descer degraus. Se o Fluminense (ou FluminenC) fosse rebaixado,
teríamos uma grande instabilidade econômica no país, a Bolsa poderia entrar em
queda vertiginosa, a Dilma perderia os seus aliados burgueses e – talvez – o Aécio
aumentasse as suas chances de ser eleito presidente. Apesar das Neves.
Sobrou para a Portuguesa de Desportos -
um clube pobre, mas honesto - assumir o lugar que caberia, por direito
adquirido, ao Fluminense na 2ª divisão do nosso escrupuloso futebol. E as
aparências foram salvas. Ou quase.
Ótima análise sobre o futebol, hoje, no Brasil.É a corrupção se estendendo.
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