sábado, 21 de setembro de 2013

BRASIL, COBRE A TUA CARA!


"O STF não pode se expor a pressões externas, como aquelas resultantes do clamor popular e da pressão das multidões, sob pena de abalar direitos e garantias individuais e levar à aniquilação de inestimáveis prerrogativas que a norma jurídica permite a qualquer réu diante da instauração em juízo do devido processo penal."

(Celso de Mello)


   Entendam todos, e definitivamente: o Supremo Tribunal Federal, comumente chamado somente de Supremo, não tem nada a ver com clamor popular, afasta-se do povo a cada decisão conciliatória com os donos do poder. Seus membros não são eleitos, mas indicados pelo Executivo, sabatinados por um Legislativo que todos conhecem e guindados à supremacia das decisões legais, sem nenhum contato com o povo. Para eles, os membros do Supremo, povo é massa, restolho, escória. Leio no site Inacreditável matéria de 06 de fevereiro de 2013, intitulada “Democracia: o governo da escória”. Passo para vocês algumas frases do texto, que está em inacreditavel.com.br/wp/democracia-o-governo-da-escoria/.

   “Os antigos agricultores do Pireu cozinhavam gordura e ovelha em grandes caldeiras. Da superfície retiravam a ‘escória’. É essa escória que eles chamavam ‘dêmos’. É daqui que a elite dominante das cidades-estado da antiga Grécia chamou, de forma pejorativa, “democracia” ao poder emergente do povo, ‘o governo da escória’. Entretanto, a falsa interpretação (democracia = governo popular) está tão espalhada que podemos encontrá-la em todos os dicionários e em quase todos os livros didáticos. Só descobre o insuspeito significado quem, por acaso, descobre a verdade. Mas deve ser o que o Sistema pretende.”

   Escória. Os supremos membros do Supremo não são escória, nada tem a ver com escória, passam a vida lutando para afastar-se da escória, são eleitos por outros supremos que enganam e bajulam a escória, e, quando a escória se imagina poder e sai às ruas contra a corrupção dos supremos dos três poderes, a Supremacia atiça seus cães contra ela.

   Prendem e arrebentam a escória. Assim como o general-ditador Figueiredo, os supremos dos três poderes preferem cheiro de cavalo a cheiro de povo. Os cavalos são mansos, dóceis e obedientes, a escória nem tanto, e pode tornar-se perigosa quando indignada. Para a escória a escória, não mais que a escória, nada além da escória. Como ousa a escória reclamar? Xô, escória! Conheça o seu lugar!

   Estamos indignados pela decisão dos 6 supremos que acarretará um novo julgamento e a liberdade para os mensaleiros? Se pensarmos bem, eles foram coerentes. Os semelhantes se atraem, diz uma lei cósmica. Os mensaleiros não são escória, os supremos também não, logo... Mais que indignado, eu fiquei envergonhado por eles, os 6 supremos.

   Significado de vergonha, de acordo com o Aulete digital:
   
   1. Sentimento de desconforto que alguém sente devido à exposição de suas particularidades, fraquezas, defeitos, etc, ou por ter cometido gafe, ato risível ou desabonador; constrangimento.

      Estou sentindo não um estranho, mas conhecido desconforto, talvez constrangimento devido à exposição de uma de nossas principais particularidades: a impunidade. Dizem que é uma fraqueza ou defeito muito brasileiro, mas somente do Brasil deles, os supremos. O Brasil da escória é sempre punido, geralmente pelo crime de ser escória.

      2Sentimento ou situação de humilhação; desonra.
Desonra

   Eles perderam a honra ou não ligam para isso e decidiram aliviar a pena dos mensaleiros somente com o objetivo de humilhar a nós, a escória? 

   3. Sentimento ou atitude de discrição, recato, em relação a questões de moral, assuntos pessoais, etc; pudor.

     Concordo que é uma situação obscena, degradante. Trinta e sete (seriam 40 os ladrões?) supremos de diversos setores da Supremacia resolvem desviar recursos do Estado, vale dizer, nosso dinheiro - porque o Estado é um ente abstrato que só se concretiza pela necessária existência da nação. Denunciados, vão a julgamento que os condena a levíssimas penas e são salvos pela cavalaria suprema na última hora. Não é obsceno, degradante, o máximo da amoralidade?

      4. Sentimento de honra e dignidade em relação aos próprios valores, comportamento, etc.

       Valores. Ainda temos valores? Para muitos dos supremos dos três poderes, a expressão valores significa uma bela conta bancária. Para nós, a escória, o restolho, a massa ignara que paga muito para ver essa indignidade que é deixar livres os ladrões que nos roubam, resta-nos a decepção, talvez a raiva – valores que não são muito recomendados, mas fazer o quê?

   5. Insegurança, dificuldades em se expor, tomar iniciativas, etc; timidez.

     Daqui para a frente, o que vai ser? O nosso auto-respeito sumiu, o Brasil dos supremos se desmascarou, e nos resta chupar o dedo? Quantos discursos de centenas de páginas aqueles senhores supremos e aquelas senhoras supremas fizeram no seu jargão juridiquês para soltar ladrões membros da Supremacia?

   6. Comportamento considerado indigno, desonesto, obsceno, etc.

     Cobrir o rosto, não com aquelas máscaras ridículas, mas com o espesso manto da vergonha. É o que restou? Enquanto eles riem, nós nos envergonhamos. Quanta indignidade! Percebam que não se pode jogar a culpa somente no Celso de Mello, um supremo inesquecível. Convém lembrar os outros cinco que permitiram um novo julgamento dos mais famosos corruptos brasileiros. São eles: Rosa Weber, Teori Zavasck, Ricardo Lewandovski, Luis Roberto Barroso e Dias Toffoli. Rosas murchas para eles.

      Alguns mandaram pizzas para o STF. Exatamente 37 pizzas, o número dos alegres réus. Mas quem pode comprar pizzas? A escória não pode. Lembrem-se que a escória é escória. O máximo que a escória pode fazer é recolher flores murchas do lixo da Supremacia, de preferência rosas, e enviar para os supremos.

     Ah, como deram razões técnicas para embromar a indignação da escória!... Supremos são assim. Vão deixar soltos justamente os chefes da quadrilha, os que organizaram, premeditaram, fizeram todos os conchavos, urdiram a trama e colocaram em ação o esquema da compra de votos no Governo do Lula – que nada sabia, é claro.

   Deixarão claro no segundo julgamento (e, se necessário, quem sabe um terceiro julgamento?) que José Dirceu, Genoíno, João Paulo Cunha não eram chefes de quadrilha coisa nenhuma. Aliás, nem quadrilha houve, porque quadrilha sem chefes não existe. No máximo, alguns excessos corruptivos, devidos ao saudável desejo de prestar assistência à escória que os elegeu. Crimes de Robin Hood não são crimes.

     Os embevecidos supremos - que não serão somente seis no próximo julgamento que deixará livres os pobres réus mensaleiros - provarão que, se crime houve foi por descuido e devido às boas intenções dos mimados réus, que não se reduzem somente ao Dirceu, Genoíno e Cunha, dignamente acompanhados por corruptos e corrompidos tais como: Delúbio Soares, Marcos Valério, Ramon Hollerbach, Cristiano Paz, Kátia Rabello, José Roberto Salgado e Simone Vasconcellos. Supremos entre supremos.

   O honorável Celso de Mello, grande e poderoso supremo dos supremos, disse, em entrevista, que “O tribunal não pode se submeter à vontade das maiorias contingentes”. Ou: das maiorias efêmeras, transitórias. Supõe-se que ele entenda que as maiorias devam ser pétreas como as sagradas cláusulas da Constituição; estanques como açudes. E pressupõe-se que a essas maiorias o tribunal se submeterá. Como a maioria do Governo no Congresso, conquistada à base de mensalidades, ministérios e secretarias. Uma maioria que se requer muito firme. O tribunal se submeterá a ela?

     Disse mais o ilustre decano da Supremacia: “Se isso ocorresse, haveria uma subversão completa do regime de liberdades públicas e aniquilação dos direitos, garantias de liberdades essenciais que dão sentido ao estado democrático de direito”.

     Subversão! Eu tinha certeza que os supremos, cedo ou tarde, iriam usar essa palavra. No regime não-democrático de direito, também conhecido como ditadura militar, subversão foi uma palavra muito repetida. Subversivos eram todos aqueles que não gostavam da ditadura. Ora, Celso de Mello foi indicado por José Sarney, pessoa muito estimada pelos ditadores militares e que, hoje, é muito estimada por Lula, Dilma e demais membros da Supremacia. Saibam todos que a Supremacia é pétrea, mudam apenas as máscaras. Logo, neste pseudo-silogismo, não é estranho que a palavra subversão tenha sido proferida pelo digno doutor em leis.

      Portanto, para não se submeter à maioria, contingente ou não, o ministro Celso de Mello votou por um novo julgamento dos mensaleiros o que acarretará, obviamente, a liberdade pública dos ladrões. A Supremacia entende que isso é democracia. A escória não tem o direito de reclamar. No máximo, poderá cobrir o rosto de vergonha. Vergonha deles.

        Repetindo: os supremos membros do Supremo não são escória, nada tem a ver com escória, passam a vida lutando para afastar-se da escória, são eleitos por outros supremos que enganam e bajulam a escória, e, quando a escória se imagina poder e sai às ruas contra a corrupção dos supremos dos três poderes, a Supremacia atiça seus cães contra ela.

     Brasil, cobre a tua cara. Sim, nós somos bananas com nariz de palhaço.

Um comentário:

  1. Excelente matéria sobre a votação dos "Embargos Infringentes". Análise lúcida com muitas informações sobre um Brasil com a cara coberta tentando esconder a vergonha de uma nação.

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