"O STF não pode se expor a pressões externas, como aquelas resultantes do clamor popular e da pressão das multidões, sob pena de abalar direitos e garantias individuais e levar à aniquilação de inestimáveis prerrogativas que a norma jurídica permite a qualquer réu diante da instauração em juízo do devido processo penal."
(Celso de Mello)
Entendam todos, e
definitivamente: o Supremo Tribunal Federal, comumente chamado somente de
Supremo, não tem nada a ver com clamor popular, afasta-se do povo a cada
decisão conciliatória com os donos do poder. Seus membros não são eleitos, mas
indicados pelo Executivo, sabatinados por um Legislativo que todos conhecem e
guindados à supremacia das decisões legais, sem nenhum contato com o povo. Para
eles, os membros do Supremo, povo é massa, restolho, escória. Leio no site
Inacreditável matéria de 06 de fevereiro de 2013, intitulada “Democracia: o
governo da escória”. Passo para vocês algumas frases do texto, que está em
inacreditavel.com.br/wp/democracia-o-governo-da-escoria/.
“Os antigos
agricultores do Pireu cozinhavam gordura e ovelha em grandes caldeiras. Da
superfície retiravam a ‘escória’. É essa escória que eles chamavam ‘dêmos’. É
daqui que a elite dominante das cidades-estado da antiga Grécia chamou, de
forma pejorativa, “democracia” ao poder emergente do povo, ‘o governo da
escória’. Entretanto, a falsa interpretação (democracia = governo popular) está
tão espalhada que podemos encontrá-la em todos os dicionários e em quase todos
os livros didáticos. Só descobre o insuspeito significado quem, por acaso,
descobre a verdade. Mas deve ser o que o Sistema pretende.”
Escória. Os supremos
membros do Supremo não são escória, nada tem a ver com escória, passam a vida
lutando para afastar-se da escória, são eleitos por outros supremos que enganam
e bajulam a escória, e, quando a escória se imagina poder e sai às ruas contra
a corrupção dos supremos dos três poderes, a Supremacia atiça seus cães contra
ela.
Prendem e arrebentam
a escória. Assim como o general-ditador Figueiredo, os supremos dos três
poderes preferem cheiro de cavalo a cheiro de povo. Os cavalos são mansos,
dóceis e obedientes, a escória nem tanto, e pode tornar-se perigosa quando
indignada. Para a escória a escória, não mais que a escória, nada além da
escória. Como ousa a escória reclamar? Xô, escória! Conheça o seu lugar!
Estamos indignados
pela decisão dos 6 supremos que acarretará um novo julgamento e a liberdade para
os mensaleiros? Se pensarmos bem, eles foram coerentes. Os semelhantes se
atraem, diz uma lei cósmica. Os mensaleiros não são escória, os supremos também
não, logo... Mais que indignado, eu fiquei envergonhado por eles, os 6
supremos.
Significado de vergonha, de acordo com o Aulete digital:
1. Sentimento de desconforto que alguém
sente devido à exposição de suas particularidades, fraquezas, defeitos, etc, ou
por ter cometido gafe, ato risível ou desabonador; constrangimento.
Estou
sentindo não um estranho, mas conhecido desconforto, talvez constrangimento
devido à exposição de uma de nossas principais particularidades: a impunidade.
Dizem que é uma fraqueza ou defeito muito brasileiro, mas somente do Brasil
deles, os supremos. O Brasil da escória é sempre punido, geralmente pelo crime
de ser escória.
2. Sentimento ou situação de humilhação;
desonra.
Desonra.
Eles perderam a honra ou não ligam para
isso e decidiram aliviar a pena dos mensaleiros somente com o objetivo de
humilhar a nós, a escória?
3. Sentimento ou atitude de discrição,
recato, em relação a questões de moral, assuntos pessoais, etc; pudor.
Concordo que é uma
situação obscena, degradante. Trinta e sete (seriam 40 os ladrões?) supremos de
diversos setores da Supremacia resolvem desviar recursos do Estado, vale dizer,
nosso dinheiro - porque o Estado é um ente abstrato que só se concretiza pela
necessária existência da nação. Denunciados, vão a julgamento que os condena a
levíssimas penas e são salvos pela cavalaria suprema na última hora. Não é
obsceno, degradante, o máximo da amoralidade?
4. Sentimento de honra e dignidade em
relação aos próprios valores, comportamento, etc.
Valores. Ainda temos
valores? Para muitos dos supremos dos três poderes, a expressão valores
significa uma bela conta bancária. Para nós, a escória, o restolho, a massa
ignara que paga muito para ver essa indignidade que é deixar livres os ladrões
que nos roubam, resta-nos a decepção, talvez a raiva – valores que não são
muito recomendados, mas fazer o quê?
5. Insegurança, dificuldades em se expor,
tomar iniciativas, etc; timidez.
Daqui para a frente,
o que vai ser? O nosso auto-respeito sumiu, o Brasil dos supremos se
desmascarou, e nos resta chupar o dedo? Quantos discursos de centenas de
páginas aqueles senhores supremos e aquelas senhoras supremas fizeram no seu
jargão juridiquês para soltar ladrões membros da Supremacia?
6. Comportamento considerado indigno,
desonesto, obsceno, etc.
Cobrir o rosto, não
com aquelas máscaras ridículas, mas com o espesso manto da vergonha. É o que
restou? Enquanto eles riem, nós nos envergonhamos. Quanta indignidade! Percebam
que não se pode jogar a culpa somente no Celso de Mello, um supremo
inesquecível. Convém lembrar os outros cinco que permitiram um novo julgamento
dos mais famosos corruptos brasileiros. São eles: Rosa Weber, Teori Zavasck, Ricardo
Lewandovski, Luis Roberto Barroso e Dias Toffoli. Rosas murchas para eles.
Alguns mandaram
pizzas para o STF. Exatamente 37 pizzas, o número dos alegres réus. Mas quem
pode comprar pizzas? A escória não pode. Lembrem-se que a escória é escória. O
máximo que a escória pode fazer é recolher flores murchas do lixo da
Supremacia, de preferência rosas, e enviar para os supremos.
Ah, como deram razões
técnicas para embromar a indignação da escória!... Supremos são assim. Vão
deixar soltos justamente os chefes da quadrilha, os que organizaram,
premeditaram, fizeram todos os conchavos, urdiram a trama e colocaram em ação o
esquema da compra de votos no Governo do Lula – que nada sabia, é claro.
Deixarão claro no
segundo julgamento (e, se necessário, quem sabe um terceiro julgamento?) que
José Dirceu, Genoíno, João Paulo Cunha não eram chefes de quadrilha coisa
nenhuma. Aliás, nem quadrilha houve, porque quadrilha sem chefes não existe. No
máximo, alguns excessos corruptivos, devidos ao saudável desejo de prestar
assistência à escória que os elegeu. Crimes de Robin Hood não são crimes.
Os embevecidos
supremos - que não serão somente seis no próximo julgamento que deixará livres os
pobres réus mensaleiros - provarão que, se crime houve foi por descuido e
devido às boas intenções dos mimados réus, que não se reduzem somente ao
Dirceu, Genoíno e Cunha, dignamente acompanhados por corruptos e corrompidos
tais como: Delúbio Soares, Marcos Valério, Ramon Hollerbach, Cristiano Paz,
Kátia Rabello, José Roberto Salgado e Simone Vasconcellos. Supremos entre
supremos.
O honorável Celso de
Mello, grande e poderoso supremo dos supremos, disse, em entrevista, que “O
tribunal não pode se submeter à vontade das maiorias contingentes”. Ou: das
maiorias efêmeras, transitórias. Supõe-se que ele entenda que as maiorias devam
ser pétreas como as sagradas cláusulas da Constituição; estanques como açudes. E
pressupõe-se que a essas maiorias o tribunal se submeterá. Como a maioria do
Governo no Congresso, conquistada à base de mensalidades, ministérios e
secretarias. Uma maioria que se requer muito firme. O tribunal se submeterá a
ela?
Disse mais o ilustre
decano da Supremacia: “Se isso ocorresse, haveria uma subversão completa do
regime de liberdades públicas e aniquilação dos direitos, garantias de
liberdades essenciais que dão sentido ao estado democrático de direito”.
Subversão! Eu tinha
certeza que os supremos, cedo ou tarde, iriam usar essa palavra. No regime
não-democrático de direito, também conhecido como ditadura militar, subversão
foi uma palavra muito repetida. Subversivos eram todos aqueles que não gostavam
da ditadura. Ora, Celso de Mello foi indicado por José Sarney, pessoa muito
estimada pelos ditadores militares e que, hoje, é muito estimada por Lula,
Dilma e demais membros da Supremacia. Saibam todos que a Supremacia é pétrea,
mudam apenas as máscaras. Logo, neste pseudo-silogismo, não é estranho que a
palavra subversão tenha sido proferida pelo digno doutor em leis.
Portanto, para não se
submeter à maioria, contingente ou não, o ministro Celso de Mello votou por um
novo julgamento dos mensaleiros o que acarretará, obviamente, a liberdade
pública dos ladrões. A Supremacia entende que isso é democracia. A escória não
tem o direito de reclamar. No máximo, poderá cobrir o rosto de vergonha.
Vergonha deles.
Repetindo: os
supremos membros do Supremo não são escória, nada tem a ver com escória, passam
a vida lutando para afastar-se da escória, são eleitos por outros supremos que
enganam e bajulam a escória, e, quando a escória se imagina poder e sai às ruas
contra a corrupção dos supremos dos três poderes, a Supremacia atiça seus cães
contra ela.
Brasil, cobre a tua
cara. Sim, nós somos bananas com nariz de palhaço.
Excelente matéria sobre a votação dos "Embargos Infringentes". Análise lúcida com muitas informações sobre um Brasil com a cara coberta tentando esconder a vergonha de uma nação.
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