quinta-feira, 3 de abril de 2014

A GUERRA SEXUAL



A Rússia é um dos poucos países do mundo que proíbe a promoção da homossexualidade para jovens que ainda não tenham completado 18 anos. Em junho de 2013, uma lei aprovada com 436 votos a favor, nenhum contrário e uma abstenção proibiu a divulgação de relações homossexuais. Tem a seguinte designação: “Lei da Defesa dos Menores relativamente à propaganda das relações sexuais não-tradicionais”. É uma lei que interdita a propaganda (divulgação pública de informação) das relações homossexuais quando dirigida a menores ou na presença de menores. Segundo várias pesquisas, mais de 80% dos cidadãos russos são a favor da “Lei da Defesa dos Menores”, que não prevê sanções caso a propaganda do homossexualismo seja estritamente dirigida a adultos.

   Na esteira da “Lei da Defesa dos Menores”, é proibida na Rússia a adoção de crianças por casais homossexuais (que não são reconhecidos enquanto casais) e também proibida a adoção de crianças russas por casais homossexuais de outros países. Acredita-se na Rússia que crianças adotadas por casais de lésbicas ou de homossexuais masculinos poderiam sofrer de grande tensão emocional, além de facilitar a pederastia (relacionamento entre um homem e um menino) e a pedofilia (atração de adultos ou adolescentes por crianças).  

   Passeatas estilo “orgulho gay” não são permitidas, devido à “Lei da Defesa dos Menores” e, se mesmo assim são promovidas, costumam ser dissolvidas pela polícia, não porque são passeatas de homossexuais, mas porque violam as normas que regulamentam as manifestações de rua. E por esta razão, sabendo que serão dispersos, grupos de homossexuais realizam tais passeatas, justamente para que os jornalistas de outros países façam matérias acusando a Rússia de “homofóbica” – expressão que significa, literalmente, “medo de seres humanos”.

   Essa palavra é largamente utilizada na imprensa para indicar pessoas que tem medo de homossexuais, supostamente. Recentemente, Gianni Carta escreveu uma matéria na revista Carta Maior intitulada “Pútin, o Czar Homofóbico”, repleta de futilidades – onde se fica sabendo que Vladimir Pútin é faixa preta de judô, tem 61 anos, gosta de se deixar fotografar “com o torso nu” e tem “olhos glaciais” - o que deve ser significativo para o articulista. Matéria claramente tendenciosa, a começar pelo título, que dá a entender que foi unicamente o presidente russo que decretou a “Lei da Defesa dos Menores”. O que nos faz lembrar, mais uma vez, que necessitamos de uma imprensa mais inteligente, menos retórica e menos apegada aos padrões (ou patrões?) da matriz estadunidense – mesmo que a Carta Maior seja uma revista oficiosa do PT, que se pretende um partido de “esquerda”, embora defendendo explicitamente o capitalismo.

   O capitalismo é a razão de ser da extenuante propaganda dos, por assim dizer, “valores” do homossexualismo. Apoiando-se no que é chamado de defesa das minorias, a maioria é induzida a considerar os homossexuais como pessoas lesadas em seus direitos e coloca-se a homossexualidade como “opção” provavelmente a ser seguida para que a minoria se transforme em passiva maioria que só pensará em sexo. Uma minoria que permeia todas as classes sociais e se transforma em uma espécie de bandeira de luta substituindo as lutas sociais que revelaram no século XX milhões de pessoas engajadas em ações contra o que era apelidado de “Establishment”, ou Sistema. Foi um século de guerreiros. Infelizmente, os seus filhos preferiram as comodidades do Sistema e suas lutas estão restritas a pedidos de maior conforto material. 

   O capitalismo é a expressão máxima do culto à matéria, que tem no endeusamento do sexo uma das suas mais primitivas manifestações. O sexo deixou de ser natural e é reverenciado ao lado do deus Mercado, que o acolhe e aconchega. Para o capitalismo tudo e todos são produtos; produtos que necessitam de produtos; produtos descartáveis para dar lugar a novos produtos. É um sistema amoral que viu numa parcela significativa da população mundial – os homossexuais – um grande público a ser alcançado através de produtos específicos, que incluem drogas e prostituição, além de clubes exclusivos e grande propaganda em revistas, jornais, filmes, novelas, BBBs e todo o tipo de enlatados multimídia. 

   Grandes empresas especializaram-se em artigos para homossexuais, incluindo vestuário personalizado e objetos os mais diversos, não só para ajudar nos momentos íntimos, como decoração para casas, videogames e até histórias em quadrinhos. Tudo o que puder ser imaginado para excitar as emoções e manipular as mentes. O Mercado encontrou nos homossexuais masculinos e nas lésbicas a sua mais promissora e verdadeira sociedade de consumo, os grandes defensores do capitalismo, que somente existirá enquanto houver um grande público de desenfreados consumistas. 

   Essa apologia desvairada do homossexualismo acontece particularmente no Ocidente e a partir de ordens emanadas do eixo Inglaterra-Estados Unidos, países de cultura dúbia e empenhados em submeter os povos do mundo inteiro, seja através de guerras de conquista, seja inculcando o seu modelo de civilização nas nações facilmente aculturáveis, como o Brasil; ou nos países da Europa e colônias que, depois de duas guerras mundiais e outros tantos massacres, aceitaram a passividade dos cemitérios. 

   A Rússia é a mãe de povos muito ativos e empreendedores e não por acaso foi o primeiro país a fazer uma revolução socialista e tornou-se a pioneira na conquista espacial. É certo que a revolução malogrou nos anos ’90 do século passado, depois de mais de 60 anos que transformaram um país semi-feudal em uma potência atômica. Não obstante, a força, a constância e a bravura perseveraram no modo russo de viver, ao lado de uma cultura sólida, apoiada em valores que não permitem a imobilidade da sua sociedade.  

   Foi assim que, pouco mais de vinte anos após o desmembramento da União Soviética, a Rússia retomou o caminho do crescimento, colocando-se como uma das maiores potências mundiais, e não somente um país eternamente emergente, como o Brasil. Mais que isso: ao contrário do Brasil, a Rússia retomou o crescimento com quase total independência em relação ao mercado mundial. Sendo obrigada a optar pelo capitalismo, não aderiu à baderna do liberalismo, estatizando os setores estratégicos e dando entrada às empresas estrangeiras através de parcerias que sempre se mostraram vantajosas ao povo russo. Continua desenvolvendo as artes, a ciência e a cultura e têm nas suas Forças Armadas – uma das maiores e mais bem equipadas do mundo – o fator preponderante que evita a fragilização e impõe a sua soberania. 

    A Rússia criou o seu próprio tipo de capitalismo, que não explora o trabalho do povo, mas o valoriza. É claro que, enquanto capitalismo, as divisões sociais são inerentes, mas uma das primeiras coisas que o governo russo pós-Boris Yeltsin fez foi combater as máfias e diminuir o poder dos oligarcas. Ao contrário de países como Estados Unidos e associados, cujos governos são a extensão de “forças ocultas” muito distantes do povo. Assim como a China – e, talvez, de maneira mais aperfeiçoada – a Rússia desenvolveu um capitalismo de Estado voltado para a defesa do seu povo, da sua nacionalidade e dos seus princípios tradicionais, que formam a raiz da sua força. 

    Não aceitou a globalização como meta, prevendo que um mundo globalizado inevitavelmente refletirá a cultura dos países mais fortes, corrompendo e amesquinhando os demais povos. A Rússia preferiu manter-se íntegra, sem perder o contato com a evolução cultural de outros países, mas resguardando-se o direito de escolher o seu próprio caminho. Um caminho que não é o indicado pelo império ocidental, que deseja povos de moral fraca e dependentes economicamente, para que possam ser mais facilmente dominados.  

    Mesmo sendo um país capitalista, a Rússia abriu mão dessa fatia do mercado que promove o homossexualismo para todas as idades e isso enfureceu Obama e amigos, que vêem na Rússia não só um país rival em tecnologia, mas um inimigo em ideologia – se é que se pode chamar o capitalismo selvagem de ideologia. Em Sochi, na Rússia, durante as recentes Olimpíadas de Inverno, a frase de Vladimir Pútin – “Não estamos proibindo nada, não estamos parando ninguém, não temos punição para essas relações, ao contrário de muitos outros países. Podem ficar relaxados e calmos, mas, por favor, deixem as crianças em paz” – foi interpretada pelos civilizados jornalistas ocidentais como discriminação contra minorias. Os russos preferem defender as maiorias. É um país democrático. 

    A esse respeito, a atual campeã mundial de salto com vara, Yelena Isinbayeva, em entrevista coletiva foi bem explícita ao defender a “Lei da Defesa dos Menores”: “Todos podem participar, todos podem competir (nas Olimpíadas de Sochi, na Rússia), mas com certeza eles vão promover relações homossexuais nas ruas e isso será desrespeitoso com os nossos cidadãos porque somos todos, no fundo, contra isso. Nós, russos, somos diferentes do restante da Europa, diferentes das pessoas dos outros continentes. Nós temos nossas leis e vocês têm que respeitá-las. Inclusive, eu concordo com elas”. Essa declaração corajosa de Yelena foi considerada “homofóbica”.  

    A propósito, as Olimpíadas de Inverno de Sochi foram vencidas facilmente pela Rússia. Barack Obama, François Hollande (presidente francês) e David Cameron (primeiro-ministro britânico) – três personagens adoradas pelas comunidades homossexuais – foram alguns dos líderes mundiais que, apesar de convidados, não quiseram ir a Sochi, em protesto contra a “Lei da Defesa dos Menores”. Na época, estavam muito preocupados em promover o golpe de Estado que transformou a Ucrânia numa nação títere dos Estados Unidos e da União Européia.  
    Não contavam, porém, com a reação da Rússia. Agora, estão soltando as penas para todos os lados. Há indícios de que tentarão provocar uma guerra, e não se sabe exatamente se usarão como motivo a retomada da Criméia pela Rússia ou o direito das crianças russas de aprender homossexualismo.

Um comentário:

  1. Muito, mas muito boa matéria sobre a Russia, tão pouco conhecida por mim. Ótimas informações e análises.

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