terça-feira, 15 de abril de 2014

UCRÂNIA E OS DONOS DA ONU




Há quem acredite – em acordo com o pseudo-jornalismo “ocidental” – que, como conseqüência das manifestações orquestradas pela CIA na praça Maidan, em Kiev, o presidente da Ucrânia teria sido derrubado através de um impeachment. É tanta a propaganda pró-Estados Unidos e países subservientes que qualquer explicação dada pela imprensa anexa a esses países é aceita como verdadeira por povos menos instruídos. 

   Por falar em povos desinformados, o instituto Survey Sampling International ouviu 2066 estadunidenses entre os dias 28 e 31 de março para saber qual deverá ser a atitude do governo dos Estados Unidos diante da crise na Europa Oriental. Como parte do estudo, os pesquisadores pediram aos entrevistados que apontassem a Ucrânia no mapa. Descobriu-se que 1 em cada 6 entrevistados sabe onde fica a Ucrânia. Colocaram a Ucrânia dentro dos Estados Unidos, na África e até na Groenlândia. Um povo completamente midiatizado, ou, se preferirem, idiotizado pelos meios de comunicação de massa. 

    Pois muitos entre eles (e entre nós e pelo mundo afora...) estão sendo induzidos a acreditar que o golpe de Estado na Ucrânia foi legal. Na verdade, o que houve foi um golpe de Estado armado, a partir das milícias fascistas, apoiadas em partidos como o Svoboda (nazista) e com o apoio direto dos Estados Unidos e da União Européia. Como, na Ucrânia, somente a Corte Constitucional podia deliberar sobre a possibilidade ou não de um impeachment (após audiências e investigações), cinco juízes daquela Corte foram destituídos, incluindo o juiz presidente, que tem imunidade constitucional. Em seguida, um grupo de pessoas se autodenominou “governo”, que foi aclamado imediatamente pelos Estados Unidos e seus comparsas. Como fizeram no Brasil, em 1964. 

    Para os Estados Unidos e seus cúmplices europeus, a Ucrânia é uma questão estratégica. É através da Ucrânia que passa todo o gás que vai da Rússia para a Europa, e a Ucrânia é a porta de entrada para a Rússia, um país que incomoda muito, porque é aliado do Irã e da Síria, defende outros países que os Estados Unidos tentam abocanhar e destruir e tem ótimas relações com a China, Vietnã, Cuba, Angola, Moçambique, Venezuela... embora a Rússia não seja um país comunista ou meramente socialista. É a Rússia um dos principais países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que tem ponderado a possibilidade de uma nova ordem econômica mundial, com a exclusão do dólar como moeda de referência e com um fundo de ajuda semelhante ao FMI. 

   A Rússia representa um perigo real para as pretensões imperiais dos Estados Unidos e seus asseclas, que estavam planejando o seu estrangulamento através de um cerco sob medida no leste europeu, que culminaria com a tomada da Ucrânia por seus aliados fascistas e nazistas, dando entrada ao exército ocidental (OTAN) para cercar a frota russa do Mar Negro e estabelecer uma cabeça-de-ponte na Criméia, de onde poderiam ser lançados ataques sobre o território russo - caso a Rússia continuasse a teimar em se opor aos planos ocidentais. 

   Uma estratégia a médio e longo prazo, que também prevê o cerco da China através do oceano Pacífico, com base na aliança segura das colônias intituladas de países soberanos: Coréia do Sul e Japão. Além disso, os Estados Unidos cooptaram a Mongólia - que fica exatamente entre a Rússia e a China – e naquele país estão se fortalecendo, sem contar que a estratégia de derrubada do poder na China passa por uma futura sublevação no Tibete. 

    Enquanto isto, a Ucrânia. Quando a Alemanha nazista invadiu a União Soviética foi através da Ucrânia. Pararam em Leningrado (São Petersburgo), depois de uma batalha que durou meses e, quando recuaram, já estavam derrotados. A nova tentativa também é fascista, como fascistas são os governos ocidentais que se fingem de democratas para invadir países como Iraque, Afeganistão, Marrocos, Tunísia, Egito, Líbia, Síria... Uma invasão progressiva rumo à Rússia. Pararam, de momento, na Ucrânia, devido à reação de Moscou. E Moscou, ingenuamente, ainda acredita na ONU. 

    A ONU é aquela organização de alguns países muito unidos e bem armados (seguidos por muitos países obedientes), que têm como objetivo impor a sua visão de mundo aos demais países que não são tão servis, muitos deles mal armados, geralmente desunidos entre si e que, quando reagem, são devidamente invadidos e rapinados. O mundo é governado pela ONU, que age como uma grande deusa onipresente em quase todos os países. E a ONU é governada pelos Estados Unidos e Inglaterra. Alguns outros países poderiam também ser destacados como “donos” da ONU, como os integrantes do Grupo dos Sete, que, além dos Estados Unidos e Inglaterra, é constituído por Japão, Alemanha, França, Itália e Canadá. 

    O Japão, infelizmente, todos sabem que foi recriado pelos Estados Unidos após a 2ª Guerra Mundial, que nele instalou várias bases militares e trocou o antigo orgulho japonês por alta tecnologia. O Canadá é uma extensão dos Estados Unidos e da Inglaterra, com uma pitada da França. A França é uma incógnita. Os seus governantes, seja de que partido forem, seguem a política do império, mas o povo tenta se mostrar digno. O mesmo acontece com a Itália. O povo alemão ainda procura a sua identidade, após a catástrofe da 2ª Guerra Mundial. O seu governo é servo dos Estados Unidos e da Inglaterra. Os demais países europeus, principalmente aqueles que pertencem à União Européia, não são mais que protetorados da Inglaterra e dos Estados Unidos. 

     Então, a Ucrânia. Durante cerca de três meses, os Estados Unidos e União Européia tentaram uma “primavera colorida” na Ucrânia com o objetivo de derrubar o governo que não desejava uma aliança com a União Européia. Tentaram, nada conseguiram e deram um golpe de Estado impondo um governo ilegítimo. Um governo fantoche que, agora, com o implícito apoio da ONU (Estados Unidos, Inglaterra e amigos), ataca o seu próprio povo que se insurgiu não só contra o golpe, mas também contra a ameaça fascista, buscando o respaldo da Rússia, que reagiu ao retomar a Criméia através de um referendo e poderá auxiliar o povo do leste da Ucrânia que deseja maior autonomia e não reconhece a legitimidade do auto-proclamado governo de Kiev. 

   Sloviansk, Kramatorsk, Druzhkivka, Artemivsk, Horlivka, Yenakiyevo, Makyivska, Mariupol, Kharkiv, Donetsk – cidades do leste da Ucrânia, estão sendo atacadas por tanques, aviões, helicópteros e centenas de soldados, sob incentivo dos Estados Unidos, Inglaterra e sócios europeus, que apostam na reação da Rússia para que possam invadir a Ucrânia com as forças da OTAN já postadas nos países adjacentes, como Polônia, Romênia, Moldávia e Hungria. 

     A Ucrânia é o segundo maior país da Europa, atrás da Rússia européia, com uma extensão maior que Portugal e Espanha juntos, ou equivalente ao estado brasileiro de Minas Gerais. Possui grandes recursos minerais, que incluem ferro, manganês, carvão, gás natural e petróleo. Foi no norte da Ucrânia, em Chernobyl, que aconteceu o acidente nuclear de 1986, que matou centenas de pessoas. 

    Outras centenas de pessoas poderão ser mortas se eclodir uma guerra civil na Ucrânia, mas Estados Unidos, Inglaterra e OTAN não se importam com pessoas, e sim com riquezas.

Um comentário:

  1. A postagem continua acrescentando informações e conseqüentes análises tendo como foco vários países como Rússia, EUA, União Européia e etc. Parabéns!

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