terça-feira, 22 de abril de 2014

DESINFORMAÇÃO




Na nova Guerra Fria, que ameaça tornar-se muito quente, foram colocados em cena os mesmos aparelhos de desinformação da antiga Guerra Fria. As grandes empresas de comunicação, como a BBC, de Londres, a Voz da América, dos Estados Unidos, ou a rede Globo, do Brasil, auxiliadas pela Reuters, CNN e demais agências de notícias ocidentais dedicam-se a uma verdadeira campanha de desinformação e, em alguns casos, de difamação – visando não só atingir o seu costumeiro público, que já é cativo, mas, principalmente, milhões de pessoas no mundo inteiro que não detém os meios adequados para filtrar as notícias, ou não sabem como utilizá-los. 

    Uma das estratégias do fascismo contemporâneo é repetir até a exaustão uma mentira ou um argumento falacioso, difundindo-o na internet e em todos os demais meios de comunicação de massa, muitas vezes de maneira subliminar, induzindo as pessoas a acreditar em verdades criadas artificialmente, tendo como objetivo provocar determinada resposta subconsciente.  

    Assim, quando se diz que a crise na Ucrânia é culpa do presidente da Rússia, Vladimir Putin, não só é dita uma mentira – porque a Rússia tem um regime semi-presidencialista que depende, em todas as decisões de Estado, do seu Congresso – como se está omitindo os demais fatores conjunturais, como a luta pelo poder dentro da Ucrânia, com determinados grupos muito influentes recebendo ajuda dos Estados Unidos e da União Européia para tomar o poder e açulando a OTAN contra a Federação Russa. Além dessa omissão informativa, atinge-se o subconsciente da grande massa desavisada no sentido em que se dá a entender, falaciosamente, que Putin seria um ditador. 

    Nesse sentido, revistas como Veja, Isto É ou Carta Maior, que costumam se digladiar a nível interno contra e a favor do atual Governo brasileiro, revelam que estão unidas nas questões de maior relevância do império. Se a ordem é atacar Putin e fragilizar a Rússia, elas obedecem. E em todos os assuntos que envolverem os Estados Unidos, revistas como essas, e outras, assim como jornais e demais veículos de comunicação, se repetirão na defesa das “verdades” norte-americanas. 

  Não só no Brasil. Em todos os países, com raríssimas exceções, a mídia é paga para ser utilizada não exatamente a favor do povo excluído e oprimido. A atividade dos meios de comunicação de massa prova, cada vez mais, que a verdade tende a ser relativizada sempre a favor dos poderosos. 

    Em épocas de Guerra Fria, como agora, há duelos entre mídias. No recente episódio do ataque aos insurgentes em Slavianski, no leste da Ucrânia, quando algumas pessoas foram mortas e outras feridas, no primeiro momento as informações coincidiram: membros do grupo Setor de Direita teriam atacado um reduto dos federalistas. Poucas horas depois, algumas fontes davam a entender que o ataque teria sido provocado pelos maquiavélicos insurgentes que, provavelmente com instinto suicida, teriam atirado uns nos outros para depois culpar os fascistas ucranianos. 

    Da mesma forma o caso do anti-semitismo (que deveria ser chamado de anti-sionismo ou anti-judaísmo, porque árabes e outros povos também são semitas). Desde o início dos protestos na praça Maidan, em Kiev, destacaram-se grupos neonazistas e anti-semitas e, inclusive, houve atentados contra sinagogas e membros da comunidade judaica de Kiev. Agora, a BBC tem veiculado a “notícia” de que os rebeldes de Donetsk, os mesmo que combatem os fascistas e neonazistas, seriam anti-semitas e estariam divulgando panfletos ameaçando os judeus. Uma óbvia manobra para tentar jogar os judeus contra os federalistas, mas muitas pessoas podem acreditar nessas mentiras, além de semear a dúvida nos pouco informados. 

   Na dúvida, acredite nos seus próprios valores, pesquise exaustivamente, cruze informações e, principalmente, nunca vá atrás de notícias suspeitas, provavelmente plantadas. Se a dúvida persistir entre duas fontes de informação opostas, faça o famoso teste: “A quem eles servem?”. Hoje em dia, os livres-pensadores são poucos, porque a maioria deles está presa, mas tente. O cérebro é a sua maior riqueza. Evite, de todas as maneiras, ficar confuso ou acabará caindo no paradoxo de Epimênides: “Tudo o que eu digo é falso”. E aí, babaus...

2 comentários:

  1. Muito boa matéria! A desinformação grassa a tal ponto que sempre recorro ao Blogueiro para não cair numa furada, pois me considero ainda muito ingênua. Parabéns!

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  2. Um cérebro privilegiado, uma mente distinta.

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