Assim como no Brasil,
a revolução portuguesa de 25 de abril de 1974 – na verdade um golpe de Estado
das Forças Armadas -, desandou em subserviência dos políticos portugueses à
Troika, formada pela Comissão Européia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário
Internacional (FMI). A famosa Revolução dos Cravos, que tinha como objetivo
acabar com o regime de Marcelo Caetano, herdeiro do fascista Salazar, e com as
lutas coloniais na África, não foi além disso, caracterizando-se como troca de
guarda.
E, assim como no
Brasil, em 1989, quando uma Constituição foi votada para apaziguar uma geração
que confundiu liberdade de expressão com liberdade para consumir - com os
generais abrindo passagem para governos civis aliados - Portugal teve o seu
momento de euforia e glória naquela madrugada de 25 de abril, quando muitos chegaram
a imaginar que, finalmente, a democracia significava realmente o governo do
povo.
Não sabiam os portugueses, não
imaginavam os brasileiros que, 40 anos depois (em Portugal) e 25 anos passados
da Constituinte no Brasil, o povo continuaria a ser enganado por centrais
sindicais aliadas do poder e, quando necessário – no Brasil – cercado e
escorraçado por polícia e Forças Armadas em uma clara política de “higienização”.
Em Portugal, ao menos em Portugal, o
povo têm saído às ruas nos últimos anos para protestar contra as péssimas
condições de vida e exigir do seu governo menos vassalagem em relação à União
Européia e Estados Unidos. No Brasil, alguns movimentos acontecem, muitos
deles, objetivando um novo golpe militar e a escancarada volta do fascismo,
principalmente devido à incompetência e notória corrupção dos governos civis,
de um Congresso que só representa a si mesmo e de um Judiciário demasiado
complacente.
Aqui, nada se espera,
além de uma Copa do Mundo carnavalesca e de algumas manifestações sociais que serão
reprimidas com extrema brutalidade, como tem acontecido ultimamente. Lá, talvez
porque é um país pequeno, mas de grande coração, e formado por uma nação unida
em cultura, história e tradição, ainda é esperada uma verdadeira revolução,
desta vez pela verdadeira independência de Portugal.
Na madrugada de 25 de abril de 1974, o
povo saiu às ruas, em Portugal cantando “Grandola, Vila Morena”.
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade.
Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade
Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
(Letra e música de Zeca Afonso)
Muito boa matéria onde o Blogueiro faz uma comparação à propósito entre Portugal e Brasil.
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