sábado, 3 de maio de 2014

NA UCRÂNIA, OS DIABOS NÃO SÃO VERMELHOS




Pronto, foi encontrada a solução para os protestos contra o Governo. É só convocar as grandes torcidas dos times de futebol nas cidades onde acontecerem manifestações durante a Copa do Mundo e o assunto está resolvido. 

   Imaginem uma grande manifestação em São Paulo, por exemplo, e o Lula a conclamar os corintianos, que ganharam um grande estádio de futebol não por acaso, para lutar contra quem não quer a Copa. “Corintianos do Brasil inteiro uni-vos em defesa do futebol!”  

Imediatamente, aquela massa acostumada à violência gratuita (não somente os corintianos) vendo a Copa do Mundo, os jogadores, o seu brinquedo preferido ameaçado por pessoas – coisa surpreendente no Brasil – preocupadas com saúde, educação, corrupção e gritando slogans contra a Copa... Como reagiriam a um chamado tão lulífero?  

   Por certo, imagina-se, apoiariam os policiais do Setor de Direita do Brasil, os neonazistas do exército nacional, ansiosos por um golpe de Estado, e cairiam em cima dos manifestantes. Junto com os quadros emoldurados do PT. Os que não estão presos. (Já me perguntaram várias vezes: o pessoal do Mensalão está realmente preso? Há dúvidas). Poderia acontecer um massacre. Mas quem ligaria para isso em época de Copa do Mundo? As vítimas, como sempre, seriam culpadas. 

   A Ucrânia deu o exemplo. Em Odessa, fascistas, paramilitares contratados nos Estados Unidos de uma empresa especializada em mercenários, a Greystone, ajudados por – pasmem! – torcedores de um time de futebol chamado Chemomorets encurralaram os federalistas pró-Rússia em um edifício e puseram fogo. Mais de quarenta pessoas morreram. Um verdadeiro auto de fé, digno dos piores dias da Inquisição. O pessoal do Setor de Direita (Pravy Sector) e seus amigos camisas pardas devem ter aplaudido e se rejubilado ao ver os corpos carbonizados. 

  Fontes mal informadas, não identificadas corretamente e muito suspeitas afirmaram que Obama, Ângela Merkel e demais cúmplices ficaram com água na boca quando souberam do acontecido. Ban-Ki-Moon, o capacho presidente da ONU, teria dito: “Bão! Que Bom!”. 

   A Rússia imediatamente convocou o Conselho de Segurança da ONU, disposta a ouvir ofensas e calúnias dos representantes da União Européia e dos Estados Unidos e, após absorver todas as frases coléricas proferidas por seus “colegas”, decidiu que tinha cumprido o seu dever diplomático. 

    Entre países capitalistas que tem interesses em comum tudo é uma questão de negócios. É o que dá a entender o Ministério das Relações Exteriores da Rússia, ao condenar, e somente condenar, o ataque dos fascistas que estão sendo massacrados em Slaviansk, Odessa e na região de Donetsk. 

     Um dos jornais mais reacionários, o “Público”, de Portugal, tem insinuado que Vladimir Putin seria “vermelho”. O que é um grande erro de interpretação. Ultimamente, Putin deve andar muito pálido devido à cruel indecisão entre defender com o seu exército o leste da Ucrânia ou insistir com negociações, enquanto Estados Unidos e União Européia preparam uma terceira rodada de sanções, ou castigos para a Rússia. E os federalistas do leste da Ucrânia, enquanto enterram seus mortos, devem estar dizendo uns para os outros: “Até quando, Rússia, abusarás da nossa paciência?”. 

    Não há mais nada a fazer. Todos os diabinhos estão soltos na Ucrânia e, desta vez, eles não são vermelhos, mas pretos – a cor do fascismo – e direcionados pelos Estados Unidos e União Européia, que assumiram definitivamente o papel de carrascos do povo ucraniano. 

   Toda a diplomacia foi esgotada. É inútil tentar dialogar com quem promove a morte e a destruição. Pessoas estão sendo assassinadas na Ucrânia com a cumplicidade dos donos da ONU e persistir em inócuas negociações é dar atestado de extrema debilidade. Em breve saberemos o que os russos preferem: a desmoralização perante o mundo ou uma demonstração de força e bravura. Dizem os especialistas que, entre o medo e a coragem, a diferença é mínima. Ou o grito de guerra ou o choro dos conformados.

Um comentário:

  1. Excelente a continuação da situação limite da Ucrânia. Vamos torcer pela não guerra.

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