Tentaram desacreditar a sua obra
quando ele disse, na 2ª Bienal do Livro e da Leitura, em São Paulo, que não
escreveria o livro “Veias Abertas da América Latina” da mesma maneira que
escreveu quando tinha 18 anos. Acrescentou que a realidade é bem mais complexa.
Estava amadurecido e sabia que a maldade pode ser ingênua – como um menino a
chorar sobre o corpo exangue de um passarinho que matou por brincadeira – mas a
iniqüidade dos donos do mundo necessita de um grau muito alto de sofisticada
impiedade.
O
que Estados Unidos, Inglaterra e aliados fizeram e estão fazendo na América Latina
e demais países por eles subjugados não é uma brincadeira de meninos maus e inconseqüentes.
Requer preparação, planejamento e extrema crueldade. Relaciona-se, também, com
o conceito de amoralidade, com a relativização dos valores que leva à
degradação interna e permite todas as perversidades.
Não
é somente o imperialismo pelo imperialismo, a necessidade sôfrega de dominar e
de lucrar com esse domínio. Esta é a aparência, a roupagem, a máscara. Há mais. O que fazem os líderes desses países e pessoas a eles ligadas que
pertencem às elites dos povos explorados somente poderá ser traduzido como
total entrega ao Mal, à matéria.
A selvageria e
bestialidade em suas ações não encontram similar na história da humanidade.
Para alcançar os seus desígnios não só destroem fisicamente as nações que
desejam vampirizar, assim como o restante da natureza, como utilizam técnicas
de massificação que transformam as pessoas em seres individualistas, maldosos e
absolutamente egocêntricos.
Eduardo
Galeano escreveu mais de 40 livros, entre obras de ficção, como “Vagamundo”, e
de desmascaramento da história oficial, como “O Livro dos Abraços”, “Memórias
do Fogo” e “Veias Abertas da América Latina”. Era uruguaio, tinha 74 anos e
colaborava com diversos jornais e revistas do mundo inteiro. Deixou uma imensa
lacuna.
Um escritor dos mais lutadores que já conheci. A denúncia contra a crueldade dos povos imperialistas foi a tônica de sua vida. Sinto muitíssimo. Parabéns, Blogueiro, pela matéria!
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