Em 17/06/2009 os ministros do Superior
Tribunal Federal, Gilmar Mendes, Carmen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Eros Grau,
Carlos Ayres Britto, Cezar Peluso, Ellen Gracie e Celso de Mello derrubaram a
Lei de Imprensa ao acatarem um recurso extraordinário interposto pelo SERTESP
(Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão do Estado de São Paulo), que
contestava um acórdão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região que afirmou a
necessidade do diploma, contrariando uma decisão da primeira instância em uma
ação civil pública. Na época, o Ministério Público Federal sustentou que o
decreto-lei 972/69, que estabelecia as regras para a profissão de jornalista,
incluindo a obrigatoriedade do diploma, não era compatível com a Constituição
de 1988.
O
arrazoado de 91 páginas do relator do processo, ministro Gilmar Mendes, foi
seguido pelos demais ministros citados acima, e somente o ministro Marco
Aurélio Mello votou a favor da regulamentação da profissão de jornalista. Os
ministros Joaquim Barbosa e Carlos Menezes Direito não estavam presentes na
sessão. Entre as razões levantadas por Gilmar Mendes, o relator destaca que a
ação proposta pelo Ministério Público tem “o objetivo não apenas de defender os
interesses individuais homogêneos dos profissionais do jornalismo que atuam sem
diploma, mas dos direitos fundamentais de toda a sociedade (interesses difusos)
à plena liberdade de expressão e de informação”.
Dando
a entender, portanto, que a obrigatoriedade do diploma profissional para o
jornalista fere “os direitos fundamentais de toda a sociedade (interesses
difusos)” – o que é um argumento totalmente difuso, carecendo de coerência e de
lógica. Não conheço nenhum caso em que a “sociedade” tenha sentido restringidos
os seus direitos em face da obrigatoriedade do diploma profissional para jornalista.
Ficou patente, contudo, que além do SERTESP – que, enquanto sindicato, defende
o interesse das empresas jornalísticas – o Ministério Público, ou seja, o
Estado, através de seus representantes nos três poderes, está evidentemente
desejando que o diploma de jornalista não volte a ser obrigatório para o
exercício da profissão.
Quais
os interesses por trás disso tudo? O bom jornalista deve fazer sempre essa
pergunta. Ora, a SERTESP, assim como muitos sindicatos patronais, tem grande
interesse em aviltar a remuneração dos seus assalariados – os jornalistas.
Logo, a maneira encontrada foi impetrar uma ação civil pública de
inconstitucionalidade para que os diplomas profissionais da classe não sejam
obrigatórios, dando ensejo a que os jornalistas percam os seus direitos,
ficando extremamente vulnerados e sujeitos a ser despedidos a qualquer momento,
por qualquer motivo, com as empresas lucrando sempre e contratando novos
jornalistas pelo salário que desejarem.
Isto
é óbvio para qualquer um, menos para o ministro Gilmar Mendes e demais
ministros que votaram a favor da ação, e, das duas uma: 1) ou esses ministros
do Supremo não raciocinam com clareza – e, se for assim, quem está vulnerado é
todo o povo brasileiro, sujeito a julgamentos de pessoas quase irracionais –
ou, 2) pensam primeiro nas empresas e não nos cidadãos ou assalariados em geral
– o que, se for verdade, revela que a ditadura do Judiciário é a maior inimiga
do povo.
Na
página 90 do seu relatório e voto, o ministro Gilmar Mendes escreveu uma
pérola: “Está claro que a exigência de curso superior em jornalismo para o
exercício da profissão tinha uma finalidade de simples entendimento: afastar
dos meios de comunicação intelectuais, políticos e artistas que se opunham ao
regime militar”. Isto, porque segundo o seu juízo de que o diploma profissional
não deveria ser obrigatório para jornalistas, Gilmar Mendes contrapõe a
Constituição de 1968-1969, feita durante a ditadura através de Atos
Institucionais, à Constituição de 1988 – que foi tão mal redigida que, a todo
instante, novas Propostas de Emenda à Constituição (PECs) são votadas no
Congresso.
Mas
o que assusta é o simplismo do ministro. Segundo ele, o que foi feito
juridicamente pela ditadura é ruim; a Constituição escrita após o período
militar, com todas as suas lacunas, deverá ser necessariamente boa - uma
falácia que vem sendo contestada diariamente. Além disso, em nenhum momento
“intelectuais, políticos e artistas” deixaram de expressar os seus pensamentos
– invariavelmente censurados. Os generais não precisavam de uma lei para evitar
que determinados segmentos da sociedade se manifestassem: eles tinham a censura
prévia e cortavam toda e qualquer exposição de pensamentos que não lhes
agradasse. Mais que isso: prendiam, torturavam e matavam.
Jornalismo
é coisa muito séria, que necessita, sim, de um curso profissionalizante para quem
deseja exercer a profissão e, muitas vezes, exige-se mestrado e doutorado para aqueles que postulam uma cadeira num curso de Comunicação Social. Até entendo
que advogados que, devido às benesses do Poder, são guindados a ministros do
Supremo Tribunal Federal, entendam muito pouco de profissões como Jornalismo e
outras adstritas aos Meios de Comunicação Social. Vivem envolvidos em leis, nos
seus castelos envidraçados, acreditando-se deuses. Infelizmente, este é um país
excessivamente capitalista, que propicia a uma minoria um poder tão grande que
os torna cegos em relação às demais pessoas que exercem profissões que não a
advocacia. Mas não entendo quando pessoas que, se supõe, tenham grande saber jurídico
possam escrever tantas bobagens com tanta empáfia.
A
profissão de jornalista é das mais perigosas, e deveria, no mínimo, receber
algum respeito. De acordo com a Federação Internacional de Jornalistas, em 2014
mais de 100 jornalistas morreram exercendo a sua profissão. Na América Latina,
25 jornalistas morreram em incidentes violentos registrados no Brasil, Peru,
Colômbia, República Dominicana, Honduras, México e Paraguai. Pagaram com a própria
vida por denunciarem crimes como corrupção ou tráfico de drogas – e por não
estarem protegidos por uma legislação que impeça ou dificulte a sua extrema fragilidade.
Mas
essas são notícias que dificilmente saem nos meios de comunicação de massas,
porque os jornalistas sempre estão sujeitos às normas da redação onde trabalham
ou aos interesses dos donos das empresas de comunicação – e as mortes de
jornalistas dificilmente são enfatizadas, a não ser em casos extraordinários
que provocam conseqüências políticas, como os assassinatos no Charles Hebdo, na França.
Em
outra parte do seu texto que condena a regulamentação obrigatória da profissão
de jornalista, o ministro Gilmar Mendes argumenta: “O exercício do jornalismo
por pessoa inapta para tanto não tem o condão de, invariável e
incondicionalmente, causar danos ou pelo menos riscos e danos a terceiros. A conseqüência
lógica, imediata e comum do jornalismo despreparado será a ausência de leitores
e, dessa forma, a dificuldade de divulgação e de contratação pelos meios de
comunicação, mas não o prejuízo direto a direitos, à vida, à saúde de
terceiros”.
Percebe-se
a inabilidade do ministro para julgar o Jornalismo como um todo. Limita-se a
jornais e revistas e de uma maneira tão pequena que ele próprio parece um
leitor limitado. Por outro lado, entende, talvez, que prejuízos a terceiros,
quais sejam os citados, relacionam-se apenas com delitos que prejudiquem a
saúde física, a vida ou direitos individuais. Desconhece o ministro que o Jornalismo,
atualmente, engloba todos os veículos de comunicação, e não somente jornais e
revistas. Um bom curso de Comunicação Social, além de técnica e prática de
redação em jornais e revistas, tem matérias como: rádio, televisão, cinema,
produção editorial e direção teatral, e todas as disciplinas relacionadas com
Relações Públicas, Marketing e Publicidade e Propaganda, além de conhecimento
da internet.
A grade básica
de qualquer curso médio de Comunicação Social exige o aprendizado de Ética e
Legislação, Psicologia, Português, Filosofia, Língua estrangeira, História da
Comunicação, Estatística, Planejamento e Produção de Campanha e Apresentação de
Campanha. Pode-se e deve-se agregar a essa grade disciplinas que tratem de
Sociologia, Economia, História, Geografia, Ecologia... E são pré-requisitos
Linguagem Gráfica, História da Comunicação, Comunicação e Artes, Comunicação e
realidade brasileira, Teoria da Comunicação, Comunicação e Filosofia, Linguagem
audiovisual, Sistemas e tecnologias da Comunicação, Fotografia, Antropologia e
Comunicação e tantas outras que só quem fez o curso sabe das imensas dificuldades
até alcançar o bacharelado.
Em todas essas
matérias, que são inter-relacionadas, e em Teoria da Cultura de Massas,
aprende-se o quanto um mau comunicador ou um mau veículo de comunicação pode
fazer mal a um público massificado, composto por pessoas desacostumadas a
pensar por si próprias, a desenvolver senso crítico e que podem ser facilmente
manipuladas, aculturadas e levadas a acreditar em “verdades” que, a médio e
longo prazo tendem a destruir a cultura nacional e imbecilizar o povo. E,
geralmente, programas que prejudicam mentalmente o grande público, levando-o à
alienação, e, muitas vezes, à idiotia, são produzidos por empresas que
pretendem monopolizar o mercado, servindo a interesses anti-nacionais e
conduzidos, ao mais das vezes, por pessoas que não tem uma sólida formação
profissional, os chamados “práticos”. Não podem existir maiores danos do que
esses. Os males físicos podem ser tratados, enquanto a massificação gera robôs
programados a repetir clichês e a aceitar o mundo conforme lhes é mostrado por
esses veículos de comunicação.
O jornalista
deve ser obrigatoriamente um profissional formado por uma boa faculdade de
Comunicação Social para que se evite que pessoas que não conhecem a profissão –
como padeiros, costureiras, médicos ou advogados, por exemplo – façam do
jornalismo uma mixórdia tão grande que leremos, assistiremos e ouviremos
somente programas sobre culinária, moda, leis e medicina. É claro que esses
programas são importantes, porque o Jornalismo, ao contrário das demais
profissões, abrange todos os assuntos e não pode se limitar à repetição de notícias selecionadas por
agências internacionais. O
jornalista deve ser alguém que, terminado o curso, deve se interessar em buscar
informações em todas as fontes possíveis, mesmo quando a pauta do veículo onde
trabalha não as estipula.
E leitura,
muita leitura. Quem deseja ser jornalista deve dedicar um mínimo de duas horas
por dia à leitura. E não só os livros indicados no curso, mas livros de todos
os tipos, principalmente os clássicos, além de bons romances, realidade
brasileira, política internacional, sociologia, filosofia... tudo. Tudo o que
cair nas mãos. Assistir programas de televisão (com senso crítico), ler dois ou
três jornais por dia, para que possa estudar e analisar técnica de redação,
discutir assuntos do momento com os colegas, participar ativamente dos
laboratórios, editar jornais, programas de rádio e televisão, filmes, passar
horas fotografando, navegar na internet, fazer um site ou um blog, buscar
informações em sites estrangeiros totalmente fora de mídia, investigar,
pesquisar, ir atrás.
Jornalismo é
coisa muito séria e dinâmica. Por mais que os donos das empresas de comunicação
insistam que basta copiar o que as agências de notícias mandam para as
redações, o jornalista deve ter em mente que isso é muito pouco em um mundo tão
vasto, onde as informações pipocam a cada instante. E mesmo que muitas notícias não possam ser publicadas porque a política da empresa não permite, o
conhecimento é essencial para o jornalista, que não pode se restringir apenas a
redigir e a entrevistar. Para ser jornalista de verdade é necessária uma sólida
base profissional.
É claro que
antes das faculdades de Jornalismo e de Comunicação Social existiam somente os práticos, pessoas que se dedicavam ao Jornalismo
dia e noite, muitas vezes por motivação política. No entanto, se observarmos
bem, todas as profissões tiveram, em seu início, práticos. As primeiras universidades ocidentais surgiram na Idade
Média, a princípio ensinando o Trivium
e o Quadrivium – as chamadas artes
liberais, constituídas por disciplinas como lógica, dialética, retórica,
aritmética, música, geometria e astronomia. Os nobres e mercadores necessitavam
que seus filhos aprendessem o básico para que pudessem gerir, posteriormente,
os negócios da família. No âmbito dos estudos superiores, a maioria dos filhos
dos donos do poder aprendia Direito, Medicina e Teologia.
Os primeiros professores
que ensinavam essas matérias, no entanto, não estudaram em universidades,
porque estas ainda não existiam. Eram práticos
nas suas profissões, ainda não consideradas como profissões, mas atividades
necessárias para o funcionamento da sociedade. Com o passar do tempo essas atividades foram adquirindo caráter de especialidades, com seus
conceitos, regras, fundamentos e conhecimento específico. Todas as principais profissões
nasceram devido ao esforço de pessoas que não eram profissionais e sim curiosos
que se dedicaram a desenvolver um saber particular, transformando-o, aos poucos, em cursos ensinados em escolas e universidades. Da mesma forma o
Jornalismo, que teve grande impulso com a impressora por tipos móveis, inventada
por Gutenberg, em 1439.
O primeiro
jornal de que se tem notícia foi o Acta
Diurna, em 69 d.C., que informava a população romana sobre fatos sociais e
políticos ocorridos no império, como campanhas militares, julgamentos e
execuções. As notícias eram colocadas em placas brancas expostas em locais de
grande acesso ao público. Na China, jornais escritos à mão surgiram no século
VIII.
A partir da
prensa móvel de Gutenberg surgiram os jornais modernos, geralmente divulgando
notícias mercantis, mas havia aqueles que se dedicavam ao sensacionalismo. Em
Veneza, o governo lançou o Notizie
Scritte, em 1556, que era vendido ao custo de uma pequena moeda chamada “gazetta”
– e foi com o estranho nome de Gazeta que apareceu o primeiro jornal impresso
no Brasil, em 1808: a Gazeta do Rio de Janeiro. Com o surgimento do telégrafo,
em 1844, do rádio, nos anos 1920, da televisão, nos anos 1940, e da internet,
ao final dos anos 1990, o Jornalismo tomou um gigantesco impulso, sendo
utilizado pelos governos de todos os países como máquina de propaganda.
Ainda durante
o século XX, os estudiosos perceberam que estava sendo formada uma massa
sequiosa por informações, que acreditava em tudo o que era veiculado e,
portanto, fácil de ser manipulada. Formaram-se, então, as grandes agências de
notícias, geralmente vinculadas aos dominadores do mundo e, através delas, as
notícias são filtradas e vendidas para todos os veículos de comunicação
associados, de modo que essa massa possa ser “orientada” ora para um lado, ora
para outro, apoiando ou se opondo a determinado grupo de poder, muitas vezes
sendo levada a grandes manifestações que acabam destituindo um governante ou
mudando um sistema de governo.
Os indivíduos
que compõem a massa são induzidos a acreditar que são eles, espontaneamente,
que provocam essas mudanças. Sabe-se que as “revoluções coloridas” ocorridas em
diversos países têm sido patrocinadas pelos Estados Unidos, Grã-Bretanha e
aliados com o objetivo de desestabilizar governos considerados indesejáveis e
promover golpes de Estado. Para isso concorre não só a internet, através das
redes sociais, como determinados jornais e redes de televisão e rádio ligados
aos centros de poder. E as pessoas são usadas acreditando que estão
participando de uma grande festa democrática quando, ao mais das vezes, não
passam de títeres inconscientes.
Ao escrever que
“O exercício do jornalismo por pessoa inapta para tanto não tem o condão de,
invariável e incondicionalmente, causar danos ou pelo menos riscos e danos a
terceiros” e, ainda: “A conseqüência lógica, imediata e comum do jornalismo
despreparado será a ausência de leitores e, dessa forma, a dificuldade de
divulgação e de contratação pelos meios de comunicação, mas não o prejuízo
direto a direitos, à vida, à saúde de terceiros” Gilmar Mendes (e os ministros
que acompanharam o seu voto) revela-se incapaz de entender o universo da comunicação
de massas que provoca danos psicológicos e culturais a terceiros, levando-os a
esquecer a própria capacidade de raciocinar com clareza, danos esses que só
tendem a aumentar à medida que pessoas sem qualquer formação ficam encarregadas
de selecionar e organizar o conteúdo dos veículos de informação – ou de
simplesmente redigir, de maneira claramente inapta, o que só concorre para a
deseducação do público leitor. Aliás, o ministro cai em flagrante contradição
ao dizer que “o exercício do jornalismo por pessoa inapta (...)” - uma vez que
se a pessoa é inapta não tem aptidão ou capacidade de exercer o Jornalismo.
A afirmação de
que o Jornalismo despreparado tende a perder leitores é um equívoco. Na
sociedade de massas a personalidade desagrega-se sempre que as pessoas são
incitadas a agir em conjunto sob determinadas motivações subliminares
provocadas pelos meios de comunicação social que as torna indivíduos
participantes de uma massa e não pessoas com determinada personalidade, cultura
e formação. E a massa é levada a acreditar, sob apelos os mais diversos que
atuam diretamente no subconsciente – principalmente em países como o nosso onde
a cultura é menosprezada e a educação é mínima -, que matérias jornalísticas
mal feitas ou consideradas “leves” são mais fáceis de serem entendidas e que
programas de entretenimento que nada acrescentam e divulgam a cultura chula ou
a anti-cultura que favorece a inversão de valores devem ser os preferidos.
São essas
pessoas “inaptas” e “despreparadas”, sem qualquer formação básica em
Comunicação Social as responsáveis pela elaboração de programas de baixíssimo
nível que visam unicamente a alienação do povo. E, assim como na televisão,
aumenta cada vez mais o número de jornais e revistas de cunho sensacionalista e
de programas de rádio pífios, sem qualquer pauta inteligente e que – ao
contrário do que imaginou o ministro – não só não afastam ouvintes,
telespectadores e leitores, como os atraem pelo conteúdo superficial e leviano,
porque no Brasil está sendo criada a cultura da mediocridade.
Com o apoio
daqueles que deveriam zelar para que isso não acontecesse. Observe-se que os
ministros do STF que votaram contra a obrigatoriedade do diploma de jornalista
para o exercício da profissão não somente revelaram desconhecimento da matéria
que julgavam como, indiretamente, deram a entender que o curso de Comunicação
Social e o estudo do Jornalismo em todas as suas nuances deve ser colocado em
segundo plano – o que é o mesmo que dizer que a cultura deve ser desprezada e
determinados cursos superiores devem ser considerados dispensáveis, porque
algumas pessoas que não tem qualquer graduação poderão, quem sabe, ser
prejudicadas.
Em apoio à sua
tese que desrespeita os jornalistas profissionais, o ministro Gilmar Mendes cita
alguns jornalistas que ele considera muito bons, mas não tem curso superior.
Ora, os seus pontos de vista ou os seus gostos pessoais não devem participar
de um julgamento que deveria ser isento e atinge a toda uma classe
profissional. E esses jornalistas nomeados pelo ministro deveriam ter o bom
senso de cursar Comunicação Social e as empresas onde trabalham deveriam
facilitar esses estudos. Não estamos mais em tempo de desculpas esfarrapadas
para a falta de cultura que poderá ser causada por preguiça mental ou desleixo.
Felizmente, e apesar de determinados grupos que gostariam de ver a sociedade
dividida em castas, ainda existem universidades públicas e gratuitas em todos
os lugares.
Afirma, ainda,
o ministro Gilmar Mendes, que muitos países não têm cursos de Jornalismo ou de
Comunicação Social, como se a ausência de enriquecimento cultural nesses países
fosse suficiente razão para que nós também busquemos um maior empobrecimento na
formação dos profissionais de Jornalismo. É certo que muitos países ficaram
famosos não pela sabedoria dos seus cidadãos, mas pela riqueza material muitas
vezes alcançada de forma ilícita, e pelo desenvolvimento tecnológico
conseqüente, mas são exemplos que não devem ser seguidos se ainda acreditamos
que os povos devem buscar a paz e a prosperidade em igualdade de condições.
O Jornalismo é
uma profissão muito perigosa. Não só porque o jornalista está sujeito a ser
agredido física e moralmente sempre que, no exercício da sua profissão,
descobrir as sujeiras da tradicionalmente corrupta classe dos governantes, mas
também porque esses mesmos governantes têm um grande medo da verdade. Para ser
jornalista é necessário, antes de tudo, coragem. E uma boa formação profissional.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Faça o seu comentário aqui.