O Mensalão tinha o objetivo de desviar
dinheiro – o nosso – para pagar uma mensalidade para os trezentos picaretas dos
partidos que não são declaradamente oposição e ficam o dia inteiro naquele
balcão de negócios perguntando: “quem dá mais?”. Com isso, todos ficariam muito
felizes e aprovariam os projetos enviados pelo Governo ao Congresso - desde que
fossem projetos assistencialistas ou meramente demagógicos e não mexessem com
as estruturas do poder. O Brasil deveria continuar capitalista, seguir o modelo
neoliberal na economia, aproximar-se dos Estados Unidos e cumprir algumas
missões visando diminuir a influência dos países bolivarianos e de Cuba no hemisfério
sul.
Cuba, através do Raúl Castro, está sendo comprada pelo Obama e, por enquanto, não
representa perigo para o império, principalmente depois que Fidel Castro
adoeceu e ficou enclausurado, fora de todas as decisões importantes. Já os
países bolivarianos é outro papo. Bem que o Lula tentou aproximar a Colômbia
ocupada pelos Estados Unidos da Venezuela e fez uma grande onda com a
libertação de alguns prisioneiros das FARCs. Quase deu certo. Nem os
guerrilheiros colombianos, nem Chávez se deixaram enganar. Chávez foi morto e
Lula foi substituído pela Dilma, que é isso tudo que estamos vendo. Ou isso
nada. E os países bolivarianos continuaram bolivarianos, ou seja, independentes
e procurando o seu caminho pacífico para o socialismo. A Colômbia permanece
ocupada pelos USA e a guerrilha segue firme, entre um e outro armistício para
tomar fôlego. Não é só na Colômbia: há guerrilhas no Peru, no Paraguai... Onde
mais? Por incrível que possa parecer, determinados povos são bravos e não se
deixam enganar facilmente pelos seus governos entreguistas.
Depois
da descoberta do Mensalão e o nosso dinheiro não sendo mais depositado para a
turma do PP, PMDB, PR, PCdoB, PT e P sei-lá-o-quê - inventaram o Petrolão. Ou o
Fernando Henrique já o havia inventado em priscas eras e o PT, para não perder
o hábito, seguiu o exemplo. O Petrolão tinha a vantagem de - além de pagar todo
aquele pessoal que pede dinheiro para votar nos projetos do Governo - incluir
as grandes empresas e a nossa burguesia que, na verdade, obedece à burguesia internacional.
Ao
descobrir que todos são corruptos, o PT aproveitou para se corromper junto. O
grande projeto nacional tantas vezes anunciado por Lula e amigos foi
transformado em grandes transações internacionais. Através dos bancos o
dinheiro roubado era “branqueado” ou “lavado”, tornando-se um dinheiro digno,
impoluto, pronto para ser sujado de novo. Os bancos, todos eles, existem para
lavar dinheiro sujo - ou alguém pensa que os bancos funcionam apenas como
depósitos do dinheiro dos seus clientes? Esta é a fachada. O que seria dos
bancos se não existissem as máfias? Não seria; já teriam fechado há muito
tempo. E o povo que poupasse o seu dinheirinho embaixo do colchão. As máfias
mais famosas são as oficiais, os bancos dos governos. É nesses bancos orgulhosos
de sua riqueza que são depositados fundos de todos os tipos, desde os fundos de
pensões até (adivinhem?) os fundos partidários.
Com a
descoberta do Petrolão, bilhões pararam de circular, contas foram fechadas,
aqui e no exterior, e os bancos foram coagidos a revelar o quanto os ladrões
depositavam. Dinheiro que está sendo resgatado aos poucos, e os pobres dos
bancos começaram a ver diminuídos o que chamam de “ativos financeiros”. A
mamata estava acabando. E aí? Aí, os títulos da dívida pública começaram a ser
cobrados e o Mercado (leia-se bancos internacionais) começou a duvidar se o
Governo teria condições de pagá-lo. Se não pagar, quebradeira geral; se pagar,
mesmo através de novos financiamentos, o Governo se salva, mas quem quebra é o
povo.
Sem contar
que, para pagar os bancos, o país entra em recessão, milhares ou milhões de
pessoas são demitidas de empregos públicos, não haverá mais incentivo para
produção, pesquisa, ensino, saúde, etc. E o Governo dirá que a culpa é da
inflação, causada pela oscilação do mercado financeiro internacional e outras
mentiras que todos estamos acostumados a ouvir. A verdade é que o Governo está
tão atrelado aos bancos que, sem eles, não existe. É um governo dos bancos e
para os bancos, das empresas e para as empresas, e para pagar os credores que
detêm os títulos públicos o Governo faz o que chama de “enxugamento de
investimentos”: todo o dinheiro que iria para obras sociais é recolhido, ou
“enxugado” e entregue aos bancos e fac-símiles. É claro que tudo isso é feito
de maneira muito organizada pelo Banco Central, Fundo Monetário Internacional e
outros conhecidos abutres.
Nem sempre dá
certo, porque os abutres fazem de tudo para que o clima recessivo perdure o
maior tempo possível. O que eles desejam não é o dinheiro do Governo, mas o
lugar de onde vem todo esse dinheiro: as empresas nacionais. Se conseguirem a
privatização das grandes empresas, liberam o Governo do pagamento e o país é
entregue definitivamente em mãos das multinacionais e filiais brasileiras.
Haverá o que apelidaram de “reaquecimento do mercado”, com geração de empregos
devido aos novos investimentos e o povo se sentirá feliz por algum tempo e mal
perceberá quando tiver perdido todos os seus direitos trabalhistas e o Brasil
definitivamente será escrito com “Z”.
Para que o
povo não acorde, passeatas e manifestações são organizadas, onde toda a culpa é
jogada na governante do momento – a Dilma – que, assustada com a possibilidade
de ser apeada do poder, faz o possível para que o Mercado fique satisfeito,
inclusive empregando um ministro todo-poderoso, agente das multinacionais, que
é chamado de Ministro da Fazenda, para satisfazer bancos e empresas. Enquanto
isto, as passeatas, as manipulações estatísticas das agências de classificação
de riscos, como a Moody’s, pedindo que não haja novos investimentos no Brasil
enquanto Dilma governar, as manipulações nas pesquisas de opinião para fazer o povo
acreditar que Dilma não tem mais nenhum apoio (onde estão os 55 milhões de
pessoas que votaram nela?), as investigações na Petrobrás e em outras empresas
públicas, que são alicerces do Estado, preparam o ambiente para a deposição de
Dilma.
E por que
depor Dilma, se ela está sendo tão boazinha com o Mercado, obedecendo a todas
as orientações do Levy? Porque Dilma representa o PT e as conquistas sociais,
por menores que sejam, e para que os conservadores e reacionários de toda espécie
possam argumentar que o país está indo à falência devido à má gestão dos
partidos de esquerda – que, de esquerda só tem o apelido – provocando no povo
zumbi temor e repúdio a tudo o que for considerado de “esquerda”, a toda e
qualquer transformação social.
É claro que o
Lula mentiu quando disse que o Governo havia pagado a dívida externa ao FMI,
quando, na verdade a transferiu aos bancos internacionais através de papéis do
Tesouro. Caiu na armadilha e agora quem paga somos nós. Também é óbvio que o PT
aproveitou o momento de ufanismo com a descoberta do pré-sal para roubar um
pouco, e outro pouco para pagar a base aliada ou os partidos que se dizem de
centro para receber dinheiro de todos os lados. Os mais corruptos dirão que a
corrupção é endêmica, uma doença nacional, que todos têm seu preço... E se
acreditarmos nisso seremos iguais a eles.
Foi com esse
pensamento que o PT decidiu comprar o Congresso e quem mais se prostituísse. E
quando acabou o dinheiro do Mensalão e do Petrolão, perderam a base aliada.
Então, subitamente, PMDB, PP (antiga ARENA – partido da ditadura militar) e
demais partidos acostumados à corrupção mensal, entraram em greve contra o
Governo, decidiram que não mais aprovariam os projetos da Dilma, e, mesmo não
sendo uma oposição oficial, fariam de tudo para que a Dilma se sentisse, no
mínimo, desconfortável. Não adiantou receberem ministérios, secretarias, cargos
de confiança. Não. Queriam dinheiro fácil. Vivo. Líquido.
E Dilma deu.
Em última instância, na ausência do dinheiro desviado triplicou a verba do
Fundo Partidário, sancionando um projeto dos corruptos políticos congressistas
que aumenta de R$298 milhões para R$867,5 milhões. Dinheiro do orçamento de
2015, ano em que o Levy coloca o país em recessão e aprova a inflação
desenfreada. Imediatamente políticos que até então pediam o “impeachment” e
Dilma, mudaram o discurso, o Congresso tornou-se mais amigo da Presidente e
todos esperam viver felizes para sempre até as próximas eleições. Ou antes. Na
verdade, eles não desistiram de tirar a Dilma e colocar alguém de mais
confiança – como o Temer ou o Cunha – que possa acelerar o processo de
privatizações.
E o que faz a
Dilma a respeito? Nada. Espera, talvez, um milagre que salve o seu governo. O
que faz o PT (e os partidos supostamente a ele aliados, como PCdoB e PSOL)?
Afasta-se covardemente da Presidente, revelando com isso a sua incapacidade de
mobilizar as massas contra os avanços da direita sobre o monopólio estatal do
petróleo; revela-se um partido impotente, governado por caciques que só
desejavam enriquecer com o poder e que, se for extinto devido à sua debilidade
corrupta, demonstrará o quanto uma falsa esquerda apoiada por intelectuais
revisionistas e levemente reformistas – jamais revolucionários – pode fazer mal
politicamente a uma nação que está sendo orientada, em sua maioria, ao
individualismo reacionário e à alienação.
O golpe está
acontecendo, a exemplo de 1964, mas, ao contrário da época de João Goulart, que
tinha ministros como Darcy Ribeiro e Paulo Freire, e governadores como Leonel
Brizola e Miguel Arraes e um povo decidido a resistir – o que só não aconteceu
devido à renúncia de Jango para evitar derramamento de sangue -, o que se vê
agora é um povo amestrado, induzido aos prazeres materialistas, que nada sabe
de política e tudo conhece de futebol, refletindo claramente a mentalidade dos
seus governantes incapazes, mentirosos e corruptos. Governantes que vem desde
José Sarney, passando por Fernando Collor, Itamar, Fernando Henrique, Lula e
cristalizando-se na inépcia de uma Dilma, que, dizem por aí, um dia foi
guerrilheira. Um golpe que somente será referendado pela direita, que, desta
vez, nem precisará dos militares. O verdadeiro golpe ou suicídio político está
sendo levado a cabo por essa pseudo-esquerda neoliberal e medrosa.
Depois do
golpe confirmado, restará o Brasil a refazer. Todo ele, desde o seu mapa até a
sua cultura. E, para isso, precisaremos de novas gerações mais fortes, mais
aguerridas, mais valentes, com maior cultura e verdadeiro amor à pátria – assim
como a Argentina atual -, ou imergiremos inevitavelmente sob a tutela dos
Estados Unidos, a tal ponto que os que se consideram “modernos” somente falarão
inglês e não será impossível, a exemplo de Porto Rico, que a nossa bandeira
ceda lugar a mais uma estrela no pavilhão estadunidense.
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