Concordo que é um palavrão, mas um palavrão gostoso
de dizer. Experimente falar para o espelho“apocoloquintose”. Não é sonoro e
grandiloqüente (outro palavrão!)? Não causa uma sensação inebriante? Também
concordo que é um plágio do titulo do famoso texto de Sêneca (“Apocoloquintose
do Divino Cláudio”). Não pude resistir. É bem melhor do que dizer “a
transformação em abóbora”. Abóbora é muito chão e um achado desses não pode
ficar perdido em úmidas bibliotecas, entre tratados de heráldica e estóicas
teses sobre numismática. Saboreie comigo: diga “apocoloquintose!”. Não é bom?
Saibam
todos que a NSA – aquele serviço de informação dos Estados Unidos que reflete a
paranóia norte-americana – continua a vigiar a todos nós. Foi o que disse Obama
– aquele senhor que ganhou o Nobel da Paz, foi bombardear a Líbia e está com o
dedo no gatilho apontando para a Síria - quando anunciou que enquanto ele for
presidente daquele país entregue aos tufões e tornados, a chanceler da
Alemanha, Ângela Dorothea Merkel, não será espionada.
Não
citou Dilma, mas deu a entender que se ela se comportar, nada deve temer. Ou,
textualmente: “As nossas agências continuarão a obter informações sobre os
Governos de todo o mundo, tal como o fazem as de todos os outros países. Não
pedimos desculpas por sermos mais eficazes. Mas chefes de Estado e de Governo
com quem trabalhamos de forma mais chegada, e de cuja cooperação dependemos,
devem confiar que os tratamos como verdadeiros parceiros”.
Não
pediu desculpas. Para ele, presidentes brasileiros devem agir como obedientes
vassalos. Dilma engoliu em seco e fingiu que não era com ela. Ou que era com
ela. Em seguida, fechou os olhos aos movimentos sociais e entregou o campo de
Libra às multinacionais. Precisava fazer caixa para as próximas eleições? Além
disso, obedecer ao chefe é prioridade do verdadeiro subalterno. O consórcio que
ganhou o leilão do campo de Libra é formado pela Petrobrás (10%), Shell (20%),
Total Elf (20%), CNPC (10%) e CNOOC (10%). O Estado brasileiro poderá ficar com
apenas 14,58% do óleo gerado no campo de Libra. Naquele momento, Dilma começava
a se transformar em abóbora.
Falam
tanto da privataria tucana, mas o governo Lula-Dilma é um excelente e submisso
aluno do antigos governos do PSDB. Entregar o Brasil é a sua meta, e está
apenas começando. Ou continuando. É necessário obedecer ao chefe, que está de
olho no que a Dilma faz ou deixa de fazer, através de satélites-espiões, bases
da CIA no nosso território - travestidas de colônias de pescadores,
peripatéticos amantes do epicurismo, honestos clubes de gastronomia,
ameaçadores Anonymous e muito bem treinados Black Blocs - e uma gigantesca base
de dados nos seus computadores quânticos.
Obama
não pediu desculpas ou deixou de vigiar Dilma e todos os brasileiros e
latino-americanos, porque os donos do mundo não pedem desculpas: mandam. Depois
de ficar sabendo que somente será igual à Ângela Merkel, a dona da Europa,
quando for dona da América do Sul e Caribe, Dilma foi correndo a Davos – aquele
lugar na Suíça onde, todo início de ano, se reúnem representantes dos países
muito ricos e seus agregados – para participar do Fórum Econômico Mundial. Na
sua delegação, 34 líderes políticos e empresariais.
Em Davos, Dilma pediu,
implorou, suplicou por novos investimentos das empresas estrangeiras no Brasil;
declarou-se fiel ao Deus Mercado e seduzida pela globalização. Para
provar o seu amor ao dinheiro e à ostentação, na volta fez o que chamou de
“parada técnica” em Lisboa, onde ela e sua equipe ocuparam 45 quartos de dois
hotéis de luxo, ao custo de 8 mil euros por dia, o equivalente a R$26,2 mil.
Jantou em um restaurante de luxo e, no dia seguinte, viajou para Cuba, para
completar a sua missão.
Missão
que diz respeito à reintegração de Cuba ao livre comércio, ao esponjoso mundo
das finanças, ao capitalismo. Cabe a Dilma provar a seu chefe em Washington que
ela é capaz de fazer o que os Estados Unidos não conseguiram em 65 anos de
revolução cubana, por meio de ameaças e de um equívoco bloqueio econômico.
Afinal, a propaganda do governo brasileiro no exterior alardeia que o governo
petista é socialista; afirma que Dilma teria sido uma guerrilheira presa pela
ditadura e que no Brasil estamos em pleno processo revolucionário.
E os
representantes dos 33 países que estão participando da 2ª Cúpula da CELAC
(Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos) talvez não tenham
condições de analisar com precisão a força da influência que estão sofrendo de
um governo estreitamente ligado ao capital estrangeiro e que atua como uma
espécie de vírus malicioso, um verdadeiro cavalo de tróia entre os países
anticapitalistas.
A Comunidade
dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), criada em fevereiro de
2010, durante a Cúpula da Unidade da América Latina e do Caribe, realizada em
Riviera Maya (México) não admitiu a entrada dos Estados Unidos e do Canadá,
porque considera que esses dois países não respeitam a democracia e a autodeterminação
dos povos. Este ano, a II Cúpula da CELAC está sendo realizada em Cuba.
Lá, voltando do Fórum Econômico Mundial, Dilma deve fazer eco a todos
os pedidos e reivindicações e, particularmente com o presidente Raúl Castro,
tratará dos investimentos do Brasil na ilha, como o porto de Mariel, onde o
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) investe cerca de 1
bilhão de dólares.
É apenas o
início. Raúl Castro já demonstrou grande interesse em copiar o modelo chinês de
capitalismo de Estado com o pseudônimo de socialismo, tendo reservado uma grande
área, uma zona franca e industrial, para a qual o governo cubano pretende
atrair investimentos estrangeiros.
Como
a Odebrecht, multinacional de origem brasileira e com capital internacional. E
tantas outras empresas, brasileiras e de outros países, que serão atraídas para
Cuba, onde contarão com isenção de impostos e não serão obrigadas a se aliar
com empresas estatais. Naturalmente, usarão a barata mão-de-obra cubana.
Segundo Thomaz Zanotto, diretor da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo), em Cuba o Brasil teria um posto avançado para exportar inicialmente
para a América Central e depois eventualmente para os Estados Unidos – que tem
no Brasil de Dilma Roussef o parceiro perfeito, o agente 00D que ajudará Raúl
Castro a implodir o socialismo cubano.
Não será tão simples, porque a base do
socialismo é a educação anticapitalista do seu povo, mas, se em troca dos
médicos cubanos, o Brasil enviar professores para Cuba, em menos de 10 anos
Cuba voltará a ser famosa somente por suas praias.
Assim,
Cuba fará o caminho inverso da revolução, tornando-se, aos poucos, dependente
do capital estrangeiro e da economia mundial, perdendo a sua autonomia e
liberdade graças ao irmão mais moço de Fidel Castro, o maçom Raúl que, junto com
Dilma, formam o par perfeito: os dois fingem que são socialistas, enquanto
aceleram a implementação do capitalismo nos seus países. E à Dilma,
definitivamente livre do seu disfarce socialista, somente restará a inevitável
transformação em abóbora. Uma abóbora feliz por ter cumprido a sua missão, mas
abóbora. E receberá do presidente dos Estados Unidos a notícia de que não
estará mais sendo espionada.
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