sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

O ATENTADO AO CHARLIE HEBDO E A ISLAMOFOBIA



Ninguém em sã consciência pode aprovar o ataque ao jornal francês “Charlie Hebdo”, especializado em satirizar o Cristianismo e o Islamismo. Principalmente o Islamismo. No entanto, o ódio ao Islã, destilado continuamente pelo jornal, provocou a reação que hoje o mundo inteiro condena. O jornal sofria ameaças de muçulmanos desde 2006, quando publicou charges satíricas de Maomé, sob protestos do mundo islâmico ao perceber na publicação mais uma arma da Nova Ordem, que tem como um dos seus principais objetivos destruir as grandes religiões. Mais do que um jornal satírico, meramente “libertário”, o “Charlie Hebdo” coloca-se a serviço do sistema que o gerou ao apoiar as ações do novo iluminismo que invade países muçulmanos não só para roubar suas riquezas, mas para impor uma visão atéia e materialista do mundo.


    No ano 2000, o jornal publicou um artigo, assinado pelo então editor Phillipe Vall, que chamava os palestinos de “não-civilizados”. A matéria foi criticada até dentro da redação e, na época, a jornalista Monica Chollet protestou contra o texto e foi demitida. Em 2009, o jornal publicou em sua capa uma caricatura do profeta Maomé dizendo “É difícil ser amado por idiotas”. Muçulmanos do mundo inteiro reagiram e o jornal foi processado e, naturalmente, absolvido. Aquela edição rendeu muito para os donos do “Charlie Hebdo”, que venderam mais de trezentas mil cópias. Na época o presidente Jacques Chirac condenou a manchete, dizendo que poderia “inflamar paixões”, mas os presidentes da França que sucederam Chirac, Nicholas Sarkozy e François Hollande apoiaram o jornal em nome da “liberdade de expressão”. 


    Os novos cruzados do século 21, que invadiram Afeganistão, Iraque, Marrocos, Tunísia, Líbia, Egito e financiam um estranho Estado Islâmico para ajudá-los a invadir a Síria e o Irã, como primeiro passo para um ataque frontal à Rússia, mataram milhares de pessoas, destruíram sedes de redações de jornais e revistas nos países invadidos e a mídia oficial não apenas fingiu ignorar o que estava acontecendo como saudou os soldados da OTAN e dos Estados Unidos como heróis do mundo ocidental.  

    A mesma mídia hipócrita convoca passeatas em protesto contra a “liberdade de expressão” devido ao ataque ao “Charlie Hebdo”, jornal que sempre atacou a liberdade religiosa de expressão e atende aos anseios do sionismo internacional. Curiosamente, essa mesma imprensa rotula o “Charlie Hebdo” de jornal de extrema-esquerda, mesmo que ela faça o jogo da direita. Não seria necessária a reação dos fascistas líderes europeus para se ter uma idéia da linha editorial do jornal. No Brasil, a edição virtual da caolha revista Veja esbraveja porque aqui não foram realizados grandes protestos populares contra o atentado em Paris. Não é de hoje que a Veja se revela sionista e ataca despudoradamente a religião islâmica. 


    Em 2011, o “Charlie Hebdo” sofreu o primeiro atentado. Depois de publicar uma charge do profeta Maomé na capa e várias matérias criticando a Sharia (lei islâmica), durante a madrugada de 02/11/2011 um coquetel molotov foi atirado contra a sede do jornal, provocando um incêndio sem vítimas. Em 2012, o jornal voltou a publicar charges do profeta Maomé, inclusive com caricaturas do Profeta nu. Laurent Fabius, então ministro das Relações Exteriores da França, disse que a publicação estava “derramando óleo em fogo”. 

    Não adiantou. O jornal se esmerava em achincalhar não só com a religião muçulmana, como também com o Cristianismo, especialmente a Igreja Católica Romana. Contava com a proteção do Estado francês e de um povo declaradamente xenófobo. A França é um país imperialista. Grande parte da África foi invadida pelos franceses durante os séculos 19 e 20 e, em 2013 a França voltou a invadir o Mali, sob a velha desculpa de “combater o terrorismo”. Os “terroristas” seriam os muçulmanos do Mali. Em 1994, os franceses provocaram um genocídio em Ruanda, matando de 800 mil a um milhão de integrantes das etnias tutsi e hutu. Nada disso foi veiculado pela imprensa imperialista. Dizia-se que era uma guerra contra o terrorismo.


    A “Islamofobia” é uma expressão que foi cunhada a partir do ódio de determinadas pessoas ou grupos de pessoas contra o Islamismo. Nos Estados Unidos, Canadá, na maioria da Europa e notadamente na França esse ódio é gigantesco. Também no Brasil grupos de direita, especialmente na imprensa fascista, são claramente islamofóbicos, esmerando-se em atacar muçulmanos e defender países genocidas, como Estados Unidos e Israel. 

     O atentado ao “Charlie Hebdo” aconteceu nos dias em que foi publicada uma edição do jornal destacando o autor Michel Houllebecq, acusado de incitar a islamofobia ao lançar também na quarta-feira o romance “Soumission”. No cartum da capa, vestido de mago o romancista aparece fazendo previsões: “Em 2015 eu perdi meus dentes, em 2022 cumpri o Ramadã”. Uma das matérias desta última edição, assinada por Bernard Maris – uma das vítimas do atentado -, elogia o romance e o autor Houllebecq que imagina uma França dominada por muçulmanos em 2022, com a instituição da poligamia, mulheres sendo obrigadas a usar véus e todo tipo de estereótipos cultivados pelos sionistas para difamar muçulmanos. O romance também tem adversários, como o jornalista Nicolas Gary, criador da revista literária “ActuaLitté”, que afirmou que se sentiu “sujo” pelo romance que transmite “ódio e medo”. No mesmo dia houve o ataque ao “Charlie Hebdo”. 

   Mesmo que a suspeita Al-Qaeda (organização financiada pelos Estados Unidos para combater a União Soviética nos anos ’80) e o estranhíssimo “Estado Islâmico” tenham ficado muito felizes com o atentado em Paris, ao contrário do que acontece quando de atentados, até agora nenhuma organização muçulmana reivindicou a autoria do ataque. Os suspeitos apontados foram rapidamente perseguidos e mortos, mas nessas ocasiões sempre existem suspeitos e, geralmente, muçulmanos, que são mortos devido à mera suspeição. O Estado de Direito é uma formalidade que sempre cede ao relativismo. Observe-se que, pelas imagens divulgadas, o ataque ao jornal foi realizado como típica ação de comandos usando roupas camufladas e armas automáticas. Fica-se a pensar de que maneira, em um país super-vigiado como a França, pessoas podem conseguir roupas camufladas e treinar com fuzis AK-47. Outra curiosidade é o fato do cartunista Stéphanne Charbounier, o “Charb” – que também morreu no atentado – em sua última charge ter “previsto um atentado durante este mês. “Ainda sem atentados na França” – aparece escrito no alto da ilustração. Mais abaixo, alguém fantasiado de terrorista diz: “Esperem! “Temos até o fim de janeiro para fazer nossos votos”. 


    O atentado ao “Charlie Hebdo” veio a propósito para açular ainda mais os grupos xenófobos e racistas contra as minorias negras e muçulmanas que são severamente discriminadas na França e na maioria da Europa. Desde quarta-feira, vários centros muçulmanos foram alvos de ataque. Na madrugada de quinta-feira, uma granada explodiu em um edifício em Le Mans, onde fica uma mesquita. Uma das paredes da mesquita também foi perfurada por uma bala. Em Port La Nouvelle uma sala usada por muçulmanos para rezar foi alvo de disparos de balas de chumbo na noite de quarta-feira. No começo da manhã de quinta-feira, em Villefranche sur Saône um restaurante próximo à mesquita da cidade sofreu um atentado a bomba. 

     Neonazistas do mundo inteiro estão muito felizes com o atentado ao “Charlie Hebdo”. A página de Marine Le Pen, líder do partido Frente Nacional aumentou quase 300% as visitas em apenas 24 horas. Le Pen defende a expulsão das minorias étnicas e a volta da pena de morte na França. Não é impossível que o apelo emocional promovido pela mídia do sistema mobilize multidões no mundo inteiro a favor de novas guerras contra países muçulmanos, como o Irã. Os Estados Unidos, que estão transferindo os armamentos que estavam no Afeganistão para a Ucrânia, onde pretendem abrir nova frente de batalha contra a Rússia, depois das derrotas no Afeganistão e no Iraque provavelmente se sintam entusiasmados para invadir de vez a Síria. 

    Anuncia-se agora uma nova edição do “Charlie Hebdo” que venderá mais de um milhão de exemplares. Os donos do jornal, que faturam com o sangue de seus jornalistas e cartunistas assassinados, devem estar muito felizes. 

     Uma pena que cartunistas reconhecidos, pessoas talentosas que poderiam ter dedicado as suas vidas a ações construtivas se tenham deixado envolver pelo sistema a ponto de morrerem por uma causa injusta e ignóbil – qual seja a discriminação racial e religiosa. O atentado ao “Charlie Hebdo”, tenha ou não sido praticado por muçulmanos furiosos, ou, como no caso das Torres Gêmeas, revele-se como uma fraude para incitar o ódio a uma raça e a uma religião, trará inevitáveis conseqüências conflituosas, somente favorecendo aqueles que se utilizam das armas para formar um império mundial onde as religiões não terão vez, crentes serão chamados de fanáticos e onde a busca espiritual será considerada um crime contra a deusa Ciência, casada com o deus Mercado.

Um comentário:

  1. Matéria a propósito sobre o Islamismo, Cristianismo e outras religiões. Elucidativa e bem fundamentada. Parabéns, e obrigada, pois muito aprendi.

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