quinta-feira, 30 de junho de 2011

COMO DEMITIR UM TREINADOR


Alguns meses bem antes...

     A - Não suporto ele. Acho arrogante, metido a besta e, no entanto, tá aí, idolatrado pela torcida.

     B – Não só idolatrado pela torcida. É impensável demiti-lo.

     A – O pior é isso. Se o time continuar ganhando ele vai se eternizar como treinador e aí...

     B – Vai mandar mais do que nós.

     A – Não só vai mandar mais do que nós; vai fazer do time a sua extensão. Quando faltar algum jogador ele vai exigir uma imediata reposição e não poderemos fazer nada. E, hoje em dia, futebol é negócio. Temos que gerenciar esta empresa chamada clube de futebol de maneira a que nos dê lucro, como qualquer outra empresa. Os resultados são secundários. Em primeiro lugar os negócios.

     B – É, mas com bons resultados podemos fazer bons negócios, vendendo jogadores para a Europa...

     A – Mas às vezes bons resultados não são bons negócios. Se ele classificar o time para aquele grande torneio, por exemplo, a torcida exigirá um grande time e ficaremos no vermelho, se não tivermos outra saída.

     B – Temos que ver uma maneira de despedi-lo.

     A – Acredito que somente com maus resultados.


Poucos meses depois...

     A – Tenho algumas ofertas de clubes estrangeiros. Boas ofertas, mas não sei como fazer porque isso desfalcaria o time e está começando o regional.

     B – Mas temos que pensar nos negócios, não é verdade?

     A – Em primeiro lugar. Aquele tempo de amor à camiseta já passou. Só a torcida que não sabe disso. Mas a torcida não precisa saber de nada. Basta que fique torcendo e enchendo o estádio.

     B – Então vamos aceitar as propostas para fazer caixa.

     A – Mas tem que ser aos poucos. Um time não pode ser desmontado de repente.

     B – E a torcida idolatra aquela peste do treinador.

     A – Arrogante!

     B – Bem que se pode dar um jeito. Podemos usar esse mesmo argumento da arrogância. Falar com os jogadores que estão sendo pretendidos. Mostrar as vantagens que eles terão se forem vendidos, falar em seleção...

     A – Quem sabe? Parece ser uma boa idéia. Vamos ver o que se pode fazer...

     B – Se ele ainda entendesse que os negócios devem vir em primeiro lugar... Mas é uma besta quadrada! Quer só ganhar, ganhar...

     A – Sem time ele não vai conseguir ganhar e treinador que perde pode ser demitido, por mais que a torcida goste dele.

     B – A torcida tem mais é que torcer e encher o estádio, não é assim?

     A – Vamos vender aos poucos. Para isso, temos que criar situações. Para alguns jogadores mais broncos podemos dizer que a torcida não gosta deles e colocamos torcedores nossos no estádio, em dia de jogo, vaiando eles. Até que eles entendam que será melhor para eles se forem negociados.

     B – E os outros?

     A – Podemos fazer vazar comentários que o treinador não gosta deles até eles ficarem numa situação insustentável e não obedecerem mais as instruções... Há várias possibilidades...

     A - Poderemos contar com contusões, também. Sempre acontecem.

     B - E quando ele pedir para contratar outros jogadores para as posições desfalcadas dizemos que não temos dinheiro em caixa.

     A – Ou contratamos jogadores inferiores.

     B – Boa idéia! Pegamos um bom dinheiro com as vendas e ainda enfraquecemos ele, porque o time não vai render o mesmo que antes.

     A – A torcida vai começar a duvidar da capacidade dele como treinador.

     B – A mesma torcida que idolatra ele.


E depois...

     A – Estamos mal no campeonato e isso é muito bom. Ele já está se perdendo na hora de escalar o time. A mídia já começou a criticá-lo com força.

     B – Está mais que na hora da sua demissão, mas a torcida ainda idolatra ele. Não entendo essa torcida!

     A – Torcida é para torcer. Só isso. E para encher o estádio, claro. Mas o time já está descaracterizado; já não é aquele time vencedor e ele já não é aquele treinador vencedor.

     B – A estratégia deu certo. Poderemos nos ver livres dele ainda hoje. Dar uma forçada, comentar que ele tem que ganhar ou ganhar. Botar contra a parede. Usar o temperamento dele contra ele mesmo. Ele vai acabar não agüentando.

     A – Quem sabe falar com um ou outro jogador para não jogar muito?

     B – Falar diretamente, não. Insinuar alguma coisa, talvez...

     A – É. Talvez.

     B – E quem será o próximo treinador?

     A – Não interessa muito o nome. Mas tem que ser compreensivo, entender que futebol é negócio e não estar ligado ao clube emocionalmente.

     B – Que saiba ser flexível, não é?

     A – Flexível e compreensivo... Podemos até oferecer prêmio extra pra ele para o caso de vitórias necessárias ou de derrotas necessárias. O que for melhor para o clube. Futebol é negócio.

     B – Mas e a torcida?

     A – Torcida é só para torcer e para encher o estádio.

terça-feira, 28 de junho de 2011

O CONSUMISMO GAY E O ESTADO FASCISTA


A retirada de direitos civis, como pretende a PL 122 – e entendo como direito a livre manifestação do pensamento, a liberdade para educar os filhos sem que haja interferência do Estado, a liberdade de religião, entre outros – em favor da minoria homossexual, por razões obviamente políticas e comerciais, porá em perigo o equilíbrio das relações sociais, uma vez que a grande maioria heterossexual, mesmo que tolerante com as reivindicações dos homossexuais, não deverá aceitar passivamente um Estado claramente fascista no Brasil.

     Para combater a homofobia ou outro tipo de discriminação em relação a qualquer grupo social já existem leis vigentes, principalmente a Constituição, que assegura a todo cidadão a cidadania e a dignidade da pessoa humana. Se o Estado não está cumprindo com o seu papel de defender os cidadãos – seja de que grupo social forem – cabe ao próprio Estado reestruturar-se no sentido de assegurar que a Constituição seja cumprida. Mas não é cabível, sob qualquer alegação, que a falta da presença do Estado dê lugar a novas leis que se sobreporiam à Constituição ou que, em nome do direito de minorias venha a retirar direitos da ampla maioria.

     A apologia que vem sendo feito a favor do homossexualismo, principalmente por parte do governo, que tem defensores da liberação da cartilha gay – que nada mais é que pornografia e indução da juventude ao homossexualismo - faz parte de um jogo político que pretende cooptar para os quadros do PT e aliados os homossexuais. Além disso, faz parte dos planos da Nova Ordem a destruição gradual das grandes religiões para que seja imposta, posteriormente, uma única grande religião, ao lado de um grande estado global. A Sinarquia(1).

     E os homossexuais estão sendo usados nesse jogo como fator de desestabilização de conceitos e dogmas, que tem como objetivo a desmoralização da família tradicional, principal ponto de apoio do Cristianismo, que é a grande religião ocidental.

     Estão sendo usados. Em nome do sexo pelo sexo, do prazer pelo prazer, do hedonismo, para fins que não entendem ou nos quais não querem sequer pensar, desde que o altar do sexo seja colocado bem acima de todos os valores morais, convocando a juventude a cultuá-lo, com o apoio de governos cúmplices, como o nosso, dessa desestruturação social e moral.

     No capitalismo não existe moral. Aliás, o principal sintoma de que um país é capitalista é a amoralidade. E a existência de religiões em países capitalistas coloca um freio nessa amoralidade desenfreada; faz com que as pessoas pensem, reflitam, e não se atirem às compras loucamente ou se deixem dominar pelo consumismo. E isso é péssimo para os negócios, porque capitalismo é sinônimo de negócios, lucro, trapaça, corrupção e desapego ao próximo em nome da competição.

     Não foi por acaso que os grandes países capitalistas, notadamente na Europa e América do Norte, através dos seus governos e entidades civis, estão interessados em promover o homossexualismo. Há muito dinheiro envolvido nisso.

     Somente na internet, de acordo com “O Dia Online” (http://odia.terra.com.br/) - “sites voltados exclusivamente a gays oferecem produtos nas áreas de turismo, lazer, cultura e artigos de luxo. Iniciativa visa atrair 18 milhões de consumidores”. É uma grande cartada do sistema incentivar o movimento gay, através de paradas, leis discriminatórias e até inconstitucionais – porque os empresários estão de olho nessa faixa de mercado que antes era ignorada.

     Leiam parte da matéria citada , publicada no dia 19 de junho:

     “Rio - O forte poder aquisitivo do público GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e travestis) chegou ao mercado dos sites de compras coletivas. Pelo menos dois portais foram criados de olho nesse segmento, que, segundo o IBGE, corresponde a 10% da população brasileira, ou seja, 18 milhões de consumidores.

     “O primeiro lançamento, no ar desde a semana passada, é o comprey.com.br, idealizado pela empresa OfertaDia, um dos principais sites de compras coletivas do País. O outro serviço, que será lançado amanhã, é o http://www.gothanforman.com.br/.

     “A expectativa do OfertaDia é alcançar 1,5 milhão de usuários até o fim do ano. Para conquistar o público, a página contará com ofertas de produtos e serviços com os quais esse perfil de cliente mais se identifica em turismo, lazer, cultura, moda, artigos de luxo e diversão.

     “Segundo o grupo, o consumidor GLBT não era atendido pelo novo modelo de e-commerce. Já o Gothan For Man aposta no público gay masculino. Oferta de produtos é semelhante à do primeiro.”

     Ao contrário de outros grupos discriminados, como os negros, as mulheres, os índios (estes sim, uma minoria que tende a desaparecer, dado o descaso do governo), os trabalhadores sem terra e sem teto e os pobres e miseráveis do nosso país que, a partir das suas condições sociais, vividas diariamente, preocupam-se em ir além, quando reunidos e organizados em movimentos, como o Movimento Negro, e a discutir a realidade do país, a contestar as premissas que o governo fascista usa para impor as suas políticas e a buscar a união com os demais trabalhadores discriminados dos outros países - gay se limita a ser gay, a fazer propaganda apenas da sua sexualidade.

     Não conheço nenhum movimento gay que revele preocupações sociais. E eles tem tido muitas chances para fazer isso, mesmo que seja apenas através das paradas do orgulho gay. Mas as paradas do orgulho gay tem sido apenas paradas de orgulho gay e mais nada. Pecam pela alienação e demonstram isso até na palavra “gay”, que é estrangeira, revelando, como todo o pensamento de direita, o seu desejo de aculturação.

     Porque os gays que aparecem nessas paradas são pessoas no mínimo de classe média, interessadas apenas que o sistema que eles já aceitaram lhes dê maiores privilégios, porque estão dispostos a consumir tudo o que diga respeito à sua opção sexual, sem maiores indagações e sem qualquer cultura política.

No site Inteligência (http://www.inteligemcia.com.br), em matéria de Miriam Matos, no dia 20 de junho, lemos, entre outras coisas, o seguinte:

     “Muitas empresas perceberam, nos últimos anos,a força do poderoso mercado gay. Público que gasta 30% mais que os heterossexuais e se mantém fiel às marcas, esse nicho tem atraído a atenção de diversos segmentos tas como moda, turismo, decoração, esportes, cultura, etc. Segundo o IBGE, 10% da população do Brasil é homossexual. Na visão corporativa, isso significa 18 milhões de consumidores. O potencial de compras dos gays é maior. Eles gastam mais em viagens, restaurantes, casas noturnas, cinema, teatro, roupas, carros, etc. (...)”

     Há uma lei não escrita no capitalismo, mas que todos os interessados entendem como perfeita. Pode ser escrita mais ou menos assim: “As leis são feitas para favorecer as castas possuidoras e para refrear qualquer reação da multidão empobrecida”.

     Um exemplo: as invasões dos morros no Rio de Janeiro, com a utilização de todo o aparato bélico possível vai contra vários artigos da Constituição, assim como o direito de ir e vir, a inviolabilidade do lar, a prisão por “suspeita”, etc. Isso só acontece porque a grande maioria dos favelados, senão todos, não paga IPTU, além de outros impostos, e são caracterizadas como pessoas marginalizadas ‘a priori’, significando que com eles tudo pode ser feito, mesmo que contra a lei.

     Mas para os homossexuais, que formam uma casta a parte no mercado de consumo, procura-se fazer leis que os favoreçam, mesmo que essas leis fiquem acima ou contra a Constituição. É uma questão de mercado. E também de ideologia.

     Para isso, procura-se tirar o direito das famílias – que são a base do Estado e o constituem – de educar os seus filhos de acordo com a moral vigente. Porque a moral vigente não dá lucro.

     Elimina-se o direito de opinião e crítica, a liberdade de expressão, se essa liberdade for usada para criticar leis que favorecem aquela casta exclusivamente consumista e que compactua com o sistema de desigualdades sociais. Uma casta que só pensa em si mesma.

     Proíbe-se aos cristãos o direito de expressar a sua crença livremente, de acordo com a Bíblia, porque aquele livro diz que homossexualidade é perversão - e os homossexuais devem ser considerados acima de qualquer suspeita e até acima de todas as leis que não os favoreçam, porque aos grandes consumidores devem ser dados todos os direitos, mesmo que em detrimento dos direitos dos demais cidadãos.

     E instala-se o Estado fascista. Disfarçadamente, mas fascista. Talvez um Estado fascista homossexual.

----

(1) Sinarquia – De acordo com Héctor Honório, “o vocábulo grego Sinarquia, de Syn, que equivale a Integração, e Arkhia, que significa poder ou governo, literalmente quer dizer concentração de poder ou concentração de governos. Em grego antigo se escrevia ZYNAKIE. Para o mundo de 6.000 anos atrás era a união de vários príncipes poderosos coligados para a dominação de outros povos. Em nosso tempo, é a união das forças financeiras e econômicas multinacionais, associadas em um tremendo poder, para governar, desta maneira, à sua livre vontade, mediante a exploração, o atraso, a enfermidade, a massificação, as guerras e a ignorância a todas as sociedades humanas que a ela se submetem.”



domingo, 26 de junho de 2011

SEU CHICO NA PARADA GAY


Pois não é que o seu Chico foi à parada gay? Não por orientação sexual, pois quanto a isso diz que sempre se orientou muito bem desde rapazito com as moças da casa da dona Ideli, que Deus a tenha, e depois casou com mulher de verdade e continua gostando do sexo oposto, pois tem como lema “Viva a Diversidade!” e como mote “Nada como a diferença!”, mas estava em São Paulo de passada depois de comprar uns pastos lá no Mato Grosso e pensou em tomar um café na terra do café, enveredou pela avenida Paulista e se viu perdido numa multidão colorida que gritava e cantava.

     Chegou a pensar que era carnaval, tamanho o entrevero e quantidade de fantasias. Foi quando sentiu algo estranho na região glútea, olhou pro lado e viu que estava sendo bolinado por um dos fantasiados.

     - E aí seu Chico?

     - Mas dei-lhe um talabascaço que nem graça ele achou e já ia puxar do facão e degolar ali mesmo, quando lembrei que tinha deixado todos os trens no hotel, até a tesoura de cortar as unhas dos pés e tive que me contentar em dar mais uns tapas nas orelhas do fresco quando fui cercado por todos os lados por umas mulheres musculosas que me empurraram, aquelas que calçam 44, que Deus as perdoe, e quando fui ver eu estava no meio de um casamento – quem havéra de ver!

     - Mas que casamento, seu Chico? Ali, no meio da avenida Paulista?

     - Mas nem lhe conto! Até parecia pesadelo! Dois homens se beijando – que de homens só tinham a feição - e um outro vestido de padre, que deveria ser maricas também, fingindo que abençoava e eu ali, perdido que nem cachorro em procissão.

     - Mas quem diria!...

     - Nem contando eu acredito! E como eu estava pilchado em reverência aos pagos e para que não me confundissem naquela cidade de veados, foi por isso mesmo que me confundiram e até pediram que eu fosse o padrinho e entregasse as alianças para a noiva, que era o mais afrescalhado dos dois, vestido todo de rosa e pintado que nem mulher de zona.

     - E o senhor serviu de padrinho?

     - E fazer o quê?! Cercado, perigando até a vida se eu recusasse e chegaram a dizer que o prefeito e o governador estavam assistindo a cerimônia – você não há de ver a que ponto chegaram aqueles paulistas! – e eu tonto no meio daquela bicharada, me fiz de sonso, que pra bobo eu não sirvo, peguei as alianças e enfiei nos dedos dos dois e o que parecia homem até parecia homem – era o noivo! – e se beijaram ali na minha frente e todos os outros também começaram a se beijar e teve um que queria me agarrar e me dar um beijo – o senhor nem imagine a minha indignação! – e eu lhe dei um repelão dizendo que estava me sentindo mal e ele gritou um gritinho esganiçado e disse que ia me levar no banheiro, que tinha um ali pertinho – imagina só a intenção do qüera – e foi aí que eu encomendei a minha alma a Deus e fiz aquilo.

     - Mas que situação... O que foi que o senhor fez, seu Chico?

     - Como última saída, só pra me livrar daquele apertume e pra evitar de ter que matar um, mesmo que fosse só esgoelando eu tive que ser indecente.

     - O senhor ta querendo me dizer?...

     - Não me interprete mal, que eu não fiz o que o senhor está pensando, que seria melhor morrer que deixar de ser homem, não foi aquele tipo de indecência, nem parecido!, que senão eu não tinha nem voltado para o meu Rio Grande, tapado de vergonha como iria ficar! Não senhor! Indecências, tem várias e eu fui muito bem educado para evitar todas elas, mas naquele momento de extrema necessidade eu tive que apelar.

     - Mas não me deixe curioso, seu Chico! Conte logo!

     - Pois botei dois dedos na garganta e vomitei ali mesmo, cheio de vergonha, mas fiz aquilo e foi a minha salvação, acredite, porque deu um reboliço e correram para todos os lados, gritando fininho e dizendo “que cheiro ruim!” e outras coisas lá naquela gíria bichesca e eu fui saindo devagar, fingindo que tava passando mal e todos se arredando, que era mais o que eu queria e chegaram uns polícia tentando me ajudar e eu disse que não precisava, que as minhas pilchas não eram fantasia e que eu podia me agüentar sozinho e me arredei daquela multidão o mais que pude e quando vi já tava em outra rua e chamei um táxi e fui pro hotel.

     - Que alívio, hein seu Chico?

     - Alívio é dizer pouco! Cheguei no hotel mais morto que vivo.

     - E depois, pegou o avião e veio direto?

     - Quase fiz isso. Mas preferi tomar um banho, trocar de roupa e descer pra comer alguma coisa, enquanto botava as idéias no lugar.

     - E fez muito bem, seu Chico. Já imaginou se o senhor estivesse com o seu facão lá no meio da parada gay?

     - Nem quero pensar nisso, que na hora eu até pensei em fazer uma morte, mas foi Deus que me orientou a não sair de arma branca. Mas lá embaixo, no restaurante, eu já estava tranqüilito, depois de pedir o meu assado com um vinhozinho, que ninguém é de ferro e a vida é curta, e imagina só o que eu vi?

     - Viu mais gays, seu Chico?

     - Pois é verdade! Tinha um grupo voltando da parada – e foi o garçom que me contou que tinha sido uma parada guei, que deve ser uma palavra lá na língua deles pra distinguir veado...

     - Me permita, seu Chico: gay é uma palavra inglesa, que significa divertido, engraçado, alegre.

     - Pois lá estava aquele grupo de alegres, aquele mesmo do casamento na rua e ainda vestidos com as mesmas roupas, e quando eu perguntei ao garçom o que aqueles frescos faziam ali, o garçom me disse a mesma coisa que o senhor – que não eram frescos, mas gueis - só que na hora eu não atentei para o significado, mas deixei por isso mesmo, me fiz de morto, virei de lado e comecei a comer e a lembrar desta abençoada terra, que também tem os seus gueis, que isso tem em tudo que é lugar como se fosse uma advertência de Deus, mas que não se metem com homem de verdade, que Deus os livre!

     - E então, seu Chico?

     - E então que quando eu já estava achando até engraçada aquela aventura da tarde com os rapazes alegres ou gueis, como quiserem que pra mim não tem diferença no conteúdo, se chegaram os dois noivos pra minha mesa. Tinham me reconhecido, imagine o senhor!

     - Mas que causo, seu Chico! Até parecia perseguição...

     - Assombração, é o que o senhor quer dizer. Mas chegaram muito educadamente e me perguntaram se eu já estava bem do estômago. Respondi que sim, e que me desculpassem os meus modos naquela tarde, que eu não sabia que era uma parada guei e que sentassem se assim desejavam.

     - E...?

     - Pois não se fizeram de rogados. Puxaram as cadeiras, sentaram, se apresentaram e disseram que todo ano tinha uma parada assim lá em São Paulo, que até padre participa e mais autoridades e políticos e que era um movimento para lutar contra os homens fóbicos. Perguntei quem eram esses tais de homens fóbicos, eles riram e disseram que eram pessoas que não gostavam deles e que tinha uns que até perseguiam e matavam os gueis.

     - E é verdade, seu Chico.

     - Mas eu não sabia e lembrei de imediato do meu pensamento e da minha raiva, quando me bolinaram de tarde e me senti envergonhado e disse a eles que tinha gente pra tudo, mas que quem mata não precisa ser fóbico, porque bandido é bandido em qualquer lugar, mas que não me confundissem, que eu não era – e não sou, o senhor me conhece! – de violência. Mas que tinha me sentido perdido naquela multidão e passado mal devido ao aperto. Tentei me desculpar como pude; o senhor há de entender que aquela era outra situação e aqueles rapazes já não me pareciam mais tão estranhos, mesmo com aquelas pinturas na cara.

     - O senhor fez muito bem seu Chico. Nem tudo que brilha é ouro.

     - E Deus existe para todos, o senhor há de convir – até para os veadinhos, como dizia São Francisco – e aqueles moços alegres não tinham toda a culpa de serem assim, hoje em dia se coloca muito hormônio nessa comida industrializada e há quem diga que aquela poluição da São Paulo altera as pessoas. E eu estava pensando assim, já mais manso, e aceitando conversar uma coisa e outra com os dois gueis, porque o senhor sabe que eu sempre fui a favor da diversidade e da diferença – embora não tanto! – quando eles me convidaram pra uma festa.

     - Pra uma festa, seu Chico? Uma festa gay?

     - Não disseram assim. Disseram que era uma festa de São João, pois estamos no mês, o senhor sabe, e que não aceitavam recusa.

     - E o senhor foi, seu Chico?

     - De início, eu fiquei meio assim, querendo me desculpar que eu tinha viagem marcada, mas percebi que eles começavam a se sentir ofendidos e acabei concordando com a condição que eu teria que voltar mais cedo.

     - Não me diga!

     - Pois lhe digo. Confesso que me bateu a curiosidade e outro pouco por educação. Fui com aqueles dois, os noivos gueis, que insistiam que eu era padrinho deles e mais uma turma de travestidos, os que estavam jantando no hotel. Foi numa chácara, que eles chamam de sítio, não muito distante. E tinha até fogueira, docinhos e tudo que uma festa de São João tem que ter. Tinha até criançada brincando de roda.

     - E o senhor no meio dos gays...

     - Nem todos. Nem todos eram gueis. Aos poucos fui me acostumando ao ambiente alegre e descontraído e fui ficando. Já não me importavam as frescuras dos gueis, porque o estranho seria se não tivesse frescura, nem as vozes de falsete me perturbavam, nem as mulheres gueis que se tratavam com tanto carinho que chegou a me enternecer. E dizer que eu as tratava de sapatão!

     - Todos tem direito à própria vida, seu Chico, do jeito que desejarem, desde que não incomodem o próximo.

     - Foi o que eu pensei também. Aos poucos, mas pensei. E acabei me envergonhando com a minha atitude de grosso naquela tarde. Me trataram com toda a educação e carinho, simularam outro casamento, só que casamento na roça e eu até me propus a ser o padrinho de novo e foi tudo muito alegre e muito festivo. Os noivos eram duas gueis, mas naquela hora eu nem estava ligando se eram dois homens, duas mulheres ou um homem e uma mulher. Quando começou a amanhecer e o cansaço bateu, disse que era hora de voltar, que eu teria que viajar de manhã, o mais tardar de tarde e um deles se dispôs a me levar para o hotel. Abracei a todos, sem medo dos abraços, beijei as moças e desejei muitas felicidades e lhes dei até uma prenda – um isqueiro antigo, por falta de melhor presente, afinal eu era o padrinho! -, trocamos endereços e informações pessoais e voltei.

     - Mas que bonito, seu Chico!

     - Sabe, estes campos, esta terra que às vezes fica árida, esta vida que às vezes fica muito repetida e chata, rotineira, a educação que os nossos pais nos deram quando crianças, que era a que eles consideravam a melhor... Tudo isso nos deixa com idéias pesadas sobre tudo.

     - Nos deixa inflexíveis, não é seu Chico? Com medo de ir além também no modo de ser e de pensar...

     - Pois era isso que eu pensava quando estava chegando aqui e antes de encontrar o senhor e lhe contar essas aventuras. Vivendo e aprendendo... Sabe, ontem, quando saí de casa pra comprar uma coisitas que faltavam lá em casa, por ordem da minha patroa, eu vi o filho da dona Isolda, aquele que é meio guei. Antes, eu passava por ele reto, sem nem olhar direito. Pois imagine que eu o chamei, perguntei pela família, como ia passando a sua mãe, me informei sobre a vida dele e me ofereci para o caso de alguma necessidade. Sem me forçar a nada, de maneira natural. E sabe o que mais?

     - O que mais, seu Chico?

     - Os olhos do rapaz brilhavam enquanto eu falava com ele. E eu me senti mais leve, mais inteiro, mais homem, mais humano.

sábado, 25 de junho de 2011

BERRA BOI


Imagine-se um boi morto. Não qualquer boi magro a quem o sol reivindica o último suor da morte. Mas um boi aproveitável, um boi que, na verdade, não está morto. Ainda. Um boi vivo que já passou da idade de morrer, sob o constante e insistente olhar perscrutante de todos os outros animais da manada. Não somente os bois, mas todos os outros animais, principalmente aqueles que adoram carniça e que desejam que você morra logo e se transforme em carne. Carne morta. Degustável. Carne que servirá para ser bicada, estraçalhada, rompida, dividida.

     Imagine-se boi. Um boi que já passou da idade de viver, mas que insiste em saborear a vida. Agora sob o olhar vigilante dos corvos, que o querem morto como na poesia do Bandeira. Não por suposta fome, porque são tantas as carniças espalhadas pelo campo, que já estão enfastiados. Mas pelo prazer de vê-lo morto para poder dilacerar as suas carnes, para dividi-lo em postas que poderão ser comidas, eventualmente.

     Imagine-se um boi que acredita nos demais bois e tem afeição pelos outros animais que não são bois. Uma espécie de boi franciscano. Um boi ingênuo. Não interessa a sua idade, porque você não se preocupa mais com essas coisas, pois já viveu todos os tempos e saboreou todas as pastagens e bebeu de todas as águas e apenas deseja continuar a ser o que você sempre foi – boi, descomedido boi. Mas boi vivo, que ainda se delicia com o por-do-sol e com o amanhecer e com o estranho mistério do brilho das estrelas mortas, que você não vê, mas adivinha.

     Imagine-se um boi que confia nos demais bois, que não percebe as aves de rapina que já o desejam morto e que se enraivecem pela sua persistência em continuar vivo e um dia, sem qualquer aviso, decidem matá-lo. Não de frente, porque tem natureza traiçoeira, mas usando de ardis.

     Um belo dia – e todos os dias são belos para você – você acorda e vai beber água. E não encontra a água. Vai comer e o pasto já não está no mesmo lugar. Você reclama, ergue cartazes, faz passeatas, exclama um raivoso “buff” quando percebe aquelas aves a espreitá-lo. Mas de nada adianta. Os corvos são espertos e falaciosos e dizem que para você beber água deverá pagar o preço da rapina e para você comer o seu pasto precisará empenhar o seu couro para eles. Você reclama, mas eles mostram leis. Leis que favorecem apenas a eles, carnívoros voadores - tão espertos com os seus bicos sempre vorazes e a sua eterna roupa preta de velório.

     E você apenas boi. Inocente boi. Mas boi com fome e com sede. Boi a quem negaram o simples direito de continuar a ser boi e que somente reaverá esse direito se pagar aos rapinantes o preço da rapina.

     O que você faz, preclaro boi? Deixa-se morrer de tédio e desilusão e desânimo? Deixa-se matar, aos poucos, para que os corvos enfim se satisfaçam com a sua morte e com o seu penhorado corpo? Clama aos céus, esperando que um anjo vingador lhe faça justiça, ou lembra dos seus tempos de touro e investe contra os corvos?

     Mesmo sabendo que talvez não adiante nada, porque os corvos tem asas e voam e tem amigos, muitos amigos, que talvez também estejam interessados em alguma parte do seu corpo e você é um boi, pesado boi, insofismável boi, destemido boi. Talvez quixotesco boi.

     Quem olha para você vê apenas um boi dentre tantos bois do rebanho. Mas, se olharem bem, verão que você é o boi que berra, que não se intimida, que não se limita a apenas pastar indolentemente, mesmo quando o pasto é ralo. Você é o boi que busca novas pastagens e novos rios, o boi que muge forte e que investe contra os corvos que o desejam morto e estraçalhado e não se deixa dominar pelos seus fixos olhares, ceifadores como a morte.

     Agora você sabe que eles o querem morto, caído, quieto como um espólio a ser dividido por credores famintos. Mas não se importa mais porque descobriu que a vida é descoberta a cada segundo e bichos que comem bichos mortos não passam de lixeiros, que usam leis próprias para apressar a morte dos que desejam saquear. E você se rebela contra isso; prefere lutar a ser somente mais um boi.

     Mas como lutar, prestimoso boi, se a manada inteira é feita de bois de canga, subservientes bois, cansados bois, anestesiados bois, bois que apenas pastam e mugem e nada mais desejam senão pastar e mugir dolentemente, bois que nada sabem dos corvos, ou, se os vêem os ignoram, porque acreditam que não se pode fugir ao destino pré-traçado, escolhido pelo grande Deus Boi?

     Desesperas, revoltado boi? Ou ainda berras o teu berrar de boi inconformado com os eternos scraps pré-fabricados nas empresas dos que pregam o conformismo, a aceitação da mesma paisagem em variações para todos os tipos de bois, desde que sejam mansos? Como pesa sobre ti a sombra dos corvos?

     Talvez participes da marcha dos ingênuos, programados ingênuos, que somente desejam um pasto mais alucinógeno ou entre no twitter para declamar a tua insatisfação de boi inconformado em 140 toques, ou brinque de muitos amigos no facebook, onde muitas revoluções são feitas, estimado boi, menos a tua, a revolução que te libertará dos corvos, que te fará acreditar em outras possibilidades, além deste mundo pastagem, onde todos apenas pastam, satisfeitos ou submissos e trocam mensagens sobre como é bom este variado pasto, que um dia sumirá, mas é a vida!?

     O que te restará, mágico boi, quando sentires a inevitável coorte de corvos sobre a tua insubmissa carcaça, senão a magia suprema, a transformação em touro bravo, mais que isso, esfinge, aterradora esfinge, com suas asas a planar sobre a plácida manada em infinito berro?

quinta-feira, 23 de junho de 2011

A LICENCIOSIDADE COMO MEIO, O NEOPAGANISMO COMO META


A próxima parada do orgulho gay de São Paulo, provavelmente no dia 26 de junho, traz como lema “Amai-vos uns aos outros – basta de homofobia”. É claro que é um deboche sobre as palavras de Jesus e uma provocação aos católicos e evangélicos. “Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei” é a frase completa e não se tem notícia de que Jesus fosse gay. Muito provavelmente ele era essênio e os essênios faziam voto de castidade e odiavam a promiscuidade. Além disso, as palavras de Jesus tinham um sentido espiritual e os gays lutam pelo aspecto material, físico, do amor. Apenas pelo prazer sexual que eles poderão ter amando-se uns aos outros do mesmo sexo. O lema da parada poderia ficar apenas no “basta de homofobia”. Seria mais sincero.

     Mas a Igreja Anglicana está apoiando a parada. Não se sabe exatamente se são apenas os homossexuais anglicanos que apóiam a parada gay ou se é uma questão política, porque todos sabem que a Igreja Anglicana, desde Henrique VIII, é um dos braços do Estado britânico. Uma questão política, porque a Inglaterra, assim como muitos países europeus e muitos estados dos Estados Unidos tem dado muita ênfase, desde que entrou o século XXI, para os direitos dos homossexuais. Ênfase até demasiada – assim como está acontecendo no Brasil – ao ponto de tirarem alguns direitos da maioria heterossexual, como pretendem no Brasil, em nome do que apelidaram de luta contra a homofobia.

     E a Inglaterra é um país imperialista. Ao lado dos Estados Unidos, eles dominam o mundo, impõem os seus conceitos políticos, invadem alguns países, bombardeiam outros, dominam economicamente os demais e querem que todos sigam, também, os seus costumes. Assim como os Estados Unidos, é um país de mentalidade degradada, não por causa dos cidadãos, mas devido ao sistema que o governa.

     E, através da mídia, impõem aos países colonizados, como o Brasil, os seus hábitos, os seus costumes, a sua deturpada ideologia e as suas perversões que se refletem no que eles tem feito ao mundo e à natureza. Jesus também disse: “Por seus frutos os conhecereis”. E os frutos, as conseqüências das ações da Inglaterra, Estados Unidos e aliados, como o Brasil atualmente, tem sido as piores possíveis para o mundo. Por isso, não é de se estranhar que os políticos desses países estejam manipulando uma minoria que poderá se transformar em grande força eleitoral.

     O Brasil, ou o governo brasileiro atual, devidamente submisso ao império, apenas segue o plano imposto de fora, porque há todo um plano do atual sistema (vide matérias sobre os Illuminati) para impor aos povos um governo mundial. E esse plano inclui a destruição das grandes religiões – Cristianismo e Islamismo.

     O Islamismo está sendo derrotado aos poucos, através de guerras, da mídia e da cooptação de supostos líderes árabes. A guerra da Internet ou Guerra do Facebook, que tem jogado multidões iradas e provavelmente drogadas contra as armas dos seus governos – suicidas sem causa – para provocar uma intervenção da ONU, como aconteceu na Líbia e provavelmente venha a acontecer na Síria, tem sido a grande estratégia do imperialismo para derrotar líderes islâmicos, desacreditar aquela religião e confundir as massas.

     A luta contra o Cristianismo tem várias facetas, todas visando destruir a religião, desacreditar o Vaticano e as igrejas evangélicas e desconstruir a figura de Jesus. Uma dessas facetas, talvez a principal no momento, é o apoio dos governos ao homossexualismo, ao mesmo tempo em que, sob o mote pseudo-moralista de combater a homofobia, fazem-se leis para retirar direitos da maioria cristã.

     O governo brasileiro apenas segue o script imposto de fora. Como bom vassalo, tenta impor as mesmas leis sobre costumes que já imperam em muitos países europeus, notadamente na Inglaterra. E a Inglaterra é o exemplo maior que não devemos seguir no que tange a permissividade e adulteração dos costumes.


DITADURA HOMOSSEXUAL NA INGLATERRA


     • Em julho de 2007, o então primeiro-ministro Gordon Brown buscou promover uma agenda homossexual a nível nacional e internacional, o que poria em sério risco a liberdade religiosa e de expressão, denunciou o site pró-vida LifeSitenews.com.

     • Brown desejava erradicar todo tipo de oposição à agenda gay, especialmente a que se dá em escolas religiosas. O ministro declarou: "este governo obteve um grande progresso: por exemplo, chegamos a uma idade de consentimento, rechaçamos a seção 28 (que proibia promover a homossexualidade ‘como uma relação familiar’ nas escolas) e declaramos ilegal discriminar às pessoas por sua orientação sexual".

     • Em 18 de Maio de 2011, foi noticiado que o casal Eunice e Owen Johns estão em luta processual contra a prefeitura de Derby que lhes nega a adoção de crianças por se recusarem a ensinar ao possível adotado que a homossexualidade é um “estilo de vida” aceitável. Os Johns já tem mais de 39 anos de casados, possuem 4 filhos naturais e quase 20 filhos adotivos. Hoje, uma das alegações contra a família, levantadas pelo órgão de adoções da prefeitura, está em que os filhos menores são obrigados a acompanhá-los à igreja nos domingos.

     • Não é o primeiro casal a ser barrado pelo Estado. A agência de notícias Life Site News já reportou outros casos anteriormente de pessoas que preferiram desistir que enfrentar o judiciário. Sob pretexto de combater a “homofobia”, foi posto o tal comprometimento como requisito para todas as pessoas interessadas em adotar.

     • Para Andrea Minichiello-Williams, advogado e diretor do Centro Legal Cristão (CLC), as pesquisas claramente demonstram que as crianças se desenvolvem melhor numa família com pai e mãe que vivam num relacionamento de fidelidade. Andrea também constata que para o Supremo Tribunal chegar ao ponto de considerar se os casais cristãos, com opiniões tradicionais sobre a ética sexual, sejam aptos e preparados para cuidarem de crianças, isso é uma reversão estupenda do conceito do bem-estar público e da definição tradicional da moralidade sexual. Como não podia deixar de ser, nessas horas, aqueles que se dizem defensores da liberdade, da consciência livre, da igualdade e da tolerância, tomam uma atitude bem diferente da bandeira que ostentam.

     • Summerskill, diretor da organização homossexual Stonewall, um grupo de pressão política, considera que o impedimento é sensato, pois as necessidades das crianças têm de ser colocadas acima dos “preconceitos” de potenciais pais adotivos. O caso inglês deixa um aviso para aqueles que ainda se iludem com as leis beneficiadoras da homossexualidade, achando que em nada vão interferir na vida dos demais cidadãos.

     • O Dr. Hans-Christian Raabe havia sido nomeado para o Conselho Consultivo sobre Uso Indevido de Drogas (CCUID). Ele sofreu a ira dos ativistas gays quando disse que o vício de drogas é uma das razões porque o estilo de vida homossexual é destrutivo. Ele é membro e consultor da Comunidade Maranata, um movimento cristão que oferece aconselhamento para homossexuais que desejam deixar o estilo de vida gay.

     • Ele é autor de um estudo alertando que “há um número desproporcionalmente maior de homossexuais entre pedófilos e há algo em comum entre o movimento gay e o movimento que quer tornar a pedofilia aceitável”. No mesmo estudo ele diz que a normalização da atividade homossexual já tem trazido como conseqüências graves riscos à saúde pública e aumentaria as despesas na saúde pública para tratar pessoas afetadas pela perigosa conduta sexual dos homossexuais.

     • Na Escócia, ao lado da Inglaterra, um pastor que pregava nas ruas foi preso e multado em 1.000 libras em Glasgow por dizer a uma pessoa que estava passando na calçada, em resposta direta a uma pergunta, que a atividade homossexual é pecado. Shawn Holes passou a noite de 18 de março na cadeia, e de manhã confessou culpa diante das acusações de que ele havia feito “comentários homofóbicos… com o agravante de preconceito religioso”. No ano passado.

     • A nova Lei de Orientação Sexual da Inglaterra prometia proteger os religiosos de todo tipo de repressão antidiscriminação. Contudo, um pastor, que não quis contratar um homossexual praticante como líder de jovens para sua igreja, foi processado e perdeu. Esse pastor, mesmo sendo liberal e aceitando o homossexualismo em muitos aspectos, não concordava com a vida promíscua do homossexual. Gente de sua própria denominação, muito mais liberal do que ele, achou que é preconceito excluir um homossexual de função na igreja só porque ele é promíscuo. A questão então não foi entre liberais e conservadores, mas entre liberais e ultraliberais.

     • A vitória do homossexual promíscuo servirá de exemplo e ameaça para todas as igrejas da Inglaterra, mostrando para todos o que acontece quando os cristãos cedem aos enganos dos militantes homossexuais. Os cristãos ingleses deixaram que a Lei de Orientação Sexual fosse aprovada porque os militantes gays deram espaço para a introdução de uma cláusula de “isenção religiosa” — que se mostra inútil agora. Sua única utilidade foi ajudar a convencer os cristãos ingleses de que a Lei de Orientação Sexual jamais faria com eles o que está fazendo agora.

     • A Sra. Pauline Howe, de 67 anos, de Norwich, foi informada por dois agentes policiais que visitaram a casa dela que ela pode ter cometido um “incidente de ódio” simplesmente por ter escrito uma carta para a prefeitura local se queixando da parada gay local.

     A Sra. Howe diz que está considerando a possibilidade de processar a polícia, depois de sofrer o que ela descreveu como um interrogatório “pavoroso e ameaçador”. Ela está buscando conselho legal do Instituto Cristão, uma importante organização inglesa de defesa dos cristãos.

     • Ela enviou a carta depois de ter sido incomodada e sujeita a ataques verbais sexualmente explícitos quando participou de um grupo de outros cristãos que estava distribuindo folhetos no evento da parada gay de 25 de julho. Em sua carta, a Sra. Howe disse: “Eu e outros cristãos presentes não estamos tentando impedir que aqueles que estão envolvidos nessa conduta obscena façam isso na privacidade de suas casas”.

     “É a exibição de tal indecência nas ruas de Norwich que é tão ofensiva para Deus e para muitos residentes de Norwich”, escreveu ela. “É vergonhoso que esse pequeno, mas vociferador grupo homossexual receba permissão de fazer tal exibição sem o número mínimo de homossexuais”.

     • Mike Judge do Instituto Cristão disse: “Quer as pessoas concordem ou discordem das opiniões da Sra. Howe, todos os que se importam com a liberdade têm de sentir-se apavorados com a ação da polícia”. “Para que a democracia sobreviva, as pessoas têm de ser livres para expressar suas convicções, sim, até mesmo convicções impopulares, para os órgãos governamentais sem medo de sofrer uma batida da polícia na porta. Não é crime ser cristão, mas cada vez mais se sente como se fosse”.

     • Um pregador protestante inglês, foi preso no dia 20 de Abril de 2010 por um oficial de polícia de apoio à comunidade homossexual (PCSO), porque afirmou publicamente que “o acto homossexual era um pecado à luz da Bíblia”. Em Inglaterra, o movimento político gay é de tal forma influente e poderoso que existem já ramos de polícia especializados em perseguir a opinião pública que se atreve a desafiar a cultura gay.

     • Dias depois da prisão de McAlpine, o cidadão inglês Gary McFarlane, um psiquiatra especializado em terapia sexual, foi despedido da clínica onde trabalhava por se ter recusado a aconselhar uma dupla de gays que se tinham dirigido à clínica. McFarlane alegou o facto de, sendo cristão, não se sentir à vontade para aconselhar uma dupla de gays. McFarlane processou judicialmente a clínica alegando o direito à objecção de consciência; porém, ele teve azar com o juiz que encontrou a julgar o processo. O ativismo político judicial floresce na Inglaterra, e o movimento político gay entranhou-se já e também no sistema judicial. Na sentença, que não deu razão a McFarlane, o juiz Laws, declarou que “os cristãos não têm direitos” na sociedade inglesa e que a protecção legal para a opinião baseada na religião “não é sustentável em qualquer princípio”.

     Agora a última notícia sobre esse tema: A Igreja Anglicana da Inglaterra se prepara para autorizar que sacerdotes homossexuais sejam ordenados bispos.

     É todo um processo de desmoralização do Cristianismo nas suas bases bíblicas. Ao mesmo tempo, ataca-se moralmente o Islamismo, que considera o homossexualismo como perversão de conduta.

     O escritor turco Orhan Pamuk, Prêmio Nobel de Literatura em 2006, em seu livro “Neve”, mostra a sociedade turca dividida entre aceitar o secularismo, também chamado de iluminismo ou ateísmo ocidental, ou resistir ao Ocidente e a todos os seus males. Uma das maneiras dessa resistência, naquele livro de ficção, parte das mulheres, que se negam a retirar o manto da cabeça para marcarem uma posição política de rejeição ao Ocidente. Hoje sabemos que a Turquia é um país aliado do Ocidente, apesar das divergências políticas internas, e também sabemos que na França, em nome de uma estranha democracia que retira direitos, as mulheres que professam a religião islâmica são obrigadas a descobrir a cabeça sob pena de serem presas.


AS IGREJAS HOMOSSEXUAIS


     Talvez a Igreja Anglicana, ao permitir a ordenação de bispos homossexuais, esteja apenas tentando lutar por uma significativa parcela da população que já está aderindo a outras igrejas claramente homossexuais.

     No Brasil, existem algumas novas igrejas declaradamente homossexuais, embora digam que não renegam pessoas heterossexuais.

     A Igreja da Comunidade Metropolitana do Brasil (ICM), já existe há 38 anos nos Estados Unidos e quatro no Brasil. A nova seita prega que para Deus não existe acepção de pessoas, conforme passagem bíblica. Além de homossexuais, heterossexuais também podem ir aos cultos, assim como crianças e idosos. A bíblia é o livro usado pelos membros da igreja durante os cultos ecumênicos. A doutrina faz casamento de pessoas do mesmo sexo, embora o Código Civil não reconheça este tipo de matrimônio.

     Atualmente, a igreja já existe em Niterói, Rio de Janeiro (capital), São Paulo, Salvador, São Luís (MA), Fortaleza, Teresina (PI) e Brasília, a última fundada em 2002. Segundo o pastor Gelson Piber, 44, coordenador da ICM no Brasil, a partir de setembro começa em Goiânia o trabalho de divulgação na mídia sobre a implantação da igreja.

     Para Piber, o respeito às outras religiões é fundamental, por isso, a ICM também exige o mesmo comportamento. "O importante é ter Deus no coração. Não importa o tipo de sexo que cada um pratica." Segundo ele, a homofobia praticada pelos cristãos faz com que a ICM amplie suas filiais pelo País, voltada para o público gay. Em solo brasileiro, estima-se que existem 350 participantes dos cultos. O público predominante é na faixa etária de 25 anos, mas segundo Piber, participam das orações crianças a partir de três anos até idosos com 60 anos. Gelson Piber diz que atualmente existem 70 membros da ICM em Niterói. Destes, a maioria é constituída por homossexuais, o restante entre lésbicas, travestis e simpatizantes. Piber é pastor há três anos. Iniciou a carreira no Rio Grande do Sul. É casado com um homossexual há quatro meses.

     A Igreja da Comunidade Metropolitana do Brasil (ICM) foi fundada em Los Angeles, Estados Unidos, em 1968. É uma igreja cristã, membro da Fraternidade Universal das Igrejas da Comunidade Metropolitana, (FUICM), que prega o Evangelho à comunidade LGBT no mundo.

     A Irmandade Adventista do Sétimo Dia também nasceu nos Estados Unidos. Lá, se chama God's Rainbow Ministry. É um ministério para gays e lésbicas adventistas, fundado em conformidade com a declaração sobre homossexualidade anunciada pela Associação Geral em 1999 e realizado sob a orientação direta da liderança da Igreja Adventista Central de São Francisco com o apoio da Associação Central da Califórnia".

     A Igreja Inclusiva foi fundada pela missionária Lanna Holder. Há oito anos a missionária que era muito famosa no meio pentecostal se envolveu em um escândalo assumindo que teve um caso homossexual com uma líder de louvor dos Estados Unidos. Além de perder o esposo, ela passou por momentos de acusação, calúnias e até problemas financeiros. De volta ao ministério a missionária anuncia seu desligamento oficial das Assembléias de Deus e apresenta essa nova comunidade em conjunto com a pastora e cantora Rosania Rocha.


A DIVISÃO NA IGREJA ANGLICANA DO BRASIL


     Pela primeira vez na história das Igrejas históricas membros do CLAI (Conselho Latino Americano de Igrejas) e CONIC (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs), a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil se fez presente na Programação Oficial do Orgulho Gay. A 9ª Edição da Feira da Diversidade faz parte da programação e tem sido um espaço para divulgação dos trabalhos das entidades junto às comunidades LGBT. A entrada da Igreja Anglicana na Feira significou uma abertura ao diálogo no espaço LGBT com a comunidade de fiéis. O grupo de anglicanos identificados com o nome de INTEGRIDADE da Paróquia da Santíssima Trindade esteve presente com uma tenda no setor de ONGS divulgando os trabalhos da igreja junto à sociedade.

     A paróquia anglicana também participou da edição do 7º Ciclo de Debates que tem como tema “Construindo Políticas para LGBT”.

     No entanto, A Igreja Anglicana do Bispo Robinson Cavalcanti esclarece que “Homossexualismo é incompatível às Sagradas Escrituras.”

     A Igreja deixa claro a Resolução 1.10 da Conferência de Lambeth de 1998 da Diocese que considera a prática do homossexualismo como “incompatível com os ensinos das Sagradas Escrituras, e dos documentos recentes da Aliança Evangélica e da Associação Brasileira de Educandários Evangélicos, afirmando a normatividade da heterossexualidade.”

     A Diocese lamenta que no universo protestante existam “Igrejas” assumidamente homossexuais (Metropolitana, Contemporânea, Inclusiva, etc.), e que haja segmentos denominacionais – inclusive autoproclamados “anglicanos” – que assumam posturas contrárias à Palavra de Deus.

     Ela esclarece também que considera que os ditos “evangélicos” ou “anglicanos,” que participam ou lideram esse “lamentável espetáculo hedonista” com financiamento público, não são membros ou congregados da Diocese do Recife, nem com a mesma possuem qualquer tipo de vínculo ou relacionamento.

     “Como tem afirmado o nosso Bispo Diocesano, Dom Robinson Cavalcanti: ‘Aqui, nós somos crentes!’” conclui o esclarecimento da Igreja.

     Uma clara ruptura a Igreja Anglicana do Brasil, no exato instante em que na Inglaterra a mesma Igreja Anglicana está permitindo a ordenação de bispos homossexuais.

     E o Brasil quer seguir o exemplo dos ingleses e de outros países que acreditam que permissividade e promiscuidade é sinônimo de democracia. Atualmente, já existem museus da homossexualidade nos Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha. Não sei o que eles contem, mas podemos imaginar.

     Essa onda de propaganda homossexual, apoiada pelo governo brasileiro, mais que combater a homofobia, é uma prescrição que vem de fora, como quase tudo no Brasil. Os homossexuais estão sendo usados por um sistema que não encontra oposição e que deseja implantar um governo mundial.

     Ao lado desse governo mundial, com o fim das grandes religiões atuais, veremos uma única religião de cunho neo-pagão, mas diferente do paganismo verdadeiro, que cultuava a natureza e os seres elementais que a protegem, será um neo-paganismo que ditará um eterno carnaval e que fará das pessoas joguetes dos cinco sentidos e do sistema que as manipulará mais facilmente.

     A questão não é a homofobia. Os homossexuais já estão defendidos na Constituição Brasileira, assim coma os demais cidadãos, contra qualquer atitude discriminatória. O que ocorre é que a nova lei contra a homofobia, que está sendo votada no Congresso Nacional e deverá ser aprovada devido a interesses políticos, retira direitos dos cidadãos que não são homossexuais – assim como já está acontecendo na Inglaterra e em outros países do mundo ocidental.

     Se isso acontecer através de uma lei inconstitucional, teremos no Brasil uma minoria com mais direitos do que a grande maioria. As pessoas não poderão educar os seus filhos de acordo com os seus critérios pessoais ou de acordo com a sua religião e educação, porque haverá um estado fascista impedindo e retirando direitos.

     E isto, devido ao fato de que o governo mundial que já está sendo formado necessita derrubar as grandes religiões para poder impor o seu ditado e está usando os homossexuais como uma das maneiras de alcançar os seus objetivos.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

BOI MORTO


Como em turvas águas de enchente
Me sinto a meio submergido
Entre destroços do presente
Dividido, subdividido,
Onde rola, enorme, o boi morto,

Boi morto, boi morto, boi morto

Árvores de paisagem calma,
Convosco – altas, tão marginais! –
Fica a alma, a atônita alma,
Atônita para jamais.
Que o corpo, esse vai com o boi morto,

Boi morto, boi morto, boi morto.

Boi morto, boi descomedido,
Boi espantosamente, boi
Morto, sem forma ou sentido
Ou significado. O que foi
Ninguém sabe. Agora é boi morto,

Boi morto, boi morto, boi morto.

(Boi Morto. Manuel Bandeira – Opus 10)

     Sobre este poema, Paulo Ronai escreveu:

     “O poema serve de referência à relação entre a poética de Manuel Bandeira e a geração de ’45. Disse o poeta, em certa passagem de Itinerário de Pasárgada, que jamais fez poema ou verso ininteligível para se “fingir de profundo sob especiosa capa de hermetismo”. Só com esse fim também não o teriam feito os melhores poetas daquela geração. A verdade, porém, é que “Boi Morto”, ao ser publicado em suplemento dominical, causou a maior celeuma pelo seu hermetismo...

     “Estrofe a estrofe, boi morto vai adquirindo um estranho valor para, afinal, dominar todo o poema. Ressalte-se o rejet dos 14º/15º versos, no qual o composto boi morto é seccionado, obrigando a uma pausa que lhe engrandece e dá força (...)”.

     (BANDEIRA – Seleta em Prosa e Verso. José Olympio Editora. 1957).


     Poesia é ritmo. Assim como na música, é necessário ter ouvido para escrever poesia. Aliás, nasceram juntas: música e poesia são irmãs-gêmeas. Os primeiros grandes poemas conhecidos, como o Rig-Veda ou os épicos Ilíada e Odisséia, de Homero, ou os poemas de Hesíodo, foram escritos para serem cantados. A recitação de um poema, o dizer a poesia, exigia um instrumento musical. E na época de Hesíodo e de Homero os poemas eram escritos em hexâmetros, uma forma de métrica ou esquema rítmico ideal para a poesia épica, escrita em grego. Permitia que o lirismo poético dos versos cantados fosse mais enfatizado e as histórias contadas no poema épico, ou “cantadas” tivessem a necessária conotação heróica.

     Boi, morto, boi morto, boi morto.

     Nosso futebol, que deveria ser a poesia do povo... como anda triste! Resolveram metrificá-lo e o que se assiste aos domingos são peladas homéricas, com jogadores sem criatividade, jogadas pré-fabricadas – sempre as mesmas! Conta-se uma história sobre Garrincha em um treino do Botafogo. Garrincha era um driblador; adorava o drible pelo drible, a arte pela arte. Mas o seu treinador, à época, era dado a modernismos. Queria que Garrincha chegasse na linha de fundo e cruzasse para a área. E Garrincha fingia que não entendia e continuava driblando depois de chegar à linha de fundo. Então, o treinador, que não lembro o nome, colocou uma cadeira exatamente na linha de fundo e disse para Garrincha que ele deveria cruzar a bola para a área quando chegasse ali onde estava a cadeira. Garrincha não se fez de rogado. Driblou um, driblou dois, driblou três, chegou na linha de fundo e viu a maldita cadeira. Driblou a cadeira e continuou driblando gol adentro. Garrincha inventou a sua própria métrica e a sua própria poesia no tempo em que o futebol brasileiro era esfuziante.

     Boi morto, boi morto, boi morto.

     E cada poema exige o seu andamento, assim como a boa música. Por exemplo, não se pode ler Boi Morto rapidamente. A forma como foi escrito exige um andamento lento e pensativo. E não só a forma. O conteúdo, por mais “hermético” que pareça, pede ao leitor a visualização de imagens paradas, quietas, quase assombradas. E isso exige um ritmo lento na leitura.

     Ao contrário de “Vou-me Embora Pra Pasárgada”, que pede uma leitura leve e rápida, quase singela, em acordo com o conteúdo proposto pelo poeta: “Vou-me embora pra Pasárgada/Lá sou amigo do rei/Lá tenho a mulher que eu quero/Na cama que escolherei (...)”.

     Poesia é ritmo e não conheço nenhum outro poeta que tenha viajado por tantos ritmos como Manuel Bandeira. Antecipou-se alguns anos à Semana de Arte Moderna, de 1922, à qual criticou, no início, mas depois entendeu que era algo que ele já tinha feito. Tanto assim, que “Os Sapos” (que tinha sido escrito em 1918 e publicado em 1919), foi lida por Ronald de Carvalho durante aquela Semana de arte revolucionária. Sob vaias do público, que não entendia nada. Mas o público sempre vaia o que não entende. Leiam um pedacinho:

Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.
Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
- "Meu pai foi à guerra!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".
O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
Vai por cinqüenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A fôrmas a forma.
Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas..."

     Deu vontade de ler todo o poema, não foi? É uma crítica ao Parnasianismo, ao estufar dos papos daqueles que se pretendiam donos do perfeito ritmo, da esmerada métrica e da rima inatacável.

     Boi morto, boi morto, boi morto.

     Convocaram Tostão para a Copa do mundo de 1970 porque ele era melhor que Pelé. Escrever isso é uma heresia? Sejamos heréticos. Todos concordavam que Tostão jogava melhor que Pelé, naquela época. Época em que o Cruzeiro de Tostão foi à Vila Belmiro jogar com o Santos de Pelé e ganhou por seis a dois. A diferença é que Pelé tinha a coroa e a carreira de Tostão foi curta. Principalmente depois de sofrer um descolamento da retina que quase o tirou da Copa. Por isso, jogou o Mundial com todos os cuidados, evitando choques, mas fazendo jogadas brilhantes. Em uma ou outra partida, foi substituído por Paulo César Caju. Aquele era um time que se dava ao luxo de ter Paulo César na reserva. Foi a última vez em que o Brasil viu uma seleção de craques.

     Boi morto, boi morto, boi morto.

     A métrica nasceu naturalmente; não foi imposta à poesia. Mas antes da métrica veio o ritmo, a musicalidade. A rima nasceu junto, como uma espécie de “enfeite” rítmico. Talvez tenha surgido nos primeiros ditirambos a Dioniso, quando aquele deus foi incorporado ao panteão grego, no nascimento do teatro. Ditirambo, que significa "hino em uníssono", consistia numa ode ao deus, cantada e dançada por um coro de 50 homens (cinco para cada uma das tribos da Ática) vestidos de sátiro. Com o tempo, o ditirambo evoluiu para o drama, para a forma teatral, perdendo a métrica original e adquirindo outras formas, que incluíram a prosa poética.

     Hoje, entende-se prosa poética por verso livre, que é a libertação da métrica e da rima, que poderá acontecer ocasionalmente. Mas necessita do ritmo para ser poesia, ou será apenas prosa. Sem ritmo, poderá ser prosa em versos, mas prosa. Mas como saber o que é liberdade se você não sabe o que é prisão? Acredito ser essencial para o poeta o conhecimento das formas poéticas, dos diversos tipos de métrica, do colorido das rimas, para que possa adquirir o ouvido necessário para, talvez um dia fazer a sua própria e original composição poética. E originalidade é o mesmo que liberdade e também rima com criatividade. Foi o que bandeira nos mostrou, quando tecia suas redondilhas, escrevia seus sonetos, aventurava-se por um vilanelle e depois se permitia o ritmo dissoluto.

     Boi morto, boi morto, boi morto.

     O futebol acabou no Brasil. Por mais que a mídia insista – porque a mídia futebolística vive do futebol e tem que defender o seu ganha-pão – em dizer que jogadores médios, às vezes medíocres, são craques, ninguém se engana com o que vê. Ficou demasiadamente contido em parâmetros e compartimentos estanques. Sabe-se antecipadamente o que cada time vai fazer, de que maneira vai jogar. Os jogadores estão ricos demais, perderam aquele elã dionisíaco de um Garrincha, a capacidade artística de um Tostão ou a instintiva genialidade de um Pelé. Fabricam-se jogadores às dúzias nas escolinhas de futebol, mas os programam como robôs. Todos eles tem que chegar à linha de fundo e cruzar para a área. Aquela poesia do futebol brasileiro está morta.

     Boi morto, boi morto, boi morto.

     Manuel Bandeira morreu em 1968. Corrijo: o corpo de Manuel Bandeira morreu em 1968. E deixou uma obra imperecível. Viajou por todas as possibilidades e foi precursor de muitas escolas poéticas. Em um dos seus poemas ele escreve:


POÉTICA

"Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado.
Do lirismo funcionário público com livro de ponto
expediente protocolo e manifestação de apego ao Sr.
diretor.
estou farto do lirismo que para e vai averiguar no
dicionário o vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas.
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Toda as construções sobre tudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os numeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
de todo o lirismo que capitula ao que quer que seja
fora de si mesmo.
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do
amante exemplar com cem modelos de cartas e as
diferentes maneiras de agradar as mulheres etc...
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil dos bêbedos
O lirismo dos CLOWNS de Shakespeare

- Não quero mais saber do lirismo que não é
libertação."

     Boi morto, boi morto, boi morto.

     Admirava-se o futebol brasileiro quando ele tinha aquele lirismo dos clowns de Shakespeare; o lirismo dos loucos. Dizem que Bandeira gostava de ver o Botafogo jogar. Ver Garrincha e sua poética muito própria. Alguns anos depois de sua morte, o futebol também foi acabando no Brasil. Ainda durou uma ou duas décadas e depois se transformou no futebol empresa, sem poesia alguma. Mas o povo brasileiro continua hipnotizado pela métrica das quatro linhas, esperando um milagre a cada partida. Um milagre poético de jogadores milionários, que fazem um teatro meramente apolíneo.  A revolução do futebol já teve o seu tempo e agora transformou-se em dinheiro.

     Hoje, a poesia revolucionária está em outro lugar do Brasil, menos nos estádios. Talvez nas marchas das ruas, nas passeatas que germinam, no povo que diz não.

     Boi morto, boi morto, boi morto.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...