sexta-feira, 28 de outubro de 2016

SEU CHICO E O GOLPE




- É um golpe – disse o seu Chico, quando perguntei o que ele estava achando da situação política. 

- Desculpe, seu Chico, mas todo mundo sabe que é um golpe. Há aqueles que colocam o golpe no passado, lamentando somente a destituição da Dilma, mas o golpe começou com a própria Dilma, que foi removida do governo porque deve ter desconfiado que estivesse sendo usada e se negou a dar continuidade ao golpe, e o golpe prossegue com a retirada dos direitos civis. Na verdade é um golpe que institui uma gradativa ditadura, com o apoio do Judiciário, do Congresso e de sua polícia amestrada. E não se pode deixar de lado as Forças Armadas que fingem que não participam, mas devem estar por trás de tudo. 

- Mas tu nem me deixaste terminar a frase, vivente! É um golpe, e o golpe foi armado pelo PT. 

- Não pode ser, seu Chico. Como é que o PT iria dar um golpe contra si mesmo? 

- Pois lhe digo e reafirmo que o golpe tem o dedo do PT. Não o PT que a gente vê, mas o PT oculto, aquele que age na surdina e manipula Presidente, Presidenta e diabo a quatro. 

- Então me explique esse golpe do PT oculto. 

- Explicar tudo, tudinho, não dá. Mas olhe e veja: o PT não tava meio que desmoralizado com esse monte de alianças e coisa e tal? 

- Tava, mas daí pra dar um golpe... 

- Daí que a direita pegou a dona Dilma, botou contra a parede e disse: olha, faz isso e faz aquilo, senão a gente te tira do governo. Ela fez isso, mas não fez aquilo e eles degolaram ela. Eles têm a maioria no Congresso, o STF meio que comprado, pelo que me parece, a tal de Lava Jato que só existe para maquiar a corrupção do pessoal da direita, uma polícia fascista - e pronto! Voltamos pra época do Mussolini, só que agora é no Brasil. 

- O senhor ainda não me explicou sobre o golpe do PT oculto. 

- Comecei a explicar, e aí vai o resto. Pois o PT oculto é aquele grupo que transformou o PT nessa coisa que hoje vemos: nem cá, nem lá, muito antes pelo contrário; de preferência lá onde estão os grupos que controlam o poder, onde rola o dinheiro grosso. É aquele PT que nas convenções do partido, entre a reforma e a revolução prefere a reforma; entre a reforma e o conservadorismo, prefere conservar a dor, porque quem conserva tem - como diria o Tio Patinhas tomando um banho de dinheiro na sua caixa forte. É um grupo que quer transformar o PT numa cópia do Partido Democrata, dos Estados Unidos. E o que eles fizeram? Me diga o que eles fizeram? 

- Não sei, seu Chico, e estou esperando que o senhor me elucide esse ponto. 

- Nadica de nadica! Quando viram que a Lava Jato servia para limpar a esquerda do PT, deixaram acontecer, faceritos da vida! “Pois não, entre, faça o favor. Pode ir levando o José Dirceu, o Genoíno e quem mais desejar. Quanto ao Lula, vamos negociar, mas deixem ele de orelha em pé, meio que assustado, precisamos mesmo fazer uma depuração no partido; inchou, tem gente demais, cada um querendo comer pelo seu lado e a comida não dá pra todos. Quando terminarem, deixem que a gente faz o resto da faxina.” E aí não vai sobrar nem esquerda nem pseudo-esquerda no PT. No máximo, gemidos do Olívio Dutra e, vez que outra, uma palestra sobre Gramsci da Marilena Chauí, para lembrar o passado. 

- O senhor está querendo me dizer que o PT... 

- Estou querendo dizer e estou dizendo. Não todo o PT, a grande maioria não sabe de nada, mas o grupo que está por trás da grande maioria, o grupo que está por trás até da direção do partido, favoreceu o golpe. Ninguém me tira isso da cabeça – nem que a vaca tussa! Por falar em Dilma, não foi ela que disse que podiam fazer e acontecer, podiam prender quem quisessem, que ela não ia fazer nada – nem que a vaca tussa? E não fez. Achava que com isso ia se salvar. Só que quando apresentaram o script completo, ela se assustou. Parece que eu tô vendo o que ela disse: “Mas o que é isto? Tirar os direitos do povo? Uns que outros eu até tiro, mas todos? Acabar com o Bolsa Família, com o bolsa isso, com o bolsa aquilo? Romper com a Venezuela? Apoiar os Estados Unidos contra a Rússia? Criminalizar os menores, acabar com as festas dos gueis? Desamparar o povo totalmente?”. Então tiraram ela pra poderem continuar com o golpe. Com o apoio daquele grupo que é a favor de tudo isso e de muito mais. 

- Parece até Teoria da Conspiração, seu Chico. 

- Não é teoria, é prática, esse menino. E uma prática muito perversa. O supra-sumo da maldade, pois vá lá que eles queiram fazer seus conchavos, mas a ponto de judiar assim do povo é maldade pura. Ainda bem que não vão durar muito tempo. 

- O senhor acha, seu Chico? 

- Ah, se acho! Pois não foi o Gonzaguinha que escreveu: “O bicho ruim quando não tem do que dar cabo, primeiro morde o rabo e depois vai se comer”? Pois eles já estão começando a se comer. Além do quê, não sei se o senhor já percebeu, mas a resistência está vindo de onde eles menos esperavam: dos estudantes. E o grito de guerra da juventude, dos estudantes, ninguém segura. 

- Que grito? 

- “Ousar lutar, ousar vencer!”

terça-feira, 25 de outubro de 2016

O GOLPE DE 2018





Em 2018 tudo vai melhorar, dizem os políticos muito políticos. Temerosos de que a política apolítica acabe com eles, tornaram-se apocalípticos e chutaram para 2018 o ano da salvação nacional. Segundo eles, em 2016 não dá mais, a ditadura do Judiciário apoiada pelo comprado Congresso instalou-se muito lampeira, feliz da vida, colocou o joguete Temer como Presidente e garantiu o apoio das forças ocultas armadas e desarmadas.

   2017 será um ano morto para a política partidária, e morto para muita gente. Haverá a probabilidade de uma guerra mundial, com bombas nucleares de pequena potência atingindo alvos específicos, assim como bases militares e cidades demasiado povoadas necessitando de urgente reforma urbana, e, de quebra, o Brasil talvez ajude os Estados Unidos a atacar a Venezuela, Bolívia e Equador, com o Sérgio Moro de marechal supremo, e o Temer, entre tremeliques e tosses satânicas, ocupando também o palácio do Jaburu que será transformado em templo Illuminati e passará a se chamar Jabulon.

    Enquanto isso, devemos sofrer nossas dores com a paciência dos domados, tentando resistir aqui e ali com passeatas e manifestações pacíficas, muito pacíficas, a cada movimento sendo escorraçados pela polícia do fascismo, às vezes perdendo um olho, ou nem tanto, talvez uma perna quebrada, um queixo fraturado, dizem que estamos numa democracia, regime onde os muito ricos atiçam seus cães contra o restante da população e quem sobreviver saberá que teria sido melhor a reação – mas o que fazer quando é a própria reação que impede qualquer tipo de ação, com os seus monstros fardados?

    - Eles tomaram o poder e vai ficar por isso mesmo? – muitos se perguntam. - Não, que é isso? Estamos lutando com muitas palavras nas sessões intermináveis do Congresso – respondem parlamentares, ansiosos por novas eleições que acalmem a massa ignara que se mostra demasiada insatisfeita com o estupro coletivo dos seus direitos que provoca o regresso à Idade das Trevas. - Nada como uma eleição depois da outra, continuam os eleitos, enquanto a plebe rude morde os próprios dentes.

   Em 2018 Ele volta – ecoam uns aos outros passivos blogueiros que escrevem pacatas matérias sobre a inevitabilidade da volta d’Ele, o Cara, ou mesmo d’Ela, a desocupada ex-presidente. - Agora é um momento de transição - insistem; momento onde transitam os fascistas com toda a sua imbecilidade por sobre os corpos do povo amortecido. Logo, Ele ou Ela, um dos dois voltará, ungido com os parvos votos do obediente povo.

   - E se Ele, ou Ela, perder as eleições? – pergunta alguém menos anestesiado. - É a democracia – respondem. A democracia é assim, uns ganham outros perdem, esperemos novas eleições.

   - E se Ele ou Ela, se eleger e for deposto, ou deposta, de novo? – pergunta outro que recém acordou. - Neste caso haverá o golpe de 2018 e faremos novas passeatas e apanharemos mais um pouco da polícia – retrucam os muito versados em democráticas surras. - É apanhando que a gente aprende a apanhar. Nada como um dia depois do outro, um ano depois do outro, uma vida depois da outra, uma geração depois da outra - insistem os apaziguadores profissionais.

   - E se Ele, ou Ela, voltar e fizer todas aquelas alianças traindo o povo? – pergunta um mais irritado. - Ah, neste caso, o melhor mesmo é assistir novelas e futebol – replica o paciente doutor em golpes de direita.

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

MIGUEL MICHEL ELIAS TEMER LULIA




Miguel Michel Elias Temer Lulia – este é o nome completo do usurpador. Dizem que é de origem libanesa, mas o sobrenome Lulia é provável corruptela de Luria, nome de um dos mais famosos rabinos cabalistas da Idade Média – Isaac Luria -, e sabe-se que o médico Alexander Luria, conhecido por suas pesquisas em neuropsicologia, era filho de judeus. Mas o que mais chama a atenção é a redundância dos dois primeiros prenomes: Miguel e Michel, posto que, em francês, Michel é o mesmo que Miguel. O prenome Elias, deve ser uma homenagem ao profeta judeu. Quanto ao sobrenome Temer, vem do latim timere e significa ter medo. Miguel Temer Lulia diz que a sua família é católica, mas ele próprio está impedido de participar da Igreja Católica, pois, na qualidade de maçom estaria automaticamente excomungado. A não ser que se refira à Igreja Católica Anglicana, criada pela Grande Loja da Inglaterra para abrigar maçons. 

   Na ausência de Lula, Dilma preferiu Lulia para vice-presidente da sua chapa, e deu no que deu. Talvez Lula, o verdadeiro, esperasse que Dilma não concorresse à reeleição, mas ela se entusiasmou com o cargo e continuou com o Miguel Lulia como vice. Acreditava no PMDB e apoiou Renan Calheiros para a presidência do Senado e Eduardo Cunha para a presidência da Câmara. O PMDB traiu em grande escala e colocou um usurpador no governo, com o apoio do golpista STF. O nome dele é Miguel Michel Elias Temer Lulia. Passará para a História como o idiota sem graça da corte. Idiota porque deve ter imaginado que o sobrenome Lulia o habilitava a governar, mas somente através de um golpe de Estado e por curto período; sem graça porque – convenhamos – só o timbre da voz do Temer é uma dor para os ouvidos! 

   Provavelmente o golpe tenha sido planejado com grande antecedência. Não só nas lojas maçônicas e nos quartéis. Também em cafés de fim de tarde dentro de brechós, em festas juninas, julinas ou agostinas, em encontros de igrejas ou de templos – vá lá: encontros templários, onde cavaleiros sem cavalos procuravam motivação para uma decrepitude que atravessa os séculos; nos bailes para a terceira idade, ou para a quarta idade, a quinta... Resolveram-se a conspirar, na esperança de reciclar aventuras políticas encanecidas e perdidas em memórias obtusas, onde se confundem prisões com torturas e torturas com satânicos assassinatos. A velhice os perseguia e desejavam sangue quente nas mãos. Ou nos lábios e dentes de vampiros. 

   Conseguiram o apoio da neurotizada juventude zumbi, dominada por celulares e computadores, todas as obsedantes máquinas que cativam neurônios flagelados, drogas que substituem drogas, e deram a esses jovens destrutivas palavras de ordem, chegara o momento de avaliar condicionamentos, e Dilma estava condicionada a não resistir quando das manifestações em 2013. Não é estranho que naquela época a direita tenha podido fazer todas as festas que desejou – com direito a depredações filmadas pela Globo – sem ser impedida em nenhum momento? Placidamente, a conformada Dilma limitou-se a dizer que eram manifestações democráticas, quando, na verdade, ela estava sendo testada na sua (in)capacidade de resistir a um golpe de Estado. 

    Dilma não resistiu em nenhum momento. A não ser que se entenda como resistência a defesa pífia do seu advogado, que se limitou a colocar a culpa do golpe no Cunha, na vã esperança de que deputados e senadores se sentissem comovidos ou que, tomados de pudor cívico, dissessem não ao golpe. Quem resistiu e ainda resiste e resistirá até o fim de Temer Lulia e da ditadura é o povo, atacado em seus direitos duramente conquistados através de décadas de lutas.

   Fiquei triste ao assistir vídeos do Lula apoiando candidatos do PP (Partido Progressista) em comícios no Nordeste. Mesmo com o golpe e a escancarada ditadura por etapas, continua a inconsciência de uma suposta esquerda que se deixou escravizar por alianças com os golpistas. Quem se alia a golpistas, o que é? O fato é que o PT facilitou o golpe ao resistir somente burocraticamente, depois de abafar os movimentos sociais, retirar a sua força de luta e apoiar-se num Congresso corrupto. Pode-se alegar que Lula foi manipulado pela direita do PT, que tem como seu maior expoente o aliancista Tarso Genro, filho de maçom e provável maçom, assim como Temer Lulia. Mas isso seria explicar o já sabido: que Lula é de direita, uma direita que está conduzindo o PT para a sua desintegração final, a exemplo do que aconteceu com o PDT. 

   Partidos de centro-esquerda, devido à falta de consistência ideológica, servem ao sistema por um determinado período; depois, são substituídos por outros com uma maquilagem mais atraente. Tornam-se partidos necessários para formar uma oposição que legitime a política de cartas marcadas e servem para atrair uma classe média flutuante que desgosta do marxismo – que implica em leitura, estudo e engajamento -, mas se considera inovadora, munindo-se de idéias colhidas em livros da moda e nas redes sociais. Pessoas de todas as idades que preferem partidos “leves”, os quais consideram como uma espécie de clube social onde participam de encontros com carismáticos líderes, palestras e, eventualmente, nas datas aprazadas, brincam de eleições. Assim é o PT; assim aparentam ficar o PC do B e o PSOL; assim é o PPS, o PDT e o PSB. 

    Também estes traíram em larga escala. Ou não traíram, apenas foram coerentes consigo mesmos, com a sua quase não-existência; partidos onde deveria estar o Tarso e todos os tarsistas que formam a quinta-coluna dentro do PT. Mas não custa nada esperar: breve eles dominarão PC do B (também conhecido como Pseudo B) e PSOL, impondo o tradicional jogo de conciliação de interesses e alianças com o sistema que permite a organização de partidos de centro-esquerda desde que sejam devidamente infiltrados por seus treinados agentes. 

    Um deles é o Miguel Michel Elias Temer Lulia, contra o qual há provas de ter servido à CIA. A diferença é que Temer Lulia é declaradamente entreguista e pertence a um partido de direita, o PMDB, enquanto os tarsistas têm por hábito participar de partidos que se acreditam de esquerda, e seu objetivo é descaracterizar esses partidos, tornando-os fisiológicos ao poder estabelecido. Pessoas assim aconselharam Dilma a deixar o Moro livre, muito livre, para fazer o que bem entender. E o Moro ajudou a golpear a própria Dilma e está ajudando a destruir o PT e seu ícone máximo: Lula. Para os tarsistas isso não faz diferença: troca-se o PT pelo PSOL ou pelo PC do B (ou Pseudo B), e assunto resolvido.  

    Mas o que assusta, e assusta muito, é a falta de resistência ao golpe, exceto manifestações aqui e ali pelo “Fora Temer” ou o “Fica Dilma” que, de concreto, nada acrescentaram. Não há uma verdadeira resistência. Tanto é assim, que o Congresso vendido está entregando o Brasil às multinacionais e os sindicatos continuam na sua passividade servil. Herança do PT. Aliás, o PT está deixando várias heranças, antes do apagar das luzes da esperança que cederá ao medo. 

    Em recente artigo, Frei Betto assinala algumas dessas heranças: o PT não promoveu a alfabetização política da população, não tratou de organizar as bases populares, não tomou medidas eficazes para democratizar a mídia, não adotou medidas econômicas voltadas para o mercado interno, não realizou nenhuma reforma estrutural e hoje é vítima da omissão quanto à reforma política. Acrescenta: “Em que baú envergonhado guardamos os autores que ensinam a analisar a realidade pela óptica libertadora dos oprimidos? Onde estão os núcleos de base, as comunidades populares, o senso crítico na arte e na fé?” 

    Mas a principal herança do PT, que jamais será esquecida, foi ajudar a promover, por dolosa omissão, a ascensão do fascismo ao governo que está destruindo os direitos sociais e entregando as nossas riquezas ao capital estrangeiro. Frei Betto explica porque isso aconteceu: “Fomos contaminados pela direita. Aceitamos a adulação de seus empresários; usufruímos de suas mordomias; fizemos do poder um trampolim para a ascensão social. Trocamos um projeto de Brasil por um projeto de poder. Ganhar eleições se tornou mais importante que promover mudanças através da mobilização dos movimentos sociais. Iludidos, acatamos uma concepção burguesa de Estado, como se ele não pudesse ser uma ferramenta em mãos das forças populares, e merecesse sempre ser aparelhado pela elite. Agora, chegou a fatura dos erros cometidos. Nas ruas do país, a reação ao golpe não teve força para evitá-lo”. 

    E como conseqüência, a quadrilha do Elias, a quadrilha do Michel, a quadrilha do Miguel, a quadrilha do Temer, a quadrilha do Lulia.

sábado, 1 de outubro de 2016

ESCOLHA A ROUPA PARA VOTAR




Em processo de reestruturação, o PCB (Partido Comunista Brasileiro) de Bagé, RS, distribuiu à população um pequeno texto sobre as eleições municipais, dividido em duas partes: 1) Manifesto Sufragista; 2) Reflexão Necessária. Vale lembrar que o PCB não concorre às eleições e, portanto, não se trata de propaganda eleitoral. Bagé é a mesma cidade onde o PT (Partido dos Trabalhadores) abdicou de lançar um candidato para Prefeito, preferindo apoiar o candidato do PC do B (Partido Comunista do Brasil – não confundir com PCB); a mesma cidade onde os partidos de centro-esquerda, como o PSOL, PC do B, PT e PDT, decidiram lançar as suas próprias candidaturas, num ato de cordialidade com a direita, que agradeceu a solidariedade – afinal, dizem que estamos numa democracia! -, fez uma coligação com 16 partidos, tendo à frente o PTB (não confundir com o antigo partido de Getúlio Vargas, João Goulart e Brizola) e deverá vencer as eleições com alguma facilidade – salvo cacarecos de última hora. Abaixo, um resumo do texto do PCB.


Termina mais um período de grande hipocrisia, em que inúmeras pessoas subitamente sorridentes, amáveis, cordatas, te visitaram ou abordaram em diversos lugares, revelando-se preocupadas com a tua vida, dispondo-se a ajudar no que for necessário e prometendo que tudo vai melhorar desde que tu passes a alguns dentre eles uma procuração através do teu voto, que, somada a outros milhares de procurações, farão desses escolhidos teus legítimos representantes, e logo após as eleições, já na segunda-feira, conhecidos os resultados das urnas, se eleitos forem...

   É tudo mentira, mas fazer o quê? Deves ter alguma esperança no futuro, ou, mesmo, no presente e é possível que acredites que votar em alguém é o mesmo que apostar na loteria. Quem sabe desta vez vai dar certo? Então, com o teu voto esperançoso e feliz, estarás apostando em A, em B ou em C – quem sabe em D? É um tiro no escuro, mas sempre haverá a possibilidade de que eles, os candidatos, tenham tomado consciência e não estejam concorrendo a um cargo público somente para ganhar mais dinheiro. E ainda que seja assim, o dinheiro em primeiro lugar, talvez imagines que ajudando a eleger um deles um pouco desse dinheiro poderá cair no teu bolso. Afinal, eleição rima com corrupção e se todos roubam, porque não deves participar da festa? 

   Diz a imprensa que é a festa da democracia, e o Tribunal Eleitoral afirma que essa festa depende da tua performance. Mas, antes de votar, faça algumas perguntas a si mesmo. É possível requerer a extinção do mandato do vereador e do prefeito que não cumprir as suas promessas de campanha? Com o teu voto, a miséria, a fome, os preconceitos, as discriminações sociais e econômicas diminuirão minimamente?

   Para que servem as alianças, as coligações, algumas gigantescas, outras pequenas? Certamente não é para desenvolver um plano de governo ideal, e sim para garantir maior tempo de propaganda. E por que os pequenos partidos se aliam com os maiores, senão em troca de cargos? O tempo de propaganda deveria ser dividido igualmente, dando chance a cada candidato para apresentar as suas propostas. Somente assim as eleições poderiam ser chamadas de democráticas. Isso não acontece porque os grandes partidos não permitem, na ânsia de monopolizar e corromper a opinião pública. 

   Observe o que acontece no Brasil. Primeiro, Dilma Roussef deu um golpe no seu eleitor, adotando medidas contra as classes que a elegeram. Em seguida, houve um claro golpe contra a democracia: Dilma foi julgada e condenada por crimes que não cometeu. A Constituição foi rasgada com o respaldo do poder Judiciário. Quanto vale o teu voto?

   Acreditas nas pesquisas, que costumam ser fraudulentas e deveriam ser banidas, porque existem para induzir o eleitor a votar em determinado candidato? Falaste com o teu candidato? O material dele tem alguma proposta escrita? Discursos prontos que prometem mudanças e renovação existem aos montes e são tão vazios como o trabalho que desenvolverá ou já desenvolve o candidato. De falsas promessas deves estar cheio. Qual a roupa que vais vestir no dia das eleições: a do poder popular ou a de palhaço?
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