quarta-feira, 29 de maio de 2013

SEU CHICO E O LULA



- E então, seu Chico, leu a matéria sobre o Lula? Ele disse que não existe político irretocável, probo...

- Li e me surpreendi com a honestidade do qüera. E eu que achava que ele só dizia mentiras!... Nada como um dia depois do outro, como falava aquela senhora sofrida que depois descobriu petróleo no quintal.

- Muito honesto, não é, seu Chico?

- Mas!... Um exemplo a ser seguido! Ainda mais depois que ele virou doutor várias vezes sem nunca ter estudado, por assim dizer... Ou apenas o suficiente para aprender a ler e escrever, pelo que me consta. Deve ser devido a esse exemplo magnífico que ninguém mais roda nas escolas.

- O que é uma vergonha! Dizem que até castigo e expulsão é proibido, para não traumatizar as crianças.

- Tenho comigo que isso de traumatizar é invenção de psicólogo para chamar cliente. E clientes daqueles bem preguiçosos, que gostariam de passar a vida inteira em um céu na Terra; daqueles que, por qualquer coisinha se sentem estressados e que por qualquer outra coisinha um pouco maior se dizem traumatizados.

- E as crianças de escola, seu Chico?

- Pois essas crianças não são aquelas que xingam os professores, fazem bagunça, fumam maconha no recreio e ainda se queixam quando tiram notas baixas?

- Nem todas fumam maconha, seu Chico.

- Eu sei. Tem as que fumam crack, e os traficantes ficam nas esquinas das escolas, observados de perto pela polícia para ver se eles estão vendendo direitinho.

- Mas até que a polícia tem prendido muitos traficantes...

- Se tem!... E o negócio deve ser tão bom que ainda sobrou o suficiente para vender para os dependentes quanto e quando desejarem. Me falaram que até tele-drogas existe. É só ligar e pronto! Tele-entrega bem rapidinho.

- Isso é para os viciados que podem comprar drogas 
mais caras.

- Um novo exemplo de divisão de classes. Viciado classe a, classe b, classe c, d, e por aí vai... Nunca vivemos num Brasil com z tão Z. O depósito de lixo do mundo.

- Não pode ser tanto assim, seu Chico! Deve haver país bem pior que o nosso.

- Ah, deve... Os países da África que estão sendo recolonizados, com poucas exceções, como Angola e Moçambique; os que vivem em guerra permanente contra as invasões de europeus e norte-americanos, no Oriente Médio... E aqui pelos arredores, na América Latina, existe um que outro bem pior que o nosso - o que é de dar pena! Aqui, a educação e a saúde é isso que se vê – ou melhor: que não se vê. E ainda não querem os médicos cubanos.

- Quem não quer são os médicos brasileiros, seu Chico, que fazem medicina para enriquecer e estão com medo da concorrência. Eu li em um site, e aqui está o endereço – operamundi.uol.com.br – que a medicina cubana é das mais avançadas. Tem a menor taxa de mortalidade infantil das Américas, superando Estados Unidos e Canadá e a expectativa de vida dos cubanos é de 78 anos.

- Pois eu sei que certa vez, em uma entrevista, quando o repórter perguntou ao Fidel Castro qual era a principal riqueza de Cuba, ele respondeu que era o seu povo. E está visto! Olhe só a comparação: o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil está em 85º lugar e o de Cuba, em 51º. Sendo que, no mundo, existem 206 Estados soberanos.

- Soberanos, seu Chico?

- Modo de dizer. Sabemos que Cuba é um Estado soberano, independente, e por isso está cercada, boicotada, já o Brasil... O senhor está sabendo que o vice-presidente dos Estados Unidos está no Brasil?

- Estará de férias?

- Férias muito bem remuneradas e com o objetivo de atrair a Dilma – e nós de cambulhada! – para mais perto dos interesses dos Estados Unidos, ou seja, para prestar mais um juramento de vassalagem.

- E precisa de mais um juramento?

- Pois é... Eles querem estreitar os laços... Adivinhe quem fica segurando as rédeas... É uma soberania e tanto!

- Deve ter muito dinheiro envolvido nesses laços estreitos.

- Mas!... Os empresários estão loucos de faceiros! O senhor sabe que este é o governo dos empresários e dos latifundiários. Sem falar nos mensaleiros condenados e soltos, gozando a vida.

- E quando vão prender esse pessoal, seu Chico?

- Acredito que no Dia de Todos os Santos, ou depois da Copa do Mundo, se o Brasil não for campeão, o que é uma impossibilidade. O senhor acha que eles iriam gastar tanto dinheiro a fundo perdido fazendo estádios em tudo o que é lugar e coisa e tal, sem a garantia de vencer a Copa do Mundo? Este é um governo que depende do futebol.

- Então o senhor acredita que Neymar & Cia garantem a Copa pra nós?

- Não se trata tanto daquele menino que adora cabeleireiro, Neymar ou Neymídia... Até joga direitinho, vai pro Barcelona aprender um pouco mais, tem futuro... O que eu quero dizer é que ninguém investe sem certeza de retorno, como fez o PT ao implorar a aliança do Maluf pra eleger aquele do eleitorado gay. Preparando ele para ser Presidente.

- Será, seu Chico?

- Tenho certeza! Mas, por falar em Presidente, lembrei que o Lula, ao dizer que não existe político probo e irretocável poderia estar mentindo.

- Seu Chico, o senhor acabou de dizer que se surpreendeu com a honestidade dele. E esta política brasileira é sinônimo de safadeza, mentira...

- Percebeu? Foi o que eu disse. O Lula é político. Se ele disse que na política não existe gente boa, poderá estar mentindo, porque é hábito de político a mentira. Neste caso, ele induz o povo a pensar que na política existe gente honesta – como o Maluf, por exemplo.

- Mas seu Chico!

- Por outro lado, se ele está mentindo, isso é uma prova de que político é mentiroso e safado, como o senhor lembrou, e que é uma mentira que exista político honesto – sempre guardando as exceções que comprovam a regra. Mas não é que o Lula conseguiu criar uma mentira ou um sofisma em círculo vicioso, o perfeito moto-contínuo da política?

- Deve ser por isso que ele é doutor várias vezes.

- Mas!...

segunda-feira, 20 de maio de 2013

A GUERRA SECRETA (4) – O CENTRO DO PODER



Curioso o fato de Saint-Germain, que se dizia conde, ter nascido na Transilvânia. Assim como Drácula, nunca foi visto comendo ou bebendo e também era imortal, com a diferença de que a personagem de Bram Stocker somente foi morta depois de muito trabalho, enquanto Saint-Germain teria morrido oficialmente em 1784.

   Após o convento de Wilhemsbad, muitos daqueles senhores que desfrutavam de títulos nobiliárquicos aderiram aos Illuminati, incluindo Saint-Germain, Cagliostro e Ferdinand, duque de Brunswick - o grande chefe da maçonaria europeia, já devidamente templária e orgulhosa dos seus graus superiores que a tornavam “escocesa”. Com a lenda de Hiram – que refletia a morte de Jacques de Molay – e toda uma tradição a revesti-la, a maçonaria ressurgia como uma extensão do Judaísmo, bem mais atraente que a simplicidade estóica do Cristianismo.

   Também por isso, os maçons construiram belos lugares de encontro e iniciação à imagem do templo de Salomão (que deveria ser chamado Templo de Davi, porque, afinal, foi o pai de Salomão quem recebeu o modelo da construção do próprio deus judeu) e deixaram de se reunir em tavernas como “O Ganso e a Grelha” ou “O Bode”, que não primavam pelo simbolismo em seus nomes. Talvez “O Bode”, lembrando a figura hierática do Baphometh, mas, sinceramente, “O Ganso e a Grelha”...

   A exemplo das cidades-estado da Grécia e de Roma, quando os reis foram substituídos pela aristocracia, perdendo o poder de reger e ficando limitados aos cultos sacros, considerou-se muito moderno durante o período do Iluminismo destituir-se a monarquia do seu despotismo feudal e entregar os reinos para os seus verdadeiros donos que, naturalmente, formavam a classe dos muito ricos e eram apelidados de burgueses porque se originaram nos burgos, lugarejos que cercavam mosteiros e castelos medievais e, posteriormente, se transformaram em cidades.

    Não havia interesse em derrubar os monarcas, mas torná-los obedientes servos bem remunerados para, em dias e horas aprazadas, abanarem para o povo, que veria neles o reflexo de Deus na Terra e se sentiria agradecido por tão augusta proteção. Chegara o momento de tornar os déspotas tradicionais esclarecidos com a luz da razão, passando a outros déspotas sem coroa o pastoreio dos povos - déspotas muito simpáticos que avisavam aos trabalhadores que continuariam trabalhando como escravos, muitas vezes fazendo bolos quanto faltasse pão; no entanto, agora tinham direitos humanos, muito humanos.

   No século das luzes, o capitalismo surgia como o novo grande déspota e as massas, que ainda não se sabiam massas, estavam extasiadas pela sucessão das brilhantes descobertas e a maior de todas – a utilização da eletricidade – ainda restrita à pesquisa nas oficinas maçônicas e conventos jesuítas - decifrava os códigos de Deus e prometia séculos vindouros de imenso glamour.

   Durante a Revolução Francesa matava-se. Não era a ideia inicial, quando se pretendia apenas o apoio de Luís XVI para a reforma social que elevaria burgueses a barões do reino, mas que fazer com um rei que adorava brincar de ferralheiro e com uma rainha estrangeira sujeita a sucessivos escândalos?

   Além disso, o povo enraivecido, os sans-cullote que acreditavam fazer a revolução assaltando castelos e a Bastilha, símbolo do feudalismo que se extinguia e onde estavam dois ou três prisioneiros, incluindo o Marquês de Sade, exigia cabeças, deliciando-se com o espetáculo da guilhotina. Acreditava o povo que logo após a mortandade de clérigos, nobres e monarquistas lhe seria dada a prometida Igualdade, a ansiada Fraternidade e a desconhecida Liberdade. Deram-lhe um falso imperador, inúmeras batalhas e o papel de bobo da História que era urdida nos bastidores.

   Entre os Illuminati, Goethe usava o pseudônimo de Abaris, Mirabeau o de Leonidas e Adam Weishaupt o de Spartacus. Cada Illuminati tinha o seu pseudônimo ou nome esotérico, hábito que se estendeu para a maçonaria e demais organizações que se imaginavam muito secretas e em contato com o invisível que, obrigatoriamente, deveria ser mais sábio que o visível e cedo ou tarde passaria grandes revelações aos “homens de desejo”, conforme denominava Saint-Martin àqueles que liam os seus escritos - que não eram seus, mas ditados pelos Superiores Desconhecidos. Os martinistas, ao contrário dos maçons, acreditavam na iniciação individual e em práticas mágicas que levariam, cedo ou tarde, a um contato mais concreto com a Coisa (le Chose) ou “Restaurador”.

   A verdadeira restauração aconteceu com o reinado de Luís XVIII, em abril de 1814 - o faceiro rei resignado às demais potências europeias, após a traição de Grouchy em Waterloo. Mas, antes de todas as batalhas, quando a república da guilhotina era um autêntico reflexo da deslumbrada era da razão, os templários maçons caçaram martinistas cristãos, que se viram obrigados a fugir para a Suíça e outros cantões, levando consigo o que restou dos cadernos iniciáticos de Saint-Martin. Voltaram quando o século da luzes se apagava em sangue coagulado e muito havia o que fazer para enterrar os mortos e invocar os recalcitrantes espíritos.

   Definiam-se duas vertentes dentro do ocultismo. Martinistas e rosacruzes continuadores dos ensinamentos de Pasqualy - o mestre que teria ou não morrido em São Domingos - buscavam a “verdade” através do misticismo. Praticavam artes mágicas que incluíam círculos onde o operador ficava com a sua espada desembainhada a afastar maus espíritos e conjurando os bons que tinham nomes que terminavam, inevitavelmente, com o sufixo “el”; mantras eram entoados; riscavam-se pantáculos que se pareciam muito com os desenhos que os pretos velhos fazem nas terreiras e que teriam sua origem nas descobertas do iniciado Salomão, provavelmente quando se interessou por cabalas outras, desobedecendo a Jeová e do seu reino foram-lhe tiradas dez tribos. A magia virou uma obsessão e tantas eram as práticas que se eu fosse contar não poderia e não saberia, porque eram muito, muito secretas.

   Por seu lado, os maçons – devidamente infiltrados pelos Illuminati, prováveis jesuítas disfarçados de iluministas – não desdenhavam nenhuma das cores da magia e a ela agregavam a ciência material, que prometia grandes ganhos a prazo ainda indeterminado e transformava os magos da razão em semideuses, quem sabe verdadeiros deuses que criavam o seu arquétipo em um Grande Arquiteto Universal, o perfeito Geômetra que usa a newtoniana régua e o compasso da Gnosis para desvelar, somente para os iniciados, o poder Gerador do capital.

    Em sua misteriosa pureza-impureza tão própria dos mercadores de todas as épocas, os maçons franceses, agora não mais ateus depois da revolução que elevara a burguesia a casta privilegiada, a cada três batidas do simbólico martelo da justiça lembravam o deus que tudo criara, muito parecido com o Jeová hebraico e cuja verdadeira denominação seria esclarecida no século XIX pelo judeu estadunidense Albert Pike, o grande Superior Conhecido que se preparava para a reencarnação na América muito ao norte, que dizimava os seus últimos nativos.

  O nome de Deus é Adonai ou Lúcifer?, perguntavam-se os angustiados maçons-Illuminati, e Pike, o senhor de todas as esferas e triângulos decidiria: - Lúcifer! Adonai era o deus mau, o Demiurgo que deveria ser combatido. Lúcifer, o anjo da luz, trazia o segredo da ciência que daria ao povo escolhido a suprema luz nuclear e o domínio sobre a natureza e a humanidade profana. Lúcifer e Adonai passavam a ser os deuses maçônicos. “Sim, Lúcifer é Deus, e, portanto, Adonai também” – escreveria Pike. “Assim, a verdadeira e pura religião filosófica é a crença em Lúcifer, assim como em Adonai”.

   Enquanto esperavam a vinda do guru luciferiano, questões transcendentais como essa eram tratadas nas Lojas dos Estados Unidos da América, desde que fora transferido para Charleston o centro mundial do poder oculto, deixando os esfuziantes franceses com uma revolução perdida e a sensação de logro presa nos milimétricos aventais.

   Na França, o britânico Ramsay fizera um discurso, afirmando que os maçons eram descendentes diretos dos templários, cavaleiros que foram tão cruelmente derrotados por árabes e mamelucos nas antigas Cruzadas e, mesmo assim, arrecadaram imensas riquezas em todo o continente europeu e sabe-se mais aonde, até o momento em que um rei muito mau, chamado Filipe, o Belo – que deveria ser feio, muito feio!... Mas era melhor lembrar que o poder secreto dos templários, um poder muito desconhecido, somente acessível aos grandes adeptos, era uma herança para ser ritualizada em mais 30 graus – e nunca esquecer que Jacques de Molay, assim como Hiram Abiff, deveria ser vingado.

   Em Charleston, onde passa o Paralelo 33 norte, em 1761 o Conselho dos Imperadores do Oriente e do Ocidente outorgou uma carta-patente para um senhor chamado Stephen Morin, constituindo-o Grande Inspetor do Rito da Perfeição. Era a instituição do Rito Escocês Antigo e Aceito, com 33 graus, que, embora tenha sido criado aparentemente a partir do discurso de Ramsay, segundo o mago Leadbeater foi estabelecido primeiro nos Estados Unidos.

   Tristemente, Leadbeater afirmou – em “O Rito Escocês Antigo e Aceito” (www.samauma.biz) - que “Stephen Morin foi também infeliz na escolha dos seus lugares-tenentes, pois em muitos casos eram judeus de reputação não muito boa, e é por meio dessas mãos algo sujas que temos de investigar o Rito de Perfeição durante os quarenta anos subsequentes. O Rito atravessou um período de obscurecimento, quando os graus eram vergonhosamente vendidos a quem quer que comprasse os seus títulos, ao passo que o significado interno das cerimônias foi quase esquecido”.

   Narra o desencantado Leadbeater que o Rito foi estabelecido em Charleston por Stephen Morin, mas, a partir de 1783, houve uma sucessão de judeus, durante quarenta anos, como deputados-inspetores do Rito: Moisés Cohen, Isac Long, Moisés Hayes, Isac da Costa... até o Rito tornar-se perfeitamente perfeito, como cabe a um rito de perfeição, podendo, então, passar para mãos profanas com luvas de iniciados.

   Para dar maior ênfase à maçonaria “escocesa” norte-americana que dominaria o mundo visível através de (quase) invisíveis manobras, alegou-se que Frederico II,  o muito alegre soberano da Prússia, teria ratificado as leis que regulam o Rito Escocês, constituindo pessoalmente o grau 33 e delegando poderes, como Soberano da Maçonaria, a nove maçons em cada país.

    No mesmo texto, Leadbeater refuta a versão sobre Frederico II, dizendo: “(...) a verdade é que Frederico II não tomou nenhuma parte ativa no Rito de Perfeição; jamais ratificou a Constituição nem criou o 33º (...)”. No entanto, “(...)Em 1785, um ano antes da morte do rei, encontramos uma carta endereçada a Frederico por um tal Salomão Bush (judeu, com certeza), Deputado Grande-Inspetor da América do Norte, pedindo-lhe o reconhecimento de uma Loja que ele tinha consagrado (...)”. A maçonaria amesquinhava-se depois das revoluções francesa e estadunidense, buscando um soberano secreto para os donos de um país que se dizia republicano e se preparava para tonar-se imperialista, provavelmente com o apoio do combatido Demiurgo.

  Alguns anos antes da gloriosa revolução dos franceses, o Príncipe-Eleitor, conde palatino e duque da Baviera Karl Theodor aprovou o edito que levou os Illuminati a sua oficial dissolução em 1784, depois da descoberta de documentos da ordem que tratavam de planos secretos para dominar a maçonaria e destruir a Igreja Católica através dos mesmos métodos usados pelos jesuítas. Adam Weishaupt, filho do rabino Johann Georg Weishaupt, retirou-se para um aparente exílio em Regensbourg, passando a liderança para Joachin Bode que, em 1787, junto com o núcleo francês, constituiu a ordem secreta “Philadelphes”. Oficialmente, os Illuminati estavam banidos da Europa e foram muito bem aceitos nas Lojas dos Estados Unidos.

    No mesmo ano da extinção dos Iluminati – 1784 – o imortal Saint-Germain também morria em Schleswig-Holstein, propriedade do Illuminati Karl de Hesse-Kassel; os maçons estadunidenses entravam para todas as igrejas protestantes disponíveis, a exemplo dos maçons europeus; o Congresso dos Estados Unidos ratificava oficialmente o Tratado de Paris de 1783 com a Grã-Bretanha e os dois países irmãos preparavam-se para colonizar o mundo, sendo que os mercadores dos Estados Unidos já estavam presentes nos portos da Ásia e da África.

    Em 1784, a extinção da Companhia de Jesus ainda era válida para todo o mundo católico, menos Polônia e Rússia, onde dominava a muito iluminada czarina Catarina. Na Prússia, o protestante Frederico II, soberano da maçonaria, também acolhia os jesuítas expulsos dos países amigos.

   Em 1784, o papa Pio VI nomeou o jesuíta John Carrol bispo de Baltimore. John Carrol era muito amigo do maçom Benjamin Franklin e foi devido às pressões deste sobre a Santa Sé – na época, ainda submissa à maçonaria – que Carrol foi nomeado Prefeito Apostólico dos Estados Unidos da América, em 26 de novembro de 1784. Muito ajudou, também, a essa nomeação a influência do irmão do bispo jesuíta, o maçom Charles Carrol de Carrolton, signatário da Declaração de Independência e um dos mais ricos latifundiários dos Estados Unidos.

   A partir do bispo John Carrol (depois arcebispo, com uma arquidiocese contendo 153 paróquias, e quatro condados, incluindo Washington), aos poucos, a Igreja Católica nos Estados Unidos, eivada de “americanismo”, tomou o seu próprio rumo, ignorando as orientações de Roma a ponto de criar o que foi batizado de “Catecismo de Baltimore”.

   Em 1784, 5 anos antes do início da Revolução Burguesa na França, Cagliostro fundou o Rito de Mênfis-Misraim ou Rito da Alta Maçonaria Egípcia, que mais tarde abrigou o espírito revolucionário de Garibaldi e ocultistas famosos como Jean Bricaud e Theodore Reuss. No Brasil e América Latina, os ideais iluministas insuflavam revoltas e revoluções lideradas por maçons. O capitalismo nascente dava-se ares de libertário, mudava os apelidos dos poderosos e se preparava para uma nova era, quando a escravidão seria banida para dar lugar à exploração dos povos e ao colonialismo.


(Continua)

quarta-feira, 8 de maio de 2013

FAMOSOS E GENOCIDAS



Devido aos últimos ataques da aviação israelense à Síria, uma clara tentativa de envolver o Irã, aliado da Síria, para que aquele país inimigo possa, finalmente, ser destruído não só por Israel, lembrei que os judeus não hesitariam em utilizar todos os tipos de armas em uma guerra de extermínio. Levado pela curiosidade, fiz uma pesquisa que me assustou: a maioria dos inventores de armas atômicas, biológicas e químicas é de cientistas judeus, incluindo Einstein, tão famoso por outras peripécias. Não se preocuparam com o resultado terrível das suas pesquisas, nem as esconderam ou destruíram. Ao contrário, tiveram o maior prazer em torná-las conhecidas aos governos que defendem o sionismo. Transformaram a ciência, que deveria estar a serviço da Humanidade, em monstro assustador que ameaça a todos os povos e nações não judeus. Por isto, a pergunta:

   A história mundial da destruição em massa é judia? Conforme matéria de Richard Rodhes, de julho de 2005 para o Book Review, Julius Robert Oppenheimer, o inventor da bomba atômica,  nasceu em rica família de judeus alemães na cidade de Nova Iorque. A cientista judia Lise Meitner nascida na Áustria é considerada a descobridora da fissão nuclear. O cientista judeu Albert Einstein foi quem alertou os Estados Unidos para a possibilidade da construção de bombas nucleares e trabalhou junto com Oppenheimer no Projeto Manhatann. A carta que o famoso cientista enviou ao presidente Franklin Delano Roosevelt é sintomática.

   "No curso dos últimos quatro meses ficou provado - pelo trabalho de Joliot na França, assim como o de Fermi e Szilard na América - que pode ser possível provocar uma cadeia de reações nucleares numa grande massa de urânio, no qual grandes quantidades de poder e um novo tipo de radioatividade seriam geradas. Agora, parece quase certo que isso poderá ser atingido num futuro próximo.

 "Esse novo fenômeno poderia ser usado na construção de bombas, e é concebível - apesar de haver muito pouca certeza - que bombas extremamente poderosas poderiam assim ser construídas. Uma única bomba desse tipo, levada por um barco e detonada num porto poderia muito bem destruir todo o porto e alguma parte da sua área adjacente. Contudo, tais bombas podem muito bem acabar por serem muito pesadas para o transporte aéreo."

    Enrico Fermi não era judeu, mas sim a sua esposa, Laura Capon. No entanto, o mestre de Fermi, Max Born, era judeu, assim como o cientista húngaro Léo Szilard, colega de Fermi nos estudos sobre a fissão nuclear - ambos citados por Einstein na carta ao presidente dos Estados Unidos, escrita em outubro de 1939. Niels Bohr, cientista que estudou a fissão do urânio, abrindo caminho para a utilização da energia nuclear, era judeu nascido na Dinamarca.

    Fritz Haber, judeu alemão, é conhecido pela síntese da amônia e teve papel-chave na produção de gás mostrada e no uso da armas químicas na 1ª Guerra Mundial. Em 22 de abril de 1915, em Ypres, Haber conduziu o massacre através de gases venenosos, deixando 5 mil soldados aliados mortos e outros 10 mil mutilados.

   Recentemente, o cientista Ron Fouchier, liderando uma equipe do Erasmus Medical Center, na Holanda, criou uma mutação do vírus H5N1 capaz de matar milhões de pessoas. Não foi divulgado se Fouchier é ou não judeu.

   No entanto, o inventor da bomba de nêutrons – a mais limpa e mais suja invenção do gênero, porque mata os seres vivos e deixa intacto tudo o que não for orgânico – chamava-se Samuel Cohen, um óbvio nome judeu.

    Agora, o pior. Em 15 de novembro de 1998, o jornal London Times divulgou a seguinte notícia: “Israel está trabalhando em uma arma biológica que afetaria árabes, mas não judeus, de acordo com o exército de Israel e fontes ocidentais de inteligência. A arma, mirando vítimas por origem étnica, é encarada como uma resposta à ameaça de ataques químicos ou biológicos do Iraque. Um cientista local declarou que a tarefa é hercúlea, pois tanto árabes como judeus são de origem semítica. Mas acrescentou: ‘Eles tem, porém, sido bem sucedidos em sinalizar uma característica particular no material genético de certas comunidades árabes, particularmente o povo iraquiano’.”

    A notícia sobre a bomba étnica foi muito divulgada, na época, e rapidamente abafada pelos meios de comunicação. Porém, alguns jornalistas insistiram no tema, como José Arbex Jr. (que foi correspondente da Folha de São Paulo em Nova Iorque e Moscou), em seu artigo “NAZISRAEL”, publicado na revista Caros Amigos, nº 21, de dezembro de 1998.

   Um pequeno trecho da matéria: “(...) E como a bomba étnica seria lançada contra os inimigos de Israel? A reportagem esclarece: ‘A doença poderia ser propagada espalhando-se os organismos no ar, ou no sistema de abastecimento de água’. O significado disso é monstruosamente claro: a nova arma atingiria todos os árabes que respiram e que bebem água, isto é, a população árabe em seu conjunto, incluindo crianças, mulheres, velhos, sem distinção. É condenado à morte todo aquele culpado de ser árabe, da mesma forma que Hitler condenava aos campos todo aquele culpado de ser judeu. É simples assim. (...)”

   Desejo de matar, prazer em matar. Considerar-se a única, perfeita raça humana merecedora de viver na Terra. As outras raças são formadas por goins, impuros, e devem ser extintas. O sionismo não é uma religião, e sim a mais nefasta forma de fascismo, que tem como origem livros que são considerados religiosos.

  De acordo com esses livros, quando os judeus chegaram à Terra Prometida receberam ordem do seu deus para matarem todos os povos que nela viviam, incluindo mulheres e crianças. Foi uma tarefa muito difícil, somente concretizada pelo rei Davi, que tinha o hábito de mandar serrar e queimar em fornos os prisioneiros.

  Quando invadiram novamente a Terra Santa, em 1948, por decreto da ONU, de início os judeus se limitaram a bombardear e metralhar os árabes que defendiam as suas terras. Agora, além das bombas nucleares e da bomba de nêutrons, eles tem a bomba étnica, criada pelos seus cientistas. Insisto: a história mundial da destruição em massa é judia?

   Israel tem um objetivo: a criação da Terra de Israel, Eretz Israel – a terra que foi prometida aos patriarcas Abrahão, Isac e Jacó e que foi conquistada por Davi, a “terra bíblica”. Em documentos oficiais, Davi Ben Gurion anunciou que o Estado de Israel fora criado “em uma pequena parte do nosso país” e “somente em uma porção da Terra de Israel”, afirmando que “a criação do novo Estado de modo algum significa renunciar ao objetivo de chegar à extensão histórica da Eretz Israel”. A Eretz Israel (Grande Israel) inclui a Cisjordânia, Faixa de Gaza e Colinas de Golan. Talvez o Líbano, parte do Egito, da Síria... Quem sabe o Irã e o resto do mundo? Afinal, existem judeus em todos os lugares.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

A VOZ DO POVO



Naquele 1º de maio de 1964 desfilam os tanques. Ao lado, temerosos soldadinhos com o dedo no gatilho das suas novíssimas armas tentam manter o garbo ante as vaias da multidão. Fala-se de grandes manifestações em todo o país, mas nada se sabe de concreto. Começou a era da desinformação e o povo, ressentido pelo golpe dos gorilas, repete inúmeros boatos.

   Os Estados Unidos teriam invadido o Brasil a pedido de Carlos Lacerda, o corvo que havia premeditado a morte de Getúlio com o apoio da CIA; Jango e Brizola estariam organizando a resistência a partir do exterior; maçonaria e Igreja estavam unidas e tinham formado o CCC (Comando de Caça aos Comunistas), organização que entrava impunemente na casa dos que julgavam subversivos; quem era aquele general que agora se dizia Presidente, ostentando o pomposo nome de Castelo Branco e que, contraditoriamente, lembrava um sapo? Um traidor, ex-ministro do Jango. Todos os militares seriam traidores da nação?

   Não. Somente os gorilas, oficiais de alto escalão que desejavam mudar o nome do país de Estados Unidos do Brasil para Brasil dos Estados Unidos. Sargentos e muitos tenentes haviam tentado reagir. Em um dos quartéis da cidade toda a oficialidade teria sido presa no Cassino e os canhões foram apontados para o quartel-general, prontos para disparar. Soldados em armas para defender o Presidente e a Constituição. Desiludiram-se e depuseram as armas quando chegou a notícia da fuga de Jango.

   O Jango fugiu? O Jango fugiu, lembram as pessoas que assistem o improvisado desfile militar de 1º de maio de 1964. Não é bem um desfile, mas uma ostentação de força. Uma declaração de que para o povo, a plebe, nem plebiscito restará. Foi através de um plebiscito que João Goulart, em 1962, voltou à presidência da República, depois da tentativa de golpe em 1961, abortado pela resistência gaúcha liderada por Leonel Brizola.

   Dizem que Brizola, depois de ligar para o Presidente repetidas vezes insistindo para que resistisse e recebendo sempre a mesma resposta – Jango não queria o sangue derramado dos brasileiros – teria se pilchado, com direito a chapéu e lenço no pescoço, tomado um ônibus – “Junto com alguns amigos”, ressalta uma voz esperançosa – e vindo para a fronteira, de onde se refugiou no Uruguai. “Eu bem que desconfiei daqueles gaúchos que passaram na frente da minha casa” – diz uma  voz triste, entrando no assunto que é de todos. “Estavam fingindo de bêbados e um deles lembrava muito o Brizola”.

   Alguns soldados passam curvados, com o peso do dever escravo machucando a alma. Jango tinha fugido e deixado o povo órfão. Logo ele que, não fazia ainda dois meses, no dia 13 de março, no comício da Central do Brasil, no Rio de Janeiro, perante trezentas mil pessoas, todas trabalhistas, decretara a nacionalização das refinarias de petróleo e a desapropriação, para reforma agrária, de propriedades às margens das ferrovias, rodovias e zonas de irrigação dos açudes públicos. Gente como o Lacerda, porta-voz dos gorilas que estavam sempre conspirando, chamaram o Jango de comunista.

  Comunista! “Vejam só!” – rebate uma voz esquecida – “Logo comunista! O Partido Comunista é tão pequeno que jamais conseguiria eleger sequer um vice-prefeito. Trabalhista sim! Esses gorilas não tem mais o que inventar e dizem que deram esse golpe para acabar com os comunistas. O medo deles é do trabalhismo, da verdadeira união do povo pela pátria, do verdadeiro patriotismo”.

   Poucos dias depois da fuga de Jango, os gorilas mandaram os soldadinhos encherem as paredes de uma das galerias da cidade com “material subversivo” e convocaram a população para ler aqueles papéis. Todos foram. Quem não comparecesse seria tido como perigoso esquerdista e sujeito a prisão e maus tratos. No mínimo. Formaram-se imensas filas. As pessoas entravam e liam rapidamente convocações para reuniões, palavras de ordem, textos com expressões pouco inteligíveis sobre a União Soviética. Material do minúsculo e estático PCB, que apelidava o PTB de populista. Que revolução poderiam fazer, se já existia um partido que levantava o povo em nome do nacionalismo?

   “Tenho comigo que esses gorilas são americanos” – resmunga uma voz perdida, ao ver passar oficiais com óculos escuros fazendo continência para uma bandeira esfarrapada. “E agora, qual será o futuro do Brasil?” – interroga uma voz tímida. “Vão mandar os pelegos, depois que os gorilas cansarem!” – responde uma voz indignada. “E não se pode fazer nada?” – pergunta uma voz minguada. “Eles vão acabar trocando o nome do Dia do Trabalhador para Dia do Trabalho!”

   No dia seguinte ao golpe, vereadores, Prefeito e vice-Prefeito se reuniram na grande casa de esquina que abrigava Prefeitura e Câmara de Vereadores, colocaram um alto-falante em uma das janelas e congregaram o povo para resistir ao golpe. Não se sabia com certeza o que estava acontecendo em Brasília. Foram imediatamente cercados por tropas do exército, armadas de metralhadora. O povo, em multidão, cercou o exército.

   “E o que aconteceu?” – pergunta uma voz ansiosa. “Um capitão subiu as escadas da Prefeitura com um revólver na mão e foi desarmado e preso. Todos os vereadores estavam armados, mas, para evitar um massacre concordaram em desligar o alto-falante e pedir ao povo que se retirasse das ruas. Em seguida, foram detidos e saíram sob os aplausos da multidão.” – narra uma voz destemida.

 “Aqueles foram os últimos verdadeiros representantes do povo” – diz uma voz profética. “E o que vamos fazer agora?” – pergunta a voz ansiosa. “Resistir” – responde a voz destemida. “Como? Vaiando?” – reclama a voz triste. “Por enquanto...” – conclui a voz esperançosa.
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