domingo, 31 de outubro de 2010

A CONSOLIDAÇÃO DO FASCISMO PETISTA - A VITÓRIA DA MENTIRA E A DERROTA DO POVO


Venceu a melhor organização da amoralidade, a total ausência de ética na política, o uso do dinheiro público, o maquiavelismo em sua mais alta e purificada forma.


     Venceu a política das alianças, dos conchavos, do apadrinhamento, dos currais eleitorais, da institucionalização da pobreza e da chantagem sobre a miséria do povo brasileiro.

     Venceu a subcultura da alienação popular, incentivada pela política de massificação, através da utilização de todos os métodos de propaganda subliminar dos meios de comunicação, que muito devem ao governo e com ele se acumpliciaram.

     Venceu a mentira, a fraude, a miséria moral, a total ausência de cultura, a política de destruição das instituições, o aparelhamento do Estado com o único objetivo de buscar o poder pelo poder.

     Venceu o novo capitalismo brasileiro, que já foi nova esquerda e agora se assume definitivamente como nova direita, aliado aos interesses das multinacionais, subserviente ao império comandado pelos Estados Unidos, aparelhando-se – agora definitivamente – para impor a sua política de desenvolvimento desenfreado aos demais países da América do Sul.

     Venceu o populismo, o sindicalismo vendido, a ausência de ideologias, a política de esmagamento dos pequenos partidos de esquerda – e a acomodação de alguns desses partidos a estruturas ultrapassadas de luta, preferindo compor-se com a coligação partidária que consideraram “menos ruim” -, a cooptação com a velha direita para fins de negócios e de lucro, a imposição de um estado totalitário baseado na ilusão dos votos.

     Perdeu o povo brasileiro.

     Mais uma vez, teremos um período de retrocesso político, marcado apenas por lutas pontuais, as lutas permitidas pelo agora todo poderoso Estado petista brasileiro – que domina sindicatos, ONGS, compra a mídia, destrói qualquer semente de nacionalismo e usa a pobreza, a ignorância e o semianalfabetismo da maioria do povo brasileiro, principalmente os bolsões de miséria e inconsciência política do Nordeste, como trampolim para a sua eternização.

     Erram os que pensam que Dilma Roussef foi escolhida por Lula e devido a seus caprichos pessoais. A organização do PT não permite tiros no escuro. Dilma foi escolhida depois de muita pesquisa sócio-política, muito estudo e muitas deliberações entre os próceres do PT.

     O PT não é o Lula. Ao contrário: o Lula é um dos produtos do PT. Também não é um partido aventureiro, feito de grupos esparsos e de caciques com interesses pessoais. Por trás de tudo isso há uma estrutura muito firme. O objetivo é o poder; o meio para alcançar esse objetivo é a utilização do povo como massa de manobra.

     Um dos pontos principais para a escolha de Dilma foi o sexo. O PT percebeu que dava certo, principalmente dentro do eleitorado feminino, uma presidente mulher. Assim como deu certo um presidente negro nos Estados Unidos e outras presidentes em outros países. Pela novidade, pelo impacto provocado nas pessoas, como se a cor ou o sexo fossem determinantes para uma boa política social. As pessoas acreditam nisso, principalmente quando são escravas inconscientes da vontade da mídia e totalmente despolitizadas.

     Com a escolha de uma candidata mulher para a presidência, o lugar comum “mulher vota em mulher” poderia ser utilizado com sucesso, como o foi, e a maior parte do eleitorado feminino já estaria conquistado antecipadamente.

     Outro detalhe importante que os donos do PT perceberam é que não seria mais necessário outro Lula demagógico como candidato. A maioria do povo pobre do Brasil já estava devidamente comprada pelo assistencialismo de programas como o “Bolsa Família” e se acostumando a ser amparada pelo Estado em sua pobreza crônica. Ao mesmo tempo em que o povo foi despolitizado, perdendo a consciência de que o único fator transformador da História é a sua própria união e luta e não viver de mesadas.

     Depois da fase demagógica do Lula, do ufanismo que levou o povo a acreditar que mudanças sociais viriam da vontade de uma única pessoa, do messianismo usado pelo PT em torno do carisma de Lula, era necessário um tecnocrata. Alguém que organizasse o Estado conquistado e o levasse a alcançar maiores vitórias dentro da política de crescimento a qualquer preço, tipicamente capitalista.

     Esses dois fatores estão em Dilma Roussef. É mulher – apesar de não ser simpática, bonita ou meramente atraente – e é uma tecnocrata. Assim como Lula, é um quadro do PT, um produto preparado e amadurecido para ser vendido satisfatoriamente, e por um ótimo preço, agora.

     Dilma também não é o PT. Por trás de Dilma e por trás de Lula está uma organização que vai além das pessoas e que as manipula.

     Lembro que houve uma época durante a ditadura militar, a época do chamado “milagre econômico”, durante a presidência do general Médici, em que aquele governo foi regido por tecnocratas. Também foi a época de pão e circo, como agora. Futebol, carnaval e muita repressão.

     O “milagre econômico” aconteceu, provocando um inchaço na economia que se transformou em inflação galopante, que não foi contida pelos demais governos militares – Geisel e Figueiredo – e que muito contribuiu para a desmoralização e queda do regime militar.

     Hoje, o PT faz o mesmo. Aposta no desenvolvimento acelerado, na política de exportação e de aumento a qualquer custo do PIB, sem se importar com o inchaço da bolha que explodirá em inflação, inevitavelmente, em um futuro próximo. É um governo que quer crescer economicamente porque precisa de dinheiro.

     É o que Dilma chamou de capitalismo de Estado: o Estado engorda, o povo é manipulado e conservado quieto através de favores e as políticas do partido centralizador do poder poderão desenvolver-se porque esse partido deterá o poder econômico quase total.

     Na verdade, não é nenhum capitalismo de Estado. Para que haja capitalismo é necessário que o Estado atue apenas como gerenciador dos ganhos dos empresários e não como dono de toda a economia. A lógica keynesiana do capitalismo é o Estado não interferir na economia. Quando o Estado é centralizador, não é capitalismo, mas fascismo – mesmo que não ostente esse nome.

     Por isso, o regime militar, na época de Médici, foi claramente fascista, derivando depois, na época de Geisel, para uma busca nacionalista. Mas, sem o apoio das forças civis e devido a fatores relacionados com a política internacional, como o fato de depender dos Estados Unidos, esgotou-se em si mesmo, na época de Figueiredo.

     Agora, repete-se a História. O governo torna-se fascista ao dominar o povo com futebol, carnaval, alienação total e mesadas. Controla as Forças Armadas, que estão satisfeitas com o acordo militar com os Estados Unidos e com o seu reaparelhamento também acelerado, o que fará o Brasil tornar-se a maior potência militar da América do Sul em poucos anos. Isso imporá um freio aos países que se desejam socialistas, como Bolívia, Equador e Venezuela, porque são Forças Armadas ligadas estreitamente à política internacional do império norte-americano.

     A diferença para o fascismo tradicional que surgiu nos anos ’30 é a total ausência de nacionalismo. O PT optou pelo fim das ideologias e o nacionalismo é uma ideologia que se impõe quando o Estado perde a comunicação com as raízes culturais do seu povo, com o que se poderia chamar de sentimento de brasilidade.

     E esse sentimento vai bem além de meras políticas sociais de contenção popular. É uma reação natural de um povo, que surge em seus diversos estratos sociais, quando há a percepção de que os seus valores mais originais - assim como a sua diversidade cultural e sua identificação com a pátria – estão sendo trocados por valores impostos por uma cultura externa. Como é o caso do atual governo brasileiro, que em tudo quer se assemelhar à cultura e à política dos Estados Unidos, porque depende da mídia - que se vendeu aos valores estadunidenses - para manter-se.

     Quando a República Velha esgotou-se em suas contradições, enlameada nas suas corrupções, surgiu o tenentismo, o movimento Pau-Brasil e a Semana de Arte Moderna – entre outras manifestações de resistência – que foram precursores da revolução de ’30 e do nacionalismo de Vargas.

     O PT, com Dilma Roussef, parte para a sua fase tecnocrata. Acredita que com o domínio do Congresso, com os petiscos que dá às Forças Armadas e com a alienação que amordaça o povo, além das inevitáveis alianças com as velhas oligarquias, poderá impor o seu estilo de governo, mesmo que sobrenadando na amoralidade da sua corrupção moral e física. Pensa que tem tudo sobre controle e que poderá fazer do território e do povo brasileiro aquilo que considerar como melhor para os seus próprios interesses.

     Mas não pode escapar do futuro nem eximir-se do julgamento da História através da demagogia de um Lula ou da voz pesada de uma Dilma.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

ALGUMAS PERGUNTAS





Ao final da campanha eleitoral do segundo turno, marcada por mentiras e factóides, algumas perguntas surgem.


     As pesquisas são uma maneira de induzir eleitores indecisos a votar naqueles que “vão ganhar”?

     Uma espécie de profecia às avessas?

     Você “fabrica” o futuro que lhe convem e depois diz que estava escrito?

     Além do PT e seus coligados, a quem interessa que a Dilma seja eleita?

     Por que o tema Reforma Agrária não foi tocado na propaganda eleitoral e nos debates?

     Por que os dois candidatos não propuseram maneiras de resolver a crise no campo, ao invés de ficarem dizendo que o MST deve se comportar?

     Por que não foram colocadas propostas programáticas nas duas campanhas, mas apenas propostas pragmáticas?

     Os intelectuais que apóiam o PT fazem isso apenas por hábito ou por fisiologismo?

     Por que os evangélicos tem tanta força política no Brasil?

     Por que o PT se queixa do Papa e busca o apoio dos evangélicos? O PT é um partido evangélico?

     O Estado brasileiro ainda é laico?

     Por que os dois candidatos são contra o aborto, mas não tem propostas para acabar com a miséria e a desigualdade social?

     Por que o PT ataca o Fernando Henrique, quando os últimos oito anos de entreguismo e política contra o povo foram seus? E nada fez para acabar com a miséria, apenas políticas assistencialistas?

     Por que a Dilma quer acabar com parte do Xingu e desalojar 30 povos indígenas, matar animais e plantas para construir uma hidrelétrica em Belo Monte, provocando um impacto ambiental irreversível?

     E por que ela chama isso de “energia limpa”? Será que ela considera a morte da natureza uma coisa limpa?

     E por que, apesar disso, Marina se omitiu e parte do PV apóia Dilma?

     Quem ganha, de fato, com a construção da hidrelétrica de Belo Monte?

     Por que Lula acha que fez alguma coisa no governo, quando só fez demagogia?

     Por que Lula, Dilma e o PT estão aliados com José Sarney e Fernando Collor, que já foram acusados de corrupção?

     Por que vários ministros do governo Lula fora acusados de corrupção – Benedita da Silva, Romero Jucá, José Dirceu, Antonio Palocci, Luiz Gushiken, Silas Rondeau Cavalcanti Filho, Walfrido dos Mares Guia e Matilde Ribeiro -, indiciados pelo Ministério Público, respondendo a processos e Lula disse que não sabia de nada?

     Por que Lula disse que não sabia de nada sobre o Mensalão no Congresso?

     Por que Lula disse que não sabia de nada sobre o Mensalão mineiro?

     Como ficou o caso Celso Daniel?

     E o caso Erenice, vai ficar por isso mesmo?

     PT significa Partido dos CorruPTos ou Partido dos Transgênicos?

     Dilma Roussef é uma Factóide projetada através de holografia?

     É verdade que o governo Lula é o mais corrupto da nossa História?

     É verdade que a Dilma gostaria de ser chamada de Cristina Kirchner, mas engordou um pouco?

     É verdade que os bonequinhos da campanha de Serra foram criados por um marketeiro petista?

     O mesmo que aconselhou o candidato a não falar nada sobre a corrupção no governo Lula?

     É verdade que o Tiririca é o Lula fantasiado de palhaço? Ou vice-versa?



quinta-feira, 28 de outubro de 2010

A DITADURA DA DEMOCRACIA




As eleições dão aos eleitos o direito de fazer o que bem entendem?



     Teoricamente não. Para que isso seja evitado é que foram criados os três poderes. A teoria pressupõe que deve haver independência entre eles. Independência e harmonia. E que esses três poderes, harmônicos e independentes, seriam representativos da vontade popular.

     Na prática isso não existe. Por exemplo, no caso de eleição de Dilma Roussef, do PT, e tendo o PT maioria no Congresso e sendo o Presidente quem nomeia os membros do Supremo Tribunal Federal, de fato teremos uma ditadura. Uma ditadura com eleições, mas uma ditadura.

     E uma ditadura com eleições sempre é uma ditadura instrumentalizada. As eleições servem apenas para referendar, através do voto popular, os nomes indicados pelo governo. O governo dispõe de todos os instrumentos para que isso aconteça. Dispõe da chamada “máquina pública”, que nada mais é que aquelas centenas de milhares de pessoas ligadas ao governo, os funcionários públicos de todos os setores que, para continuarem empregados, sentem-se na obrigação de fazer a propaganda do poder a que servem. Não só em época de eleições, mas diariamente, porque uma ditadura democrática instrumentalizada não prescinde da contínua, diária, insistente e nauseante autopropaganda.

     Isto, aliado a alguns acordos necessários com os meios de comunicação mais influentes, traz a preservação do governo e de seus interesses. Quando chega a época de eleições, as pessoas já estão condicionadas a votar no sistema que prevalece, sem muito raciocinar, sem maiores pesquisas.

     Através do período de sua existência e aprendendo com as velhas oligarquias o PT decidiu-se não pela ditadura do povo, mas pelo que costuma chamar de democracia radical.

     E a democracia radical petista consiste em eleições estafantes a cada dois anos de maneira a consolidar o poder existente ao mesmo tempo em que a população perde a noção do que seja representatividade real, porque sempre delega poderes a representantes que, depois, se mostrarão distantes e apenas subservientes à máquina estatal. E as eleições, aos poucos, como já aconteceu nos Estados Unidos, perdem o seu poder de fator transformador da sociedade.

     Depois da estafa, virá o repúdio, o que facilitará projetos que proponham eleições não obrigatórias e teremos governos eleitos sem a legitimidade da maioria do povo.

     Outro ponto importante que o PT descobriu como forma de preservar-se no poder foi a política de constantes alianças, tanto no Executivo como no Legislativo. Isso implica em dinheiro. Não necessariamente corrupção ativa, escancarada, mas a troca de cargos por alianças. Observem o Executivo e sua quantidade de ministérios e secretarias que servem a todos – de qualquer partido - que estiverem dispostos a concordar com a política do governo. E concordar com a política do governo implica em deixar de lado a sua própria política, as suas prováveis ideologias, para os partidos adesistas. Em troca de cargos. É uma espécie de compra de consciências que funciona na prática.

     Não só no governo federal, como nos governos estaduais e municipais. A política de troca de cargos por apoio político preserva os cargos daqueles que oferecem cargos e faz dos que aceitam essa política pessoas e partidos menores em suas ideologias, mas pessoas e partidos mais bem remunerados.

     “Um grande leque de alianças” – é a palavra de ordem. E esse leque de alianças, para ser grande, abrange partidos da suposta extrema direita e da suposta extrema esquerda. Por isto, sempre será um leque de alianças centrista, abafador de pensamentos e de ideologias, apenas preservador do sistema vigente. E o centro é sempre imóvel, estanque. O seu símbolo é o círculo, significando que está fechado em si mesmo. Mas dentro desse círculo centrista existe o ponto. E o ponto dentro do círculo revela que alguém, ou algo, que está dentro do círculo poderá olhar para todos os lados do círculo, comandá-lo, impor a sua vontade.

     O ponto dentro do círculo, em uma política centrista, aglutinadora de vontades e de idéias, é sempre o governo. Aqueles que estão em torno do governo, formando o círculo, para receberem as benesses prometidas terão que obedecer ao ponto dentro do círculo. Obedecer à política do governo. E só quem se beneficia com esse “centralismo democrático” é o próprio governo, mantendo os partidos que o apóiam centralizados em torno dos seus projetos, em aliança com as suas idéias e objetivos. E a figura da aliança é o círculo.

     E com isso acabam-se os partidos ideológicos e institui-se o centro como ponto de referência e equilíbrio. E o capitalismo como sistema.

     Todas as possibilidades de lucro para todos os que detem algum poder a partir dessa premissa de poder sem ideologia política que, em última análise, propõe-se como a ideologia do pragmatismo.

     O povo não interessa, porque o povo, enquanto povo, não tem poder algum. Torna-se referência política para a época de eleições. Votos a serem conquistados com muita propaganda vazia de idéias. Pessoas a serem cooptadas para engordarem os partidos que são ocos de idéias, mas suficientemente atraentes em suas propostas de buscar o poder pelo poder. Aliados com os demais partidos, que também buscam o mesmo.

     Eis a democracia, eis a ditadura perfeita.

     Quem poderá dizer que projetos que, de alguma forma, prejudiquem o povo, serão antidemocráticos, se forem votados e aprovados por um Congresso aliado do Poder Executivo, que sempre terá aliados no Supremo Tribunal Federal?

     Esse tipo de democracia não é mais que uma ditadura legitimada por eleições. E - como toda ditadura - contra o povo, de onde tira a sua força para tentar a perenidade no poder.

     Por isso as eleições são uma farsa. Porque são somente representativas, mas não participativas. As pessoas votam para delegar poderes mas não para participar do poder.

     As pessoas acreditam em partidos políticos que se aliarão com outros partidos políticos e perderão a sua identidade ideológica, as suas idéias programáticas. Aos poucos, os partidos não se diferenciarão uns dos outros. E quando as pessoas começam a se sentir muito perdidas, quase sem referências, surgem novas eleições, novas promessas, novas possibilidades de mudanças. Propaganda que não passa de venda de ilusões.

     Sem referências partidárias ou políticas o povo acaba se desencantando com a política, passa a nada mais esperar dos políticos e das estruturas governamentais. Não tendo em quem ou em que se apoiar, as pessoas tornam-se individualistas, às vezes voltando-se apenas para possibilidades místicas, participando automaticamente do ritual das eleições, mas sem mais acreditar em seus resultados.

     E isso é tudo o que os políticos profissionais desejam. Apenas usar o povo. Deixá-lo tonto com a sua propaganda e com as suas eleições contínuas que em nada mudam o sistema: apenas o legitimam. Manipular o povo com a sua imprensa para que aceite o estabelecido como sendo o melhor, a única possibilidade política. Enganar o povo com as suas vis manobras – como o assistencialismo, que apenas institucionaliza a pobreza – que apenas consolidam o poder, do qual esses políticos são os órgãos ativos, em lugar do povo.

     E depois reafirmarem que o poder que eles, os políticos, tem e do qual usufruem da maneira que acham melhor, através dos seus conchavos e alianças, que só favorece a eles e, muitas vezes, prejudica a grande maioria da população, emana do povo.

     É verdade. Emana do povo, sai do povo, é dado pelo povo. Mas não retorna para o povo. Esse mesmo poder que emana do povo fica dentro daquele pequeno círculo de poder que tudo decide e que não tem nada a ver com o povo. Um povo hipnotizado, preso a outras vontades, cúmplice inconsciente do que é feito com o seu voto. Um povo sempre à margem do círculo, que o segrega e oprime.

     E chamam a isso de democracia.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A ERA DA MEGERA





Quando chegar a Era da Megera
E a densa noite encobrir o dia;
Quando sumir do peito a galhardia
E a vida se tornar em longa espera...

Quando o Sol, que tudo regenera,
Vir desfazer-se em pó e melancolia,
Como se em passe negro de magia,
Matas e rios e a desditosa fera...

Estranho fado a encobrir, febril,
O que milênios de amor e emoção
Criaram, um dia, a terra do Brasil.

Quando, mendigo, então chorar o chão
E o que foi belo transformar-se em vil,
Só restará memória e solidão.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

SOMOS TODOS FACTÓIDES?



O brasileiro é um fato ou um factóide? Quando se diz “o brasileiro”, qual a ideia que surge?

     Uma raça não pode ser, porque este é o país de maior mestiçagem do mundo – e orgulha-se disso. Dificilmente encontramos um brasileiro de raça pura e se o encontrarmos, dificilmente será brasileiro. Temos pessoas de cores diferentes, mas não de raças diferentes. Com a exceção daqueles lugares, geralmente pequenas cidades, ou bairros de grandes cidades, quase guetos, onde só se encontram alemães ou italianos, ou japoneses... Mas que se extinguirão em questão de décadas.

     Recentemente assisti uma reportagem sobre a cota para negros nas universidades onde, em dado momento foi afirmado que foi feito um teste de DNA no “Neguinho da Beija-Flor” (como é o nome dele?) e constatou-se que ele tem 70% de sangue europeu. Mas a cor é negra.

     Provavelmente eu, que tenho cor branca, tenha uma bela porcentagem de sangue africano.

     Percebe-se, também, grande mestiçagem, principalmente no Nordeste, entre negros, brancos e índios.

     O verdadeiro brasileiro, se quisermos ser sinceros com a História e com nós mesmos, seria o indígena. Ou melhor, os povos indígenas que, originalmente, habitaram a terra de Pindorama, depois chamada de Brasil pelos europeus. Mas matamos todos eles. Ou quase todos.

     Restaram alguns, é claro. Por todo o Brasil, mas em sua maioria na região amazônica. Estão em extinção lenta e gradual, à medida que avançam as motosserras. Nós sempre escondemos os nossos genocídios, talvez por escrúpulos, até se concretizarem completamente. Este é um país de paz e de amor.

     Assim, quando se assiste aqueles jornais que dizem que “o brasileiro é assim ou assado” ou aquelas pesquisas que dizem que “o poder aquisitivo do brasileiro aumentou este mês em relação ao mês passado”, ou “diminuiu...” (o que é difícil de ouvirmos, porque o nosso jornalismo oficial é deliberadamente ufanista), eu sempre me pergunto: “mas qual brasileiro?”.

     O Brasil é um país de brasis. Diversos brasis em um território imenso ao qual convencionamos chamar de Brasil.

     Se você diz “o brasileiro” estará se referindo a quem, exatamente?

     Ao brasileiro que habita o Brasil rico do Sul e Sudeste, o quase rico do Centro-Oeste ou o paupérrimo das regiões Norte e Nordeste?

     E dentro dessas regiões, dentro de cada unidade da Federação, temos estados mais ricos e estados mais pobres – estados que produzem mais e que produzem menos.

     E essa produção de cada estado, essa riqueza, maior ou menor, não é distribuída equitativamente – como os jornais televisivos dão a entender subliminarmente. Ao contrário. É uma riqueza que apenas serve para aumentar a pobreza e as diferenças sociais. Pois este é um pais capitalista, forçosamente feito de diferenças sociais alarmantes. Para que muito poucos tenham muito é necessário que a grande maioria tenha muito pouco ou quase nada. Esta é a lei do capitalismo.

     Se você observar bem, o pobre é pobre em qualquer lugar do Brasil, seja ele mais ou menos desenvolvido, mais ou menos rico, porque as riquezas sempre vão parar nas mãos dos muito ricos.

     Mas há pobres mais pobres que outros pobres. Por exemplo, uma menina pobre de 14, 16 anos, no Rio Grande do Sul, somente se prostituirá por extrema necessidade, enquanto uma menina pobre da mesma faixa etária nas regiões mais pobres do Brasil sempre se prostituirá para auxiliar a família. Um rapaz pobre do Rio Grande do Sul encontrará algum tipo de trabalho, por humilde que seja, enquanto um rapaz pobre do Nordeste ou do Norte migrará para São Paulo ou Rio de Janeiro em busca de qualquer coisa. E acabará favelado.

     Mas terão parentes que não são mais jovens e que não tiveram tanta sorte assim – e que procurarão o seu sustento catando lixo.

     E são milhões de miseráveis e pobres neste Brasil. Em números, são 56,9 milhões de pobres no Brasil, sendo 24,7 milhões de pessoas na extrema pobreza. As desigualdades sociais são imensas. Um relatório da ONU (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD), divulgado em julho, aponta o Brasil como o terceiro pior índice de desigualdade no mundo. Quanto à distância entre pobres e ricos, nosso país empata com o Equador e só fica atrás de Bolívia, Haiti, Madagáscar, Camarões, Tailândia e África do Sul.

     E temos o Bolsa Família, Bolsa Alimentação, Bolsa Isto e Bolsa Aquilo. Mas são programas que apenas preservam a pobreza, não a resolvem. O assistencialismo é a cara deslavada do capitalismo selvagem brasileiro. Temos mil entidades assistenciais e outros tantos programas governamentais para ajudar as pessoas. Mas apenas ajudar. Não há interesse em acabar com a pobreza, porque isso iria afetar diretamente os muito ricos que tem a sua riqueza devido à exploração dos muito pobres.

     E no centro a classe média, aquela gangorra que permite que se imagine que o Brasil cresce, às vezes, quando aumenta o consumo, e para quem são destinadas todas as atenções dos políticos, que sabem que nessa gangorra existe um filtro estreito, que deixa poucos subirem e muitos baixarem, e um acesso às informações que só interessa aos manipuladores de informações e de empresas jornalísticas.

     É a classe média que repassa as informações manipuladas e que sustenta e dá razão às classes altas, dos extremamente ricos. A classe média assimila e admira a ideologia burguesa, porque o seu ideal é conquistar um lugar naquilo que considera um clube de eleitos e, na verdade é o clube dos grandes rapinadores.

     A burguesia brasileira nasceu da rapina e da exploração da escravidão para sedimentar os seus grandes negócios: açúcar, café, pecuária. Com a industrialização, apropriou-se de mais aquela fatia de mercado. Com o fim da escravidão, usou os negros pobres como agregados e servos e os brancos pobres como proletários.

     Com o surgimento da classe média, a burguesia usa-a como formadora de opinião, dando-lhe a esperança de ascender socialmente ao prendê-la à sua ideologia, que é a ideologia do feitor.

     Mas o que é “o brasileiro”? Existe aquilo que podemos chamar de brasileiro neste imenso Brasil de tão imensa disparidade social? Ou somos todos invenções de uma mídia que nos quer assim – iludidos, crentes, acanhados, passivos, sem idéias próprias, embriagados por futebol e carnaval?

     Somos todos factóides?

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

NEM AS SUAS FIGURAS HILÁRIAS NOS COMOVEM


Estava assistindo aos discursos de três senadores, porque só havia três senadores naquela ampla sala que foi construída com a suposta ilusão de que os representantes do povo representariam o povo.

     Eles se revezavam na cadeira da presidência do senado. E falavam coisas bonitas e grandiloqüentes, fazendo pose para as câmeras da TV Senado, tentando conquistar futuros votos de mentes puras e incertas.

     Os demais estariam fazendo campanha, supostamente, para os seus candidatos à presidência, nos seus torrões natais, nos seus currais eleitorais, no que eles chamam de base política. Imaginei-os curvados, sorridentes, com roupas surradas, fingindo descer do seu pedestal, atrás das pessoas que ainda não sabem em quem votar, fazendo promessas, dando presentes, tentando parecerem pessoas normais, apelando para todas as possibilidades sintáticas de um jargão mais comum, suados, esbaforidos na corrida pelos votos que são tão significantemente monetários para eles.

     Cargos e pastas ministeriais sendo disputadas através do voto do povo, que se mostra ingênuo e quer acreditar que isso é democracia, que quer acreditar que o eleito com a sua aquiescência irá, de fato, melhorar o país e que não depende da sua ação qualquer mudança social, mas apenas do seu pequeno dedilhar na urna e pensei na possibilidade do povo acordar, perceber-se fraudado mais uma vez, como tornará a ser daqui a quatro anos se continuar mumificado na sua inação, apenas esperando que as pessoas que ocupam cargos importantes em Brasília façam por ele o que ele próprio – o Povo – poderia estar fazendo por si mesmo, se descobrisse a sua verdadeira força.

     E imaginei o Povo dizendo “não!” a toda essa campanha eleitoral feita por ilusionistas, a esses dois candidatos que se revelam um o espelho do outro em suas propostas ocas de verdade.

     E imaginei o Povo dizendo a eles:

     “Já basta! Temos certeza de que os dois candidatos não tem toda essa importância para os brasileiros, a ponto de ficarmos presos a seus balbucios, palavras e gritos, às suas idéias – que são as mesmas – ou aos seus tiques e manias.

     “Que se entredevorem! Vomitem a sua verborragia um para o outro, mas somente um para o outro. Não nos fustiguem mais com as suas propagandas descaradas, pedinchonas, com as suas melindrosas declarações de pureza, com os seus coquetéis de afazeres, com as suas entediantes frases vazias.

     “Façam-nos o favor do total silêncio em seus horários eleitorais gratuitos, que muito custam a nós, os brasileiros enfastiados da senilidade dos seus pensamentos, dos seus planos retrógrados, das suas extensas prosopopéias que sabemos mentirosas.

     “Um dos dois será eleito e isto não faz mais diferença, porque ambos são impuros e falsos e falso e impuro será o próximo governo que, mais uma vez tentará nos enganar; que, com certeza irá nos espoliar com a força do seu arbítrio travestido em leis, apoiadas pelos seus trogloditas oficiais fardados, redigidas pelos seus nunca pouco loquazes parlamentares, tão distantes de nós como estamos distantes do bem-estar e da tranqüilidade – defendidas pelos seus encarquilhados ministros togados.

     “Deixem-nos em paz, já chega! Cansamos das suas declarações de perfeição que nunca irão se concretizar.

     “Além do mais, vocês não são vocês. São apenas porta-vozes, de grupos, de coligações, de conchavos, de alianças entre partidos que estão mais partidos que os seus pensamentos e idéias e palavras decoradas.

     “Nem as suas figuras hilárias nos comovem mais. Convençam-se: vocês nada sabem de nós, o povo. Não sabem o que é não ter casa, conforto, higiene, alimentação, saúde, enquanto vocês dormem muito bem em seus travesseiros de penas de ganso e sonham com o poder que somente terão com a nossa exploração.

     “Estamos cansados do seu palavrório televisivo que nada diz de verdadeiro sobre a nossa realidade. A turma de vocês é outra. Procurem-na, mas não a nós. Decididamente, não somos iguais, por mais que vocês sorriam e peguem no colo as nossas crianças. Não nos convencem suas lamúrias atrás de votos. Sabemos para que vocês os querem... Com certeza, vocês não votariam em nós.

     “Até fingimos acreditar. No nosso íntimo, numa espécie de auto-engano, de ilusão premeditada, de tentativa desesperada de fé... Mas sabíamos, também no nosso íntimo que, por mais desesperada que fosse essa tentativa, seria sempre uma fé frustrada, uma vã ilusão.

     “Troquem telefonemas, e-mails, conversas secretas. Discutam cargos, alianças, dinheiro e possibilidades outras. Outras que não nós – sabemos. E decidam, finalmente, qual dos dois irá assumir o tão cobiçado cargo e em troca de quais favores. Isso já não nos diz respeito, porque não estamos representados. Para nós restarão as suas amáveis migalhas de fingido conforto.

     “Nada mudará com a eleição de um de vocês. Por que ainda nos torram a paciência? Por que ainda fazem esses debates ridículos, quando se mostram tão iguais em suas convicções?

     “Mas ainda resta uma esperança para vocês se mostrarem minimamente humanos. No próximo debate fiquem quietos, em absoluto silêncio, com as cabeças baixas, os rostos ruborizados. Nem uma palavra, por favor! Depois, nos últimos segundos, peçam desculpas ao povo brasileiro. Em conjunto, ao mesmo tempo. Dispam-se de suas máscaras embonecadas”.

domingo, 24 de outubro de 2010

A GLOBO, O PT E A MULHER DE CÉSAR


Durante a república romana, em 73 a. C. quando Júlio César recentemente tinha sido eleito Pontifex Maximus (sacerdote supremo) ocorreu em sua casa uma festa ao deus Baco, reservada somente às mulheres. O jovem Publius Clodius, apaixonado por Pompéia, mulher de César, conseguiu penetrar na festa vestindo-se de mulher, mas foi descoberto pela mãe de Pompéia. Publius Clodius foi acusado de sacrilégio, julgado e absolvido, mas Júlio César divorciou-se de Pompéia. Perguntado pelos senadores porque tinha se divorciado, se não ficara provado o adultério, César respondeu com a célebre frase: “Não basta que a mulher de César seja inocente, ela tem que parecer inocente”.

     Muitas tem sido as interpretações dessa frase de Júlio César, principalmente o papel que diz respeito aos governantes. Mas devemos ater-nos à época. César era o Pontifex Maximus de Roma, título que significava O Sacerdote supremo do Colégio dos Sacerdotes, a mais alta dignidade romana. Literalmente, significava “Máximo” ou “Supremo” construtor de pontes. Simbolicamente, significava que o Pontifex seria o construtor das pontes entre os deuses e os homens. Também poderia ser interpretado como o preparador da estrada, porque a palavra pont em etrusco significa estrada, sendo a palavra romana uma distorção da palavra etrusca.

     A residência oficial do Pontifex Maximus era a Domus Publica, situada entre a Casa das Virgens Vestais e a Via Sacra. O Pontifex Maximus usava as vestes brancas (daí a expressão vestal, que significa pureza e refere-se ao culto à deusa Vesta – que simbolizava a perenidade do Estado), o anel e o báculo, quando de cerimônias importantes do seu cargo.

     Foi na Domus Publica, casa do Pontifex Maximus – Julio César – que se realizou a cerimônia a Baco, que era restrita somente às mulheres, na ocasião em que Clodius foi preso e acusado, justamente, de sacrilégio. O fato de ele, Clodius, estar apaixonado por Pompéia Sula, mulher de César – motivador da sua invasão, disfarçado de mulher – foi secundário. Clodius foi absolvido porque era de uma família patrícia, jovem demais e porque tinha sido descoberto a tempo, antes da realização dos mistérios principais da cerimônia a Baco.

     Acredito que a atitude de César, divorciando-se de Pompéia, foi perfeita. Ele, como Pontifex Maximus, não poderia continuar casado com uma mulher sobre a qual pairasse a menor suspeita.

     Atualmente, a frase de César é usada no sentido de honradez, sempre que um governante é suspeito de alguma atitude ilícita. Mas, principalmente no Brasil, percebe-se muita pouca honra entre os governantes. E, por exemplo, um Presidente da República ou um(a) aspirante ao mesmo cargo dificilmente poderia, em sã consciência e com a mente pura, vestir as vestes brancas.

     Tivemos um único caso em que um Presidente brasileiro – Getúlio Vargas - preferiu o suicídio a deixar a sua honra ser maculada. Mas eram outros tempos, outra geração e tratava-se de uma pessoa ímpar na História brasileira.

     Observem os fatos de agora, vésperas das eleições presidenciais do segundo turno.

     Erenice Guerra, bacharel em Direito, Ministro-chefe da Casa Civil entre abril e setembro de 2010. Pediu demissão do cargo pelo seu envolvimento no escândalo dos cartões corporativos.

     Mas não se limita a isso. Segundo as últimas notícias, o seu filho, Israel Guerra, participou de um esquema de tráfico de influência, com cobrança de propinas e tudo o mais. No mesmo escândalo estão envolvidos mais um irmão e uma irmã de Erenice, por contratos sem licitação.

     Poderia ficar somente na família de Erenice, não fosse o fato de ela ser auxiliar direta de Dilma Roussef durante a pré campanha da candidata. Mais que isso. Além da família de Erenice também está envolvido no mesmo escândalo Márcio Luiz Silva, que integra a coordenação jurídica da campanha de Dilma Roussef.

     Agora, aparece o nome do jornalista Amaury Ribeiro Júnior, apontado pela Polícia Federal como o responsável por encomendar a quebra de sigilo fiscal de pessoas ligados ao candidato oposicionista José Serra. E tudo aponta para Dilma Roussef, que nega tudo – é claro.

     Mas a informação mais recente é o indiciamento do próprio Partido dos Tabalhadores e de Gilberto Carvalho, assessor do gabinete do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

     O assessor e o PT viraram réus num processo em que são acusados de participarem de uma quadrilha que cobrava propina de empresas de transporte na prefeitura de Santo André para desviar R$ 5,3 milhões dos cofres públicos. O esquema é o precursor do mensalão do governo petista em Brasília.

     Conforme o site br.eleições - http://br.eleicoes.yahoo.net/noticias/4457/chefe-de-gabinete-de-lula-vira-r-u-em-caso-de-corrup-o.html - literalmente:

     “A decisão judicial em acatar a denúncia foi celebrada ontem pelos promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) da região do ABC, responsáveis pela investigação. "Ao receber a denúncia, a Justiça reconhece que há indícios para que a ação corra de verdade. É um caminho importante para resgatarmos o dinheiro desviado", disse ao jornal O Estado de S.Paulo a promotora Eliana Vendramini. Ela destaca que a Justiça decidiu aceitar a denúncia depois de ouvir a defesa de todos os acusados nos últimos três anos.

     “De acordo com a ação, o assessor de Lula transportava a propina para o comando do PT quando era secretário de governo do então prefeito de Santo André, Celso Daniel, assassinado em janeiro de 2002. "Ele concorreu de qualquer maneira para a prática dos atos de improbidade administrativa na medida em que transportava o dinheiro (propina) arrecadado em Santo André para o Partido dos Trabalhadores", diz a denúncia aceita pela Justiça. Segundo a investigação, os recursos eram entregues ao então presidente do PT, José Dirceu.”

     E há quem se pergunte: “Mas o Lula não renuncia?” “O Governo não cai?”.

     Não. Nem o Lula renuncia nem o governo cai, nem a Dilma aceita que todos aqueles indiciados no caso dos cartões corporativos e da quebra do sigilo fiscal dos adversários políticos tenham alguma relação com ela.

     Ela e o Lula são inocentes. Os outros é que poderão ser culpados. Talvez.

     Também não é uma notícia que saia na Globo. No máximo, uma ou duas linhas, sem nenhuma ênfase, no caso de muitas evidências. Por que a Globo? Porque a Globo é o próprio Sistema.

A GLOBO E O PT

     Outros tempos. Lembro quando a Globo quis tirar o Collor: foi questão de dias. Inclusive, o Collor foi absolvido depois. Mas já estava fora do poder, depois de renunciar e, no dia seguinte ser votado o seu impeachment. E, no entanto, as provas eram fracas, insuficientes.

     Agora, sobejam. Mas qual o interesse de uma grande rede de comunicação em revelar as sujeiras de um governo que lhe é fiel?

     Os militantes do PT até hoje atacam a Globo, mas deve ser por vício ou por ofício.

     Quando Lily Marinho, viúva de Roberto Marinho, das Organizações Globo, recebeu Dilma Roussef, no início do ano, ficou muito encantada.

     A Folha de São Paulo relata:

     “Dilma se sentou perto de Lily, em cadeira de rodas por causa de uma queda. "Que tipo de música você gosta?", perguntou a anfitriã. "Clássica. Gosto de Bach", respondeu a candidata. "Ela toca piano e fala francês", revelou uma amiga de ambas a Lily. "Eu tinha curiosidade de conhecê-la", explicava Lily.

     “Não, repetia, ela não vai oferecer almoço a José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV), adversários de Dilma na campanha presidencial. "Eu não sou política. Se ficarem com ciúmes, o que posso fazer? Nada."

     “Aos poucos, o quorum aumentou. "A Lily estava um pouco ansiosa porque muitas têm até medo de chegar perto do PT e da Dilma. Mas todo mundo está chegando, graças a Deus", dizia uma amiga da anfitriã.

     “Na hora do almoço, Dilma e Lily dividiram a mesa com a economista Maria da Conceição Tavares, a escritora Nélida Piñon, a produtora Lucy Barreto e a colunista Hildegard Angel, entre outras.

     “A conversa girou em torno de amenidades. "Todos os candidatos homens já fizeram plástica. To-dos", dizia Dilma. E as pesquisas eleitorais? "Deixa eu ficar no empate [com Serra] que tá bom", respondeu a petista. No cardápio, tartare de salmão com maçã e funcho e filé de cherne com banana caramelada, passas e urucum do chef Claude Troisgros.

     “Antes da sobremesa, Lily leu um rápido discurso. Disse que ofereceu o almoço para homenagear "a senhora D, a senhora democracia".

     “E que seria um privilégio ouvir "a outra senhora D, Dilma Rousseff, que se propõe a ser a primeira mulher presidente do Brasil".

     “Dilma fez um discurso sob medida. Falou de educação, família e cultura -e das "lutas de milhares de brasileiras anônimas". "Eu acho que chegou a nossa hora!" Cantarolou com Alcione ao microfone -e se despediu de Lily: "Te espero na minha posse".”

     Nada de mais. O PT já namora com a Globo há muito tempo.

     Claudio Julio Tognoli, desvenda em sua matéria A NOVA ESTRELA alguns detalhes desse namoro:

     “A Globo "lulou" ao osso porque vai precisar da ajuda do presidente para contornar a sua caleidoscópica situação financeira. E, para sustentar essa resposta, nossa fonte de consulta é uma dissertação de mestrado defendida há dois meses na Escola de Comunicações e Artes da USP: chama-se A Média da Mídia, e o autor é o veterano repórter João Wady Cury, orientado pelo professor-doutor Carlos Marcos Avighi.”

     “Diz a dissertação de João Wady Cury que o balanço consolidado da Globopar no ano de 1998, além dessas informações, registra ainda o endividamento das empresas que formam a Globo Comunicações e Participações S/A: cerca de 3,5 bilhões de dólares, de acordo com o levantamento realizado e assinado pelos técnicos da Ernest & Young Auditores Independentes S/C. Suas principais dívidas, refere o trabalho de Cury, são decorrentes de emissão de eurobônus, commercial papers e empréstimos adquiridos junto a seus principais credores. A curto e longo prazo, seus credores são os bancos internacionais e o montante da dívida, contraída em moeda estrangeira, é de aproximadamente US$ 2,9 bilhões. Estão nesse grupo de credores o Bank of Boston, Banco Sumitomo, o Banco Mitsubishi, o Banco BBA Creditanstalt S/A, o Banco Sogeral S/A, o Unibanco e o Banco de Tokyo.

     “Agora sai também da dissertação de Wady Cury o argumento que habilitaria tecnicamente a resposta segundo a qual é instrumentalizado o "lulismo" da Globo: para instituições financeiras brasileiras, a dívida em reais soma 616,7 milhões de dólares e seu principal credor é o governo brasileiro, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), cujo montante em 1998 era de 148,7 milhões de dólares.”

     Ainda, como fonte, o site Mídia Independente:

     “Se em 1987 e em 1989 (como se vê no excelente documentário "Além do Cidadão Kane", disponibilizado na página da Central de Midia Independente) Lula criticava severamente a parcialidade e cegueira da Rede Globo de Telealienação, a emissora, sempre áulica, hoje defende os pontos de vista do PT, sempre contra o povo brasileiro.

     “Há algum tempo, o "Jornal da Globo", que passa tarde da noite e é apresentado normalmente pela Ana Paula Padrão, gozava de alguma credibilidade. Fatos recentes excluem totalmente esta pífia credibilidade...

     “Quando o noticiário nacional, em todas as outras emissoras de TV, Rádio e Jornais informavam dos problemas envolvendo a remessa escusa de divisas pelo presidente do Banco Central, assim como pelo presidente do Banco do Brasil, além de informar que o presidente do Banco Central sonegou imposto de renda e cometeu falsidade ideológica junto à Justiça Eleitoral, enquanto o presidente Kasseb, do Banco do Brasil, desviava recursos do Banco para a aquisição de uma monumental e suntuária sede para o PT, o "Jornal da Globo", na voz de Ana Paula Padrão "anunciava": "a economia finalmente atingiu a retomada do crescimento!" ou "jacaré dá luz a filhote no zoológico de Recife", ou ainda "Lula vibra com o filme Pelé Eterno!"

     “A Globo é assim: quando interessa - tem dívidas monumentais com o BNDES e não pode contrariar o governo, qualquer governo - nada de manchetes, nada de noticiário, muita auto-referência - fala-se dos atores de novelas no Faustão, fala-se de novos grupos desconhecidos de rock ou pagode, mas nada que interesse para informar a população quanto ao que de fato está acontecendo no Brasil.

     “Apenas para relembrar, durante a ditadura militar, a TV Globo foi adesista de primeira hora, sempre contra o povo brasileiro e sua censura interna sempre foi tão rigorosa que deixava atônitos os censores da ditadura!"

     Em 6 de setembro de 1987, Lula, então deputado federal, disse o seguinte: "Nós hoje somos um país com praticamente 20 milhões de crianças abandonadas. Somos um país com 16 milhões de analfabetos. Somos um país onde a história é contada pela Rede Globo de Televisão porque o senhor Roberto Marinho não faz outra coisa a não ser mentir para o povo”.

     Quando Roberto Marinho faleceu o presidente Lula disse: “"um homem que veio ao mundo para prestar serviços à comunicação, à educação e ao futuro do Brasil".

     Atualmente, a Globo, o PT, Lula e Dilma estão do mesmo lado. Sem a Globo, Dilma não se elegeria. As pesquisas de opinião mostrariam uma grande queda em sua popularidade e as pessoas seriam influenciadas pelas pesquisas. Outros expedientes seriam usados e Dilma não teria a mínima chance. Com a Globo, até o palhaço Tiririca pode ser eleito Presidente. Infelizmente, este é um país de analfabetos, e é importante para o Sistema que continue assim.

     Com tantos escândalos envolvendo PT, Lula, Dilma e assessores diretos e não esperando que nenhum deles venha a renunciar a seus cargos ou aspirações, ou que o PT se desfaça, enojado de si mesmo, porque não há honra naquele meio, o caso da mulher de César fica sendo apenas um exemplo muito antigo.

     Já o caso de Getúlio Vargas é bem menos antigo, foi nos anos ’50. Mas ele era uma pessoa honrada.

     As pessoas, o grande público, a massa tão facilmente moldável por meios de comunicação como a Globo e aderindo facilmente às ideias que esses meios professam, já estão se acostumando com os escândalos e com a amoralidade na política. Não porque seja uma qualidade da política o escândalo, o roubo, a possibilidade de assassinato. Mas porque não há punição para quem usa dessas práticas. No máximo, processos que serão arquivados, ao final. E todos sabem disso. Os três poderes estão muito entrelaçados.

     O Brasil está ficando, cada vez mais, um país ridículo. As pessoas riem dos seus governantes e representantes, riem das leis, riem de si mesmas.

     Não tem nada a ver com a Roma Antiga. Com certeza.



sábado, 23 de outubro de 2010

O ALARMISMO DA DIREITA FESTIVA


Enquanto a vanguarda quase armada do PT – que já não é revolucionário – ataca o candidato da oposição e Marina Silva reassume, sorridente, a sua cadeira no Senado, depois de cumprir a sua missão de eleger Dilma com os seus votos conquistados no primeiro turno... os internautas petistas não perdem tempo.

     A campanha, agora, é alarmista. E dirige-se para aqueles que ainda tem alguma dúvida sobre Dilma ou Serra, mas assustam-se facilmente quando os tempos da ditadura militar são lembrados.

     Fala-se em golpe militar. Os Estados Unidos estariam preparando, junto com setores das Forças Armadas brasileiras, um golpe para o caso de Dilma ser eleita. A idéia é clara. Passar para essa gurizada que estuda pouco e não gosta de ler – como o Lula – que o Serra é o candidato do império enquanto a “revolucionária” Dilma representaria as forças progressistas em ação. O resultado previsto é que essa turma que se considera progressista e de esquerda – embora não saiba exatamente o que seja isso – vote na Dilma, porque ela, certa vez, pertenceu à VPR (Vanguarda Armada Revolucionária), na época da ditadura. Aliás, a VPR mal surgiu acabou. Parece que a sua ação limitou-se apenas a um assalto, divisão do dinheiro, alguns foram presos e outros conseguiram fugir do país. Mas há controvérsias.

     Não vejo essa possibilidade de golpe, embora existam, sim, setores das Forças Armadas que desejariam o poder de volta. Mas os tempos mudaram. E mudaram drasticamente.

     O que se vê, hoje, é um PT totalmente de direita, mas que, às vezes, para efeito de relações exteriores em alguns países da América Latina e proselitismo interno, finge ser de esquerda.

     O PT brasileiro está ficando igual ao PRI mexicano.

     O PRI (Partido Revolucionário Institucional) foi o resultado da coalizão das forças oligárquicas mexicanas – grandes latifundiários, empresários em geral – depois que a revolução mexicana do início do século vinte terminou com a suposta vitória dos revolucionários. Mas, na verdade, com a ascensão de uma nova classe burguesa que tomou o poder – depois de matar Emiliano Zapata, Pancho Villa, tentar alguma coisa mais séria com Porfírio Díaz e Madero e, finalmente estabelecer-se com Obregon, que fundou o PRI, aliando-se à política dos Estados Unidos.

     Já a sigla PRI é contraditória. Nenhum partido revolucionário pode ser institucional. Mas o PRI governou o México por 71 anos, como se fosse uma longa dinastia. Depois de muito tempo, o povo, percebendo que não conseguiria nada com um partido entreguista no poder, criou dois exércitos guerrilheiros que atuam nas montanhas do México, junto aos camponeses: o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) - que luta nas montanhas de Chiapas e não é marxista, mas nacionalista – e o EPR (Exército Popular Revolucionário), o mais antigo grupo guerrilheiro mexicano, de tendência marxista, que uniu 14 pequenos movimentos revolucionários. (Aproveite essas informações, porque dificilmente você terá acesso a elas através da mídia oficial).

     São dois exércitos revolucionários que atuam separadamente, mas que tem o mesmo objetivo: derrubar o governo - agora ainda mais conservador e reacionário do que o do PRI - aliado dos Estados Unidos. Ou será que você pensa que aquela enorme cerca militarizada, na fronteira entre México e Estados Unidos, serve apenas para evitar que mexicanos tentem a sorte, como clandestinos, nos Estados Unidos?

     Mas é uma longa história... Sempre deturpada pela mídia oficial. E quem provocou essas guerrilhas não foi a vontade do povo de decidir-se pela luta armada por esporte, cantando “La Cucaracha”. Foi a opressão do PRI, um partido que se dizia de esquerda, que foi bem votado nas primeiras eleições em que participou, mas, depois de ter o poder, aliou-se com as multinacionais estadunidenses do petróleo, com os grandes latifundiários e colocou o povo em segundo plano. Ou em último plano. A mesma história em todos os lugares, nos países capitalistas: opressão, desemprego, fome, miséria e revolta. E um governo corrupto.

     E o PT se encaminha para isso. Informações sobre corrupção já as temos em demasia. É claro que o Lula não sabe de nada. Ele age como se fosse Elizabete I na época da pirataria: dá carta de corso, mas apenas isto. O que se passar nos mares não é com ele. E se os adversários que não participarem da rapina ou que forem rapinados se queixarem, só o que ele – Lula I, O Cara – terá a dizer será: “Sinto muito, mas não é nada pessoal, somente negócios”.

     E de negócio em negócio o PT cresceu e se firmou. Deverá vencer esta última corrida presidencial por absoluta incompetência dos adversários e por comodismo da esquerda – PCO, PSTU, PCB, talvez PSOL – que aceitou participar de mais uma farsa eleitoral para, depois, denunciá-la.

     Por isto o alarmismo dos internautas de plantão do PT não procede. Os Estados Unidos podem ser tudo, menos burros. Jamais tirariam do poder o seu principal aliado na América Latina, com quem recém firmou um acordo militar, e que se encaminha para convencer as FARCs a deixarem de serem FARCs, e está fazendo negócios bilaterais com a maioria dos países sulamericanos, de maneira a torná-los dependentes da economia brasileira e, por tabela, da política estadunidense de dominação.

     Jamais tirariam do poder o PT, que renovou o capitalismo no Brasil, quando as velhas elites – as mesmas que concorrem agora como “oposição” – já se tornavam obsoletas em suas práticas políticas. As eleições de agora entre as duas faces da direita no Brasil será apenas para oficializar de vez o PT como o partido de confiança dos Estados Unidos neste hemisfério.

     É através do governo do PT- e de sua política assistencialista que ainda engana o povo – que as grandes multinacionais de todos os setores podem fazer o que bem entendem no nosso território, com o beneplácito dos congressistas que sempre terão os seus mensalões no caso de se mostrarem um pouco reticentes.

     É o governo do PT que está promovendo as maiores plantações do mundo de arroz e de soja transgênica, através de acordos com empresas transnacionais do setor. Para isso, este governo do PT permite o desmatamento de extensas áreas da Mata Atlântica e da Amazônia, em acordo com os planos do império.

     É este mesmo governo do PT que permite a pecuária extensiva na Amazônia, favorecendo grandes pecuaristas e empresas exportadoras de carne, conforme os planos do império. E, para isso, não tem escrúpulos em liquidar o ecossistema da Amazônia.

     É este mesmo governo do PT, que ameaça se perpetuar com Dilma e seus asseclas, que não se importa com a desertificação do solo ao plantar cana de açúcar em imensas áreas para produzir etanol.

     É este o mesmo governo que será o responsável pela transposição do rio São Francisco – o que abrangerá somente 5% do território e 0,3% da população do semi-árido – para favorecer os grandes latifundiários nordestinos, liquidando com o ecossistema da região.

     É este o governo que está construindo a usina hidrelétrica de Belo Monte, favorecendo os consórcios de multinacionais do setor e alterando todo o ciclo ecológico da região afetada, atingindo 30 terras indígenas e 12 unidades de conservação. Se construída, será considerada um crime contra a humanidade.

     O mesmo governo que está construindo duas hidrelétricas em Rondônia, que provocarão imenso impacto ambiental apenas para favorecer empresas do setor e exportar energia para países vizinhos, provocando caos ecológico e social.

     E este governo que é tão devastadoramente capitalista, que não respeita os seus próprios povos, que agride a natureza por ganância e permite o desmatamento e a desertificação do solo; que engana o povo com migalhas e promove uma das maiores desigualdades sociais do mundo seria golpeado pelos Estados Unidos, o seu principal aliado?

     E com a ajuda das Forças Armadas brasileiras, que nunca receberam tantas iguarias, como tanques, aviões-caça, navios, aumentos de salário seguidos, promoções e campos para manobras no Haiti e nas favelas brasileiras?

     E isto porque a Dilma já foi guerrilheira por um dia?

     Há uma grande, abissal diferença entre Dilma Roussef e Pancho Villa ou Emiliano Zapata.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A BOLINHA DE PAPEL DA SS PETISTA


Li na Yahoo que a Bandeirantes teria veiculado que a agressão a Serra por parte de membros do PT quando da visita do candidato ao Rio de Janeiro, teria sido “só uma bolinha de papel”, e não um rolo de fita crepe ou algo mais pesado, conforme foi dito antes, por outras emissoras.

     Devido a isso, Alberto Oliveira, que assina a matéria e não esconde a sua preferência dilmística afirma que houveram “piadas aos montes” no Twitter , passando a citar várias delas que, obviamente são oriundas dos membros ou simpatizantes do partido do governo.

     O ponto de vista é muito importante na fotografia, no cinema e nas artes visuais como um todo. Da mesma forma no jornalismo. Uma mesma informação pode ser colocada para os leitores ou telespectadores de diversas maneiras, dependendo daquilo que se queira dizer; ou dependendo do que se queira que o que o público visado entenda como verdade.

     É muito fácil manipular as pessoas, atualmente. E a mídia oficial, assim como os publicitários, sabe fazer isso. Dos publicitários saíram os marqueteiros, que são aqueles que “vendem” os candidatos. Sempre muito bem pagos e sempre além e acima dos partidos. E o público fica à deriva de suas vontades, daquilo que eles querem passar como verdade, porque, geralmente, é um público sem qualquer senso crítico e incentivado a não pensar por si mesmo. Por isso, esse público é chamado de massa ou mass-media. Porque é facilmente moldável.

     Mas nem sempre. No caso citado, o jornalista escreve para uma suposta massa influenciável de classe média que – também supostamente – deve ter uma capacidade de senso crítico bem mais apurada do que a grande maioria.

     O ponto de vista faz a fotografia e faz as tomadas de cena, mas, na vida real, ele não pode fugir do fato. E o jornalismo somente existe porque existem fatos. A vida é dinâmica, os fatos acontecem e devem ser relatados para um grande público que pede cada vez mais e melhores informações.

     A capacidade cognitiva desse público difere de acordo com as suas necessidades mais prementes e com a sua possibilidade de avaliar as informações que lhe chegam.

     No Brasil, com a imensa desigualdade social que, de acordo com dados da ONU, é uma das maiores do mundo, a maior parte do público, a chamada grande massa, pensa apenas no seu triste dia a dia e na sua sobrevivência.

     Em se tratando de eleições, essa grande massa votará naquele que tiver mais dinheiro para comprá-la com promessas de vida melhor e/ou que tiver uma estrutura melhor de propaganda e marketing que possa convencê-la (à grande massa) de que determinado candidato, se eleito, no futuro lhe dará melhores condições de não morrer de fome tão proximamente.

     Essa grande massa também aceita qualquer tipo de “verdade” que se lhe diga – direta ou indiretamente – principalmente se embutida nessa “verdade” estiver alguma promessa de possível bem estar.

     Assim como as classes sociais, em sua forma piramidal de desigualdade, a mass-media divide-se, levando-se em conta, principalmente, a capacidade de apreensão de cada indivíduo e não, necessariamente, a sua classe social. No entanto, é claro que aqueles que dispõem de melhores meios de informação e tem melhor escolaridade e melhor senso crítico terão, também, melhor capacidade de avaliação dos fatos.

     E um fato é um fato, independente do ponto de vista de cada um.

     Assim, no que se refere à matéria citada e no que se refere ao fato citado na matéria citada que, em si, diz muito pouco em termos de informação, mas, subliminarmente, no inconsciente das pessoas, poderá estar passando uma realidade distorcida dos fatos, deve ser feita uma ou outra reparação.

     Item. Houve uma agressão.

     Item. A agressão, em si, diz tudo, independente do objeto com que o agressor agrediu o agredido.

     Item. Em uma agressão, não há nenhuma diferença entre um cabo de vassoura e uma bolinha de papel.

     Item. A agressão não se tratou de uma simples brincadeira de sala de aula, quando os alunos atiram bolinhas de papel uns nos outros, por chacota.

     Item. A agressão foi movida por ódio insuflado por uma determinada facção política que detem o poder e quer conservá-lo.

     Serra não foi o único agredido. Pedras e cabos de bandeiras atingiram pessoas menos famosas. O que se sabe, através de todos os meios de comunicação, é que o grupo de Serra que fazia uma caminhada em Campo Grande, no Rio de Janeiro, foi agredido por um grupo de petistas.

     O PT está se tornando um partido fascista e isso é muito perigoso.

     Quando um partido que está no poder, como é o caso do PT, se arroga o direito de transformar a natureza do país que governa, como fará Dilma se for eleita, com a construção de Belo Monte, mais duas hidrelétricas em Rondônia e a transposição do Rio São Francisco - agredindo a Natureza, desalojando os povos nativos, destruindo flora e fauna e tudo por arrogância de poder e ânsia por dinheiro, alguma coisa está muito errada.

     É um partido que agride. Perdeu o senso do que seja democracia, direito natural, consciência ecológica, preservação ambiental, crescimento sustentável e diversidade de opiniões.

     Agride.

     A campanha que o PT está promovendo neste segundo turno é feita de agressões, ostensividade e arrogância. É um partido que perdeu a noção dos limites. Parte para a intimidação física, porque tem medo de se ver desmascarado.

     O PT está agindo assim como Mussolini, nos anos ’30 e ‘40, na Itália, com os seus “Camisas Pardas”. Ou Hitler, na mesma época, com os seus SS.

     E ambos diziam que era em nome do povo.

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