quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

A QUEM ELES QUEREM ENGANAR?



Certo início de ano, que não este, depois de todo aquele auê da contagem regressiva, abraços, votos de paz e amor, etc., a Globo colocou um de seus globais para fazer um discurso de entrada de ano e lembro que uma das coisas que ele disse foi “agora acabam-se as dúvidas e as dívidas”... No mínimo risível. Mas, naquele momento de efusão, quando todos acreditavam que tudo, realmente, iria mudar, a frase passou. Depois é que as pessoas se deram conta de que nem tudo o que a Globo diz é verdade, porque depois é que veio a verdade da Vida. E a Globo é só parte dessa engrenagem, desse sistema selvagem que nos vendem como o melhor dos mundos.

       A quem eles querem enganar? Ao povo, como sempre. Ao povo, aquela massa silenciosa domada durante o ano inteiro com carnaval, futebol, drogas, bebidas, sexo e todas as ilusões possíveis, imagináveis e por imaginar, para que não se lembre da miserável vida que leva, dia após dia, com as noites sendo adocicadas com novelas e falsas esperanças e quando a velhice chega o que o espera, de verdade, é uma grande fila do SUS, que poderá, ao fim, minimizar ou não as suas dores, um salário mínimo pela metade e a total desesperança de mais nada.

       Agora que entramos em um novo ano, novamente aquela festa de faz de conta, quando todos fingem que estão felizes e que desejam que todos tenham tudo – “principalmente saúde, o resto vem depois” – mas, no dia seguinte, agora, o que acontece? A Vida cai em cima. Todos os problemas não acabaram, você não ganhou a mega sena ou a loto ou coisa parecida e, na verdade verdadeira, passou apenas mais um dia e se você não fizer por você mesmo, não for à luta e reivindicar os seus direitos, do jeito que der, mas lutando, nada vai mudar mesmo. E tudo que eles querem é que você não se dê conta disso, que você não lute, não reivindique, que finja estar dentro de um eterno sonho cheio de bons fluidos e cuecas amarelas ao fim de cada ano, e mais nada.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

A ÚNICA CERTEZA

a única certeza
é aceitar
cada segundo
como perpétuo único





segundo
como primeiro último
segundo

aceita correnteza
carregar
os remoinhos a espuma
do próprio dorso líquido
e os espumantes remoinhos
de outros dorsos
que perderam o dom de correnteza

aceita correnteza
carregar
fluir a herdada carga
até o mar
e transformar-se em maresia
e esperar
a próxima maré

a única certeza
é maré
repouso à correnteza

ouvir o vagaroso avolumar-se
do murmúrio imensurável
entregar-se ao pressentido inevitável
sem debater-se em equívocos repuxos

e ir ao encontro
do mais profundo dos profundos

eternal agitação, perfeita calma.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

2010 - ANO UNIVERSAL 3


Em 2010 estaremos em um Ano Universal 3 ou o terceiro ano de um ciclo universal de nove anos que teve início em 2008 (Ano Universal 1).


   Se o Ano Universal 1 é o ano que favorece novos acontecimentos e realizações e o Ano Universal 2 é o ano da ponderação, da escolha e do pensamento sóbrio, o Ano Universal 3 dá a possibilidade de expansão em todos os setores. As pessoas estarão mais propensas a buscar novos caminhos que levem ao progresso e ao bem-estar. Para isso, no entanto, será necessário muita luta, porque essa necessidade de progresso implicará em muitas cobranças dos setores sociais em relação aos seus representantes. Nem as eleições nem a Copa do Mundo poderão ser usadas como agentes de atenuação das lutas sociais, que deverão ser muitas e constantes.
   No Brasil, apesar dos esforços do governo em buscar diminuir as desigualdades, muito mais será exigido para resolver questões que até hoje foram relegadas para segundo plano, como a reforma agrária e a extrema pobreza da grande maioria do povo brasileiro.

   No mundo, as lutas pelos direitos sociais poderá provocar maiores conflitos, não só entre países como, também, as lutas ecológicas serão aprofundadas e os governos severamente questionados. A energia gerada poderá redundar, também, em muita criatividade nas artes e na ciência.

   Individualmente, as pessoas procurarão se engajar em causas populares e em atividades que digam respeito a melhorias sociais e cívicas. Haverá muito nervosismo e necessidade “urgente” de lutas reivindicatórias. É claro que aqueles 10% que tem tudo e controlam a economia procurarão obstar essas lutas sociais, o que poderá provocar conflitos.


   Se o Brasil ganhará a Copa do Mundo ou se teremos uma Miss Universo? Há boas probabilidades, mas isso é realmente importante?

sábado, 19 de dezembro de 2009

EM RITMO BÚDICO DE BLUES


Muito antes do número das revelações,
quando o Nôus ainda esperava o não-empurrão do não-Nôus,
quando a aparência era ainda uma gritante expectativa
dos mais surrealistas
e o desejo uma possibilidade numérica,
O Louco iconoclasta, o Andarilho,
passeava em ritmo búdico de blues
- entre pura emotividade e Nirvana absoluto -
nas múltiplas possibilidades de si mesmo
da paródia da paródia da paródia
ao borbulhante esfaquear da cachoeira
a cada gota.

QUANTO AO OBAMA...



Quando o lixo da Europa foi para a América do Norte formar o que hoje conhecemos como Estados Unidos, o mundo ficou de sobreaviso. Aquele povo, formado por bandoleiros, traficantes, piratas e escravagistas, logo após a sua independência se sentiu livre para saquear e assassinar os demais povos.


   Começaram por dilacerar todas as suas nações indígenas. Depois invadiram o México e tomaram quase dois terços do seu território. Com isso, conseguiram vastos campos de petróleo, ouro e outras riquezas. Empregaram essas riquezas para aumentar as suas Forças Armadas e tentar dominar os demais povos do sul – América Central e América do Sul. Deram-se conta de que era mais fácil “prosperar” através do terror e da pillhagem do que com o trabalho honesto, e gostaram da idéia.
   Ao mesmo tempo, usavam a escravidão como forma de enriquecimento. Com a industrialização, perceberam que era mais barato ter assalariados do que grandes quantidades de escravos. O assalariado tem que manter-se por si mesmo com a miséria que recebe, enquanto o escravo demandava grandes gastos. Fizeram a guerra contra os estados do sul, que não concordavam com essa idéia e dependiam de seus escravos para a manutenção de suas grandes plantações de algodão. Com a vitória na Guerra da Secessão, aumentaram ainda mais a divisão entre pobres e ricos, formaram uma nova elite – que já se propunha um plano de dominação mundial – e posaram de heróis para o mundo.
   Instigaram as duas grandes guerras européias, e delas participaram com o único objetivo de auferirem grandes lucros. Expandiram as suas empresas e dominaram o mercado mundial. Com o fim da União Soviética, aumentaram ainda mais o seu domínio.
   Enquanto isso, construíram uma grande máquina massificadora. Através do cinema e dos demais meios de comunicação tentavam convencer os povos de que todas as suas ações eram justificadas, “em nome da democracia e da liberdade”. Suas agências de notícias vendem informações para todo o mundo, as informações que eles desejam que sejam veiculadas. Com isso, conseguiram formar uma massa imbecilizada de bilhões de pessoas.
   Recentemente, invadiram o Iraque e o Afeganistão. Não somente para roubar as riquezas daqueles países, mas para ocupar uma estratégica posição com os seus exércitos. O próximo alvo é o Irã, depois, virá o Tibete, a China...


   Nunca se preocuparam com a Natureza. Ao contrário, a sua política sempre foi a de “dominar” a Natureza e não respeitá-la. O resultado estamos vendo agora.
   Na recente Conferência sobre o Clima, em Copenhague, negaram-se, mais uma vez, a auxiliar o planeta. E as pessoas se perguntam: “Mas são burros? São suicidas?” Talvez. Mas o mais provável é que já tenham pronto um plano para salvar as suas elites quando as grandes catástrofes aumentarem. Talvez seja um bom negócio para eles, que só pensam no lucro, gerenciar somente alguns milhões de pessoas, e não seis bilhões.




   Quanto ao Obama...

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

300 TANQUES CHEGANDO


 As forças armadas brasileiras estão felizes. Temos mais 300 tanques de guerra chegando da Alemanha. Ainda não sabemos para que, mas supõe-se que sejam para guerra. É claro que, em existindo forças armadas, elas deverão ser devidamente armadas com o que de melhor há no mercado. Mercado armamentista, é claro. Agora, pensando bem, contra quem vamos guerrear? Contra ninguém, responderão os militares, “Exército, Marinha e Aeronáutica deverão estar bem armados para defenderem nossas fronteiras”.

   Óbvio, mas defenderem de quem? Para não dar muito na vista, esses tanques não foram encomendados dos Estados Unidos, mas da Alemanha. Mas, se analisarmos bem a Alemanha pós-1945, ela nada mais é que uma colônia dos Estados Unidos. Simplesmente o principal aliado dos EUA, depois da Grã-Bretanha, na Europa. Hoje, a Alemanha é um país domesticado, devidamente incluído dentro dos planos globalizadores do império. O povo alemão se curvou aos desígnios dos EUA e parece estar feliz assim.
   E nós compramos tanques deles. Com essa estranha política externa do governo brasileiro, que inclui a ocupação do Haiti a pedido dos EUA, tudo pode acontecer, até uma guerra. Devemos lembrar que a ideologia das forças armadas brasileiras é a mesma da época da ditadura militar – extrema direita. O que houve nos anos ’80, com a Constituinte e a chamada “normalização democrática” foi um pacto de elites, mas nada mudou no âmago do poder brasileiro. Lembrem, também, que nossos militares mais graduados continuam sendo treinados em bases dos Estados Unidos. E somem dois mais dois.


   Hugo Chávez que se cuide!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

ECOS

Me oferece a Odisséia.

Ah!... e a Blavatsky,
O Castañeda
E a Divina Comédia


( Onde é tão difícil chegar ao Céu )

Para que eu possa viajar
                                            Buscar
                             Enfrentar
                             Ousar


Como um espadachim que luta com a sua sombra
               Em eterno duelo de egos
               - Ecos de ecos na bruma... -
Tento dizer não
Ao medíocre previsível


Quero a Odisséia
E a possibilidade de falar com deuses,
Amar ninfas de única beleza e volúpia
E mostrar-me guerreiro às sombras do Hades


( Como na Divina Comédia onde é tão difícil chegar ao Céu )


Me oferece a Odisséia?

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Último pensamento de Ícaro


Eu sou
           aquele
que,
nas costas,
entre as omoplatas,
tem um labirinto.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

SOBRE O CÓDIGO DA VINCI






      Todos os que leram “O CÓDIGO DA VINCI”, de Dan Brown, devem ter ficado um pouco decepcionados com o final de típico “happy-end” norte-americano.
     No fim, o mocinho fica com a mocinha e o mundo continua girando como sempre. Tudo está bem e podemos dormir tranqüilos.
     Depois daquelas incríveis peripécias que duram quase 24 horas, percebe-se que, na verdade, nada foi revelado. Nada de novo. Nada que seja, comprovadamente, verdade.
     Mas o que surpreende, de fato, é a incrível cara-de-pau com que o autor defende os privilégios da aristocracia e da nobreza.
     Baseado na falsa e romanceada tese que Maria Madalena teria tido uma filha de Jesus e que essa filha teria dado origem à casa dos Merovíngios, de onde provieram os reis da França e, depois, de outras dinastias européias, Dan Brown defende, descaradamente, a sacralização da monarquia.
     Para os milhões de leitores que leram e acreditaram nas informações contidas no livro foi passada uma mensagem subliminar de que a nobreza, a monarquia, é algo sagrado a ser preservado indefinidamente - mesmo nos países democráticos - mas com uma casa real sustentada pelos impostos cobrados ao povo.
     O livro também é claramente sionista, na medida em que a filha de Jesus e Madalena seria descendente das casas de Judá e Benjamin, respectivamente, e, portanto, teria o direito ao trono assegurado.


     Simples assim. A tese do Direito Divino ressuscitada em pleno séc. XXI.


     É claro que o autor tenta encobrir essa tese através de um romance de muita ação, com múltiplas informações superpostas, colocadas de maneira a parecerem verdades incontestes.
     As novas informações somente parecem “novas” pela forma de “thriller” com que foi escrito o romance.
     Autores bem mais conceituados que Dan Brown, como Juan Atienza, em “O Legado Templário” e Umberto Eco em “O Pêndulo de Foucault” trataram de questões como Santo Graal, Templários, neopaganismo, etc., de uma maneira séria e desmistificadora.
     Ao contrário de Dan Brown, que, em seu livro, coloca em destaque e relevo a burguesia e a monarquia como os únicos e legítimos detentores da verdade.


     Devemos sempre ficar atentos quanto a esse tipo de literatura, porque o imperialismo cultural e a massificação não se fazem apenas através de revistas, jornais e mídia televisiva. E temos uma nova geração sedenta de novidades e disposta a aceitar qualquer "verdade" que se lhes imponha. Principalmente sob a forma de romance.


     Quanto à “Santa Ceia”, de Leonardo Da Vinci... Se Maria Madalena é João, onde está o apóstolo João? Teria ido ao banheiro?


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