quarta-feira, 28 de novembro de 2012

FALTOU AREIA NO DESERTO VERDE





Gravíssimo o caso de Bagé, onde falta areia para que a barragem que iria (irá?) suprir a demanda de água, acabando com a estiagem que já dura há mais de oito anos e provoca um cruel racionamento parou de ser construída. Motivo: falta areia para a construção. Durante a campanha eleitoral, o Prefeito Dudu (PT) disse que terminaria a barragem em abril. Verbas que variam entre 40 a 50 milhões de reais já estariam destinadas pelo Governo Federal especificamente para a construção da barragem.

     Todos ficaram felizes e votaram no Dudu. É o que mostrou o resultado das urnas muito eletrônicas, que repetiram tediosamente o mesmo número de votos que a suposta oposição recebeu nas anteriores eleições. Inclusive, já se projeta qual será o futuro prefeito do PT em Bagé, visto que as oposições supostas, aqui, recebem sempre o mesmo número de derrotados e tristes votos - por mais aguerrida que seja a campanha eleitoral.

     E a campanha do alegre e renovado Prefeito baseou-se na construção da barragem. Também nas corridas de galgos. E agora faltou areia. Logo após a festa dos frigoríficos, também conhecida como festa do churrasco. Parou tudo na construção da barragem. Ou quase. O prazo da construção foi espichado para... quem sabe 2014, na véspera das eleições presidenciais?

     Especula-se. Alguns jornalistas ensinam as pessoas a tomar banho. 1. Coloque uma enorme bacia sob os pés, durante o banho, e depois aproveite a água para lavar a casa. 2. Um banho gradativo: ensaboe-se, saboreie um chimarrão, ligue o chuveiro e lave-se com rapidez. 3. Banheira nem pensar, com a exceção provável do banho em família uma vez por semana.

     Não é possível aproveitar a água dos arroios que cercam a cidade. Estão completamente poluídos, apesar das informações oficiais em contrário. Existem duas barragens no município. A do Piraí e a de Sanga Rasa, e uma terceira que é chamada de Emergencial. Em setembro, devido às chuvas, elas encheram e transbordaram. O racionamento continuou.

     Fofocas nos bares, becos, quiosques. A água seria desviada para os grandes plantadores de soja e arroz - pessoas muito espiritualizadas e com profundo senso ecológico que usam sementes transgênicas por necessidade extrema. Fofocas, intrigas da oposição.

     Faltou areia. Um engenheiro ou assemelhado teria proposto a destruição de rochas, pedras, talvez tijolos, telhas para a confecção de areia que serviria para a construção da nova barragem. Cavar poços e vender a água a preços módicos... Enormes e finíssimas, quase invisíveis redes nos quatro cantos da cidade para recolher a areia que os vendavais levantam... Será que alguém lembrou a compra de areia? Afinal, a verba para a construção da barragem é enorme! Ou acabou-se a verba depois das eleições? Muitas coisas acabam depois de eleições.

     A esperança do povo é uma delas. O povo que não come churrasco na festa dos frigoríficos. O povo que ainda acredita em eleições. O povo que é levado a pensar que o poder é público.

     Qual a causa da seca? O desmatamento é uma delas, mas nada se faz a respeito. Ao contrário, várias praças foram "revitalizadas" e essa "revitalização" incluiu o corte de muitas árvores. Algumas foram arrancadas pela raíz. outras simplesmente foram cortadas à vista de todos. Protestou-se. Nada adiantou. O Prefeito foi reeleito. Continuará com a sua ação antiecológica?

     Caturritas invadiram a cidade. Aquelas aves verdes, que adoram morar em eucaliptos e espantam pássaros de toda espécie. O terror das plantações. Invadiram a cidade. São tantos os eucaliptos e pinus plantados no município, árvores que alimentam as grandes empresas de celulose, que Bagé está sendo considerada, há vários anos, um município que está sendo dominado pelo "deserto verde".

     O deserto verde acontece em lugares onde há monocultura, principalmente de grãos ou árvores que exijam muita água. Em média, em sua fase de crescimento, o eucalipto exige cerca de 30 litros de água por dia. Como consequência, retira a água da vegetação nativa, matando-a. Seca várzeas, vertentes, poços artesianos, sangas... Resseca a terra de superfície na região toda e altera o regime de chuvas. Provoca a seca. E tem ainda um agravante: uma vez formada uma monocultura de eucalipto, quando chove, a água escorre e infiltra pouco. Por isto, além de consumir muito água, ele repõe pouca. Isto, com o passar do tempo, reduz drasticamente a umidade em toda a região onde são plantadas as grandes monoculturas de eucaliptos. Em períodos de estiagens isto se torna dramático para o povo, pois falta água para o consumo das pessoas e para matar a sede dos animais. O Pinus e a Acácia Negra provocam contaminação biológica, liquidando com a vegetação nativa.

     Além disso, as plantações de grãos geneticamente modificados levam à esterilização da terra.

     Nada é feito contra as causas da seca em Bagé e região. Sequer se fala a respeito. Esta é uma terra quase ecologicamente analfabeta. Há um grande respeito pelos fazendeiros e por seus interesses econômicos. Na última campanha eleitoral, os dois lados aparentemente opostos foram atrás do apoio dos grandes donos de terras.

     É provável que a próxima barragem seja construída antes de 2014, mas a seca continuará porque não há interesse em combater as suas causas. O povo, mal orientado pelos meios de comunicação que não investigam, quer a barragem; deseja eliminar os sintomas. O mesmo povo que talvez ajude a derrubar as árvores e a plantar as espécies exóticas causadoras da monocultura, do deserto verde e da estiagem crônica em Bagé. Não por acaso a ignorância e alienação são fatores fundamentais para a instalação de  ditaduras reacionárias.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

SEU CHICO E A DEMOCRACIA






- E democracia é isto, seu Chico?

- Pois é o que dizem... Entra um, sai o outro, os dois fingem que são adversários, depois das eleições se unem e o povo ali torcendo como se fosse um jogo... Vez que outra uma melhoria aqui, outra ali...

- Só melhoria, porque mudar mesmo...

- Só melhoria. Eles são especialistas em melhorias. Nada que vá muito fundo, que afete as estruturas.

- Vamos falar de futebol?

- Então vamos.

- E o Grenal?

- Pois é, o Grêmio tá melhor, mas Grenal é Grenal... Depois acaba o campeonato, vem as férias, Natal, outro campeonato, Carnaval, tal e coisa, um monte de feriadão, morte no trânsito, denúncia disso, denúncia daquilo, uns vão pra cadeia, outros saem.

- As cadeias estão muito cheias, não é seu Chico?

- Mas bah! Até parece que não vão prender mais ninguém, só os muito pobres que não tem pra onde ir.

- E aquela turma?...

- Condenados soltos - nunca tinha visto igual!

- E fica por isso mesmo...

- Fica por isso mesmo e por mais algumas coisitas...

- E o nosso dinheiro que eles roubaram?

- Pois não é que vai ficar por isso mesmo, também? Parece que uns vão pagar multa...

- Vamos falar de futebol?

- Então vamos.

- E o Fluminense?

- Como diz o nome: um time do estado fluminense, lá onde eles pegam o dinheiro do petróleo pra fazer os seus carnavais.

- E o povo nada, não é seu Chico?

- O povo nada na miséria, na desolação, no abandono, votando aqui, votando lá, acreditando em uns, acreditando em outros...

- Pensam que elegendo um ou outro as coisas se resolvem na hora.

- Pior é que é assim. A ignorância do povo elege a fraude, a fome elege a corrupção. E o povo aplaude e vota nos mais corruptos, que compram cada voto.

- Quando não há fraude...

- Sempre há. Isso de fraude já virou um hábito. É como jogar no bicho. E com aquelas maquininhas safadas, então... Inclusive, eu fiquei sabendo...

- Não diga!, seu Chico, não diga

- Isso não é coisa que se possa dizer, não é?

- Que se deva dizer. O senhor não vê, mas estamos sendo filmados a cada passo. Câmeras escondidas. E quem diz que nessas câmeras não tem microfones?

- Pois é, a ditadura acabou, Agora temos o direito de votar, de ir e vir, de falar, o senhor até tem um blog!

- Ainda tenho um blog. Com não poucas ameaças, seu Chico. Sem falar que, de vez em quando, some um daqueles gadgets, uma daquelas ferramentas. Dizem que é defeito, tal e coisa... Vamos falar de futebol?

- Então vamos.

- E o Corinthians?

- Continua gordo e são de lombo, principalmente agora que tá ganhando um estádio do Governo deles.

- Do nosso Governo, não é seu Chico?

- Olha, pra falar a verdade, às vezes eu tenho dúvidas de quem é esse Governo. Tem os apadrinhados, que ganham ministérios e secretarias, e para esses o Governo é deles, com certeza. Tem a oposição oficial, que não ganha nada e também não faz nada, porque vá lá que de repente seja convidada a participar do banquete... E tem nós, o povo, que pagamos os impostos.

- Que eles roubam, seu Chico.

- Roubam oficialmente, pra fazer os seus estádios e festas.

- Agora pegaram outra quadrilha. Lá dentro do Governo.

- Pois não são todas? Não é aquela que tem uma mulher amiga do Cara?

- Essa mesma, seu Chico.

- E sabe o que vai acontecer?

- Nem tenho idéia!

- Pois eu tenho. Só não vou dizer por causa das câmeras, dos microfones... de toda esta liberdade.

- E democracia é isto, seu Chico?

- Pois não é o que dizem? Vamos falar de futebol?

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

O NOVO HOLOCAUSTO SIONISTA


Já li alguns absurdos na Internet sobre o novo ataque de Israel a Gaza. Um deles: "Não sei porque que eles estão lutando por um pedaço de terra árida". Outro: "Aqueles palestinos são uns provocadores". E assim vai. Mas é na Internet, dirão alguns; talvez no Facebook, Orkut, lugares de extrema alienação. Nem sempre. É claro que redes sociais são espaços para conversas descomprometidas e coisas afins, mas há muita gente que usa a WEB para demonstrar a sua indignação.

     Indignados estão os palestinos desde que a ONU deu a terra deles para os sionistas em 1948. Foram sendo expulsos gradativamente, guerra após guerra, combate após combate, e hoje só tem aquela pequena faixa de terra em Gaza e outro pequeno pedaço na Cisjordânia.

     O Sionismo é uma ideologia fascista cuja principal característica é ser divulgada somente entre o povo judeu. A fortaleza de Sion ficava em Jerusalém aos tempos do rei Davi, a parte mais fortificada da cidade. Quando invadiram a Palestina, a cerca de seis mil anos atrás, segundo relatos bíblicos ainda não confirmados pela pesquisa histórica e arqueológica,os judeus tinham ordem do seu deus, Jeová, de matar todos os povos da região, incluindo mulheres e crianças. Às vezes, até o gado era destruído. Não deveriam deixar rastro algum daqueles povos, porque o povo escolhido para governar sobre a Terra não poderia se misturar com os demais povos. E a melhor maneira de evitar a mistura era o extermínio de todos aqueles que não fossem judeus.

     E os não judeus eram os donos da terra, na época chamada terra da Canaã, porque pertencia aos descendentes de Cam. Sempre é bom recordar que os três filhos de Noé, que repovoaram a Terra após o Dilúvio chamavam-se Sem, Cam e Japhet. Cam teve quatro filhos homens: Cush, Mizraim, Put e Canaan.

     De acordo com o Gênesis, 10 - 15 e versículos seguintes: "Canaan gerou a Sidon, seu primogênito e Heth, e ao Jebuseu, O Amorreu, o Girgaseu, o Heveu, o Arkeu, o Seneu, o Arvadeu, o Zenareu e o Hamatheu e depois se espalharam as famílias dos cananeus".

     Esta a lenda e, segundo ela, os judeus descendentes de Sem (por isso chamados de semitas, assim como os árabes e outros povos) invadiram a terra dos filhos de Cam com o objetivo de destruir todos aqueles povos camitas que ali moravam há séculos e nem imaginavam que um povo governado por um deus, legitimamente chamado de deus dos exércitos, desejava desapossá-los. Pior ainda: destrui-los completamente. A propósito, os famosos filisteus não eram descendentes de Canaan, mas de Mizraim.

     Provavelmente tenha sido a tentativa de genocídio, ou etnocídio, mais famosa da História - a se acreditar que o Velho Testamento realmente contém registros históricos.

     Quase conseguiram. Foram comendo pelas beiradas. Destruiam um povo aqui, outro ali e iam assentando as suas tribos nas terras dos povos expulsos ou chacinados. Eram doze tribos, cada uma levava o nome de um dos filhos de Jacó, também conhecido como Israel, e o trabalho de matar toda aquela gente que morava no que hoje conhecemos por Palestina ocupada por Israel era muito árduo. Os que escaparam da morte foram escravizados. É claro que os povos da terra resistiam, mas os judeus tinham passado 40 anos preparando um grande exército invasor e, além disso, a seu lado ou acima deles havia um deus furioso que os incitava à guerra.

     A tal ponto que na época de Saul - oficialmente o primeiro rei judeu - Jeová, através dos seus profetas e videntes, mandou que o rei invadisse uma determinada cidade dos amorreus e matasse a todos - homens, mulheres, crianças e animais. Saul cumpriu as ordens: invadiu e matou a todos, mas poupou os animais.

     Pra que! Jeová ficou furioso. A ordem era para matar todos os seres vivos. A partir daquele instante, a casta sacerdotal governada por Samuel passou a conspirar contra o rei. Começaram escolhendo um novo rei secretamente: Davi. Em seguida, acharam uma maneira de imiscuir Davi na corte. Foi quando Davi matou Golias e teve como recompensa uma das filhas de Saul. O povo adorava Davi, porque era um grande matador. Chegavam a fazer canções sobre a quantidade de inimigos que ele matava, comparando-o vantajosamente com Saul, que matava bem menos. Saul, que não era bobo, desconfiou. Perseguiu Davi, que fugiu, levando consigo 400 homens - todos eles ótimos matadores.

     Perseguido por Saul, Davi se transformou em bandoleiro. Volta e meia assaltava algum fazendeiro, dava proteção pra outro e ia vivendo... E Saul sempre no encalço dele. Para se proteger da perseguição, Davi passou para o lado dos filisteus, continuando com as suas funções de cangaceiro, mas desta vez sob proteção. Quando Saul foi morto em uma batalha contra os mesmos filisteus, Davi voltou e foi aclamado rei pelo povo. Com o povo, os sacerdotes e Jeová a seu lado, Davi continuou a combater e a expulsar as nações à sua volta. Certa vez, invadiu e destruiu Jerusalém, que era terra dos Jebuseus e tinha como rei Adoni-zedek, provavelmente parente daquele mesmo Melki-zedek que fora amigo de Abrahão, na época em que Jerusalém se chamava Salém.

     Depois de matar a todos, como de praxe, reconstruiu a cidade e a fez capital do seu reino. Morava na torre de Sion, uma fortaleza particular dentro de Jerusalém. Segundo os livros de Reis e Crônicas do Velho Testamento, foi Davi o rei que conseguiu conquistar toda a terra da antiga Canaã para os judeus, através de inúmeras guerras. E essas conquistas incluiram não só a parte ocupada atualmente pelo artificial Estado de Israel, como a Cisjordânia, Gaza, parte do Líbano e da Síria.

     Em 1948 foi criado o Estado de Israel na terra dos palestinos. A ONU baseou-se na história do povo judeu descrita no Velho Testamento para fazer acreditar que aquele povo tem sobre a Palestina e terras adjacentes direito ancestral. Com armas moderníssimas e soldados bem equipados e treinados, os judeus ocuparam a terra que a ONU lhes dera e foram expulsando os seus legítimos donos - como Davi fizera antigamente. Sempre apoiados por Inglaterra e Estados Unidos. Ao mesmo tempo, divulgavam a ideologia sionista que, em última análise, bem resumidamente, dá o "direito" de Israel ocupar as mesmas terras que o rei Davi tinha conquistado. Isso inclui a Faixa de Gaza, a Cisjordânia, parte do Líbano e parte da Síria.

     Há aqueles que pensam que todos os judeus participam desse plano, o que é injusto. Grande parte do povo judeu não é sionista, existem até partidos de esquerda em Israel, pessoas que denunciam o Sionismo. No entanto, os governantes do Estado de Israel são Sionistas, vale dizer: fascistas.

     Só os muito cegos ou desatentos não percebem as manobras do governo mundial, também apelidado de império, encabeçado por Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha - além dos paises aliados e subservientes, como o atual governo brasileiro, que representa oficialmente o povo.

     Obviamente, quer dominar todo o Oriente Médio - utilizando-se de Israel como cabeça-de-ponte - para alcançar a Rússia, após a destruição do Irã, e a China, através do domínio do Tibete e por intermédio do Japão e países aliados do extremo Oriente.

     A propaganda é intensa. Os meios de comunicação se repetem ao elogiar Estados Unidos e Israel - pai e filho - e demonizar palestinos, iranianos, sírios, libaneses, russos e chineses. Preparação das consciências ou da inconsciência geral.

     Neste momento o exército de Israel está invadindo a Faixa de Gaza. Os inimigos, agora, não são os filhos de Cam, mas os próprios primos semitas - árabes, dos quais as terras tem sido espoliadas desde 1948. Para quem não sabe, os árabes são descendentes de Ismael, primeiro filho de Abrahão. Isaac foi o segundo filho. Mas os judeus sionistas não se importam com isso. Querem toda a terra que Davi roubou dos camitas, depois de exterminá-los. Após a conquista da Faixa de Gaza será a vez da Cisjordânia. Em seguida, o Líbano. A Síria já esta sendo invadida aos poucos. A Líbia está cercada por terra e por mar.

     Se tiverem que exterminar a todos, praticar um novo genocídio, isso não terá importância para os sionistas, que consideram os demais povos muito inferiores. A eles, os sionistas, é que Jeová prometeu o domínio da Terra. Um novo genocídio servirá de holocausto - oferenda - ao deus dos exércitos.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

PRESÍDIO PODER TOTAL




A piada da semana é o não improvável futuro suícídio do ministro José Cardozo, da Justiça. Disse que prefere o suicídio a ser preso em algum presídio brasileiro. Alguns mais irônicos insinuam que o ministro talvez tenha algo a temer - quem não deve não teme.

     Afinal, é um ministro da Dilma e a Presidente já demitiu oito ministros por suspeita de corrupção. Ou por outras suspeitas. Suspeitas que não foram investigadas, ou, se o foram, nada veio a público. As meninas e meninos do Governo não são criminosos - cometem travessuras.

     A outra interpretação sobre o pronunciamento do ministro José Cardozo é que ele não gostaria de  ir para alguma prisão 'brasileira'. Daria a entender que, na hipótese, pediria a extradição para outro país, onde existem prisões adequadas a cada classe social. 

     Profundas tem sido as especulações sobre as manifestações do ministro a respeito das nossas prisões medievais. Mais uma: o ministro, sentindo-se culpado porque nada tem feito para melhorar as condições prisionais e com medo da prisão por não estar cumprindo essa básica função de um ministro da Justiça, avisou antecipadamente que prefere o suicídio.

     Todos estavam muito preocupados com as tendências suicidas do ministro, quando aquele menino do PT que também é ministro, mas do STF, o Dias Toffoli, fez um exaltado discurso contra as condições das prisões brasileiras. Em seguida, outra ministra, a da secretaria dos Direitos Humanos, lembrou das suas funções e bradou subliminarmente contra o próprio governo que representa e nada faz para melhorar as nossas (medievais?) prisões. Esperam-se novas manifestações a respeito - a maioria de membros do Governo. Um Governo que vai completar 10 anos e somente agora recorda que presos são seres humanos.

     Mas foi justamente quando o Dias Toffoli fez coro à fala do ministro da Justiça que os mais alertas perceberam a razão do ataque de humanismo e ameaça de suicídio do ministro Cardozo. José Genoíno, José Dirceu, Delúbio Soares, os principais componentes da cúpula petista durante o primeiro governo Lula, acabavam de ser condenados à prisão. E - o mais inusitado - talvez venham a ser presos de verdade.

     Em casos assim, as prisões brasileiras são lembradas como péssimo exemplo de punição. Dias Toffoli chegou a argumentar que seria mais adequado penas pecuniárias a penas prisionais. Entenda-se: para quem tem dinheiro. Os pobres continuarão a ser estuprados e torturados.

     Quanto foi mesmo que eles roubaram no mensalão? Os mais discretos afirmam que foram 'só' 50 milhões, as investigações apontaram 141 milhões, por baixo, e o Marcos Valério, que poderá sofrer um acidente a qualquer momento por falar demais, afirma que foram mais de 350 milhões. Ficaram imensamente ricos com o nosso dinheiro e podem pagar pela liberdade. Não se sabe a extensão do roubo no Governo, desde a primeira eleição do Lula, mas a turma do mensalão foi condenada. Não todos. E a penas levíssimas, considerando os danos que causaram aos cofres públicos. O STF foi muito amigo dos mentores intelectuais dos crimes, conforme se previa desde antes do início do julgamento do mensalão.

     A outra opção é o Governo realmente, para surpresa de todos, fazer reformas nos presídios. Começaria com um presídio modelo, destinado aos apenados amigos. Não seria chamado de presídio, mas de Casa de Detenção ou, melhor ainda, Lugar de Reflexão, Espaço Para Exame de Consciência, Sitio da Boa Amizade... Qualquer coisa assim. Sabe-se que palavras atuam psicologicamente e chamar um presidiário de presidiário poderá provocar choques irreversíveis. Principalmente se o presidiário em questão for um grande amigo, como, por exemplo, o José Dirceu. Para que os detentos, presos, estagiários, hóspedes não esqueçam a sua real importância, poderá chamar-se Paragem Poder Total.

     Um lugar bastante amplo, com suítes, piscinas, banheiras com hidromassagem, bares, boates, cinemas, estacionamento, heliportos, serviço de quarto, etc. Lembrando que os hóspedes seriam guardados por policiais que, na verdade, fariam as vezes de empregados, auxiliares, secretários... Como hóspedes de confiança, com muito dinheiro, teriam as chaves dos seus respectivos apartamentos e até, se desejassem, poderiam tirar férias onde bem entendessem, promover conferências sobre as novas e moderníssimas condições prisionais para políticos corruptos e corruptíveis - tudo o que desejassem. O mais importante é que estariam oficialmente presos.

     E isso aquietaria a consciência de todos. Inclusive, o ministro Cardozo não teria mais pensamentos suicidas.

     A terceira possibilidade é que os coitados dos condenados pelo mensalão sejam presos imediatamente. Ou quase imediatamente.

     O ideal seria no dia 22 de dezembro, inaugurando a Nova Era. Assim, com certeza Dilma daria a eles o indulto de Natal.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

IMPUNIDADE?


Indigna-se o povo brasileiro honesto com as penas aplicadas a Delúbio Soares, José Genoíno e José Dirceu. Sabe-se que eles foram os verdadeiros organizadores do esquema do mensalão, os mandantes, sendo que José Dirceu foi apontado como o chefe da quadrilha pelo procurador-geral da República. No entanto, por um "passe de mágica" jurídico serão eles que terão algumas das menores penas. Os 10 anos e 10 meses de José Dirceu transformam-se em 1 ano e 9 meses. Isto, se os honrados ministros do STF não revisarem a sua pena. Genoíno, que recebeu pouco mais de seis anos de prisão, ficará em regime semiaberto e Delúbio sairá da cadeia em pouquíssimo tempo, assim como os outros dois.

     Já é escandaloso Lula não ter sido indiciado. Na época do roubo, Delúbio era o tesoureiro do PT, Genoíno era o Presidente do PT e José Dirceu o ministro da Casa Civil. Lula disse que não sabia de nada e ficou por isso mesmo.

     Enganam-se os petistas ao tratarem o ministro relator do Mensalão como inimigo. Nunca foi tão amigo. Provavelmente seguindo as palavras escritas na denúncia do procurador-geral da República, que deixou claro que a quadrilha atuava em três núcleos coordenados - político, financeiro e publicitário - Joaquim Barbosa desmembrou o julgamento como se se tratasse de três processos distintos. Palavras mal interpretadas, porque o que era dito na denúncia por Roberto Gurgel, procurador-geral da República, é que o núcleo político, eixo do mensalão e comandado por Dirceu, desviava recursos públicos para custear despesas de campanha de políticos do PT e aliados, além de comprar votos de partidos da base aliada para temas importantes para o Governo. O núcleo financeiro lavava dinheiro para o esquema, enquanto o núcleo publicitário elaborava contratos fraudulentos com estatais para desviar recursos.

     Ou seja, era um único esquema, mas que foi julgado como se fossem três.

     Assim, toda a culpa do crime, ou da sequência de crimes, foi jogada nas costas daqueles que lidavam com o dinheiro, notadamente o núcleo publicitário e o núcleo financeiro, livrando-se os membros do núcleo político que, julgados separadamente, foram considerados culpados somente pelos crimes de formação de quadrilha e corrupção ativa - como se toda a organização do esquema do mensalão - que incluiu crimes como lavagem de dinheiro, corrupção ativa, peculato, gestão fraudulenta e corrupção passiva - não estivesse ligada diretamente à coordenação dos políticos, ou do assim denominado "núcleo político".

     Se assim fosse (o que a forma julgamento deu a entender), o núcleo publicitário estaria agindo de maneira independente, assim como o núcleo financeiro, quando, na verdade, o mensalão, mesmo que tenha sido um esquema organizado através de três setores, serviu unicamente aos crimes planejados pelos políticos que dele se beneficiaram.

     Separando o julgamento em núcleos, Joaquim Barbosa, por mais rigoroso que tenha sido, deu todas as chances jurídicas para que os chefes políticos do esquema fiquem praticamente livres, cumprindo penas que são pouco mais que ilusórias ou simbólicas.

     Não acredito que tenha sido proposital, com o intuito de aliviar as penas do chefe da quadrilha - José Dirceu - e de seus sequazes. No entanto, qualquer um que raciocine medianamente entenderá que se houveram crimes perpetrados por uma quadrilha, obrigatoriamente o responsável ou os responsáveis pela organização, monitoramento e execução dos crimes deverão ser responsabilizados por todos os crimes e não somente por um ou dois - justamente os que, segundo a nossa legislação penal, acarretam menores penas.

     Indigna-se o povo brasileiro honesto e que paga os maiores impostos do mundo quando sabe que o seu dinheiro é roubado e os verdadeiros responsáveis estarão em ação, livres e tranquilos para executar novos crimes, se o desejarem, em muito pouco tempo. Indigna-se mais ainda ao saber que o dinheiro público roubado - ou "desviado", como alguns preferem dizer - não será devolvido.

     Há quem afirme que as discussões entre Lewandowski e Joaquim Barbosa teriam sido orquestradas para dar ao julgamento um clima de maior seriedade - o que não deve ser crível.

     Paira no ar a sensação de impunidade. Aumenta a insegurança em relação ao Estado, que deveria ser protetor dos cidadãos e não autor de crimes, através dos seus representantes oficiais.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

O VERDADEIRO CAMPEÃO







O Fluminense foi declarado Campeão Brasileiro de Futebol de 2012 porque conquistou tantos pontos que não poderá ser alcançado por nenhum outro time, ainda faltando três rodadas.

     Era de se esperar que fosse o Flamengo – que é o time do povo – ou o Corinthians – que é o time do Lula. Nenhum deles foi escolhido. Por razões escatológicas, o preferido pelo destino foi o Fluminense. Os demais times acharam por bem que perder para o Fluminense não seria tão ruim assim. Com exceção de Grêmio e Atlético Mineiro, que deram homéricas surras no declarado atual campeão. Mas o destino não favorecia esses dois times, que, aliás, não são de São Paulo ou Rio de Janeiro e ainda não entenderam que os campeões de futebol tem que ser de um daqueles dois estados.

     É certo que em muitos dos seus jogos o Fluminense foi auxiliado pela péssima arbitragem. Ou melhor, os times que o enfrentaram foram prejudicados pela mesma péssima arbitragem, que nem sempre foi a mesma; havia rodízio de árbitros, mas, inevitavelmente, fosse qual fosse o árbitro, errava contra os times que enfrentavam o declarado campeão.

     Um campeão tão declarado, e tão antecipadamente, que os outros times que disputam o campeonato, já no início do segundo turno tinham a intuição ou a previsão de que o campeão declarado já estava declarado.

     Através da análise da direção do vôo de determinados pássaros, das palavras não tão enigmáticas da Pítia de Delfos, de uma profetisa que mora em Endor e que consegue ser mais velha que o imortal conde de Saint-Germain, de pretos velhos que baixavam nas terreiras e de outros indícios, presságios e augúrios, soube-se que o campeão seria o Fluminense. Era uma questão de tempo.

     No domingo, 11, com um gol de impedimento e um pênalti que não foi marcado a favor do Palmeiras – erros comuns, os árbitros são humanos – o Fluminense finalmente conquistou o campeonato – depois de muita labuta, muito esforço, muito trabalho, muita dedicação dos seus profissionais.

     Foi necessário tudo isso para vencer um campeonato tão difícil. De outra maneira, como um time tão médio – mas denodado – seria campeão de futebol?

     Comentaristas do Rio de Janeiro e de São Paulo creditam a vitória aos seus craques. Enfatizam que Fred fez muitos gols, alguns de impedimento, mas gol é gol; que o declarado campeão por antecipação tem uma grande defesa – que faz pênaltis que não foram marcados, mas não deixa de ser uma grande defesa; que tem um goleiro de seleção – um goleiro bom, mas que é de seleção, basta avisar pro Mano – e que o seu meio de campo é sensacional – mesmo que tenha sido vergonhosamente envolvido por jogadores de Grêmio, Atlético Mineiro, Náutico, Palmeiras, São Paulo, Corinthians, Internacional, Coritiba, Bahia... – mas é um meio de campo sensacional.

     Especula-se nas bolsas de apostas de todo o país – porque o Brasil tem um povo que aposta muito – qual será o time escolhido pelo destino para ser campeão em 2013, caso o mundo não acabe este ano.

     A grande expectativa, no entanto, é sobre quem será o verdadeiro campeão de futebol, ainda em 2012. Muitos apostam no Grêmio, outros apostam no Atlético Mineiro e não faltam aqueles que afirmam que será o São Paulo – porque é de São Paulo – mesmo que este último time, com todas as luluzinhas que possui no seu plantel, tenha acabado de levar um histórico banho de bola do Grêmio, com direito a “olé”. Mas é de São Paulo, não esqueçamos. E isso aumenta as chances do São Paulo para a escolha de destinado campeão em 2013.

     Ou será o Flamengo? Quem sabe o Corinthians? Vamos, aposte!, esta é uma questão transcendental que poderá resolver todos os problemas do Brasil – como a seca no Nordeste, o analfabetismo, a péssima educação, o melancólico sistema de ensino, o desmatamento acelerado, as usinas hidrelétricas predadoras, o problema dos roaltyes do petróleo que já não é nosso...

     E a corrupção? A corrupção não. O povo não quer o fim da corrupção. Se a corrupção acabar, como o destino poderá declarar com antecipação o próximo campeão brasileiro? Não terá dinheiro para isso, sejamos sensatos.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

O ESBRAVEJAR DOS ZÉS


Até o José de Abreu, que não por acaso trabalha para a Rede Globo, aliada do governo, de qualquer governo, deu para criticar o Joaquim Barbosa. Chama-o de nazista, porque esteve na Alemanha.

     Vou transcrever o texto que li em “Poder Online” - http://colunistas.ig.com.br/poderonline/

     “Petista, o ator José de Abreu, o Nilo de ‘Avenida Brasil’, tem feito violentas críticas ao ministro Joaquim Barbosa, por ele chamado de “O Possesso”. Em seu Twitter, chegou a dizer que a viagem à Alemanha despertou “instintos nazistas” no ministro do Supremo Tribunal Federal. Em outra postagem, classificou Barbosa de “aberração jurídica”: “Até a mídia começa a perceber agora o monstro que criou”, escreveu.”

     Sempre admirei o ator José de Abreu, embora não assista novelas, não só porque rima com ovelhas. Também porque deseduca. As pessoas que ainda assistem novelas acabam acreditando que o mundo é aquela coisa e preferem não olhar para os lados, ignorando a realidade. Atores e atrizes que fazem novelas tem como desculpa o trabalho, o ganho. Acabam acostumando e gostando do estrelismo. E dá no que dá.

     Nas redes sociais há uma clara orquestração de petistas – não só os da Globo – contra o julgamento do Mensalão, que chamam de “político”. Não se sabe exatamente se essas pessoas são pagas, escrevem bobagens infantis por fanatismo ou se é uma questão de lerdeza de raciocínio.

     O que se sabe é que não admitem sob qualquer hipótese que membros do PT sejam julgados e condenados. Passam a impressão de que acreditam que o PT, por mais que roube, faz isso para o bem de todos e a felicidade geral da nação. Os outros podem ser ladrões, petistas jamais. Petistas, no máximo, segundo o que eles dão a entender, fazem bobagens que não deveriam ter sido descobertas.

     São ‘aloprados’, como disse o Lula, certa vez. Aloprados não por serem corruptos, mas porque a sua corrupção ficou a descoberto. Pior ainda, os aloprados foram julgados e condenados e alguns serão presos.

     Se pessoas aparentemente sérias falam isso do Joaquim Barbosa, que se mostra incorruptível, embora tenha sido nomeado pelo Lula, imaginem como tratarão Lewandowski e Tóffoli, os “aliados”? Com certeza, Tóffoli não será menos que um amado irmão e Lewandowski um herói. Apesar dos contrapontos, estamos assistindo, pela primeira vez desde a época da ditadura militar a justiça atuando como justiça. Sem vendar os olhos.

     O que aconteceu foi um roubo descarado, avaliado pelo procuradoria-geral da União em 141 milhões de reais. Marcos Valério afirma que foram mais de 350 milhões.

     Roubo feito dentro do governo Lula, com o dinheiro sendo usado através de bancos nacionais, enviado para fora do país para ser “lavado”, e utilizado para pagar as prostitutas do Parlamento brasileiro que, em troca, votaram a favor de determinados projetos do Governo.

     É considerado o maior escândalo da República, desde que esta iniciou, com o golpe dos marechais. Por enquanto é o maior escândalo descoberto.

     A meu ver, o maior escândalo é a corrupção oficial que alicia todos os partidos que desejarem se vender, dando-lhes em troca ministérios, secretarias, cargos de confiança, etc. Trocaram a corrupção oculta pela corrupção às claras. E chamam a isso de democracia. Dizem que é natural. Governos anteriores ao do PT também teriam sido corruptos; então, porque não usar as mesmas práticas?

     Para o bem do povo não é. O nosso é um povo quase indigente, com péssimas condições de saúde e de educação, citando somente o básico. Além do mais, vem sendo domesticado através da desinformação de empresas como a Globo do José de Abreu, e da alienação provocada por novelas e futebol a mancheias. Estima-se que o jovem estudante brasileiro lê dois livros por ano. Mas não sai do Facebook. O semianalfabetismo é a tendência da moda.

     Aposta-se na amnésia do povo. Quando este povo é sacudido da sua tradicional postura macunaímica através, por exemplo, do julgamento do mensalão, depois de sete anos após a primeira denúncia... Quando o povo que já se acostumara com a malandragem e corrupção diárias vê que temos um Supremo Tribunal Federal incorrupto – estremece! Principalmente se for dado a demagógicos petismos.

     O STF cumpre a sua função – nada mais que isso. Joaquim Barbosa exerce a correta postura de relator da Ação Penal 470 – Mensalão. Mas posturas corretas não é o que o PT deseja. Seus membros se sentem injustiçados pela Justiça que descobriu os seus roubos e está penalizando os amigos ladrões e corruptos afins.

     Não deveria. Para o PT, o correto seria o eterno esquecimento das suas corrupções. É um partido que gosta muito de futebol, carnaval e samba. E de palavras bonitas.

     Quero acreditar que os verdadeiros fascistas acabarão na cadeia, apesar do esbravejar dos zés.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

A SOLIDÃO DE MARCOS VALÉRIO






"Tudo é possível no ajuste final, que chamamos de dosimetria"

(Ayres Brito, Presidente do STF)

“Bem pobres são aqueles que tem necessidade de mitos!”

(A. Camus – “Núpcias, O Verão”)


     Nas redes sociais, muitas pessoas estão fazendo campanha para que Joaquim Barbosa, ministro do STF, seja candidato a Presidente da República. Razôes: cumpre a lei, é honesto e é negro. Não sei se ainda é permitido escrever a palavra ‘negro’ neste mestiço Brasil de tantos pudores e também não sei se o ministro é negro ou tem algum sangue negro, além da pele totalmente preta – ao que parece. Mas, uma das razões para o entusiasmo com Joaquim Barbosa é a sua cor. Alguém poderá dizer que será um entusiasmo racista, da mesma maneira que Dilma é extensamente defendida – faça o que fizer, inclusive Belo Monte – porque é mulher (um entusiasmo feminista?) e Lula surgiu, cresceu e acabou Presidente porque é um ex-operário.

     Motivos pueris, dirão os mais academizados, mas este é o país da volatilidade, da superficialidade, do Carnaval e dos feriadões. E de outras coisas.

     Sabe-se hoje que Lula nunca teve qualquer ideologia, embora fale contra as elites como quem reclama de um prato que não gosta, pertencendo às mesmas elites que destrata quando é conveniente. Dilma tem como propaganda para a minúscula e pouco esclarecida esquerda que ainda persiste no PT o fato de tentar a guerrilha urbana na época da ditadura, o que é elogiável, embora tenha sido eleita principalmente como herdeira do mito Lula, e porque é mulher. A ideologia de Dilma é a do reformismo esclarecido, também chamado de neoliberalismo. Alguns pensam que isso é comunismo, porém esses alguns revelam pouco conhecimento. A eles recomendo o sempre atual “Reforma e Revolução”, escrito por Rosa Luxemburgo, que também era mulher. Eu sei que é difícil, tem muitas páginas, palavras e letras. Mas não custa tentar.

     Eleger Lula porque foi operário, Dilma porque é mulher ou Joaquim Barbosa porque tem a cor negra na sua pele é piada de brasileiro, como diriam os portugueses. O mesmo que acreditar que grande parte dos votos de Hadad, na cidade de São Paulo, foi da gigantesca comunidade gay.

     Imagine Joaquim Barbosa Presidente da República. No momento seguinte seria acerbamente criticado por não usar o SUS para tratar os seus problemas de saúde. Como Lula, tem dinheiro sobrando para fazer tratamento onde quiser. Preferiu a Alemanha. Aqui, a medicina não é muito confiável.

     O digno ministro estará de volta por estes dias e o julgamento da Ação Penal 470 – Mensalão, para os mais íntimos –, agora na fase da dosimetria, continuará e os 25 condenados pelo STF conhecerão a extensão das suas penas.

     Perguntarão os mais afoitos: somente 25? Pois é. No início foram conhecidos como os 40 ladrões. Faltava o Ali-Babá. Alguns foram inocentados antes do julgamento, como Luiz Gushiken, um deles faleceu (foram sete anos desde a denúncia até o julgamento!) e outros tantos foram absolvidos. Alguns, porque houve empate na votação – cinco a cinco – e o Presidente do STF pronunciou a frase lapidar: “Dar o voto de Minerva me enerva”. Lindo! Temos julgadores nervosos. E assim, alguns suspeitos de crime que receberam cinco votos pela absolvição, mas também cinco votos pela condenação, ficaram livres e foram festejar.

     ("Art. 13.São atribuições do Presidente: [...] IX – proferir voto de qualidade nas decisões do Plenário, para as quais o Regimento Interno não preveja solução diversa, quando o empate na votação decorra de ausência de Ministro em virtude de: a)impedimento ou suspeição; b)vaga ou licença médica superior a 30 (trinta) dias, quando seja urgente a matéria e não se possa convocar o Ministro licenciado").

     Suspeita-se que as penas serão bem curtas; talvez algumas palmadas no traseiro. Afinal, o que é formação de quadrilha, peculato, lavagem de dinheiro, corrupção ativa, corrupção passiva para condenados famosos e influentes que continuam livres e assim desejam permanecer? É claro que ficou provado o roubo (eles chamam roubo de ‘desvio’ quando quem rouba é muito importante) de muitos milhões de reais dos cofres públicos. Marcos Valério disse que foram mais de 350 milhões, mas ninguém mais quer acreditar no Marcos Valério, neste momento. Preferem que ele vá pra cadeia até ficar quieto, bem quieto; de preferência, eternamente quieto.

     Não são bandidos comuns. Assim como os membros do STF, pertencem ao que antigamente era chamado de Sistema. O PT iria lançar um manifesto, uma nota de repúdio ao STF e à imprensa ‘de direita’, mas não o fez. Dizem que Lula não deixou. Ainda não é a hora ou, quem sabe, o manifesto não venha a ser necessário. Joga-se nos bastidores.

     Que eu saiba, o STF é o único dos três poderes que se dá ao luxo de parar com atividades importantes quando um dos seus membros viaja. Falta organização, dirão os mais apressados. Talvez. Ou talvez faça parte do jogo. Pessoas muito importantes até podem ser julgadas e condenadas, mas presas... A necessária viagem de Joaquim Barbosa coincidentemente deu tempo aos demais ministros para que pensem melhor, ponderem, ouçam a voz da consciência e outras vozes. Não se sai prendendo qualquer um por quaquer acusação... Ou melhor: qualquer um pode ser preso, mas os condenados do Mensalão...

     Preso ficará o Marcos Valério. Resolveu falar. Desde setembro, ou talvez antes, está falando. Incrimina Lula, Antonio Palocci, faz novas revelações sobre o assassinato de Celso Daniel - e o que ouvimos e lemos em resposta?

     Segundo informações do Estadão (www.estadao.com.br) veiculadas em 2 de novembro, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, teria dito: “E se for uma manobra dele? Não podemos ser ingênuos", afirmou o magistrado. Na própria Procuradoria-Geral, o novo depoimento de Valério foi recebido com ressalvas, já que o empresário é conhecido como "jogador".”
     “Outro integrante do STF lembrou que "se o relato foi puramente oral, o préstimo é quase zero". Na opinião desse ministro, para que o depoimento seja levado a sério Valério precisa ter juntado documentos ou fornecido informações objetivas "com coincidência de dados de outros fatos apurados pelo Ministério Público". "É necessário verificar se as datas fecham", afirmou o magistrado.”
     “Marco Aurélio Mello, único ministro que falou abertamente ontem sobre o caso, ironizou o fato de Valério ter prestado depoimento em setembro, quando o julgamento já estava em curso e o empresário recebia suas primeiras condenações. "A ficha pode ter caído um pouco tarde", afirmou Mello. "Essa postura de Marcos Valério é neutra, não repercute", disse o ministro.”

     Marcos Valério afirma que sua vida foi ameaçada. Sua família diz que ele está morando dentro de um carro blindado, mas a grande preocupação do PT e aliados não é com a vida de Marcos Valério; preocupam-se em livrar da cadeia Delúbio, Genoíno e, principalmente, José Dirceu. E em blindar Lula e Dilma.

      Acusar Lula é coisa de doido, pensam eles. Será que Marcos Valério não leu O Poderoso Chefão, não assistiu aos filmes?

     É um jogador – diz um ministro do STF; “não vale a pena”, confirma outro. Um terceiro fala em prazos, do que se depreende que revelar crimes tem data limitada. O próprio procurador-geral da República se mostra reticente. A oposição no Congresso finge que nada está acontecendo.

     Acusar Lula?! Estremecem os céus.

     Marcos Valério está só. O perfeito bode expiatório. Irá para o deserto da cadeia, carregando os pecados do PT para o anjo Azazel. E o dinheiro que foi roubado do povo brasileiro não será devolvido.
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