sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

O PEQUENO PRÍNCIPE DO FUTEBOL BRASILEIRO





Pobre do Renato... Saiu do Grêmio e foi parar no Fluminense, que agora está sendo chamado de FluminenC. O ex-técnico gremista poderá praticar o seu esporte preferido – chutar garrafas com água – durante o período em que estiver treinando o mais amado time dos advogados cariocas e terá o privilégio de pisar no tapete vermelho sempre que entrar em campo, ouvir vaias durante todas as partidas, mesmo quando o seu time estiver ganhando, com ou sem a notória ajuda da arbitragem, e nunca se preocupar caso o Fluminense passeie pelas quatro últimas posições da série A do Campeonato Brasileiro.

   O Fluminense é um clube muito rico. Vai pagar R$550 mil para o Renato, e todos se perguntam: para fazer o quê? O time não poderá cair para a segunda divisão, mesmo que fique em último lugar e dificilmente alcançará a Libertadores porque os demais times, e principalmente as torcidas, não deixarão. Se existe algum time apelidado de mais amado do Brasil, o Fluminense está concorrendo ao título de mais odiado. O famoso “time de guerreiros” poderá ficar chupando laranjas durante todo o campeonato, sem entrar em campo, se assim o desejar, para continuar na média-média dos times médios dos clubes muito ricos do futebol brasileiro.

    No Brasil, os times de clubes muito ricos não caem para divisões inferiores, a não ser que desejem, com o objetivo de diminuir os gastos por um ano. No máximo, tropeçam, mas são logo amparados por advogados de todos os tribunais desportivos, sempre amigos nas horas difíceis e obscuras.

   Advogados que não precisam de leis ou de jurisprudência, mas de citações melosas para comover seus amigos advogados, encarregados de julgar para rebaixar clubes que não são ricos, como a Portuguesa de Desportos, e que já têm prontas as sentenças antes de começar o julgamento.

     Desta vez, usaram palavras de Nelson Mandela e citações do livro “O Pequeno Príncipe” – que sempre foi o preferido das misses e agora passa a fazer parte da munição dos muito espertos advogados de clubes de futebol muito ricos.

    De certa forma, citar “O Pequeno Príncipe” foi perfeitamente adequado para a situação, considerando-se que o Fluminense (ou FluminenC?) é uma espécie de príncipe dos clubes brasileiros. O decano dos clubes de futebol brasileiros foi fundado por representantes da aristocracia carioca, em 1902, e os filhos daquela aristocracia que hoje mandam no clube representam a elite carioca, aqueles 10% que detêm 90% do dinheiro.

    Pessoas assim não estão acostumadas a cair, a descer degraus. Se o Fluminense (ou FluminenC) fosse rebaixado, teríamos uma grande instabilidade econômica no país, a Bolsa poderia entrar em queda vertiginosa, a Dilma perderia os seus aliados burgueses e – talvez – o Aécio aumentasse as suas chances de ser eleito presidente. Apesar das Neves.

     Sobrou para a Portuguesa de Desportos - um clube pobre, mas honesto - assumir o lugar que caberia, por direito adquirido, ao Fluminense na 2ª divisão do nosso escrupuloso futebol. E as aparências foram salvas. Ou quase.

Um comentário:

  1. Ótima análise sobre o futebol, hoje, no Brasil.É a corrupção se estendendo.

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