“Agora,
quando a Câmara dos Deputados decide por uma votação significativa declarar a
autorização para a instauração de processo de impedimento contra a senhora
presidente...”
A
frase acima é a única realmente importante do discurso “vazado” de Michel Temer.
O restante é demagogia, conversa pra boi dormir, declaração de entreguismo,
tentativa de desculpar-se pela traição, mensagem velada para os irmãos maçons
(“Ói nóiz aqui traveiz!”), recado submisso para os Estados Unidos, fingimento,
farsa, desfaçatez e uma pitada nada sutil de idiotice.
Dilma
se enganou. De novo. Temer não é um dos chefes do golpe, nem ele nem o Cunha.
Os dois são bonequinhos nas mãos ianques, assim como no golpe de 1964 o general
Castelo Branco, que era o ministro da Guerra de João Goulart, foi comprado para
trair e fingir de Presidente.
É
falta de visão política do PT colocar a culpa do golpe em cinco ou seis pessoas
– Cunha, Temer, Aécio, FHC, Moro, Janot... Todos esses tem culpa, é claro, e
fazem parte da mesma turma, da mesma quadrilha de golpistas, mas não passam de
peões manipulados por aqueles que já decidiram que a América Latina inteira
deve ficar calada e submissa sob governos de direita que deverão prover a
matéria-prima necessária para o esforço de guerra da OTAN. No Brasil, a Petrobrás será entregue. E todo o resto...
No
máximo, Temer é uma marionete que age conforme se espera de um fantoche
amestrado. Temer é o bufão da corte. Acha-se muito esperto, como acontece com
os pouco inteligentes que pensam agir misteriosamente deixando o rabo de fora.
Temer é alguém para ser usado agora e descartado depois, quando os verdadeiros
líderes do golpe assim desejarem. Traidores são dados a sucessivas traições e Temer
poderá ficar demasiado enfadonho com as suas cartas de amor a Joe Biden ou
declarações de total lealdade ao Tio Sam.
Como
todo aquele que gosta de se vangloriar, no seu discurso Temer deixou vazar que
os indecisos estão comprados para votar a favor do impedimento – caso contrário
ele não teria dito que a “Câmara dos Deputados decidiu por uma maioria
significativa”. Neste momento, 192 deputados, ou pouco menos, ainda não
declararam seu voto. Esperam o quê? Melhores ofertas?
Dilma,
Lula e grande parte do governo acreditam que essa indecisão pode significar uma
grande quantidade de votos contrários ao impedimento, e se agarram nessa esperança
para tentarem vencer o medo de perder o poder. Acreditam, talvez, que as
alianças feitas com os Estados Unidos ajudem a livrar Dilma do golpe iminente.
Por outro lado, acenam para a direita com uma ampla coalizão, que incluiria
todas as concessões, caso Dilma seja poupada.
No
entanto, Temer afirma que o golpe “venceu” por larga margem, por “uma maioria
significativa”. Isso significa que ele já sabe o resultado antes da votação,
com vários dias de antecedência. As cartas estão marcadas, os deputados estão
comprados, não fosse assim o PP (ex-ARENA) não sairia da base aliada do Governo
às vésperas do golpe, ou golpeachment.
Defender
a legalidade é um dever. Os que ficam em cima do muro estão a espionar os dois
lados para ver quem dá mais e agarrando-se em cegos pincéis que os deixarão na
mão quando o muro desabar. Talvez ainda ganhem alguma coisa com isso, espionar
sempre foi uma profissão gratificante para os S2 do mundo inteiro. Ainda é
provável que alguns deputados indecisos tenham alguma consciência e votem
contra o impedimento, mas como acreditar numa Câmara de Deputados onde
preponderam os corruptos, a começar por seu presidente?
Não
é um golpe militar? Por enquanto. Os militares estão de sobreaviso para
entrarem em ação assim que houver a óbvia revolta contra o golpe. Substituirão
a Polícia Federal de Sérgio Moro, em nome da pacificação nacional. A direita
não agiria tão descaradamente se não tivesse a certeza do apoio militar.
oi Fausto, hoje reativaram minha conta e as imagens dos blogs voltaram, agradeço vc não ter respondido aos meus emails, adeus
ResponderExcluirExcelente análise. Fiquei ao par de alguns detalhes que faltavam. Rezo para que o golpe não prospere.
ResponderExcluir