O
golpe não pretende ser chamado de golpe, nem a ditadura de ditadura. Os donos
do poder – e não necessariamente aqueles que estão no governo – prepararam a
deposição de Dilma de maneira muito organizada - afinal, não é todos os dias
que se dá um golpe de Estado. Previram o Plano A, Plano B... O Plano A consiste
no impedimento de Dilma, e a usurpação do poder por Temer e seus capangas. Um
plano que já está em andamento via Congresso, com o apoio do Judiciário. O
Plano B é obrigar Dilma a desistir do governo e convocar novas eleições.
O
que também é golpe. De uma ou de outra maneira, Dilma será afastada, e tirar
uma presidente que foi eleita pelo voto popular, ainda que pela farsa das novas
eleições, é um golpe redobrado, que será, então, apelidado de substituição
constitucional de uma presidente por outro “eleito” pelo povo. Um golpe
maquiado de legalidade que, por incrível que pareça, está sendo organizado
também dentro do PT, por lideranças como Tarso Genro, que não por acaso também
é maçom, assim como Michel Temer.
O
medo de Tarso, e dos que o seguem nessa linha golpista, é a reação popular ao
golpe. Golpistas sempre temeram o povo. Tarso e seus amigos (ou irmãos?) quer
substituir um golpe descarado por um golpe maquiado. Para que isso aconteça, já
está entrando em contato com a amiga oposição e tentando obrigar Dilma Roussef
a se considerar vencida, derrotada. Desmoralizada. Querem fazer com que Dilma
acredite que convocar novas eleições é mais bonito do que ser destituída
quando, na verdade, equivale a desistir da luta e sair pela porta dos fundos.
De
acordo com o jornal GGN (http://jornalggn.com.br/noticia/tarso-genro-defende-realizacao-de-novas-eleicoes-presidenciais),
Tarso e seus acólitos já estão costurando acordos para a realização de novas
eleições.
“Nós não somos ingênuos, sabemos que isso aí
(novas eleições) só por acordo. Mas não tenho dúvida que é perfeitamente
possível. O que eu acho é que é muito ruim para o país ter dois anos e meio com
um presidente sem legitimidade para governar, que não tenha vindo das urnas.
Isso pode gerar uma crise social e política mais aguda que essa que estamos vivendo.”
Uma
óbvia falácia. Um novo presidente “legitimamente eleito” igualmente seria um
usurpador do mandato da Dilma. O que importa, para Tarso e seus iguais, é encontrar
uma maneira de novamente enganar o povo com a farsa das eleições “democráticas”
e fazer com que a revolta originada nos movimentos sociais seja aplacada, pois “isso
não é bom para o país” dos banqueiros. Tarso e seus sócios no crime querem
aplicar a segunda parte do golpe, como se fosse um remédio que tira a dor, mas
não acaba com a causa, com a doença.
E
a doença chama-se desigualdade social. Quando o Movimento dos Trabalhadores Sem
Terra e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto saem às ruas para defender o governo
Dilma, principalmente e com toda a justiça estão defendendo a si mesmos,
defendendo o direito do povo organizado de lutar pelas causas sociais. Para os
latifundiários, empresários e políticos da oposição e da situação, como Tarso Genro
e similares, movimentos assim devem ser extintos ou, no mínimo, abafados.
Deve-se evitar que o povo se organize e empunhe bandeiras de luta. No máximo e
se muito necessário essa organização deve ficar restrita a sindicatos que
lutarão monotonamente por tímidas reformas. Desejam que o povo se cale e aceite
passivamente pequenas dádivas assistencialistas.
Agora
se entende a aparente cegueira do PT que, através dos seus líderes, vem
atribuindo o golpe à raiva do Eduardo Cunha ou à ambição de Michel Temer.
Evitam dizer que o golpe está sendo urdido em lugares secretos e que obedece a
orientações de Washington, da mesma maneira que os golpes anteriores, em 1954
provocando o suicídio de Getúlio Vargas e em 1964 a deposição de João Goulart.
Entende-se
o porquê das contradições do discurso de setores petistas que afirmam que se o
golpe for concluído, a operação Lava Jato da Polícia Federal, chefiada pelo
sombrio Sérgio Moro, que prende quem bem entende seguindo o modelo das piores
ditaduras, terminará. Afinal, estão a favor ou contra o ditador Sérgio Moro?
Fica
claro porque o instituto Datafolha, em suas pesquisas, disse que o Lula estaria
em primeiro lugar, se as eleições fossem hoje. Pretendem dar uma esperança ao
povo petista e quando Lula for derrotado – porque jamais deixarão o Lula ser
presidente de novo – terão a desculpa de que foi uma derrota nas urnas. E Lula
irá para o ostracismo, junto com Dilma.
O
PT, através de alguns de seus líderes, está usando de todos os falaciosos
argumentos que encontra para desorientar os seus seguidores com uma formação
política elementar e jogá-los para cima de falsos alvos – que serão facilmente
eliminados na hora certa - sem aprofundar a crítica ao sistema político, sem
esclarecer que a política brasileira é dirigida e orientada conforme os
interesses do império liderado pelos Estados Unidos, minimizando ou escondendo
o fato de que o golpe visa o fim dos direitos trabalhistas e a entrega das
nossas riquezas, com a privatização da Petrobrás e da Eletrobrás.
O
principal objetivo do chamamento a novas eleições será abafar os movimentos
sociais, que estão se organizando depois de muitos anos, e enganar a população mais
alienada – com o apoio da imprensa vendida – dando a entender que eleger outro
presidente em lugar de Dilma é perfeitamente constitucional e democrático. Os
golpistas querem esconder o lado feio do golpe. Com o apoio do próprio PT.
Uma análise sóbria e didática do momento!
ResponderExcluirMatéria esclarecedora. Eu começo a compreender a trama por trás da novas eleições. Valeu, Blogueiro!
ResponderExcluirSendo como diz , dá de facto para compreender melhor a situação actual . Ainda tinha esperanças de que no Senado a coisa fosse mais séria do que na Câmara . Obrigado pelo esclarecimento . Isto é serviço verdadeiramente público . Vou passar .
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