quinta-feira, 21 de abril de 2016

PODRES, CÍNICOS E ASQUEROSOS




É um golpe do Judiciário para sacralizar a ditadura representada por Sérgio Moro. A cada dia isso fica mais claro. A intervenção do Judiciário no Executivo já vem de longe, graças ao sonambulismo das lideranças do PT que se deixaram cair em todas as armadilhas e não souberam prever que estava em curso um golpe de estado muito bem urdido pela direita fascista. O PT não entendeu que ter o poder é usá-lo, e não emprestá-lo aos inimigos do povo. 

   É claramente um golpe do Judiciário, aparelhado pacienciosamente, didaticamente, em todo o país por juízes e advogados oriundos das piores escolas do entreguismo, com o apoio do Ministério Público, e não só um golpe do Sérgio Moro, Gilmar Mendes e Celso de Mello. Dilma, a conselho de políticos coniventes com a direita, sob pretexto do apoio parlamentar e de uma governabilidade manquejante, aceitou sancionar leis fascistas, como a prisão preventiva, que permite prender qualquer cidadão por mera suspeita de crime. Foi um dos primeiros passos para a ditadura do Judiciário. 

   Todas as ditaduras apóiam-se em leis e nunca na justiça. A ditadura militar iniciada em 1964 editou 17 atos institucionais assinados pelos generais ditadores de plantão, mas redigidos por seus rábulas de estimação, para tentar legitimar o golpe de estado. Da mesma forma, hoje o STF diz que o impedimento da presidente Dilma Roussef está previsto na lei, tornando o golpe legalizado. Todavia, é um impedimento injusto, porque todos, inclusive os membros mais fascistas do STF, sabem que não houve crime de responsabilidade e, mesmo assim, deixam o golpe acontecer por dolosa omissão. 

  Ou por vontade. Não é um golpe fortuito, acontecido devido à ambição do Temer ou à cretinice do Cunha. Essa alegação é conversa passada para militantes ingênuos, através de alguns líderes petistas que estarão vendidos ou se mostram demasiado cândidos e inexperientes. Essas mesmas lideranças aconselharam Dilma a nomear Joaquim Levy ministro da Fazenda, em 27 de novembro de 2014, sabendo que ele era um preposto do sistema bancário internacional. Em menos de doze meses, o ajuste fiscal de Levy levou o país à recessão e provocou a revolta dos movimentos populares.  

   Só os bancos saíram ganhando. E a direita golpista. Fazia parte do plano. Um golpe de estado não é estruturado do dia para a noite. Enquanto, na Argentina, Cristina Kirchner combatia os fundos abutres, no Brasil, Dilma os alimentava. Talvez por apatia. E dava motivos para os golpistas acusarem o seu governo de recessivo e inflacionário. 

   Ao mesmo tempo, a Ditadura do Paraná não foi desmascarada, Sérgio Moro tornou-se herói dos fascistas e começou o desmonte de grandes empresas nacionais para serem vendidas a preço vil e dar espaço às empresas multinacionais. Quem reclama é preso. Prendem-se políticos e empresários. Para mostrar sua força até sobre as Forças Armadas, Moro mandou prender um almirante. Acusação? Suspeita de alguma coisa. Prender por suspeita é típico dos regimes fascistas. 

   Quem esperava das Forças Armadas o apoio ao golpe, enganou-se. Não estamos em 1964 e nas Forças Armadas não existem somente submissos e muito menos militares que se dobram aos interesses estrangeiros. Mesmo na época do golpe de ‘64, um dos primeiros atos da ditadura foi a exoneração ou transferência para a reserva de centenas de militares que se revoltaram contra o golpe, em defesa da Constituição. Revolta que só não foi adiante porque Jango apressou-se em fugir. Principalmente sargentos e tenentes estavam dispostos a resistir com armas na mão, e por isso o golpe militar foi apelidado de “ditadura dos gorilas” ou daqueles que mantinham altos postos nas Forças Armadas. 

   Sabedores disso, em 2016 os golpistas arquitetaram o golpe através do Judiciário e do Ministério Público, com o apoio dos grandes meios de comunicação, notadamente a Rede Globo, que martela dia e noite a opinião pública afirmando que o país está ingovernável devido à corrupção governamental, quando os principais corruptos pertencem à oposição. Aproveitando-se da maioria nas duas casas do Congresso Nacional, decidiram dar o golpe através do Legislativo, que será, obviamente, respaldado pelo Judiciário, no STF. Pode haver uma reversão? Talvez, milagres acontecem. Mas quando uma pessoa como o senador Cristovam Buarque, que parecia um homem probo e honesto, se declara a favor do injusto golpe, até dos milagres desconfiamos. 

   Um golpe que mostrou a sua verdadeira cara no domingo, 17 de abril. 167 deputados, a maioria deles conhecidos corruptos, mafiosos e fascistas como Paulo Maluf, Eduardo Cunha e Jair Bolsonaro, votaram a favor do impedimento de Dilma Roussef. Aqueles que nunca tinham assistido a uma sessão da Câmara de Deputados devem ter ficado apavorados pela bagunça que tomou conta daquela casa que se diz de representantes do povo e onde o povo não pode sequer entrar – e ficaram se perguntando que tipo de fauna é aquela. Tento explicar. 

   É uma Câmara, em sua maioria composta por agentes de oligarquias, defensores de latifundiários, promotores do desequilíbrio social. Pessoas movidas pelo dinheiro da corrupção e cujo único interesse na política é a facilidade de enriquecimento ilícito. Certa vez, Lula disse que eram 300 picaretas prontos para se venderem pelo melhor preço. De lá para cá o número aumentou para 367. São representantes da ganância, e cospem no povo que os elegeu. 

   É uma Câmara de Deputados formada, em sua maioria, por palhaços, decadentes, neonazistas, analfabetos, oportunistas, hipócritas, falsos cristãos, apologistas da ditadura, mauricinhos, canalhas, sanguessugas, carreiristas, mentirosos, traiçoeiros, dissimulados – todos os tipos de vermes. E, ao que tudo indica o Senado não fica atrás, provavelmente com um pouco menos de anarquia. 

   Se o golpe passar no Senado e for apoiado pelo STF, então teremos a certeza de que esses dois poderes – Judiciário e Legislativo – perderam toda a legitimidade perante o povo ao transformarem-se em uma súcia de podres, cínicos e asquerosos.

2 comentários:

  1. Análise sobre os podres poderes muito bem fundamentada. É bem isso. Fazer o quê? É... Quem sabe um milagre?

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  2. Tendo em vista a atual conjuntura cabe a nós esperar por um milagre - vide o discurso vago feito pela presidente hoje na ONU.

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