quinta-feira, 14 de julho de 2011

A FAMÍLIA E A CIDADE


     A família Brignole - no Brasil, Brignol - chegou aqui em 1830, talvez devido às incessantes guerras no continente europeu, como ramo da família genovesa Brignole, que teve alguns dos seus no cargo de Doge, em Gênova, na época em que aquela cidade era um estado independente. Dois dos Doges de Gênova foram Gian Francesco Brignole (1695-1760) e Rodolfo Giulio Brignole (1708-1774).

     Giuseppe Brignole, marquês de Groppoli (1703 - 1769), foi um nobre genovês e pai de Maria Caterina Brignole, Princesa de Mônaco e depois Princesa de Condé. Albert II, príncipe de Mônaco, é um descendente direto de Maria Caterina.

     A história de Maria Caterina poderia resultar em uma novela de folhetim. Filha de Giuseppe Brignole e de Ana Maria Balbi, quando jovem morava em França, onde seu pai era embaixador de Gênova. Freqüentando os salões da nobreza, se apaixonou por Louis Joseph de Bourbon, príncipe de Condé, mas foi obrigada a contrair matrimônio com Honorato III, Príncipe de Mônaco, em 1751, quase 17 anos mais velho que ela e a quem nunca amou. Apesar disso, tiveram dois filhos - Honorato IV, príncipe de Mônaco (nascido em 17 de maio de 1758) e Joseph Grimaldi (nascido em 1767).

     Quando do casamento com Honorato III, Maria Caterina foi a Mônaco de navio junto com a nobreza genovesa. Ao chegar, no entanto, Honorato não foi a bordo receber a noiva. Alegou que o seu status como monarca exigia que ela viesse a ele em primeiro lugar. A comitiva genovesa respondeu que Maria Caterina era membro de uma família governante da República de Gênova e se recusou a permitir que ela fosse encontrar Honorato . O navio ficou, portanto, ancorado no mar durante vários dias, até que a situação foi resolvida na reunião do casal a meio caminho em uma ponte entre o barco e a costa.

     Mesmo tendo dois filhos com Honorato, a sua paixão por Louis Joseph continuava. Maria Caterina vivia em Matignon, onde ela passava os seus dias com o príncipe de Condé, e raramente participava da vida na corte. Quando a esposa de Louis Joseph - Charlotte Élisabeth Godefride de Rohan – faleceu em 1760, a sua relação com Maria Caterina tornou-se mais estreita e ela passou a morar no Hôtel de Lassay, um anexo do Príncipe da residência principal Condé, em Paris, o Palais-Bourbon.

     Em 1770, o seu marido, enciumado, ordenou fechar as fronteiras de Mônaco, em uma tentativa para impedir que ela escapasse. Naquela mesma noite, ela saiu e não retornou. Foi descoberto que ela tinha conseguido cruzar a fronteira para França e tinha viajado todo o caminho até Le Mans, a sudoeste de Paris, onde tinha se refugiado num convento nas proximidades. Posteriormente, ela conseguiu voltar para Paris.

     Caterina passou a ser hostilizada na corte, principalmente pela rainha Maria Antonieta. E Condé começou a construção do Hôtel de Monaco para ser seu lar permanente em Paris. Foi na rue Saint-Dominique, perto do Palais Bourbon, e foi concluído em 1777.

     Honorato III, finalmente, percebeu que seu relacionamento com Maria Caterina estava completamente acabado e voltou sua atenção para suas prórias amantes. Maria Caterina escreveu a seu esposo que o casamento poderia ser resumido em três palavras: ganância, coragem e ciúme.

     Maria passou a morar com Condé, na França, até a Revolução Francesa, quando o casal partiu para a Alemanha e, em seguida, para a Grã-Bretanha . Em 1795, Honorato III morreu, e em 24 de outubro de 1798 ela e Condé se casaram em Londres. Lá, ela usou sua grande fortuna para ajudar a financiar o exército contra-revolucionário de franceses exilados. Maria Caterine morreu em Wimbledon, aos 60 anos de idade.


A FAMÍLIA

     Mas nada disso pensava um dos ramos pobres da família Brignol (ou Brignole) quando acampou naquela noite fatídica às margens do rio Negro e perto daquela pequena cidade que estava sendo construída logo ali na fronteira com o Uruguai. Ainda havia o medo dos índios, principalmente dos minuanos guaicurus que habitavam a região. Mas, principalmente, temiam os bandoleiros que enxameavam tanto no Brasil como no Uruguai. Provavelmente vinham do Uruguai ou da Argentina – depois de uma longa viagem de navio desde a Itália - em busca de melhores terras e de um espaço para viver. E Bagé era uma cidade que estava nascendo e acolhia a todos.

     Antes de cair a noite, o pai da família chamou um dos seus filhos, deu-lhe algum dinheiro e pediu que atravessasse o rio para comprar alimentos do outro lado, onde parecia haver um bolicho. Giovanni Baptista aprestou-se, montou no seu cavalo e foi cumprir a sua missão. Atravessou o rio Negro, chegou à casa indicada e quando fazia as compras, já pensando em voltar, junto com a noite caiu um temporal. O rio transbordou, porque era chuva para ninguém botar defeito e os donos do bolicho, apesar da insistência do guri, não deixaram Giovanni voltar naquela noite.

     De manhã, depois que as águas baixaram, Giovanni tomou coragem e resolveu-se a voltar. Ao chegar no acampamento percebeu que havia algo errado. Demasiado silêncio. Caminhou mais um pouco e encontrou os corpos. Todos tinham sido degolados e o acampamento assaltado e arrasado. Tinham morrido, mas não sem lutar – alguns bandidos jaziam mortos aqui e ali.

     Depois que diminuiu o desespero, voltou para o bolicho e contou o que tinha acontecido. Era ainda um guri que falava italiano e balbuciava o português. Mas todos entenderam. Naquela época não era nenhuma novidade o assalto a acampamentos.

     Depois de alguns dias, Giovanni decidiu-se a ir para Bagé e aqui a cidade que crescia junto com ele o adotou. O seu nome, aos poucos, foi trocado de Giovanni para João e de Baptista para simplesmente Batista. O sobrenome Brignole perdeu a última vogal. E assim ele se tornou João Batista Brignol. Trabalhava no que sabia e no que podia. Aprendeu a camperear, comprou algumas terras. Cresceu, e depois que se sentiu mais forte e seguro, casou com Josefina Andrada, com quem teve dezessete filhos.

     Esta foi a origem da família Brignol em Bagé e a origem da família Brignol no Brasil, porque todos os brasileiros que usam o sobrenome Brignol, tem sua origem em João Batista Brignol e em Josefa Andrada.

     Todos os dezessete filhos daquele casal moraram em Bagé e aqui construíram as suas casas e aqui trabalharam, ajudando a construir a nossa cidade. Com o passar do tempo, alguns, descuidadamente, passaram a assinar Brinhol, talvez devido à pronúncia do nome, assim como na Itália, muito assinam Brignoli e não Brignole. Mas somos todos parentes e orgulhosos desse parentesco.

     A cidade nos acolhe e nos protege e devido às suas terras, à sua sombra benigna e à seiva que nos alimenta, mesmo nos tempos de seca e desesperança, é que conseguimos frutificar, a partir de Bagé, o nome Brignol, que se espalha pelo Brasil.

     Nestes duzentos anos de existência de Bagé a família se engalana. Mais que isso, orgulha-se, junto com as demais famílias bajeenses, desta data tão feliz.

     E no momento em que um dos nossos membros – meu pai, Palmor Brignol – recebe uma comenda da Câmara Municipal, assim como vários outros bajeenses merecedores da mesma honra, tenho certeza de que se meu pai fosse vivo diria que a honra não deveria ser dada somente a ele, mas a toda a família Brignol. Porque ele costumava dizer que, em primeiro lugar, está a família. E eu me atrevo a dizer que em primeiro lugar está a família, sim, mas em íntima união com a terra que a alimenta e fortalece.


24 comentários:

  1. Fafa Brignol Peralta8 de agosto de 2011 às 10:51

    Lindo relato de uma linda Família!

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  2. Interessante história, em sua origem, da família Brignole ou Brignol. Me orgulho de ser companheira de um Brignol, que muito contribui para a cultura bageense. Parabéns!
    Lidia.

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  3. Caro Fausto,
    Trabalho na Justiça do Trabalho em São Gabriel, porém sou de Santa Maria.
    Minha avó era Eulália Brignol e era neta do João Batista Brignol. Minha mãe se emocionou ao ler em sua página a mesma história que minha avó contava acerca das origens de nossa família. A minha avó conhecia o seu pai.

    Grande abraço

    Márcio Lemos de Melo

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  4. Amei ...parabéns!!!

    Rosana Brignol

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  5. Nilton Andre M. Brignol24 de agosto de 2012 às 13:23

    Essa historia assim como me emocionou, emociona a todos que a leem,sou neto de Vivino Brignol e filho de Nilton Franco Brignol, e agora ainda mais orgulhoso de pertencer a essa familia.Parabens pela sua iniciativa de manter viva a historia de nossa familia.Meus pais residem em Bagé, mas eu estou morando em Bento Gonçalves-RS, e a cultura Italiana é fantastica.

    Nilton Andre M.Brignol

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  6. Parabéns pelo blog, Fausto Brignol, sou neto da Olívia Brignol Porto e estamos aumentando nossa árvore genealógica no site MyHeritage (http://www.myheritage.com.br/site-193318611/familia-porto) e gostaria de te convidar a conhecer e nos ajudar a expandir nossa ascendência dos Brignol, que ainda está só no começo. Os Porto já chegue1 na 11a. geração acima de mim. Te convido também a conhecer nossa página Família Porto - RS: https://www.facebook.com/Familia.Porto.RS. Abraços.

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  7. Boa tarde Fausto, sou filho de Gelcy Porto, que por sua vez é filha de Olívia Brignol, irmã de Palmor Brignol. Logo, sou i, Brignol, inclusive, nasci em Bagé. Te escrevo só para me apresentar e, se possível, fazer parte deste grupo que você criou. Abraços. Egon Schunck Júnior, fone 051-30265938, 051-92441411, egon.junior@aegea.com.br

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  8. Mariangela Brignol da silva8 de outubro de 2012 às 19:14

    Não tinha noção das origens de nossa família,achei o relato emocionante, pois é através dos laços históricos que construimos nosso futuro.São pessoas de muita garra,desbravadores mesmo em condições aversas, guerreiros natos, e pessoas de muita humanidade.

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  9. Emocionante e triste a história de tantos italianos, espanhóis, alemães, que deixaram suas terras para buscar novos mundos....o bonito é que a história primeira foi preservada e assim as novas gerações seguirão contando...importante é teu registro...gostei muito!

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  10. eu gabriel alves brignol martins sou filho de roberto rolim brignol martins que por sua vez e neto de chiquinho brignol temos muito orgulho em carregar esse sobrenome um abraços pra todos da familia.

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  11. Pertenco a esta familia nossa origem foi em Bage com a familia Barcellos

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  12. EU RICARDO PERES BRINHOL FILHO DE FRANCISCO FRANCO BRINHOL E NETO DE VIVINO GONÇALVES BRINHOL FICO FELIZ E HONRRADO DE FASER PARTE DA FAMILIA BRIGNOL OU BRINHOL UM ABRAÇO A TODA FAMILIA BRINHOL OU BRIGNOL

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  13. Hola soy Pedro Briñol (Brignol), de Barcelona España conocia algo de está historia y una rama de la familia vino a España, aquí somos la unica familia con este apellido, (en Catalunya y en Navarra)

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  14. Eu sou Elisabeth Brignol Soares Rodrigues( Rodrigues sobrenome do meu marido), tenho orgulho por pertencer a essa familia sou bisneta de Isidoro Andrada Brignol , que era filho de Giovanni e Josefa.

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  15. Eu sou Elisabeth Brignol Soares Rodrigues( Rodrigues sobrenome do meu marido), tenho orgulho por pertencer a essa familia sou bisneta de Isidoro Andrada Brignol , que era filho de Giovanni e Josefa.

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  16. Eu sou bisneta de Isidoro Andrada Brignol, este era filho de Giovanni e Josefa

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  17. Olá Fausto, sou neta de Ottilia Brignol, filha de Idê Brignol de Giordano, moro em Rio Grande, seu pai Peti, era muito amigo de minha mãe, sempre ouvi falar mto a respeito dele, fiquei feliz demais em relembrar a história da familia Brignol, que era carinhosamente e orgulhosamente contada por minha avó, um abraço, Madalena

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  18. Sou Claudia, filha de IDALINA MARIA BRIGNHOL DOS SANTOS, adorei saber tudo sobre a Brinholada, sempre tive muito orgulho da família da minha mãe, ela criou os meus irmãos e eu nos costumes e habitos italianos, aqui em Sant'Ana do Livramento-RS, os únicos da família é minha mãe e os meus tios que se assinam BRIGNHOL.

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  19. Sou filha de Adil Brignol Meneses, já falecido e gostei muito do relato da história sobre a família Brignol. Gostaria de conhecer pessoas mais próximas a ele, pois pouco convivi com ele. Nasci em Bagé-RS e moro em Porto Alegre.

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  20. Olá, sou Rubens Josué Brignol Guimarães e gostei de conhecer um pouco da história e das origens da família Brignol. Eu nasci em Bagé-RS.

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  21. Me chamo Fabio brignol, neto Nery brignol de oliveira e bisneto de Arthur Oscar de oliveira

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  22. oi sou rita de cassia brignoli moro em sc meu nono era baptista brignoli.será que somos todos da mesma familia.

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  23. oi sou rita de cassia brignoli moro em sc meu nono era baptista brignoli.será que somos todos da mesma familia.

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  24. Meu nome é Martinelli Brignol Volpiceli nasci em Bagé, me criei em Uruguaiana juntamente com meu unico irmão : Aristóteles Brignol Vopliceli, somos filhos de Mery Brignol Volpiceli e Saurielli Volpiceli, netos de Lidio Brignol e da Universina Vaz Brignol. Atualmente moro em SANTA MARIA emeu irmão em PELOTAS. Foi muito bom ter conhecimento das origens da nossa Familia. Uma grande história que não podemos deixar esquecida.

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