quinta-feira, 6 de setembro de 2012

LAÇOS FORA




“Laços fora, soldados! Camaradas! As côrtes de Lisboa, querem mesmo escravizar o Brasil! cumpre portanto declarar já a sua independência! Estamos definitivamente separados de Portugal. Independência ou morte, será a nossa divisa!” (Grito de independência de Dom Pedro I, em 7 de setembro de 1822).


       Laços fora.
     Os soldados brasileiros, principalmente praças, cabos e sargentos estão indignados com o aumento gradativo de 30% dado pelo Governo, a começar em março de 2013. Alegam que é muito bom para os oficiais superiores, mas péssimo para a grande maioria das Forças Armadas.

     Acusam os comandantes das três armas – Exército, Marinha e Aeronáutica – de serem coniventes com esse aumento que somente a eles e demais oficiais superiores interessaria. Percebem, começam a se dar conta que as divisões sociais são igualmente claras e retumbantes tanto na vida civil quanto nas Forças Armadas – e que há grande interesse para que assim continue.

     E nada podem fazer a respeito, exceto protestar via Internet, com a certeza de que os seus protestos não ecoarão na mídia manipulada. “Ordens cumprem-se, não se discutem” é um dos tantos chavões militares. Caso contrário, expulsão.

     Mas não deixam de protestar. Desta vez, através das suas esposas, que estão prometendo interromper o desfile militar de 7 de setembro em Brasília e no Rio de Janeiro. A UNEMFA (União Nacional das Esposas dos Militares das Forças Armadas Brasileiras), através de Ivone Luzardo, líder do movimento, promete um grande protesto reivindicatório, exigindo a diferença remuneratória referente a 28,86%, com inserção no contracheque, bem como a reposição das perdas salariais de 135%. Afirma Ivone Luzardo que caso o Governo não conceda o reajuste solicitado, não haverá desfile de 7 de setembro – “A não ser que eles passem por cima de nós, pois ficaremos na frente deles” – informou a Cláudio Humberto, do jornaldamidia.com (http://www.jornaldamidia.com.br/2012/08/31/esposas-querem-impedir-o-desfile-de-maridos-militares-em-7-de-setembro/)

     Laços fora.
     Protestam os militares surdamente nas páginas da Internet. Não serão ouvidos. Perguntam-se como reaparelhar as Forças Armadas se o salário não é digno, não tem FGTS, cumprem uma função de altíssimo risco e sabem que as Forças Armadas, em caso de qualquer pequeno litígio de fronteiras tem munição para apenas uma hora de guerra. Ou seja, darão alguns tiros e depois deporão as armas.

     Acreditam que é uma vingança da Dilma em conluio com os três chefes das Forças Armadas e com o Lula, a quem chamam graciosamente de “apedeuta”.

     Dia desses, pouco antes de começar o julgamento do mensalão, um avião militar fez um vôo rasante sobre o prédio do Supremo Tribunal Federal, quebrando os vidros daquela casa, que logo foram repostos para que a famosa transparência do STF continue imaculada. Indagado, o piloto disse que teve que desviar de um pássaro. Ou do Super-Homem, que tem voado muito por estas plagas, fazendo acordos e tratados com os vassalos que moram no Palácio da Alvorada e arredores.

     Alguns desses acordos devem dizer respeito ao grande exército mundial, também apelidado de OTAN, que, em caso de qualquer problema intervirá militarmente em favor dos países aliados – e o Brasil é um país muito aliado.

    Para que Forças Armadas Brasileiras se os Estados Unidos e outros grandes irmãos cuidam de tudo na área militar? Talvez para desfiles, como o de 7 de setembro, quando os soldados indignados com o pouco que recebem tentarão parecer dignos e, se assim for ordenado, passarão por cima das suas esposas que estarão protestando por eles.

     O desaparelhamento das Forças Armadas não é nenhum descuido dos comandantes militares, nem ocorre devido a planejadas vinganças dos apedeutas de plantão. Seria ridículo se assim fosse; o mesmo que dizer que os nossos chefes militares não se preocupam com a tropa, com equipamentos, munições, com as fronteiras do nosso país...

     É mais cabível acreditar que o forte nacionalismo dos comandantes militares brasileiros faz com que eles pensem que a dependência militar em relação a outros países é mais interessante do que Forças Armadas nacionais altivas e independentes.

     Uma questão de estratégia a médio e longo prazo, de visão do futuro, de projeção geopolítica, do mundo em transformação que pede que a Amazônia seja entregue a armas e interesses superiores (para que fronteiras? o mundo não está globalizado?), que os nossos Presidentes sejam servis e submissos e que os nossos militares sirvam para importantes missões, como invadir favelas.

     Neste dia 7 de setembro de 2012, as indignadas esposas de militares muito mal remunerados tentarão boicotar um ou dois importantes desfiles militares em capitais do Brasil. Se vacilarem, serão pisoteadas. Pelos próprios maridos.

     Laços fora, soldados?

Um comentário:

  1. Interessante postagem sobre a nossa subserviência e de outros países em relação ao imperialismo norte americano, que já vem de longa data. Quanto aos militares, realmente muita coisa mudou, e o salário defasadíssimo é apenas uma ponta do iceberg.
    Lidia.

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