sábado, 10 de maio de 2014

SER CARETA É O MAIOR BARATO





Não acredito que a liberação do consumo da maconha seja a solução para o controle das drogas. Tampouco o é a repressão aos traficantes, que são intermediários entre os produtores e os consumidores. Uma política séria a respeito deveria, em primeiro lugar, acabar com o plantio extensivo, deixando-se o suficiente sob controle do Estado para a provável fabricação de medicamentos antidepressivos. 

    Nenhuma planta é, em si, má ou boa para o ser humano. A quantidade consumida é que determinará efeitos bons ou indesejáveis. Está provado que o excesso no consumo da maconha provoca distorções dos sentidos – como qualquer droga alucinógena – e fraqueza mental, incluindo dificuldade de concentração, diminuição da memória, dificuldade motora e sentimentos de paranóia ou ansiedade. A euforia produzida não compensa os prejuízos mentais a médio e longo prazo. 

   A liberação da maconha no Uruguai é um triste exemplo de abdicação do Estado no cuidado com os cidadãos e de derrota perante os grandes cartéis de drogas, que serão os principais beneficiados com o livre plantio. Liberar a maconha para combater o narcotráfico revela-se um argumento pífio. Se fosse assim, não só a maconha, mas as demais drogas deveriam ser liberadas e, com certeza, o Estado passaria a ser o principal produtor e traficante de todas as drogas imagináveis, e os cidadãos desse Estado, aos poucos, se tornariam zumbis sorridentes sem qualquer senso crítico, que tudo aceitariam em troca de momentos de artificial bem-estar. 

    É o grande sonho dos dominadores do mundo: uma sociedade que não interrogue, não pergunte, não discuta; formada por pessoas com comportamentos previsíveis, dependentes ao extremo das gotas de prazer concedidas pela agradável tutela do Estado. E o próprio Estado perderá as características de pátria ao ser povoado por uma população desdenhosa de quaisquer valores e tenderá a ser engolido por um grande Estado multinacional, doador de prazeres e regalias àqueles que obedecerem aos seus ditames. Os demais serão afastados, excluídos, reprimidos e esquecidos. 

     O papel de educador, reservado ao Estado, tende a desaparecer à medida que os políticos se rendem a todos os vícios que levam à degeneração da personalidade em troca da perpetuação no poder – supremo vício – e todos os hábitos corrosivos de guetos sociais auto-excluídos, anteriormente combatidos em nome da saúde mental e física da maioria da população, são aceitos em nome de uma duvidosa inclusão social claramente demagógica e moralmente condenável. Não me refiro somente ao Uruguai, que está seguindo as pegadas dos Estados Unidos ao propor a formação de uma sociedade apática e passiva. 

    Também no Brasil e em outros países ocidentais, principalmente, a tolerância e até o incentivo aos costumes dissolutos passa uma falsa impressão de liberdade, levando a maioria da nossa população a acreditar que democracia é sinônimo de permissividade, quando permissivo é o governo que fomenta o fim de quaisquer princípios ou valores morais. 

   Curioso o fato de governos liderados por ex-guerrilheiros, como Dilma Roussef ou Pepe Mujica terem se curvado às exigências da nova ordem mundial emanada dos Estados Unidos e da Inglaterra, que tem uma agenda a ser cumprida onde está previsto o fim do patriotismo e seu irmão, o nacionalismo, a derrocada da família considerada tradicional, a dissolução de valores inibidores de comportamentos desagregadores e pervertidos, a liberação de drogas alienantes e, por fim, a adesão a uma política imperialista que visa somente o lucro e o consumismo. 

    Não por acaso militares brasileiros e uruguaios continuam a ser treinados por militares estadunidenses em diversas bases não muito secretas ao redor do mundo; e não por acaso alguns desses militares participam de forças de paz da ONU – que nada mais são que parte da política imperialista contra governos e grupos revolucionários de esquerda - e até comandam ações contra o seu próprio povo, como acontece no Brasil em grandes favelas onde se procura criminalizar a pobreza e a miséria. 

   O que leva a pensar que ex-guerrilheiros obviamente não são mais guerrilheiros, passaram à categoria dos que aceitam o sistema e comungam com os ideais do império. E o império exige que pessoas assim, detentoras de grande influência e poder, aceitem e promovam a sua agenda que propugna o fim dos sentimentos nacionalistas a favor de um governo mundial formado por nações inertes e indiferentes ao seu destino. 

   Para isso, drogas, muitas drogas devem ser disseminadas; e vícios desagregadores são incentivados a proliferar, principalmente nas novas gerações que não sabem o que está acontecendo e acreditam que liberdade corresponde unicamente à busca do prazer que leva à íntima satisfação. 

      Junte-se a isto o extremo individualismo que leva ao egocentrismo e à competição muito próxima da corrupção, característica de um sistema sórdido e teremos uma futura (presente?) sociedade movida por interesses onde predominará a insolência, a arrogância e o desamor – e pessoas assim serão apelidadas pelo sistema de empreendedoras. Aos muito pobres a repressão, as migalhas e as drogas mortais. 

     Prefiro ser careta a aceitar o programado mundo dos parvos. Houve um tempo, nos anos ’70, ’80 e um pouco dos ‘90, em que usar drogas era uma forma de contestação e a juventude queria ser uma metamorfose ambulante. Hoje, é uma forma de aceitação, e a juventude deseja apenas a lerdeza, a mente plastificada e a ignorância do que se passa à sua volta. Não toda ela, há os que se salvam e nem todos são caretas. Mas creiam, para mim, ser careta é o maior barato.

3 comentários:

  1. O que dizer, depois deste texto maravilhoso! Concordo em numero, gênero e grau. E sejamos careta. Parabéns amigo. Abraços iluminados sempre...

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  2. A diferença entre o remédio e o veneno é a dose.
    Eu quero discordar da opinião expressa aqui pelo titular do Blog, relativamente ao tratamento que se deva adotar em relação a política sobre drogas.
    A opinião de um Neurocientista, Professor de Psicologia e Psiquiatria, pesquisador desse assunto há vinte anos, retratada nesse link abaixo, e também o livro publicado pelo mesmo, devem evidenciar algumas variáveis que não foram tratadas aqui.

    Cordialmente

    https://plus.google.com/104776797601463943636/posts/EfPsVDHbzQ7

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  3. É... Sempre me considerei careta. Continuo sendo careta. Muito boa matéria sobre a legalização da maconha. Parabéns!

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