terça-feira, 15 de dezembro de 2015

ESTRATÉGIA DO TEMOR: RÚSSIA ADOTA TERRORISTAS DOS ESTADOS UNIDOS




O nome é Exército Livre da Síria, ou Exército Livre Sírio (ELS), um dos tantos grupos terroristas que atuam na Síria, patrocinados pelos Estados Unidos e aliados com o intuito de depor o governo sírio. Segundo a Wikipédia, o ELS surgiu de uma cisão no exército da Síria, em 2011. De acordo com a mesma fonte, a ruptura foi alimentada pelos Estados Unidos. “(...) O Exército Livre é armado e financiado por nações ocidentais e árabes (como Estados Unidos, Reino Unido e países do Golfo). Vários combatentes desse grupo também receberam treinamento de órgãos de inteligência americanos e europeus (...)” 

   No dia 24 de novembro de 2015, o jornal “Correio da Manhã”, de Portugal, em sua edição virtual ostentou o seguinte título: “Turquia vai formar 2.000 combatentes do Exército Sírio Livre”. O corpo da matéria: “A Turquia vai formar cerca de dois mil combatentes do Exército Livre Sírio, no seu território, depois de ter chegado a acordo com os EUA para esta formação, noticiou hoje o diário Radikal, no seu sítio na internet. Washington e Ancara estavam a negociar há algum tempo esta opção, preferida pelos turcos. Os combatentes vão ser treinados num campo situado na província de Kirsehir, na Anatólia Central, adiantou o diário de Istambul, citando fontes do Ministério dos Negócios Estrangeiros”. (http://www.cmjornal.xl.pt/cm_ao_minuto/detalhe/turquia_vai_formar_2000_combatentes_do_exercito_sirio_livre.html). 

   Portanto, o Exército Livre da Síria é formado por mercenários a soldo da OTAN. Assim como o Estado Islâmico. 

   Na mesma edição, sob o título “Combatentes do Exército Livre da Síria chegaram a Kobane”, o “Correio da Manhã” informa que um grupo de 50 “combatentes” do ELS teria chegado à cidade síria de Kobane – através da fronteira com a Turquia – para se juntar a mais 1.300 mercenários, ou “combatentes” do ELS. Diz, ainda, que os mercenários do ELS estariam ali para combater o Estado Islâmico, o que não é credível, pois o Estado Islâmico enriquece a Turquia com o petróleo roubado da Síria. O mais provável é que o ELS esteja protegendo o comboio de caminhões-tanques contra ataques do exército sírio. 

   No mesmo dia 24 de novembro de 2015, um caça russo Su-24 foi derrubado por um caça norte-americano F-16 sediado na base de Incirlik, na Turquia. A Rússia protestou, indignada, acusando o governo turco. E não reagiu. 

   Em 19 de dezembro de 2015, o jornalista Betho Flávio, do blog “Boilerdo”, assina a matéria sob o título “Líder do Exército Livre Sírio é um coronel norte-americano”. Um trecho: “O jornal egípcio AL-Arabi afirmou, na última sexta-feira, que um coronel norte-americano, chamado Cleveland, está supervisionando, treinando e fornecendo armamentos para o chamado ‘Exército Livre Sírio’. O jornal afirmou ter provas de que o coronel Cleveland está participando ativamente de campos de treinamento militar da organização, e contratando mercenários, chamados de ‘seguranças’, para integrar o Exército Livre. Algumas bases estão sendo construídas no norte da Turquia, no leste do Líbano e no Iraque, com todo apoio financeiro e militar norte-americano e assessoria da CIA e Mossad. O partido Irmandade Muçulmana está exigindo que todos os grupos rebeldes na Síria – alguns financiados pela Arábia Saudita, Qatar e Israel – utilizem apenas o termo ‘Exército Livre da Síria’, numa tentativa de centralizar as ações criminosas e terroristas contra o governo legítimo daquele país.” 

    Assim, verifica-se que o ELS não só é formado por mercenários a soldo da OTAN e treinado por oficiais norte-americanos, mas obedece a um estranho partido chamado “Irmandade Muçulmana”, provavelmente ligado ao Estado Islâmico. (http://boilerdo.blogspot.com.br/2011/12/lider-do-exercito-livre-sirio-e-um.html). 

   O jornalista Finian Cunningham, publicou no dia 04/12/2015, no Irã News, a matéria “Massacre prova cumplicidade da Turquia e de Washington no terror contra a Síria”. Ele reporta um massacre na aldeia síria de Kessab, em 21 de março de 2014, perpetrado pelo exército turco, apoiado por brigadas das milícias do Exército Livre da Síria, a al-Nusra (organização terrorista ligada à al-Qaeda) e o Estado Islâmico. O ataque foi contra civis, e muitos deles foram degolados. 

    “Em 1º de abril de 2014, 12 dias após o assalto ter começado, Ahmad Jarba, o líder pelo ocidente do Conselho Nacional Sírio (SNC na sigla inglesa) chegou à aldeia Kessab. O SNC é a ala política (no exílio) do Exército Livre Sírio. Jarba é um protegido do regime saudita. Ele foi a Kessab para inspecionar a ocupação e felicitar os militantes na sua bem sucedida violação e entrada na província de Latakia. No mês seguinte, em maio, Jarba foi recebido na Casa Branca pelo presidente Barack Obama, onde também foi cumprimentado pela Conselheira de Segurança Nacional, Susan Rice.” 

    “O ‘estupro de Kessab’, como o Dr. Declan Hayes o denominou, foi conduzido pelos combatentes do Exército Livre da Síria – FSA na sigla em inglês – conjuntamente com as brigadas jihadistas das tribos turcomanas e da AL-Nusra, assim como com as do Estado Islâmico.” (http://www.iranews.com.br/massacre-prova-cumplicidade-da-turquia-e-de-washington-no-terror-contra-a-siria/). 

    E agora o título de uma matéria do “Sputnik News (antiga “Voz da Rússia”): “Exército Livre da Síria disposto a conceder dados para combater Daesh. Daesh é o Estado Islâmico. Leiam e se alarmem. Um “general” do famigerado ELS está disposto a colaborar com a Rússia, etc. Um pequeno trecho: “Em 11 de dezembro, o presidente russo, Vladimir Putin, disse que mais de cinco mil pessoas do contingente do Exército Livre da Síria, junto com as forças governamentais, fizeram os terroristas recuar”. (http://br.sputniknews.com/mundo/20151214/3063645/exercito-livre-da-siria-dipostos-a-conceder-dados-a-russia-para-combater-daesh.html). 

    E quem acredita que o exército governamental da Síria está combatendo ao lado do terrorista Exército Livre da Síria, contra o Estado Islâmico? Seria um suicídio e Assad não é bobo, mesmo que, neste momento, pareça estar como refém da política russa. E se é assim, não é improvável que a Rússia tenha aceitado a chantagem da OTAN e dos Estados Unidos para tirar Assad do governo e está se aliando com os terroristas “moderados”, mercenários treinados pelo ocidente. 

    A Rússia, que mandou a sua garbosa força aérea para a Síria, lutar contra os inimigos do governo sírio, agora está unida a esses mesmos inimigos do governo sírio. A Rússia que dizia que terroristas são terroristas e que todos eles devem ser combatidos igualmente, subitamente passa a selecionar os seus alvos, provavelmente atendendo às instâncias dos Estados Unidos e da Turquia que não desejam que os “seus” terroristas tão duramente treinados sejam alvejados pelos aviões russos. 

    Outra notícia, do site Terra, de 24 de outubro, um mês antes da derrubada do Su-24 russo: “Rússia oferece apoio à oposição síria”. “A Rússia estaria preparada para dar cobertura aérea ao Exército Livre da Síria (...) afirmou neste sábado (24/10) o ministro russo do Exterior, Sergei Lavrov, em entrevista a uma televisão estatal de seu país “Estamos preparados para também apoiar a oposição patriótica, incluindo o chamado Exército Livre da Síria, a partir do espaço aéreo. O principal, para nós, é apoiar as pessoas que podem, com autoridade plena, representá-los (os sírios) e representar grupos armados que combatem o terrorismo”. (http://noticias.terra.com.br/russia-oferece-apoio-a-oposicao-na-siria,5ad0011f2ea267e4d67c660b965326d741aph40o.html). 

    Quando o caça russo Su-24 foi derrubado por um caça provindo da Turquia e a Rússia não reagiu, a não ser através das vias diplomáticas, isso causou uma grande surpresa. Medo? Estratégia? Estratégia do Temor? 

    Quando tropas da Turquia invadiram o Iraque e a Rússia nada fez para defender o suposto país aliado, apenas protestou formalmente, muitos ficaram escandalizados. Mas, afinal, é no Iraque e não na Síria, foi a alegação geral. 

    No entanto, quando aviões da coligação liderada pelos Estados Unidos bombardearam o exército sírio, assassinando três soldados, causando 30 feridos e a destruição de armas e equipamentos, e a Rússia nada fez em defesa dos seus legítimos aliados, mesmo já tendo instalado os famosos mísseis S-400 na sua base da Síria – então, quem está acompanhando as peripécias bélicas no Oriente Médio percebeu que algo tinha mudado na política russa. 

    Convenhamos que a Rússia é um país capitalista e está na Síria não só para mostrar a sua força, mas também para divulgar e vender os produtos da sua indústria de armamentos. Mesmo assim, ninguém imaginava que a “Mãe Rússia” fosse trair. Ou recuar. Ou se intimidar. Ou se amesquinhar. Muito menos se imaginava que Putin fosse usar a máscara de Gorbachev. Mas espero estar errado.

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