As igrejas que representam oficialmente o cristianismo – assim como a Católica Romana, a Católica Anglicana, a Ortodoxa e as protestantes, além de algumas doutrinas que se dizem cristãs – costumam dizer aos seus seguidores que ter fé é acreditar, submeter-se aos donos das verdades religiosas e aceitar aquilo que lhes for prescrito. E entre essas prescrições está o significado da palavra fé, junto a destino e passividade.
Segundo esses prescritores, que se dizem religiosos e que muitas vezes usam a religião como exercício de dominação, fé é sinônimo de crença cega. E a essa cegueira da crença alia-se o medo da morte, do desconhecido, que os donos das religiões dizem ter o segredo, entregue aos crentes em troca da obediência às “questões de fé”, sob pena das pessoas, após a morte, não irem para um lugar beatífico ao lado de Deus e das hostes angélicas.
Em todas as religiões que não costumam lembrar que a palavra religião significa religar, ligar novamente o que nos resta de espírito ao Todo espiritual, é usado o sentimento de culpa proveniente da mitologia hebraica, onde aparece um deus furioso dizendo ao primeiro casal humano que o pecado de buscar o conhecimento, através do alegórico fruto proibido (a árvore do conhecimento do Bem e do Mal), passaria para as posteriores gerações.
Não somente na mitologia hebraica. Na mitologia grega existe a lenda de Prometeu, que teria roubado o fogo dos céus para dar aos homens e, por isso, foi severamente castigado.
Fazer as pessoas acreditar que já nasceram pecadoras, culpadas devido a erros ancestrais, tem sido a função das religiões ocidentais que se dizem cristãs. A culpa, aliada ao medo do desconhecido, faz com que milhões de pessoas no mundo inteiro se submetam às religiões que dizem ter o remédio para o pecado original. Em muitas dessas religiões os crentes pagam dízimos como se fosse uma passagem para o Céu. E essa submissão e passividade é chamada de fé.
No entanto, não foi a fé que Jesus ensinou.
Para que as religiões prosperassem nesse engodo foi criado um Jesus manso, feito de palavras doces e suaves. Mas Jesus, segundo os próprios evangelhos canônicos (Mateus, Marcos, Lucas e João), era exatamente o oposto dessa falsa imagem.
O objetivo principal da sua pregação, em todos os seus atos e palavras, foi dizer e provar àqueles que o seguiam que eles eram capazes de fazer as mesmas coisas que ele fazia: curar o corpo e o espírito, combatendo aquele que ele denominava ‘Príncipe deste mundo’ – o defensor do engano e da mentira; de uma vida presa aos bens materiais.
Ao mesmo tempo, Jesus tentava ensinar a verdadeira fé. A fé que consiste em acreditar em si mesmo.
Ele costumava dizer: “Homens de pouca fé!”, quando os discípulos sentiam medo, deixando explícito que o medo é o principal inimigo do Homem, a razão pela qual os homens não acreditam em si mesmos, não tem fé.
A fé que Jesus ensinava consistia em acreditar que é possível fazer, e não em deixar-se intimidar pelos sempre aparentes perigos que o mundo nos apresenta diariamente.
Assim, por duas vezes ele enviou seus seguidores, dois a dois, para diversos lugares e, quando eles voltavam, diziam: “Mestre, nós conseguimos! Curamos os enfermos, provamos que a vontade e o espírito são superiores à matéria e ao temor à vida!”.
A vida. Jesus ensinava o amor à vida, que é eterna, e não o temor à morte, o seu contraste natural. E, por amar a vida, provou que a vitória sobre a morte, sobre o erro, sobre o obscurantismo, sobre as vaidades humanas, é possível.
Quando, em determinado momento, um dos seus seguidores que ainda não entendera direito a mensagem perguntou como deveria orar, ele respondeu dizendo que se recolhesse para o recanto mais escondido da sua casa e rezasse para o deus que está em segredo dentro de cada um. E como o discípulo insistisse, pedindo quais as palavras que deveria empregar na oração, ele ensinou o que conhecemos hoje como o Pai Nosso. Uma oração que é um agradecimento ao Pai da vida e que contém pedidos condicionados ao comportamento daquele que pede. Ensinava a lei natural de causa e efeito; louvava e agradecia pelo pão de cada dia.
O pão de cada dia. Ele ensinava que a simplicidade, e não a busca pelos bens materias, deve nos guiar. Os ensinamentos de Jesus são muito claros. Ele dizia que todos deveriam acreditar na sua própria potencialidade espiritual. Era como se dissesse: “Se eu posso fazer, vocês também podem”. E a isso ele chamava de fé – ter confiança na força interna que pode mover montanhas.
Segundo os evangelhos, jamais ele disse que ter fé era o mesmo que rezar, esperando que Deus ou algum intercessor resolva os nossos problemas.
Orar é importante por duas razões:
1) Não estamos sós neste universo de múltiplas dimensões; não somos o ápice da criação e é óbvio que existem seres mais evoluídos que poderão nos ajudar – sempre na exata medida do nosso merecimento.
2) A oração fortalece a fé que ele ensinou; a fé na nossa capacidade de ir além, transpondo ilusórios e medrosos limites. A oração nos ajuda a religar com o Pai a nossa confiança na eternidade da vida e a acreditar que podemos vencer a morte, assim como ele fez. Muitos se perguntam: “Existe vida depois da morte?” Provavelmente, ele responderia: “Existe morte?”
O verdadeiro cristianismo deveria ser um constante agradecimento pela doação da vida e não uma chantagem baseada no aparente desconhecido que chamamos morte.
Jesus disse: “Aquele que crer em mim, mesmo que esteja morto, viverá”. Indicava, com essas palavras, que a vida é eterna, muito além do que entendemos com os nossos cinco sentidos, e que crer também significa não se deixar dominar pela aparência da vida.
Principalmente, ensinava que fé é superação e não escravidão espiritual.
Muito interessante a postagem. De fato, a verdadeira fé é bem diferente das pregações da religiões cristãs. Me vejo constantemente tomando cuidado para evitar o medo que me foi incutido de ser penalizada por pensamentos ou atos. Concordo com o Blogueiro de que a verdadeira fé está em todos nós, e é cultivada minuto à minuto. Parabéns!
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