-
Skindô! Skindô! Ôba!
-
Alô, amigos e amigas e amigas e amigos, estou aqui para comunicar com o
organizador desta inesquecível festa carnavalesca, o famoso Costa Quentes
Skindô. Boa noite, CQ!
-
Skindô! Skindô! Ôba!
-
Ôba, CQ! Um outro Skindô pra ti e para todos os ouvintes que nos ouvem
auditivamente, mas é como se estivessem aqui, no calor desta festa memorável e
memorativa. Ôba! Skindô! CQ, qual a tua opinião pessoal e intransferível sobre
os boatos e não boatos, conversas de comadres e de compadres e até de
estudantes de primeiro e segundo grau, para não falar dos de terceiro,
quarto...
-
Pergunta, essa menina! Skindô!
-
Ai, CQ, deixa eu fazer a introdução. É assim que me ensinaram no curso.
-
Introduz e vai aos finalmente! Eu não fiz curso nenhum, sou do tempo do
irradialismo de rebosteio – curto e grosso! Skindô!
-
Ai, CQ, assim tu até me deixa corada... Eu estava e estou perguntando sobre
aqueles, aquelas, todos os que comentaram sobre a tua insensibilidade ao
realizar o carnaval de qualquer jeito neste momento trágico em que tantos
jovens perderam a sua vida naquela trágica tragédia...
-
Entendi. Mas tu é enrolada!... Me diz quem é que ganha alguma coisa com
sensibilidade, malandra? Skindô!
-
Ai, CQ, eu não sou malandra. Só se for malandrinha de carnaval. Nunca te
sentiste sensibilizado?
-
Muchas veces. Principalmente quando aquele menino, o tal de Obama, disse que o
Lula é que é o cara! Esto me fez aflorar la sensibilidad! Será que o Obama
esqueceu de mim? Es una desgracia! Skindô!
-
CQ, por que estás falando em portunhol?
-
Pra disfarçar o meu acentuado sotaque carioca. Está no DNA. O que posso fazer,
malandra? Skindô!
-
Dizem por aí e por aqui e também aquém e além que estás afrontando o decreto da
Prefeitura, CQ.
-
Mas será que o prefeito pensa que manda alguma coisa? Isto é uma democracia e
democracia é pra todos, pros que estão dentro e fora da casinha! Nesta cidade,
tem dez por cento que são carnavaleanos, ou coisa que o valha!... Nós somos a
minoria e temos que ser respeitados! Skindô!
-
Mas o governo municipal...
-
Não me venha com o governo municipal! O que é que eu ganho com o governo
municipal? Tenho cara de cem reais pra alguém gostar de mim por causa do
governo municipal? O prefeito tem que entender que o carnaval não é dele, é do
povo, do meu povo, meu amado povo! Aproveito a ocasião pra dizer que se eleito
for, skindô!
-
Eleito, CQ?
-
Eu disse eleito? Falha nossa. Deve ter sido algum verso de letra de samba.
“Mamãe eu quero mamá...”, “Me dá um dinheiro aí...” – uma destas. Skindô!
-
E como foi o apoio recebido e percebido para poder realizar esta bela e
inolvidável festa do reinado de Momo?
-
De tudo que é lado! Da direita, da esquerda, do centro, de cima, de baixo...
Olha só, malandra, que quando eu estava no supermercado choveu de gente
apoiando. Até nota de cinquenta eu recebi. Poderia ser de cem, mas os tempos
estão oscos... Skindô!
-
E deu pra ajudar nas compras, CQ?
-
Nas compras carnavalarianas ou carnavalescarianas. Este povo me ama! Skindô!
-
Soube que um prezado colega nosso faleceu semana passada?
-
Faleceu? Antes ele do que eu! A vida é assim, de vez em quando alguém morre.
Skindô!
-
E o Papa está sendo deposto ou despapado, regurgitado...
-
Vai ter vaga no Vaticano? Tô nas bocas! Skindô!
-
Voltando ao assunto, CQ... As pessoas que morreram em Santa Maria naquela
indescritível tragédia...
-
Já morreram, estão mortos e, que eu
saiba, devidamente enterrados. O que eu vou ganhar pensando nisso? Não morre
gente todos os dias? Quero mais é carnaval! Skindô!
-
Não teme alguma reação do prefeito?
-
Daquele? Ainda se fosse o querido e amado ex-prefeito que nos deixou... Mas vai
voltar! O véinho lá de cima tá olhando. Ziriguidum! Eu tenho o apoio de
generais, coronéis, majores, juízes, advogados, deputados, empresários e até de
vereadores que não se elegeram. Ele que tente, que eu acabo virando prefeito!
Skindô!
-
Prefeito?
-
Prefeito do carnaval. Principalmente com a ajuda dos meus dez por cento, da
minoria que antes chorava e agora pula, repula, tripula, quadripula! Skindô!
-
Tanto assim, CQ?
-
Tanto e muito mais! Mais, mais, eu quero mais – como diz aquela canção.
-
Obrigada por comunicar comigo e com nossos queridos e atentos ouvintes, CQ.
Peço que deixe um recado para os foliões que estão pulando e quadripulando. Meu
Deus, como pulam!
-
Skindô! Skindô! Ôba! Ôba! Ziriguidum! Ziriguidum! Balacobaco-baco-baco! Telecoteco-teco-teco! Conosco ninguém podosco! Skindô!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Faça o seu comentário aqui.